– Sakura, cuidado!

Ela ouviu alguém lhe gritar - provavelmente seu primo. Estava congelada no meio da rua, e nenhum chamado conseguiria fazer com que sua mente trabalhasse, e fizesse suas pernas se movimentarem novamente. O carro estava a poucos metros quando, por impulso, Sasuke se lançou sobre a jovem, e os dois caíram na calçada.

Sakura levantou a cabeça a tempo de ver o carro fugir em alta velocidade. Seu noivo se levantou de cima dela, uma expressão de raiva tomando conta de seu semblante. Estendeu a mão para que a rosada se levantasse e a mesma a segurou, sem hesitar.

Agora estava preocupada.

– Ai meu Deus, Saky! – Gritou Ino, histérica, aproximando-se da amiga e verificando se a mesma possuía ferimentos sérios. – Aquele cara só podia estar bêbado.

– Bêbado, é? – Sasuke debochou, arqueando uma sobrancelha, mas apenas sua noiva o ouviu.

– Ei, prima! – Naruto caminhou na direção da loira, com uma expressão ainda mais irritada que a de Sasuke. – Vá com as meninas até á grife da tia Mikoto.

– Ahn... – Sakura estava assustada e nervosa demais para pensar direito. A possibilidade da Darkshel, estar começando a agir, fez seu sangue gelar de pavor.

Porém, Sasuke não permitiu que a rosada continuasse parada ali.

– Vai logo, vai, vai! – E a empurrou para dentro do carro de Tenten, sem nenhuma delicadeza.

Sakura só conseguiu se recuperar do choque, quando as meninas voltaram a fazer piadinhas como habitual, sem se prenderem ao carro preto, e sim a outros fatos.

– Ui, e o seu príncipe encantado, te salvando, hein? – Ino se abanou, um sorriso malicioso adornando seus lábios coloridos de vermelho.

– Argh, tá mais para sapo! – Sakura retrucou, revirando os olhos. Parando para pensar, se não fosse por Sasuke, á essa hora ela estaria sobre uma cama de hospital.

Talvez devesse uma a ele.

Tenten estacionou em frente a grife de Mikoto e as meninas entraram no local. Todas ficaram deslumbradas com as peças que rodeavam o ambiente; uma mais bonita que a outra. Vestidos de festa, vestidos mais simples, de casamento... Todos muito bem feitos, exalando “glamour” como Ino fizera questão de afirmar.

– Sejam bem-vindas, meninas! – Mikoto apareceu, sorrindo, com uma fita métrica jogada sobre os ombros. Beijou o rosto de cada uma das garotas e as botou para se sentarem em alguns puffs mais ao fundo da sala.

Sakura não imaginava que algum dia estaria escolhendo vestidos de noiva cuidadosamente criados por Mikoto. Aliás, não pensava que escolheria seu vestido de noiva estando apenas no colegial. Tinha milhares de planos antes de pensar em se casar – e obviamente, Sasuke não estava na lista de futuro marido.

– Esse é perfeito! – exclamou Ino, batendo palmas.

Tenten exibiu um sorriso idêntico ao da loira, enquanto Mikoto fazia alguns ajustes, concordando com as meninas.

– Você está linda, Sakura – afirmou Hinata, com um sorriso mínimo nos lábios.

O vestido longo - com mangas rendadas - era branco, possuindo detalhes em dourado no busto. Realçava a beleza da jovem, sem exalar vulgaridade. Era simples, e ao mesmo tempo muito bonito. A Haruno sorriu para sua imagem, aprovando o traje sem qualquer objeção, para contentamento de suas amigas.

(...)

Enquanto Ino, Tenten e Hinata escolhiam seus vestidos, Sakura se despediu das amigas e de Mikoto. Pegou um transporte público qualquer e seguiu para o endereço que Sasori lhe dera na festa de Karin, dias atrás.

Chegou ao prédio, que ficava em uma rua pouco movimentada. Subiu até o 210 e bateu. Demorou alguns instantes e a porta se abriu.

– Sakura? – Itachi sorriu com surpresa, logo que a atendeu.

– E aê, Saky? – Um rapaz de cabelos cinzentos, e olhos castanhos, acenou para ela de dentro do apartamento, sentado no sofá e jogando videogame.

– Sakura! – Sasori sorriu, surgindo ao lado de Itachi repentinamente. – Tudo bem?

– Mais ou menos – A rosada sorriu nervosa. – Itachi, posso falar com você?

O Uchiha aquiesceu, dando espaço para a que a rosada entrasse.

– Aconteceu alguma coisa que não estou sabendo? – Itachi perguntou, arqueando as sobrancelhas, exatamente como Sasuke costumava fazer. Indicou o sofá para que ela se sentasse e acomodou-se à sua frente.

– Quase fui atropelada por um carro hoje. – Sakura começou, meio sem jeito. – Vim te avisar para ficar de olho. Estou preocupada.

– Acha que é aquela organização que nossos pais falaram?

– Acho. Não sei porquê, mas tenho total certeza disso.

Itachi suspirou com a resposta, apoiando os cotovelos sobre suas coxas. Estava tenso, e diferente. Seus cabelos estavam maiores, e além de tenso, parecia cansado.

– Olha, Sakura... Preciso dizer algo a você. Algo que ninguém mais sabe. – A rosada assustou-se, mas confirmou com um aceno de cabeça. – Na verdade, nossa república não é exatamente uma república. Tá mais pra uma base. Ou esconderijo, como preferir chamar.

