Eu Gosto Desse Abraço [HIATUS] escrita por Yas


Capítulo 3
I Try To Kill My Best Friend With Slaps


Notas iniciais do capítulo

entao ne minhas leitoras lindinhas, ca estava eu ouvindo arctic monkeys no ultimo volume e me veio uma ideia doida pra historia mas que vai funcionar e é secret. E entao veio a Julia me encher o saco pra postar o capitulo entao aí vai, leiam e deixem reviews obg dnd



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I Try To Kill My Best Friend With Slaps

Me desvencilho de Fred, totalmente corada devo acrescentar, e me levanto com a ajuda do mesmo. Tínhamos chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa. Diante de nós tem dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segura um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Os reconheço de algum lugar, só não lembro qual.

Ambos estão vestidos como trouxas, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usa um terno de tweed com botas de borracha até as coxas, o colega, um saiote escocês e um poncho.

— Bom-dia, Basílio — cumprimenta o Sr. Weasley, apanhando a bota que nos transportara e entregando-a ao bruxo de saiote, que a atira em uma grande caixa de chaves de portal usadas, a um lado. Vejo, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada.

— Olá, Arthur — diz Basílio em tom entediado. — Não está de serviço não, é? Tem gente que se dá bem... Estivemos aqui a noite toda... É melhor você desimpedir o caminho, temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é que você vai ficar...

— Weasley... Weasley... — Ele consulta a lista no pergaminho. — A uns quatrocentos metros para aquele lado, primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o Sr. Roberts. Diggory... Segundo acampamento... Pergunte pelo Sr. Payne.

— Obrigado, Basílio — diz o Sr. Weasley e faz sinal para todos o acompanharem. Nós andamos pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Passados uns vinte minutos, avistamos uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além, posso distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte.

— É aqui que nos separamos, querida — fala papai me sufocando num abraço.

— Espera, você vai com a gente? — Fala Jorge. Acho que o Sr. Weasley não havia os contado, aliás nem eu havia contado, então...

— Não, Jorge, vou com as gaivotas, não tá na cara? — digo irônica, me aproximando dos Weasley, Harry e Hermione.

— Ah, mas é claro, espero que elas caguem na sua cabeça também — responde ele, sorrindo do mesmo jeito irônico.

— Panaca — falo, rindo, e batendo na cabeça dele, que ri também.

Nos despedimos de meu irmão e meu pai.

Há um homem parado à porta, contemplando as barracas. Sei só de olhar que aquele é o único trouxa legítimo numa área de muitos hectares.

Quando o trouxa ouve os passos do grupo, vira a cabeça para nos olhar.

— Bom dia! — cumprimenta o Sr. Weasley animado.

— Bom dia — diz o trouxa.

— O senhor seria o Sr. Roberts?

— É, seria — responde o Sr. Roberts. — E quem é o senhor?

— Weasley, duas barracas reservadas há uns dois dias?

— Certo — confirma o Sr. Roberts, consultando uma lista pregada à porta. — O lugar é lá perto da floresta. Só uma noite?

— Isso — responde o Sr. Weasley.

— O senhor vai pagar agora, então? — pergunta o Sr. Roberts.

— Ah... Certo... É claro. — O Sr. Weasley se afasta um pouco da casa e faz sinal a Harry e a mim para acompanhá-lo. — Me ajude, Jamie — murmura para mim, puxando do bolso um rolinho de dinheiro de trouxa e começando a separar as notas. — Esta aqui é de... De... De dez? Ah é, vejo agora que tem um numero... Então esta é de cinco?

— De vinte — corrijo ele falando baixo, incomodamente consciente de que o Sr. Roberts está tentando ouvir cada palavra que dizemos.

— Ah é, é mesmo... Não sei, esses pedacinhos de papel...

— É estrangeiro? — pergunta o Sr. Roberts, quando o Sr. Weasley volta com o dinheiro certo.

— Estrangeiro? — repete Tio Arthur, intrigado.

— O senhor não é o primeiro que se atrapalha com o dinheiro — diz o gerente, observando o Tio Arthur atentamente. — Tive dois querendo me pagar com grandes moedas de ouro do tamanho de calotas de automóvel faz uns dez minutos.

— Sério? — diz o Sr. Weasley nervoso. O Sr. Roberts vasculha uma lata à procura de troco.

— Nunca esteve tão cheio — diz ele de repente, voltando outra vez o olhar para o campo enevoado. — Centenas de reservas. As pessoas em geral aparecem sem aviso...

— Verdade? — exclama o Sr. Weasley, a mão estendida à espera do troco, mas o Sr. Roberts não lhe dá nenhum.

— É — diz pensativo. — Gente de toda parte. Montes de estrangeiros. E não são só estrangeiros. Gente esquisita, sabe? Tem um sujeito andando por aí de saiote e poncho.

— E não devia? — pergunta o Sr. Weasley ansioso.

— Parece que é uma espécie de... Uma espécie de convenção — comenta o Sr. Roberts. — Parece que todos se conhecem. Como numa grande festa.

Naquele momento, um bruxo de bermudão largo materializa-se do nada ao lado da porta da casa do Sr. Roberts.

