Sasuke tentava se concentrar no dever de Física, no entanto estava sendo impossível.

Muitas coisas o perturbavam. O time de basquete, o casamento, as empresas... E ainda tinha Karin, que resolveu deixar o seu dia pior, tendo mais um de seus ataques cheios de frescura.

Frustrado e irritado, Sasuke foi até a janela, tentando organizar os pensamentos.

– Querido - Mikoto colocou a cabeça para dentro do quarto, com um sorriso no rosto. - Está ocupado?

– Mais ou menos - Ele virou-se para a mãe, com a sobrancelha arqueada. - Por quê?

– Tenho que lhe contar algo – começou ela, um tanto relutante. - E é um pouco chato. – Acrescentou, respirando fundo antes de falar, sob um olhar de desconfiança lançado pelo filho mais novo. - Seu irmão e seu pai brigaram.

Sasuke revirou os olhos, por um instante ter pensado que fosse algo mais sério. Não era a primeira vez que isso acontecia. Os dois brigavam por qualquer besteira.

Já ia abrir a boca para perguntar o que tinha demais nisso, quando sua mãe o interrompeu.

– Desta vez é mais sério do que eu pensava. Quase saíram no tapa. Seu irmão jura de pé junto que vai embora de casa e que não o veremos mais.

(...)

– O que você quer, Karin? - perguntou Tenten, com raiva.

Karin ergueu as mãos em sinal de redenção.

– Estou passendo no shopping como qualquer pessoa.

– Bom, eu vou embora. Não tenho mais nada para fazer aqui - Sakura fez menção de sair, mas Karin bloqueou seu caminho. Reprimiu a vontade de socar a fuça daquela sonsa. - O que é?

– Sabe, vou dar uma festa no sábado e gostaria que vocês fossem - Karin mexia nos cabelos ruivos, distraidamente. - Na minha casa e vão todos da turma.

– Perdeu seu tempo, Karin - Ino fingiu um longo bocejo. - Sua voz já me deixa com sono, imagine uma festa na sua casa.

Hinata de uma risadinha tímida, que não passou despercebida pela Uzumaki vingativa.

– Do que está rindo, Hyuuga? - Karin arqueou uma das sobrancelhas, franzindo o cenho como se estivesse enojada. - Você é realmente deplorável!

A morena arregalou os olhos, mas nada disse.

– Já que você fez o seu convite poderia por gentileza, nos deixar em paz? – ironizou Sakura, usando a formalidade como defesa e ataque. Não estava com um pingo de vontade de encarar as ironias e o sarcasmo de Karin.

A ruiva sorriu e ergueu os braços mais uma vez, em um falso jesto de redenção. Sakura passou pela ruiva, com raiva, enquanto Ino, Tenten e Hinata a seguiam, tentando convencê-la a ter uma despedida de solteira como qualquer outra noiva normal.

(...)

– Você está sendo idiota - falou Sasuke, de braços cruzados, encostado na porta do quarto de Itachi.

O Uchiha virou-se, pegando mais cabides do guarda-roupa e jogando-os em uma mala, sem se dar o trabalho de organizar qualquer coisa.

– O “chefe da casa” pensa que eu peguei dinheiro com aqueles terroristas - retrucou Itachi, furioso com tal acusação. – Não vou ser taxado de traidor e continuar a viver aqui.

Sasuke respirou fundo, reunindo toda a paciência que tinha.

– Ele desconfia de todos. Não fique dando chilique só porque você foi o acusado número um!

– Eu já estou farto disso! – exclamou Itachi parando, logo depois de fechar a mala, e encarando o irmão. - Cheio das empresas e dessa família idiota!

Sasuke deu de ombros, sem se importar.

– Faça como quiser – bocejou, de certa forma, entediado. Fez menção de sair do quarto, mas parou antes de ultrapassar a porta. - Apenas pense no que está perdendo. A chance de ser alguém dentro das empresas.

Itachi lançou um olhar frio ao irmão mais novo, indignado com as escolhas feitas pelo mesmo.

– Você só pensa nos negócios. Achei que se preocuparia com a mamãe.

O outro virou a cabeça e encarou o Uchiha que se exaltava. Sorriu com frieza e saiu do quarto, deixando para trás a certeza de que nada, a não serem os negócios e poder, o interessavam realmente.

Itachi suspirou cansado e desceu para despedir-se de sua mãe, preparado para as tentativas dela de convencê-lo a ficar.

