Pensando bem, a privacidade é algo aparentemente essencial pro meu estilo, mas é bem o contrário, em realidade. Pro meu estilo de vida se manter assim, eu tenho que me expressar bem na sociedade, mostrar que não quero falar com ninguém e mostrar que “não quero nada da vida”, mesmo que eu queira algo da vida. Mesmo que não seja o aceitável ou o normal.

Além do que, a privacidade é algo que chama atenção. As pessoas em geral, e isso inclui a mim, sentem a necessidade de saber pelo menos um pouco sobre a vida de todos ao seu redor. Fazer com que todos não saibam algo sobre você só trará mais atenção e risco maior de ter sua tão zelada e amada privacidade quebrada.

É aquela coisa de ter que se distanciar de algo pra manter esse algo intacto. Acontece muito no amor, creio eu. Claro, não é como se eu, Kuraragi Shion, soubesse sobre algo do tipo. Quero dizer, eu nem mesmo tenho amigos (e não me sinto mal por isso). O amor é algo que eu só terei por algo, e não por alguém.

E esse algo é essencial pra minha vida. É algo que eu posso dizer “sem isso, eu não viveria”.

Até porque, eu sou humano também. Todos nós dependemos de algo, todos nós temos um lugar onde gostamos de chamar de casa. Os espertos dependem de coisas a seu alcance, os idiotas dependem de coisas fora de seu alcance. Por exemplo, uma pessoa esperta dependeria do seu melhor amigo, de sua mãe. De coisas sólidas, constantes e coerentes. Uma pessoas idiota dependeria do amor de alguém, da existência de algo. De coisas frágeis, inconstantes e incoerentes.

Essa é a suma de quem se torna o chefe e o empregado em uma empresa.

Claro, tudo tem um motivo. E o motivo de eu estar pensando em privacidade e discrição será explicado abaixo,

Sim, isso é essencialmente comum. Ou seria, se não fosse alguém que eu supostamente conheço.

Corpo de altura média, seios médios, cintura e pernas boas. Cabelo comprido, franja. Cabelo branco.

O uniforme da minha escola.

Membro do Clube de Chiptune Music. Hiyori Harumi, mesma sala que eu, senta-se ao meu lado.

Obviamente, fiquei extasiado, sem reação. Sem palavras.

Sim, essa garota, cujas opiniões sobre as coisas eram sempre nulas ou neutras, estava à minha porta.