— Obliviate!— diz ele bruscamente, apontando a varinha para o Sr. Roberts. Instantaneamente os olhos do Sr. Roberts saem de foco, suas sobrancelhas se desfranzem e um olhar de vaga despreocupação cobre o seu rosto. Reconheço os sintomas de alguém que acaba de ter a memória alterada por motivos de já ter aplicado esse feitiço antes, longa história.

— Um mapa do acampamento para o senhor — diz o homem, placidamente, ao Sr. Weasley. — E o seu troco.

— Muito obrigado.

O bruxo de bermudão nos acompanha em direção ao portão do acampamento. Parece exausto; a barba por fazer e há olheiras roxas sob seus olhos. Uma vez longe do raio de audição do gerente, ele murmura para o Sr. Weasley.

— Estou tendo um bocado de problemas com ele. Precisa de um Feitiço de Memória dez vezes por dia para ficar feliz. E Ludo Bagman não está ajudando. Anda por aí falando em balaços e goles a plenos pulmões, sem a menor preocupação com a segurança. Pombas, vou gostar quando isso terminar. Vejo você mais tarde, Arthur.

E desaparata.

— Pensei que o Sr. Bagman fosse chefe de Jogos e Esportes Mágicos — falo surpresa. — Devia ter mais juízo e parar de falar de balaços perto de trouxas, não devia?

— Devia — concorda o Sr. Weasley, sorrindo e passando com todos nós pelo portão do acampamento —, mas Ludo sempre foi um pouco... Bem... Displicente com a segurança. Mas não se poderia desejar um chefe mais entusiasta para o Departamento de Esportes. Ele jogou Quadribol pela Inglaterra, sabem. E foi o melhor batedor do Wimbourne Wasps que o time já teve.

— É mesmo... — falo me lembrando de todas as histórias que papai contava para mim e para Ced sobre Bagman.

Todos nós avançamos lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas.

A maioria parece quase normal, os donos tem visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento de trouxas, embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de sinetas ou cata-ventos.

Porém, aqui e ali, há uma barraca tão obviamente mágica que eu não me surpreendo que o Sr. Roberts estivesse desconfiado. Lá para o meio do campo, há uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões vivos amarrados à entrada. Um pouco adiante, nós passamos por uma barraca que tem três andares e várias torrinhas e, mais além, há uma outra com um jardim anexo, completo, com banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.

— Sempre os mesmos — comenta o Sr. Weasley sorrindo —, não conseguimos deixar de nos exibir quando nos reunimos. Ah, lá está, olhem, aquela é a nossa.

Alcançamos a orla da floresta no alto do campo, e ali há uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se lê "Weezly". Começo a rir sem motivo aparente, talvez porque eu sou muito retardada, é uma opção. Logo todos começam a rir comigo do pequeno letreiro dos "Weezly".

— Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! — exclama o Sr. Weasley feliz. — O campo preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos estar. — Ele descarrega a mochila dos ombros. — Certo — diz excitado —, rigorosamente falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos trouxas em tão grande número. Vamos armar estas barracas à mão! Não deve ser muito difícil... Os trouxas fazem isso o tempo todo... Tome, Jamie, por onde você acha que devo começar?

Eu já tinha acampado antes, com papai e Ced. Só que papai ficou ansioso demais da conta e começou a derrubar o material da barraca e eu tive que cuidar de tudo sozinha. Foi mais divertido pra mim do que pra eles, mas valeu a pena. Mostro à Harry e Hermione como distribuir os paus e as estacas, e embora o Sr. Weasley atrapalhe mais do que ajudasse, porque fica excitadíssimo quando precisamos usar o martelo, nós finalmente conseguimos erguer duas barracas modestas para duas pessoas cada.

Todos nos afastamos para admirar a nossa habilidade manual. Ninguém que visse aquelas barracas teria adivinhado que pertenciam a bruxos, mas o problema é que quando Gui, Carlinhos e Percy chegarem, nós iremos formar um grupo de onze pessoas. Hermione parece ter identificado esse problema também, lança a mim e a Harry um olhar cômico quando o Sr. Weasley fica de quatro e entra na primeira barraca.

— Vamos ficar meio apertados — comenta ele —, mas acho que vai dar para nos espremermos. Venham dar uma olhada.

Me abaixo, passo por baixo da aba de entrada e posso ver os queixos de Harry e Hermione caindo. Entramos em uma barraca que parece um apartamento antigo de três quartos, completo, com banheiro e cozinha.

— Bom, não é para muito tempo — diz o tio Arthur, secando a careca com um lenço e espiando as quatro camas beliches que há no quarto. — Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago.

O Sr. Weasley apanha uma chaleira empoeirada e espia dentro.

— Vamos precisar de água...

— Tem uma torneira assinalada no mapa que o trouxa nos deu — diz Rony, que me seguira para dentro da barraca e parece completamente indiferente a essas extraordinárias proporções internas, assim como eu. — Fica do outro lado do campo.

— Bom, então por que você, Jamie, Harry e Hermione não vão apanhar um pouco de água... — o bruxo entrega a mim a chaleira e duas caçarolas —... E nós vamos apanhar lenha para fazer uma fogueira.

— Mas temos um forno — lembra Rony—, por que não podemos...?

— Rony, segurança antitrouxa! — diz o Tio Arthur, o rosto brilhando de expectativa. — Quando os trouxas de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!

