O boato de que Sakura havia ido morar na casa de seu "pretendente" causou muitas fofocas nos corredores de KHS nos dias que se sucederam.

– Você tinha que ver a cara da Karin – disse Ino, gargalhando, claramente divertindo-se com toda aquela situação. - Parecia que tinha bosta embaixo do nariz!

– Apenas eu que não estou achando isso legal? – O livro em seu colo foi fechado com força. Sakura decididamente não estava em seus melhores dias.

Ela e as amigas estavam nas arquibancadas, assistindo ao treino do time de basquete do colégio. Obviamente que não estaria ali, se tivesse alguma escolha. Afinal era um período livre - já que Kakashi não fora à escola naquele dia - e geralmente a Haruno ficava na biblioteca, “roendo livros”, como Hinata costumava dizer.

Entretanto, Ino havia insistido, dizendo que a amiga tinha o dever de comparecer ao treino de basquete de seu noivo. Ao menos, Naruto também jogava, e caso perguntassem Sakura poderia dizer que estava ali por causa de seu primo. Uma excelente desculpa, não é mesmo?

– Ai caramba! Será que hoje eles tiram a camisa? – gritou Ino, se levantando de seu lugar, com olhos ansiosos voltados para o treino.

– Vou fingir que não ouvi isso – murmurou Sakura, revirando os olhos.

Sasuke marcou mais uma cesta e Gai soou o apito, satisfeito com o desempenho dos garotos. Logo, o time atravessava a quadra para o chuveiro, em pequenos grupos.

– Viu quem está nas arquibancadas? – perguntou Naruto, se dirigindo à Sasuke com um sorriso largo no rosto.

O Uchiha olhou para o local indicado, e viu Sakura, acompanhada de Ino e TenTen, sentada com um livro aberto no colo.

– Aposto que ela veio por minha causa – prosseguiu Naruto, estufando o peito, orgulhoso de si mesmo. – Sou o primo dela, sabe como é. Orgulho e coisa e tal...

Sasuke revirou os olhos e foi para o chuveiro.

– Vai à festa da Karin amanhã? – questionou Naruto, enquanto secava seus cabelos loiros.

Sasuke terminou de abotoar sua camisa.

– Não sei. – O moreno jogou a mochila sob o ombro. – Talvez.

– A Sakura ficou bem brava comigo – Naruto vestiu a camisa do uniforme. – E eu não sei por que.

– Você é debilóide. – Sasuke cruzou os braços sob o peito. – Inventou uma mentira sem pé nem cabeça.

– Foi à primeira coisa em que pensei – defendeu-se Naruto, emburrado. – E foi para salvar a sua pele!

– Vamos logo. – Apressou Sasuke, dando as costas para o amigo. – Tenho que levar minha noiva em casa.

– Pode ir – Naruto sorriu maliciosamente. – Não quero segurar vela para vocês.

O moreno saiu do vestiário, seguindo até as arquibancadas, e encontrou Kaya sentada no mesmo lugar. Ino e TenTen não estavam à vista, algo que de repente, se tornou propício até demais.

Uma súbita ideia fez com que Sasuke sorrisse maliciosamente, enquanto caminhava até sua “quase” esposa. Ela ficaria muito irritada se ele começasse a exigir seus direitos como noivo, o que de fato estava prestes a fazer.

Parou em frente à Sakura, que levantou a cabeça para olhá-lo, quase que em desafio. Segurou seu rosto, e sem mais delongas a beijou.

A Haruno ficou assustada e surpresa, mas estava achando extremamente bom, apesar de tudo.

Uma tosse exagerada seguida de muitos risinhos fizeram ambos se separarem. Quando a rosada viu – ainda entorpecida pelo beijo com Sasuke –, várias pessoas da classe ali parados, os olhando, sentiu seu rosto inteiro esquentar.

– Own – as meninas riam como histéricas, soltando sons aparentemente “fofos”, mas que indicavam sua diversão e malícia com a cena presenciada.

– Do jeito que vocês estavam pensei que fossem chegar aos “finalmente” agora mesmo! – Sai caiu na risada, com seu típico jeito irritante.

Sakura gostaria de ser um avestruz. Por que tinha de pagar tanto mico? Parece que desde que ela e Sasuke se tornaram noivos, a vida da Haruno se tornara estranhamente movimentada.

– Escolham um lugar melhor da próxima vez! Até o vestiário valia! – exclamou Ino, gargalhando.

– Pelo jeito eu vou ser padrinho cedo – brincou Naruto, com um sorriso largo iluminando seu semblante.

Sakura se controlou para não sair correndo e meter a mão na cara de seu “querido” primo.

– Vamos embora, meu amor? – Sasuke sussurrou ao ouvido da garota, que sorriu com ironia.

– Claro querido. – debochou Sakura, encarando seu noivo. Entraria no teatrinho dele se necessário, apenas para se livrar daquela situação inconveniente.