– Já falei que precisamos achar um nome legal pra isso aqui. Tipo bat caverna, não sei... – o garoto de cabelos acinzentados falou, fazendo Sakura rir. Ainda estava confusa, e percebendo isto, o cara prosseguiu. – Somos uma organização, que combate esses terroristas. Não só os da Darkshel, que estão te seguindo. Mas agora o nosso alvo é eles.

Sakura ficou surpresa, porém, achou isso muito legal.

– Que foda! – Sorriu entusiasmada, algo que assustou Itachi. Afinal, ele não esperava por essa reação de sua cunhada.

Um loiro bonito entrou pela porta naquele instante, e Sakura passou a observá-lo com atenção. Tinha um jeito diferente, mas meio... Engraçado.

– Ah, chegou o viadão! – o cara de cabelos acinzentados falou, sem tirar os olhos da TV.

O loiro sorriu e encarou a Haruno, a expressão mudando para pânico.

– Você é a amiga daquela Yamanaka? – indagou, assustado, os olhos azuis arregalados em pavor.

– Sou... Por quê? – Sakura franziu o cenho, confusa.

– Ele roubou o namorado da sua amiga – zombou Sasori. Sakura percebeu o olhar furioso de Deidara ao ruivo, um sinal que fez com que a garota se lembrasse automaticamente da cena que vira na festa do Gaara.

Deidara era o ficante do Sai.

– Eu não vim aqui para te linchar – disse a rosada, tentando não gargalhar. Aquilo era esquisito, embora engraçado ao mesmo tempo. – Vim falar com o Itachi, apenas.

O loiro pareceu envergonhado por um segundo, mas logo passou pelos amigos e seguiu até a cozinha, sem dizer mais nada.

– Vocês sabem alguma coisa importante? – indagou a Haruno, encarando os marmanjos ali presentes.

– Estamos começando a pesquisar mais – respondeu Itachi, um suspiro de exaustão escapando de seus lábios. – A Darkshel é cuidadosa e temos de agir como tal.

Sakura tirou uma mecha rosa que caia por seu olho, pensativa.

– Quero entrar nisso também – falou, com firmeza.

Deidara, que bebia um copo com água, cuspiu grande parte do líquido. O garoto de cabelos acinzentados parou de apertar os botões do controle e encarou Sakura, como se ela fosse um animal de zoológico em extinção. Sasori ficou sério, e Itachi sorriu de canto.

A Haruno não gostou do silêncio que se seguiu, mexendo-se, incomodada com a reação dos garotos. O único barulho que pôde ser ouvido foi o “Game Over” no videogame. Por fim, Itachi quebrou o gelo.

– Tem certeza disso? – questionou-lhe.

Sakura assentiu, decidida.

– Absoluta.

– Sakura – Sasori foi relutante. – É perigoso. Muito perigoso!

– Eu sei – Ela cruzou os braços. – E é por isso mesmo que quero entrar!

– Tu têm probleminha – falou o garoto do videogame, com incredulidade. – Sério mesmo que você quer entrar para o grupo? Tipo, sério mesmo?

Deidara bufou, indicando sua total indignação.

– Eu não aprovo – falou, com veemência. – Ela é uma garota!

– Nããã. Magina – o garoto de cabelos acinzentados desdenhou, revirando os olhos. – Ela é uma travesti! É óbvio que a Sakura é uma garota, seu jegue!

O loiro fechou a cara e saiu da sala. Itachi encarou a cunhada.

– Você sabe que o meu irmão não pode descobrir, certo?

Sakura assentiu. Sasori não pareceu gostar da ideia da rosada entrar para o grupo, mas acabou aceitando sem outras opções. O único bastante insatisfeito era Deidara. Pelo que o garoto do “videogame” (o qual a rosada descobriu se chamar Hidan) falou, Deidara gostava de ser “única” na equipe. Aquilo só fez a Haruno rir ainda mais.

– Vocês ainda não tem um nome, certo? – questionou, logo que conseguiu controlar o riso.

– Eu estava pensando em... – Hidan ergueu os braços dramaticamente. – Mercenários!

Sasori lançou uma almofada na cara do amigo.

– Ô retardado! – o ruivo exasperou-se, enquanto Hidan fazia uma careta por conta do golpe recebido. – Nós não somos assassinos em busca de dinheiro!

– Akatsuki! – exclamou Sakura, colocando-se de pé, atraindo a atenção dos garotos para ela.

– O que disse? – Sasori franziu o cenho, confuso.

– Akatsuki! – Ela repetiu, animada. Os garotos a olharam assustados. Depois sorriram em aprovação, e daí surgiu uma conversa entusiasmada entre eles.

Quando Sakura voltou a olhar para o relógio na parede da sala, tomou um susto. A hora passara voando, e já passavam das nove e meia da noite. Despediu-se dos meninos e rumou para casa.

Ao chegar, tudo parecia silencioso. Trancou a porta lentamente, para não fazer barulho e avançou devagar para as escadas. Quando estava quase chegando, a luz do abajur se acendeu, e ela pulou de susto. Ao virar-se, deu de cara com Sasuke, que a encarava com uma expressão nada amistosa.

– Onde a senhorita estava?

– Não interessa – Sakura respondeu, arqueando uma sobrancelha, como se estivesse se desfazendo dele.

Sasuke riu levemente, parecia estar se divertindo.

– Esperava um agradecimento decente da sua parte, querida.

– Continuará esperando, querido. – A rosada enfatizou, antes de dar-lhe as costas e subir correndo para o quarto.

Estava ainda mais cansada depois do banho e ao jogar-se em sua cama, sorriu ao lembrar-se de seu dia. Sentia que havia feito novos bons amigos, e nada tiraria sua alegria por conta disto.