— É verdade, já acampei uma vez, usamos a fogueira. — afirmo e vejo o Sr. Weasley quase fazer xixi nas calças de tanta animação.

Depois de uma rápida visita à barraca das garotas, que é ligeiramente menor do que a deles, embora sem o cheiro de gato que a outra continha, eu, Harry, Rony e Hermione atravessamos o acampamento levando as vasilhas.

Agora, com o sol de fora e a névoa se dissipando, nós podemos ver a cidade de lona que se estendia para todas as direções. Caminhamos lentamente entre as fileiras de barracas, espiando tudo com interesse. Eu não tenho muito assunto com aquele trio, meus únicos amigos são Fred e Jorge, não tenho muita afinidade com os outros Weasley, com Gina e Rony talvez, mas nem com Hermione e Harry, apesar de dividir o dormitório com Hermione, não conversamos muito. Quero dizer, trocamos certas ideias sobre livros, mas nunca fomos muito próximas.

Nossos companheiros de acampamento vão acordando aos poucos. Os primeiros a dar sinal de vida foram às famílias com crianças pequenas, eu nunca havia visto bruxos tão pequenos antes, talvez algumas vezes no Beco Diagonal acompanhado suas famílias e etc. Um pirralhinho, que não tinha mais de dois anos, está agachado do lado de fora de uma barraca em forma de pirâmide, empunhando uma varinha com a qual cutuca, feliz, um caramujo na grama, que vai ganhando lentamente o tamanho de um salame. Quando se emparelham com ele, a mãe sai correndo da barraca.

— Quantas vezes tenho de dizer, Kevin? Não pode... Mexer... Na... Varinha... do papai, putz!

Ela pisa no enorme caramujo, estourando-o. A bronca acompanha os garotos pelo ar parado, se misturando aos gritos do garotinho:

— Você acabou caramujo! Você acabou caramujo! — mesmo sem intenção, começo a rir da cena, é engraçada eu tenho que admitir. Rony, Hermione e Harry me acompanham.

Um pouco mais adiante, nós vemos duas bruxinhas, pouco mais velhas do que Kevin, cavalgando vassouras de brinquedo que se elevam o suficiente para que os dedos dos pés das meninas raspem a grama orvalhada. Um bruxo do Ministério já as viu; quando passa correndo por mim, Harry, Rony e Hermione, murmura agitado:

— Em plena luz do dia! Os pais devem estar cochilando, suponho...

Aqui e ali bruxos e bruxas adultos saem das barracas e começam a preparar o café da manhã. Alguns, lançando olhares furtivos para os lados, conjuram fogueiras com as varinhas, outros acendem fósforos com ar de dúvida, como se tem certeza de que aquilo não vai funcionar. Três bruxos africanos conversam sentados, trajando longas vestes brancas, enquanto assam uma carne que parece coelho sobre uma fogueira púrpura berrante, um grupo de bruxas americanas de meia-idade fofoca alegremente sob a bandeira estrelada que elas haviam estendido entre as barracas, na qual se lê Instituto das Bruxas de Salem. Eu capto fragmentos de conversas em línguas estranhas que saem das barracas pelas quais passo, e embora não consiga entender uma única palavra, o tom das vozes era de excitação.

— Hum... São os meus olhos ou tudo ficou verde? — pergunta Rony.

Eu rio. Não são os olhos de Rony.

— Não, Rony, nós só acabamos de entrar em território irlandês — digo observando o verde que toma conta do local.

Nós entramos em uma área em que as barracas estão cobertas por uma camada de trevos, dando a impressão de que morros de formas estranhas haviam brotado da terra. Via-se rostos sorridentes nas barracas com a aba da entrada erguida. Então, às costas, eu ouço alguém gritar os nomes de Harry, Hermione e Rony.

— Harry! Rony! Hermione!

É Simas Finnigan, um colega quartanista da Grifinória, eu não converso com ele então nem me sinto triste ao ser excluída de sua desnecessária exclamação. Ele está sentado diante de uma barraca coberta de trevos, em companhia de uma mulher de cabelos louro-claros que só pode ser sua mãe e com Dino Thomas, também da Grifinória. Eu não falo com nenhum deles, então nem me dou o trabalho de me auto-incluir na conversa.

— Gostaram da decoração? — pergunta Simas sorrindo, quando Harry, Rony e Hermione se aproximam, eu fico um pouco mais atrás. — O Ministério não está nada feliz.

— E por que não deveríamos mostrar nossas cores? — pergunta a Sra. Finnigan. — Vocês deviam ver o que os búlgaros penduraram nas barracas deles. — Vocês vão torcer pela Irlanda, naturalmente? — acrescenta ela fixando Harry, Rony e Hermione com insistência.

Depois de terem tranqüilizado a senhora de que realmente iam torcer pela Irlanda, os garotos me chamam para seguir caminho, embora Rony tem comentado:

— Como se a gente fosse dizer que não ia, com aquela turma em volta.

— Que será que os búlgaros penduraram nas barracas? — indaga Hermione.

— Vamos dar uma olhada — falo, com o dedo apontado para uma grande área de barracas mais adiante, onde a bandeira da Bulgária, vermelha, verde e branca, tremula a brisa.

As barracas não estão enfeitadas com plantas, mas cada uma exibe o mesmo pôster, um pôster com um rosto muito carrancudo com grossas sobrancelhas negras. A foto, é claro, se mexe, mas apenas para piscar os olhos e franzir a testa.