– Uhhh – o murmúrio foi geral, e os sorrisos maliciosos surgiram nos rostos dos colegas quando o casal passou pelo grupo, de mãos dadas.

O Uchiha abriu a porta do BMW para que Sakura entrasse. A garota lhe encarou com uma expressão de “sério mesmo?”.

– É para eu não correr o risco de ter meu carro depredado por uma garota estressada – provocou Sasuke, com um sorriso de canto.

A rosada entrou no carro e cruzou os braços. Sasuke ocupou o lugar do motorista e ligou o carro.

O percurso foi realizado em silêncio, com um Sasuke divertido e uma Kaya tendo um ataque contido. Em poucos minutos, ambos estavam longe do colégio e próximos da casa dos Uchiha.

Sakura viu sua oportunidade de “soltar os cachorros”, quando seu maridinho estacionou e desligou o carro.

Ah, ninguém a impediria agora.

Sem pestanejar ou pensar nas consequências, começou a distribuir tapas e socos pelo corpo de Sasuke, que foi pego de surpresa pelos golpes da garota.

– Ei sua louca! – gritou ele, segurando os pulsos dela, e a encarando. – Por que está me batendo?

– Porque você é um idiota! – ela encarou-o, com raiva. – Você... Você... Você viu o que fez?

– Sim – Sasuke sorriu descaradamente.

– E sabe que eu odeio ser o centro das atenções? – Sakura deu uma risada irônica. - Você veio para me atrapalhar mesmo!

– Escuta aqui – Sasuke aproximou-se dela, tomando o cuidado de manter seus pulsos presos com uma de suas mãos. – Estou fazendo isso pelas empresas. Acredite você é uma pedra no meu sapato!

– Não entendo como me beijar e ficar fazendo ceninha pode ajudar! – gritou ela, revirando os olhos em seguida. Não devia admitir, mas havia gostado daquilo. E tal percepção a fazia sentir-se pior.

Admitir que os beijos de Sasuke a seduziam tão facilmente, deixava sua consciência cada dia mais pesada. Sabia o quanto Gaara estava irritado e triste com o fim do relacionamento de ambos, e o pior de tudo, é que não poderia voltar atrás.

Tinha de se casar com o Uchiha, mesmo que tal ato estragasse sua vida para sempre.

– Ajuda sim, querida, em todos os sentidos. – retrucou baixo, sorrindo novamente com malícia. Tentou beijá-la de novo, e Sakura quase cedeu.

Quase.

Quando se deu conta, fez a primeira coisa que veio à mente; mordeu o lábio dele com força.

– Sua vac... – Sakura cortou-o, rindo.

– Olha a língua, amorzinho. – E saiu, batendo a porta do carro com força.

Ao entrar em casa, passou rapidamente e teria subido despercebida para o seu quarto, se Mikoto não tivesse surgido do escritório.

– Querida, algum problema? – a Uchiha tinha nos braços várias pastas e papéis, indicando que estava pronta para ir para sua grife.

– Nenhum – Ela correu escadaria à cima, chegando ao segundo andar rapidamente. Logo, tratou de entrar em seu quarto e escorregar pela porta até o chão, contendo a respiração acelerada e sôfrega.

Ouviu os passos de alguém no corredor e em seguida uma forte batida de porta. Provavelmente, Sasuke.

Sakura trancou a porta e suspirou. Tinha que se acalmar.

Seguiu até sua mochila e pegou o caderno de capa preta.

Mas o que escreveria, agora?

(...)

– Você anda muito pensativo, Gaara. – disse Sarutobi, lançando um pano de prato no peito do ruivo, despertando-o de seus devaneios. – O que há com você?

O Mexican Spress preparava-se para fechar, e sem Temari para ajudar, Gaara tinha de limpar as mesas e organizar tudo sozinho. Sorte que Sarutobi, o dono do restaurante, diversas vezes ficava até mais tarde para auxiliar o rapaz.

Ele era uma boa pessoa, embora comandasse a pulso firme seu negócio e transparecesse a imagem de “velho rabugento”. No entanto, Gaara era uma das poucas pessoas que realmente conheciam o que havia por trás de tal máscara. Sarutobi era justo, paciente nos devidos momentos, além de se preocupar com seus funcionários como se fossem seus filhos.

O ruivo suspirou, colocando o pano de prato sobre o ombro, cruzando os braços em seguida.

– Há alguns dias meu namoro com Sakura terminou – explicou, com rancor pelo ocorrido. Desde o dia que falara com ela, no corredor do colégio, não trocara mais palavras com a Haruno. Por vezes a via, apressada ou até mesmo entristecida, acompanhada de suas amigas, ou sozinha, com um livro em mãos. Mesmo assim, procurou manter-se longe. – Na verdade, eu terminei com ela...

Sarutobi balançou a cabeça, suspirando.

– Ora, pensei que vocês se amassem. – falou.

– E nós nos amávamos. – afirmou Gaara, baixando os olhos. – Ou nos amamos ainda. Mas tivemos empecilhos... E creio que as coisas não voltarão a ser como eram antes.

