Ana escrita por Valentine, yashiichan


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Aqui mais um capítulo. Esse foi escrito por mim, yashii e betado pela V ~te chamarei assim agora ok?! hue~ Enfim, nós temos conversado bastante e chegamos a conclusão de que só iremos postar o próximo capítulo se esse for comentado. Nós estávamos vendo a quantidade de acompanhamentos para a quantidade de comentários e ficamos meio tristes. Sei que isso é chato, nem nós mesmas curtimos isso, mas é que desmotiva sabe?! E nós queremos muito continuar com essa história. Aos que sempre comentam, muito obrigada! Aos que acompanham, obrigada também. Enfim, chega de blá blá blá e vamos para o que interessa. Por favor, não se esqueçam de comentar. Boa leitura.
Kissos da tia yashi~ ^^



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As horas pareciam não querer passar. Desde que acordei, os ponteiros do relógio brincavam comigo. As aulas foram ótimas, tirando o fato de eu evitar certo ruivo, o que não foi uma tarefa tão difícil assim. Fora isso, a rotina seguiu tranquila e inalterada. Gostava disso. Depois que o último sinal soou, eu saí da sala o mais rápido que pude. Queria chegar em casa logo.

O bairro em que eu morava era de longe um dos mais calmos em Seattle. E aqui também era um dos poucos lugares em que se preservava a política da boa vizinhança. As crianças brincavam sem ter risco algum. Para uma garota como eu, isso era ótimo, então chamei o Tom. Todas as tardes, quando ele tomava conta de mim enquanto os meus pais estavam fora, íamos andar de bicicleta pelas ruas do bairro. O moreno era paciente e gentil. Me apoiava e ajudava sempre que possível. Fora ele que me ensinou a andar de bicicleta naquele mesmo dia.

– Mas Tom e se eu cair? – perguntei com uma voz carregada de medo.

– Se você cair, eu te ajudo a levantar e nós tentamos de novo – ele respondeu calmamente.

– E se eu me machucar? – ele riu com o bico que se formou em meus lábios.

– Ana, você está toda protegida, não vai se machucar. – o mais velho afagou meus cabelos – Eu estou aqui, não se preocupe.

Eu assenti ainda hesitante. Ele sorriu para mim e se posicionou.

– Preparada? – Respirei fundo

– Estou! – Praticamente gritei.

Tom empurrou pela rua a bicicleta, que estava com as rodas de apoio levantadas, me ajudando a pegar impulso. Ele me soltou pouco tempo, sempre me lembrando que eu deveria pedalar. Eu estava feliz por finalmente conseguir andar sem ajuda. Porém desviar muito a atenção não deu muito certo. Perdi o equilíbrio e o controle da bicicleta. Fui de encontro ao chão.

– Ana! – ouvi o grito de Tom – Ana, você está bem?

– Estou um pouquinho tonta, mas nada demais. – disse ao tentar me levantar, recebendo ajuda do mais velho.

– Você foi muito bem! Quer tentar de novo? – ele sorria carinhosamente. Sorri de volta e assenti.

O caminho de casa fora, como sempre, tranquilo. Mesmo lembrando de partes de minha infância que eu queria esquecer, nada me impediu de chegar rápido em minha residência. Dizer que sou esquecida é um pouco de exagero, mas eu esqueci completamente que meu pai voltava hoje de viagem. Ao abrir a porta da casa, dei de cara com ele indo para a sala com um sanduíche enorme em mãos.

– Ana – meu pai estava parado no hall de entrada.

– Pai! –o abracei, sendo correspondida de forma de desajeitada – Como foi de viagem? – falei desfazendo o abraço, um pouco decepcionada.

– Foi boa.

– Que bom. – um silêncio se instalou ali e eu fiz questão de quebrá-lo. – Vou subir, avisa a minha mãe.

Ele assentiu e eu me retirei dali rapidamente. Sabia que meu pai não sabia como agir diante de mim e nem o que fazer diante o meu “problema”, mas já se passou tanto tempo desde que ele soube e ele continua do mesmo jeito. Mal sabia o quanto isso me machucava.

Eu chorava compulsivamente. Eu tinha visto meu vizinho ser preso há dois dias atrás e tive a confirmação que meus sonhos eram reais. Eu estava apavorada. Qual é o meu problema? Eu sou doente? Eu não conseguia entender o que se passava em minha cabeça. Minha respiração se aclamava e meu choro cessava. Deitei na cama e abracei o grande urso que ali estava. A casa estava silenciosa até certo momento. As vozes de meus pais se tornaram tão altas que, provavelmente, o bairro todo poderia ouvir.