— Krum — diz Rony em voz baixa.

— Quê? — pergunta Hermione.

— Krum! — repete Rony. — Vítor Krum, o apanhador búlgaro! — Reviro os olhos, pelas cartas de Fred (sim, ele me mandou algumas cartas, não que isso signifique alguma coisa, né. Até porque, por favor) Rony passou a maior parte das férias falando do desempenho de Krum na vassoura, desde que soube da Copa.

— Ele parece bem rabugento — comenta Mione, olhando para os muitos Krums que piscam e franzem a testa para nós, eu rio concordando.

— Bem rabugento? — Rony olha para o céu. — Quem se importa com a cara dele? Ele é incrível! E é bem moço, também. Tem uns dezoito anos, por aí. É um gênio, espere até ver hoje à noite.

Já há uma pequena fila à torneira no canto do acampamento. Harry e Rony entram logo atrás de dois homens que discutem acaloradamente. Um deles e um bruxo muito velho que usa uma longa camisola florida. O outro é visivelmente um bruxo do Ministério, este segura calças listradas e quase chora de exasperação.

— Vista as calças, Arquibaldo, seja bonzinho, você não pode andar por aí vestido assim, o trouxa no portão já está ficando desconfiado...

— Comprei isso numa loja de trouxas — defende-se o velho bruxo, teimando. — Os trouxas usam isso.

— Mulheres trouxas usam isso, Arqui, não os homens, eles usam isto aqui — diz o bruxo do Ministério mostrando as calças listradas.

— Não vou vestir isso — retruca o velho bruxo indignado. — Gosto de sentir uma brisa saudável nas minhas partes, obrigado.

Eu e Hermione fomos tomadas por um tal acesso de riso, que tivemos de sair da fila e só voltamos depois que Arquibaldo tinha se abastecido de água e foi embora.

Caminhando mais devagar agora, por causa do peso da água, todos nós quatro tornamos a atravessar o acampamento. Aqui e ali, vemos rostos mais familiares: outros alunos de Hogwarts com as famílias.

Olívio Wood, o ex-capitão de Quadribol do time da Grifinória, que terminara os estudos em Hogwarts, arrasta Harry até a barraca dos pais para apresentá-lo, claro que eu quase tenho um infarto porque já tive uma pequena paixonite por ele. Depois nós fomos saudados por Ernesto Macmillan, um quartanista da Lufa-Lufa que adora dar em cima de mim, e, mais adiante, vemos Cho Chang, uma garota que joga como apanhadora no time da Corvinal e ao meu ver, é uma sem-sal desesperada por atenção, ano passado se jogava em cima do meu irmão e não duvido que tente de novo este ano. Ela teve até a audácia de me mandar falar para Cedrico como Ching-Ling era um ótimo partido, mas acho que ela desistiu de pedir ajuda para mim depois da patada que levou. Ela acena e sorri para Harry, que derrama um bocado de água na roupa ao retribuir o aceno, eu começo a gargalhar, pois já sei que ele tem uma paixão pela coreana (vamos falar sério, ele não esconde muito bem). Acho que mais para impedir Rony e eu de caçoar do que por outro motivo, Harry aponta depressa para um enorme grupo de adolescentes que eu nunca vi antes.

— De onde você acha que eles são? — pergunta Harry. — Eles não freqüentam Hogwarts, freqüentam?

— Devem freqüentar alguma escola estrangeira — sugere Rony. — Sei que há outras, mas nunca encontrei ninguém que estudasse nelas. Gui teve uma correspondente em uma escola no Brasil... Isto foi há anos... E ele quis ir para lá numa viagem de intercâmbio, mas mamãe e papai não tiveram dinheiro para bancar a viagem. A moça ficou toda ofendida quando ele disse que não ia e mandou para ele um chapéu enfeitiçado. As orelhas dele murcharam.

Eu e Harry rimos, mas não manifesto a surpresa que é saber que havia outras escolas de magia, porque não é uma surpresa, eu mesma tinha uma ou duas conhecidas em Beauxbatons. Harry olha para mim e para Hermione, acho que ele não sabe que tem outras escolas além de Hogwarts mas não quer demonstrar, para não parecer burro.

— Vocês demoraram uma eternidade — comenta Jorge, quando nós finalmente chegamos às barracas dos Weasley.

— Encontramos alguns conhecidos — murmura Rony.

— E aliás, oi, Jamie, nossa que puta melhor amiga você é pra nem dar um olá pros seus ÚNICOS AMIGOS! — diz Jorge pra mim, frisando bastante o "únicos amigos". Reviro os olhos, mas com vontade de rir do drama de Jorge.

— Nossa, Jorge, por que você não vai tomar no meio do olho do teu cu e para de encher a porcaria do meu saco — falo e ele faz pose de falso ofendido.

— Nossa é assim que você trata seu melhor amigo, conselheiro e cupido da vida? — diz ele colocando a mão no peito dramaticamente.

— Espera, espera. Cupido? — pergunto franzindo a testa e pegando uma garrafa d'água, Jorge parece que vai ter um ataque de risos, mas algo o conteve. Abro a garrafa e dou um gole.