O ancião, porém, exibiu sua positividade.

– Não seja tão negativo, Gaara. – deu leves batidinhas no ombro do rapaz, em incentivo. – Vamos lá, erga a cabeça. Se o seu romance com essa garota não deu certo, acredite que foi por algum motivo maior. Talvez, vocês não teriam um futuro promissor. Pense nisso. – disse, afastando-se para trás do balcão, adentrando a cozinha. – Pense nisso.

Gaara se encostou ao balcão, pensando. O que mais o afetou naquele dia, fora os comentários maliciosos do beijo que houvera nas arquibancadas, entre o Uchiha e Sakura, sem falar dela ter ido morar na casa dele, há poucos dias.

Jogou o pano de prato no balcão, passando as mãos nos cabelos e bufando de raiva. Tinha de tirar a rosada da cabeça, por bem ou por mal.

(...)

Sasuke estava animado para a festa de Karin. Seria a primeira de muitas festas de despedida de solteiro.

Abotoou sua camisa e passou seu perfume. Já estava pronto para curtir até o sol raiar.

Antes de sair, verificou se sua mãe estava em casa. Estava certo de que Sakura já tinha ido dormir, pois as luzes do quarto dela estavam apagadas.

Sorrindo satisfeito, partiu rumo à casa de Karin, pensando na diversão que o esperava.

(...)

Assim que a porta bateu, Sakura botou a cabeça para fora da porta e certificou-se de que não havia “perigo”. TenTen ligara e implorara para que a amiga fosse à festa impedir seu primo “retardado” de pedir Emiko em namoro.

Tentou argumentar, mas sua amiga insistente não quis lhe ouvir. Suspirou. Sabia que Sasuke também estaria lá, e isso não seria bom.

Fechou o portão e começou a caminhar pela rua, impaciente. Logo, faróis iluminaram a calçada e Ino saiu do carro que estacionou ao lado da Haruno.

TenTen buzinou feito louca e Sakura teve de gritar com a amiga para que esta parasse com o “show”. Se continuasse, despertaria todos os vizinhos próximos dali.

– Qual é o plano? – perguntou, no momento que TenTen deu a partida e com rapidez, se distanciou da rua dos Uchiha.

– Vamos improvisar! – gritou Ino, colocando a cabeça para fora da janela. Gritos escaparam pelos lábios da loira, e Sakura fechou os olhos, colocando a mão em sua testa.

Onde fora se meter?

– Vou fingir que não ouvi e vi nada, Ino – revirou os olhos, demonstrando impaciência.

– Pare de agir como velha, Sakura – repreendeu a Yamanaka, sorrindo enquanto TenTen aumentava o volume do rádio.

– Estou sendo a sensata daqui – corrigiu, balançando a cabeça.

– Ah, eu amo essa música! – exclamaram suas amigas, ignorando completamente o que ela dissera.

Sakura respirou fundo, e preferiu apreciar a vista pela janela do carro, a ter de ouvir Ino e TenTen estragando a música Hot, da Avril.

(...)

Sasuke havia chegado à festa de Karin e encontrou seus colegas de classe, conversando, dançando ou bebendo. O ar indicava uma noite de diversões, e o Uchiha sorriu de canto com as incontáveis possibilidades de aproveitar um pouco.

– Que bom que veio Sasuke – ciciou Karin, surgindo com suas “capangas” enquanto segurava dois drinks em suas mãos pequenas.

Usava um vestido extremamente curto e seus cabelos estavam mais escorridos do que o normal.

– Aproveitei para me despedir da vida de solteiro – Sasuke tomou um gole da vodca oferecida, e encarou a ruiva, que mantinha os olhos fixos no moreno.

– Você também está se despedindo de nossa vida de solteiros? – perguntou Karin, em voz baixa.

Sasuke sorriu de lado, cheio de malícia.

– Não sei.

– Então, hoje você irá se decidir. – Karin o puxou pela mão, levando-o para um lugar mais afastado de todos.

(...)

– Caramba, odeio admitir, mas... A Karin caprichou – comentou TenTen, logo que ela e as amigas adentraram os jardins da mansão que pertencia aos pais de Karin.

A decoração estava realmente chamativa. A pista de dança era decorada com vários tipos de luzes e cores, enquanto uma mesa colocada com comes e bebes estava mais ao canto, cercada por bêbados.

Uma música alta tocava, e Sakura sentiu-se incomodada pelo som em excesso.

– Já fui a festas melhores – desdenhou Ino, fazendo uma careta de desgosto.

– Vamos! Temos que encontrar Naruto antes que ele... – a rosada se interrompeu com um gritinho emitido por Ino.

– Sakura, aquele não é o Sasuke? – perguntou ela, boquiaberta.

A Haruno seguiu o olhar da amiga e viu próximo aos arbustos, longe dos convidados e da agitação decorrente, Sasuke e Karin aos beijos.