(...)

– Vamos Saky, não é tão ruim assim - insistiu Ino, pela centésima vez.

A Haruno estava em seu quarto, terminando um trabalho de Física (ou melhor, tentando concluir a tarefa).

– Desista, Ino. Ela não vai te ouvir – disse Tenten, segurando uma panela com brigadeiro e uma colher.

No entanto, tal afirmação não alcançou o entendimento de Ino, algo que realmente irritava. Pessoas tentando obrigá-la a fazer algo que não queria, era extremamente frustrante.

– Esse é o meu presente de casamento para ela! - exclamou a loira, indignada.

– Dê outra coisa para ela, oras – sugeriu Hinata, puxando a panela das mãos de Tenten e servindo-se de mais um pouco do doce. - Um jogo de copos, panos de prato, um apartamento...

– Boa Hina! - Sakura sorriu, batendo palmas e atraindo olhares curiosos da amiga. - Um apartamento seria ótimo, de preferência bem longe daqui!

– Vocês acham que eu sou dona de um banco? – Ino riu com ironia.

– Você não quer me dar um presente de casamento? – Sakura arqueou a sobrancelha, fingindo-se de aborrecida.

– Quero, mas...

– Então pronto! Quero um apartamento! Ah, no Rio de Janeiro seria uma boa! Do outro lado do mundo, bem longe dos Uchiha e de tudo isso – concluiu Sakura, fingindo um “chilique menininha demais”, arrancando gargalhadas das amigas.

Ino, porém, não achou nada engraçado.

– Nem pensar! Eu querendo dar um presente de casamento e você me vem com essa ideia, que mais parece presente de divórcio! Negativo! Nada feito!

– Ah, mas você poderia me arrumar esse apartamento antes... – A Haruno fez cara de inocente, embicando os lábios. - Assim não seria um presente de casamento e nem de divórcio. Seria um presente de “Como abandonar seu noivo no altar”.

Tenten e Hinata controlaram o riso, devorando mais do brigadeiro. Ino balançou a cabeça, negativamente, como se reprovasse o tombo de uma criança que não parava de correr.

– Eu não quero ser acusada por ajudar a noiva a deixar um Uchiha bonitão no altar!

– Ora, você casa com ele no meu lugar – Sakura lançou um olhar com malícia para a loira, e Ino jogou uma almofada na rosada em resposta.

– E ter de assumir todas aquelas empresas? Não, muito obrigada! É muita responsabilidade para a Ino aqui! – largou-se na cama, puxando a panela de brigadeiro para ela.

– Você só está dizendo isso, porque está namorando o Sai! - acusou Tenten, apontando a colher na direção de Ino como se fosse uma coisa realmente assustadora.

Sakura franziu o cenho, achando tal fato extremamente estranho.

– Com o Sai? Mas eu pensei que ele era...

– Querida - Kushina colocou a cabeça para dentro do quarto, com um sorriso forçado no semblante entristecido. - Desculpem atrapalhar, mas Naruto está te esperando, Sakura.

– Algum problema? – A rosada levantou-se.

– Naruto vai explicar. Agora, desça rápido! – ordenou Kushina, fechando a porta do quarto.

Sakura encarou as amigas, intrigada. Que diabos teria acontecido para Naruto surgir com tanta urgência?

(...)

Em menos de cinco minutos, Sakura trocou de roupa e desceu. A garota tinha a mania de ficar em casa de pijama, mesmo que ainda fosse de tarde. Por isso, trocava de roupa sempre que alguém chegava.

– O que foi priminho? - Sakura parou à sua frente, na sala de estar, sem se importar com o fato da TV estar ligada e a visão de Naruto ser totalmente impedida por ela.

– Você está atrapalhando a minha visão! - reclamou o Uzumaki, embicando os lábios. - Tá passando um filme “mó” legal e...

– Por que veio até aqui, infeliz? – gritou Sakura, controlando-se para não esfolar o loiro hiperativo.

– Ah - Naruto pareceu lembrar-se de algo e bateu a mão na testa. - Temos que ir para a casa do Teme!

– Olha, se for para escolher o vestido de noiva ou qualquer coisa assim, estou sem paciência e...

– Itachi - interrompeu-a Naruto, com seriedade estampada em seu semblante.

Sakura franziu o cenho, confusa.

– Como?

– Ele vai embora de casa. Tudo indica que foi ele quem pegou o empréstimo com os terroristas e ferrou com a nossa vida.