— Sim, né, Jay, eu ainda tenho que juntar você e o Fred, cunhadinha! — fala ele. E é assim que toda água na minha boca parou na cara de Jorge, que, apesar de molhado pela água, solta seu ataque de risos, semelhante ao meu e de Hermione quando ouvimos sobre o evento de Arquibaldo e suas calças.

— Você. Está. Morto. — digo pausadamente liberando tapas sem parar na cara de Jorge. Eu sei que eles doem, mas Jorge está mais ocupado rindo da cara do irmão e da minha do que sentir a dor na cara dele. Harry, Rony e Hermione assistem à cena rindo sem parar, sem fazer o menor esforço para separar minhas mãos do rosto de Jorge, que a propósito continua a rir como uma hiena com conjuntivite aguda. Só depois de uns minutos que Rony e Harry resolvem me separar de Jorge. Logo depois vejo a expressão estática de Fred, ele está vermelho como os cabelos, estranho, mas prefiro não questionar, até porque no momento em que me flagra encarando se recompoem rapidamente.

Depois de um tempo em que os meninos passam me acalmando, as coisas voltam a normalidade.

— Você ainda não acendeu a fogueira? — pergunta Rony.

— Papai está se divertindo com os fósforos — diz Fred.

O Sr. Weasley não está tendo o menor sucesso em acender a fogueira, mas não é por falta de tentativas. Fósforos partidos coalham o chão ao seu redor, mas ele parece estar se divertindo como nunca.

— Opa! — exclama ele, ao conseguir acender um fósforo, mas larga-o na mesma hora no chão, surpreso.

— Chegue aqui, Tio Arthur — digo eu bondosamente (raridade), tirando a caixa das mãos dele e começando a mostrar como se faz fogo direito.

Finalmente, nós acendemos a fogueira, embora levasse no mínimo mais uma hora até ela esquentar o suficiente para cozinhar alguma coisa. Mas há muito o que ver enquanto esperamos. A nossa barraca está armada ao longo de uma espécie de rua de acesso ao campo de Quadribol, por onde funcionários do Ministério correm para cima e para baixo, cumprimentando cordialmente o Sr.Weasley ao passar. O Sr. Weasley faz comentários contínuos, principalmente para benefício de Harry e Hermione, os Weasley filhos já conhecem bastante o Ministério para se interessar, e eu também.

— Aquele era Cutberto Mockridge, chefe da Seção de Ligação com os Duendes... Lá vem Gilberto Wimple, ele trabalha na Comissão de Feitiços Experimentais, já usa aqueles chifres há algum tempo...

— Alô Arnaldinho... — Arnaldo Peasegood, ele é um obliviador, trabalha no Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais, sabe... E aqueles outros são Bode e Croaker... São dois inomináveis...

— São o quê?

— Do Departamento de Mistérios, ultra-secretos, não tenho a menor idéia do que fazem...

Finalmente, a fogueira fica pronta e eles já começam a preparar salsichas com ovos quando Gui, Carlinhos e Percy saem caminhando da floresta para se reunirem à família.

— Acabo de aparatar, papai — diz Percy em voz alta. — Ah, que excelente almoço!

Já haviamos comido metade das salsichas com ovos quando o Sr. Weasley se levanta, acenando e sorrindo para um homem que vem em sua direção.

— Ah-ah! — exclama ele. — O homem do momento! Ludo!

Ludo Bagman é, sem favor algum, o homem mais chamativo que eu já vi na vida, até mesmo incluindo nessa conta o velho Arquibaldo com sua camisola florida (rio ao me lembrar). Usa longas vestes de Quadribol com grandes listras horizontais amarelas e pretas. Uma enorme estampa de uma vespa toma todo o seu peito. Tem a aparência de um homem corpulento que parara de se exercitar; suas vestes estão muito esticadas por cima da enorme barriga, que certamente não existia na época em que ele jogava Quadribol pela Inglaterra. Seu nariz é achatado (provavelmente quebrado por algum balaço errante), mas os redondos olhos azuis, os cabelos louros curtos e a pele rosada o fazem parecer um menino de escola que cresceu demais.

— Olá, — exclama Bagman alegremente. Anda como se tivesse molas nas solas dos pés, era visível que está num estado de extrema excitação. — Arthur, meu velho — ofega ele, ao chegar à fogueira — que dia, hein? Será que podíamos ter desejado um tempo mais perfeito? Uma noite sem nuvens... E quase nenhum problema na programação... Quase nada para eu fazer!

Por trás dele, um grupo de bruxos do Ministério, de cara exausta, passa apressado, apontando para a evidência distante de algum tipo de fogueira mágica que dispara faíscas violetas a seis metros de altura. Percy adianta-se rapidamente com a mão estendida. Pelo jeito o fato de desaprovar o modo de Ludo Bagman dirigir o departamento, não o impedia de querer causar boa impressão.

— Ah... Sim — diz o Sr. Weasley, sorrindo —, este é o meu filho, Percy, começou a trabalhar no Ministério agora, e este é Fred, não, Jorge, desculpe, esse é o Fred... Gui, Carlinhos, Rony... Minha filha, Gina... E os amigos de Rony, Hermione Granger e Harry Potter e a amiga de Fred e Jorge, Jamie Diggory.

De maneira discretíssima, Bagman olha uma segunda vez ao ouvir o nome de Harry e seus olhos dão a conhecida espiada na cicatriz na testa do garoto.