– Ela sonhou com isso – meu pai falava – E agora, nosso vizinho está preso pelo crime que nossa filha sonhou. Tem noção do quanto isso é estranho?

– Não é estranho, é intrigante. O psicólogo já está tentando descobrir essa origem desses sonhos dela.

– É estranho sim Lilian. Como eu vou olhá-la agora, depois disso tudo?

– Da mesma forma de sempre Dave. Com amor, carinho e compreensão. Não vamos mudar os nossos hábitos por causa disso.

– E-eu não consigo. Desculpa, mas eu não consigo.

– Que tipo de pai é você que não pode apoiar a própria filha em um momento como esse? Ela está assustada e não tem culpa de nada que está acontecendo. Por favor, esqueça isso e dê suporte a ela. Junto a mim. Me ajude. Vamos.

– Eu não consigo Lili, não consigo.

A essa altura, eu já tinha voltado a chorar e, dessa vez, o choro veio com vontade. Eu não conseguia entender porque o papai estava agindo daquele jeito. Por que ele não iria me apoiar? Ele não gosta de mim? Com essas perguntas na minha mente, eu acabei pegando no sono abraçada ao grande urso de pelúcia.

Eu me lembrava disso todos os dias até entender que meu pai não conseguia lidar com o que passava com a filha e acabou se afastando. Como ele viaja muito por causa do trabalho, ele não precisou se esforçar muito para me manter distante.

Afastei essas lembranças e fui tomar um banho para relaxar. Não demorei tanto e, logo, já havia descido as escadas para comer alguma besteira. Passei pela sala e meu pai estava com os olhos fixos na tv, cada vez mais indignado com os erros dos jogadores do time espanhol de futebol. Ri da cena que presenciei e me dirigi até a cozinha.

...

Mais um dia se passou e, dessa vez, nenhum sonho perturbou minha noite de sono. Soltei um suspiro aliviado e fui me arrumar para ir para o colégio. Eu estava mais calma hoje. Era boa a sensação de ter uma noite normal, sem sonhos, sem Tom e, recentemente, sem Nicholas.

O café da manhã foi um pouco tenso e silencioso. Sempre é quando meu pai volta das viagens que faz. Era raro ouvir sua voz, então eu nem puxava conversa. Mas me surpreendi quando o timbre masculino se tornou audível.

– Bom dia filha – meu pai me olhava desconcertado.

– Bom dia pai. – falei meio surpresa com a atitude do mais velho.

– Você tem tido boas noites de sono? – sabia que esse assunto uma hora ia chegar.

– Sim, meus sonhos deram uma boa trégua – falei de forma breve.

– Ah...- e o silêncio voltou a pairar sobre aquele lugar. Eu já tinha terminado e estava indo em direção à porta – Você não quer uma carona?

– Não precisa pai, o ônibus já deve estar passando.

– Tem certeza?

– Tenho sim. Muito obrigada.

Fiquei tentada a aceitar a carona e chegar mais rápido, porém toda vez que eu tentava, ou até mesmo ele tentava, uma aproximação, sempre terminava em brigas, meu pai se afastando cada vez mais de mim e eu chorando sozinha trancada em meu quarto ou em alguma cabine em um dos banheiros do colégio. Às vezes, me pego agradecendo ao fato de ele não insistir tanto. Odeio quando sou tratada bem porque sentem pena de mim.

Passei pelos portões da grande construção à minha frente, procurando meus habituais companheiros de mesa para passar o tempo até o início das aulas do dia. Do meu lado, passou o garoto o qual me bati no dia que eu “seguia” Nicholas. Ele me fuzilava com o olhar e esbarrou no meu ombro com força, para, logo depois, continuar no seu caminho.

– O que foi isso? Não entendi – Candace perguntou exaltada.

– Me bati nele no início dessa semana. Acho que ele quer vingança. Mas nada que eu me preocupe – respondi, acariciando meu ombro.

– Que ridículo esse jeito dele. – a ruiva indagou

– Está tudo bem Candace – tentei acalmar a garota – Vamos que o sinal está para tocar.

Caminhamos pelos corredores cheios do local e cada qual foi para sua respectiva sala. Durante esse início de manhã, eu fixei toda minha atenção para os assuntos e professores. Eu queria esquecer de tudo que acontecia ao meu redor e funcionou. Foi uma manhã altamente produtiva.