— Pessoal — continua o Sr. Weasley —, este é Ludo Bagman, vocês sabem quem ele é, e é graças a ele que temos entradas tão boas...

Bagman abre um sorriso de lado a lado do rosto e faz um gesto com a mão significando que não foi nada.

— Quer arriscar uma apostinha no jogo, Arthur? — pergunta ele ansioso, sacudindo, ao que parece, um bocado de ouro nos bolsos das vestes amarelas e pretas. — Já aceitei a aposta de Roddy Pontner de que a Bulgária vai marcar primeiro, ofereci a ele uma boa vantagem, levando em conta que os três jogadores avançados da Irlanda são os mais fortes que já vi em anos, e a pequena Ágata Timms apostou meias quotas da fazenda de enguias de que a partida vai durar uma semana.

— Ah... Vá lá, então — diz o Sr. Weasley. — Vejamos... Um galeão na vitória da Irlanda?

— Um galeão? — Ludo Bagman parece ligeiramente desapontado, mas se recupera: — Muito bem, muito bem... Mais alguma aposta?

— Eles são um pouco jovens demais para andar jogando — diz o Sr. Weasley. — Molly não gostaria...

— Eu aposto trinta e sete galeões, quinze sicles e três nuques — digo contando meu dinheiro — que a Irlanda ganha, mas Vítor Krum captura o pomo.

Logo Fred e Jorge resolvem se meter na minha aposta.

— Apostamos com ela, e daremos uma varinha falsa de cortesia. — diz Fred, animadíssimo assim como Jorge ao entrar na aposta.

— Vocês não vão querer mostrar ao Sr. Bagman esse lixo — sibila Percy, mas o bruxo não parece achar que a varinha era lixo, muito ao contrário, seu rosto de colegial ilumina-se de excitação ao recebê-la das mãos de Fred e, quando a varinha dá um cacarejo e se transforma em uma galinha de borracha, Bagman cai na gargalhada.

— Excelente! Não vejo uma varinha tão convincente há anos! Eu pagaria cinco galeões por uma dessas!

Percy fica paralisado, numa atitude de indignada desaprovação.

— Meninos — diz o Sr. Weasley entredentes —, não quero vocês jogando... Isto é tudo que economizaram... Sua mãe... E, Jamie, não acho que seu pai gostaria...

— Está brincando? Meu pai vem me incentivando a apostar há anos, mamãe não gosta muito mas eu aposto sempre com papai! — exclamo sorridente, Sr. Weasley parece se dar por vencido comigo.

— E não seja estraga-prazeres, Arthur! — troveja Ludo Bagman excitado, sacudindo as moedas nos bolsos. — Eles já são bem grandinhos para saber o que querem! Vocês acham que a Irlanda vai vencer, mas Krum vai capturar o pomo? Nem por milagre, moleques, nem por milagre... Vou dar uma excelente vantagem nessa... E acrescentar mais cinco galeões por essa varinha marota, concordam...

O Sr. Weasley fica olhando sem ação enquanto Ludo Bagman puxa um caderninho e uma pena e começa a anotar os nomes dos gêmeos e o meu.

— Tchau — diz Jorge, apanhando o pedaço de pergaminho que Bagman lhe estendia e guardando-o no peito das vestes. Bagman virou-se animadíssimo para o Sr. Weasley.

— Daria para me fazer um chá, suponho? Estou de olho para ver se localizo Crouch. O meu contraparte búlgaro está criando dificuldades e não consigo entender uma palavra do que ele diz. Bartô poderia resolver o problema, fala umas cento e cinqüenta línguas.

— O Sr. Crouch? — diz Percy, abandonando subitamente o seu ar de impassível desaprovação e quase se contorcendo de óbvia excitação. — Ele fala mais de duzentas! Serêiaco, grugulês, trasgueano...

— Então essa é a obsessão esquisita do Percy com o Crouch que vocês me falaram, não é? — sussurro para os gêmeos, que concordam com a cabeça.

Eles me escreveram uma carta juntos me deixando à par de diversas notícias, como a vinda de Gui e Carlinhos, a Copa Mundial, Jorge acrescentando que Fred não parava de falar de mim (o que fez Fred puxar a pena abruptamente, causando um risco na carta. Apesar de não achar que fosse verdade, eu quis que fosse, e uma chama de esperança queimou em mim), e consequentemente sobre o vício estranho de Percy com esse tal Crouch.

— É sim — confirma Fred. — Ficou o verão inteiro trancado no quarto, e quando saía só falava sobre o Crouch...

— Logo estaremos ouvindo sobre o casamento deles — continua Jorge e eu tenho que rir.

— Que ótimo, Fred vai ser a madrinha! — falo e eu e Jorge começamos a dar risada da cara emburrada de Fred. — Vai ficar lindinho de vestido rosa! — exclamo apertando a bochecha dele, que revira os olhos e dá um tapa na minha mão.

E então nós três voltamos a atenção para a conversa.

— Qualquer um sabe falar trasgueano — diz Fred fazendo pouco, se metendo na conversa. —, é só a gente apontar e grunhir.

Percy lança a Fred um olhar feíssimo e atiça os gravetos da fogueira vigorosamente para fazer a chaleira ferver. Eu, Jorge e Fred voltamos a rir silenciosamente.

— Já teve notícias de Berta Jorkins, Ludo? — pergunta o Sr. Weasley quando Bagman se sentou na grama ao lado deles.

— Nem um pio — diz Bagman à vontade. — Mas ela vai aparecer. Coitada da velha Berta... Tem a memória de um caldeirão furado e nenhum senso de direção. Perdida, se quiserem acreditar. Vai aparecer na seção lá para outubro, pensando que ainda é julho.

— Você não acha que já estava na hora de mandar alguém procurá-la? — sugere, hesitante, o Sr. Weasley, quando Percy estende a Bagman o chá pedido.

— É o que o Bartô Crouch não pára de dizer — responde Bagman, arregalando inocentemente seus olhos redondos —, mas o fato é que não podemos destacar ninguém no momento. Ah... É falar no demônio! Bartô!

Um bruxo acaba de aparatar junto à fogueira, e não pode oferecer um contraste maior a Ludo Bagman, estirado na grama com as vestes velhas do Wasp. Bartô é um homem mais velho, formal, empertigado, vestido com um terno e uma gravata impecáveis. A risca nos seus cabelos grisalhos e curtos é quase absurdamente reta e o bigode fino de escovinha parece ter sido aparado com uma régua. Seus sapatos são exageradamente lustrosos. Percebo na hora por que Percy o idolatra, e acho que não sou a única.

— Já notei porque os dois vão se casar — comento para os gêmeos observando Crouch, os dois riem ao meu lado.

Percy acredita piamente em obedecer às regras sem fazer concessões, e o Sr. Crouch obedece à regra de se vestir como trouxa tão rigorosamente que poderia ter passado por gerente de banco.

— Estrague um pouco a grama, Bartô — diz Ludo animadamente, batendo no chão.

— Não, muito obrigado — responde Crouch, e há um vestígio de impaciência em sua voz. — Estive procurando-o por toda parte. Os búlgaros insistem que coloquemos mais doze cadeiras no camarote de honra.

— Ah, é isso que eles querem? — exclama Bagman. — Achei que o sujeito estava pedindo uma pinça emprestada. Sotaque forte o dele.

— Sr. Crouch! — diz Percy sem fôlego, curvando-se numa espécie de meia reverência que o faz parecer corcunda. — O senhor aceita uma xícara de chá?

— Ah — exclama o bruxo, olhando surpreso para Percy. — Claro... obrigado, Weatherby.

Eu, Fred e Jorge nos engasgamos dentro das xícaras de que bebemos. Percy, as orelhas muito rosadas, ocupa-se com a chaleira.

— Ah, e tenho querido dar uma palavra com você, também, Arthur — diz o Sr. Crouch, seu olhar penetrante recai sobre o Sr. Weasley. — Ali Bashir está em pé de guerra. Quer falar com você sobre o embargo dos tapetes voadores.

O Sr. Weasley solta um profundo suspiro.

— Mandei-lhe uma coruja sobre isso ainda na semana passada. Já devo ter dito a Bashir umas cem vezes: tapetes são classificados como artefatos mágicos pelo Registro de Objetos Enfeitiçáveis Proscritos, mas, e ele quer me escutar?

— Duvido — responde o Sr. Crouch, aceitando a xícara de Percy. — Ele está desesperado para exportar para cá.

— Bom, eles nunca vão substituir as vassouras na Grã-Bretanha, vão? — diz Bagman.

— Ali acha que há um nicho no mercado para um veículo familiar — explica o Sr. Crouch. — Eu me lembro de que o meu avô tinha um Axminster que levava doze pessoas, mas isso foi antes dos tapetes serem banidos, naturalmente.

Ele fala como se não quisesse deixar a menor dúvida de que todos os seus antepassados cumpriram rigorosamente a lei. Eu estou mais de corpo do que de mente naquela conversa, quero dizer, ouço o que dizem, mas na verdade estou pensando em pudim.

— Então, muito ocupado, Bartô? — pergunta Bagman despreocupadamente.

— Bastante — responde o outro seco. — Organizar chaves de portal em cinco continentes não é uma tarefa qualquer, Ludo.

— Imagino que os dois vão ficar contentes quando o evento acabar — comenta o Sr. Weasley. Ludo Bagman pareceu chocado.

— Contente! Não me lembro de ter me divertido tanto... Ainda assim, não é que não haja mais trabalho pela frente, hein, Bartô? Hein? Muita coisa ainda para organizar, hein?

O Sr. Crouch ergue as sobrancelhas para Bagman.

— Combinamos não anunciar nada até todos os detalhes...

— Ah, os detalhes! — exclama Bagman, afastando a palavra como se fosse uma nuvem de mosquitos. — Eles já assinaram, então? Concordaram? Aposto o que você quiser como esses garotos vão saber logo. Quero dizer, vai acontecer em Hogwarts...

— Ludo, precisamos receber os búlgaros, sabe — diz o Sr. Crouch bruscamente, cortando os comentários de Bagman. — Obrigado pelo chá, Weatherby.

Ele devolve a Percy a xícara de chá intocada e espera Ludo se levantar; Bagman se põe em pé com dificuldade, virando o restinho de chá, o ouro em seus bolsos tilintando alegremente.