No intervalo, lá estava eu com as mesma pessoas. O clima estava e alegre. Os garotos faziam piadas tolas e imitações estranhas de professores e celebridades. Por um certo momento, minha atenção se voltou para o garoto ruivo sentado sozinho em uma mesa isolada no refeitório. Contive meus instintos de levantar àquela hora e o chamar para sentar comigo. Quanto menos aproximação melhor.

O tempo livre passou rápido e, logo, eu estava presa aos conteúdos, que, há um bom tempo, eu negligenciava para viver em meu mundo particular. As aulas passaram num piscar de olhos e tão empenhado eu estava que fui a segunda a chegar na classe de química.

Hoje era dia de aula prática e eu estava ansiosa. Adorava quando o meu professor trazia uma nova experiência para a turma testar. Aos poucos, via a classe se encher. Não sentei em minha habitual bancada. Seria desconfortável a situação que se formaria ali.

O professor finalmente entrou, sendo seguido por Nicholas. Baixei meu olhar na hora, rabiscando meu nome nas folhas de caderno. Senti alguém tocar e me virei.

– Ei stalker. Vou sentar aqui – O ruivo se pronunciou.

– Você está me pedindo par assentar aqui? – arqueei uma sobrancelha.

– Não, estou apenas lhe comunicando – ele riu discretamente.

– Por que não vai para seu lugar de costume?

– Porque já ocuparam a bancada que eu costumo sentar.

– Mas só tem uma pessoa lá e o trabalho é em dupla. Dá muito bem pra você ir pra lá.

– Eu não quero – ele resmungou.

– Ah, fica vai – cocei minha nuca – Depois eu que sou a stalker.

Nicholas se acomodou ao meu lado na bancada. Soltei um longo e pesado suspiro, voltando minha atenção ao quadro. O professor tinha acabado de terminar a experiência do dia.

– Bem turma, os passos são esses. A experiência é bem simples e, se feita com seriedade, bem rápida. Além disso, é para ser feita em dupla. Boa sorte.

Comecei a fazer a experiência sozinha, apenas focada nas fórmulas e suas reações para elaborar o relatório. Nicholas, hora ou outra, me perguntava se os seus resultados estavam corretos. Em uma das vezes em que eu virei para respondê-lo, meu braço bateu em um béquer que, para minha sorte, estava vazio. O objeto se despedaçou na mesa. Por sorte mais uma vez, s ruídos estavam tão altos que ninguém reparou no pequeno estrago que eu fiz.

– Droga. – murmurei baixo, recolhendo os cacos que espalhados estavam pela bancada. Por que eu tenho que ser tão desastrada?

– Me desculpa, a culpa foi minha. – o ruivo alegou cabisbaixo.

– Não foi, foi minha. Esquece isso. O que eu faço? Eu estou morta.

– Deixa comigo. – ele me ajudou a pegar os pequenos pedaços de vidro que ainda restavam. Colocou o objeto na mochila, me deixando um pouco confusa.

– O que vai fazer? – indaguei.

– Vou dar um sumiço nele e amanhã trago um novo – ele sorriu.

– Não precisa fazer isso Nicholas – falei receosa.

– Mas eu quero Ana. Não se preocupe. – Corei violentamente.

Continuei a fazer o experimento, conversando um pouco sobre os procedimentos, fazendo as devidas anotações. Terminamos e saímos da sala juntos. Ele se despediu de mim e cada um seguiu seu caminho.

...

Na manhã seguinte, estava lá eu de novo andando pelos corredores do colégio, dessa vez sozinha, indo para a aula de inglês.

– Bom dia Ana – me assustei.

– Ai que susto. Quer me matar? – fingi indignação.

– Me desculpe – falou rindo.

– Muito engraçado Nicholas – fechei a cara.

– Ei, para com isso. Vim te falar que trouxe o béquer novo. Não precisa se preocupar mais – ele sorriu

– Nossa, obrigada. – sorri de volta

– Não foi nada. – continuamos a caminhar em silêncio até o ruivo falar meio receoso. – Ana?

– Sim Nicholas.

– Quero te pedir uma coisa.

– O quê?

– Posso sentar com você no intervalo hoje?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que eu não sofra no futuro por não ter me saído muito bem por aqui. Enfim...não esqueçam de comentar e até o próximo >.



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