— Vejo vocês todos mais tarde! — diz ele. — Vão ficar no camarote de honra comigo, vou comentar o jogo! — Ele acena, Bartô Crouch faz um movimento rápido com a cabeça e os dois desaparatam.

— Que é que vai acontecer em Hogwarts, papai? — pergunta Fred na mesma hora. — Do que é que eles estavam falando?

— Você vai descobrir logo — diz o Sr. Weasley sorrindo.

— Por acaso é aquela coisa de que meu pai vem falando? — pergunto de olhos arregalados, a felicidade e preocupação me inundam. Tio Arthur acena com a cabeça, sorrindo mais ainda.

Meu pai não parava de falar sobre o Torneio Tribruxo que vai acontecer, ele não queria, mas não podia evitar. É um grande acontecimento e seria bem em Hogwarts! Eu quero evitar falar para Fred e Jorge sobre isso, porque sei que eles tentarão entrar no torneio(mesmo que isso não seja possível acontecer). Logo todos os outros que não sabem do que se trata focam seus olhos em mim.

— É informação privilegiada, até o Ministério achar conveniente comunicá-la — diz Percy empertigado. — O Sr. Crouch estava certo em não querer revelar nada.

— Ah, cala a boca, Weatherby — diz Fred, e eu rio.

A atmosfera de excitação foi-se adensando como uma nuvem palpável sobre o acampamento, à medida que a tarde avança. A hora do crepúsculo, o próprio ar parado de verão parece estar vibrando de excitação, e quando a noite se estende como um toldo sobre os milhares de bruxos que aguardam, os últimos vestígios de fingimento desaparecem: o Ministério parece se curvar ao inevitável e para de combater os indisfarçáveis sinais de magia que agora irrompem por toda parte.

Ambulantes aparatam a cada metro, trazendo bandejas e empurrando carrinhos cheios de extraordinárias mercadorias. Tem rosetas luminosas — verdes para a Irlanda, vermelhas para a Bulgária — que gritam os nomes dos jogadores, chapéus verdes cônicos enfeitados com trevos dançantes, echarpes búlgaras adornadas com leões que rugem de verdade, bandeiras dos dois países que tocam os hinos nacionais quando são agitadas, há miniaturas de Firebolts, que realmente voam, e figurinhas colecionáveis dos jogadores famosos, que andam se exibindo nas palmas das mãos.

— Guardei o meu dinheiro o verão todo para o dia de hoje — ouço Rony falar para Harry quando nós quatro havíamos saído caminhando entre os vendedores comprando lembranças. Embora Rony já tem comprado um chapéu com trevos dançantes e uma grande roseta verde, compra também uma figurinha de Vítor Krum, o apanhador búlgaro. O brinquedo anda para frente e para trás na mão do garoto, amarrando a cara para a roseta verde acima.

Eu estou perto de um carrinho atulhado de coisas que parecem binóculos de latão, só que são cheios de botões estranhos, são onióculos. Harry nota o que eu observo e corre em minha direção, olhando para o carrinho totalmente maravilhado.

— Uau, olha só para isso! — exclama ele chegando ao meu lado.

— Onióculos — diz o vendedor pressuroso, confirmando minhas suspeitas sobre o que é. — Você pode rever o lance... Passar ele em câmara lenta... E ver uma retrospectiva lance a lance, se precisar. Pechincha: dez galeões um.

— Eu queria não ter comprado isso — diz Rony, indicando o chapéu com os trevos dançantes e olhando, de olho comprido, para os onióculos.

— Quatro — diz Harry com firmeza ao bruxo.

— Não... Não precisa— diz Rony ficando vermelho. Sempre se melindra com o fato de que Harry, que herdou uma pequena fortuna dos pais, tem muito mais dinheiro do que ele. (pois é, eu sei de muita coisa)

— Não vou te dar nada no Natal — diz Harry, empurrando os oníóculos nas mãos do amigo e de Hermione. — Por uns dez anos, não se esqueça.

— É justo — diz Rony rindo. Quando Harry vai dar o onióculo para mim, começo a recusar.

— Ei, Harry, não precisa, sério mesmo — afirmo empurrando o onióculo de volta, Harry começa a protestar.

— Fica com ele, Jamie. Eu insisto — ele fala olhando nos meus olhos e eu não posso recusar, ele entrega o onióculo em minha mão e a fecha por mim, sorrio para Harry. — Para uma nova amizade! — diz estendendo a mão para eu bater, e eu o faço, rindo.

— Aaah, obrigada, Harry — diz Hermione. — E eu compro os programas para nós, olha...

Com as bolsas de dinheiro bem mais leves, nós quatro voltamos às barracas. Gui, Carlinhos e Gina também estão usando rosetas verdes, e o Tio Arthur carrega uma bandeira da Irlanda. Fred e Jorge não compraram suvenires porque tinham entregado todo o dinheiro a Bagman, eu ainda tenho dinheiro mas depois do presente que ganhei de Harry não quero comprar mais nada.

Então, nós ouvimos um gongo, grave e ensurdecedor, bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e vermelhas se acendem entre as árvores, iluminando o caminho até o campo.

— Está na hora! — exclama o Sr. Weasley, parecendo tão excitado quanto os garotos. — Andem logo, vamos!


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Notas finais do capítulo

adiós amiguinhos, me chamem no twitter um dia desses @nicomerda
e JULEA VE SE COMENTA NESSA BOSTA