Ana escrita por Valentine, yashiichan


Capítulo 5
Cinco


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Mais uma vez estou aqui para postar outro capítulo escrito por mim, Valentine, e betado pela Yashi. Quero agradecer àqueles que estão comentando e possibilitando a postagem da história, realmente, sem vocês, hoje não teria capítulo. Continuaremos com essa pequena exigência, afinal, a participação dos leitores são determinantes para nossa motivação. Nesse capítulo não teremos flashes ou lembranças, apenas o desenrolar da atual história de nossa personagem. Okay, chega de spoilers, espero que gostem, e, não deixem de comentar se quiserem ver um novo capítulo aqui na segunda. Beijos!!



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O pedido de Nicholas havia me pegado de surpresa. Não que eu quisesse que ele continuasse solitário pela escola, mas me senti mal por não ter o convidado para sentar comigo no almoço antes.

– Sem problemas. – Respondi, mantendo a caminhada rumo à primeira aula de Inglês. – Só pensei que você não quisesse muita amizade com uma stalker – Comentei demonstrando uma ironia absurda.

Nicholas riu e não respondeu nada. A caminhada se tornou silenciosa e ambos caminhávamos no mesmo sentido.

– Você também é dessa turma? – Ele perguntou, abrindo a porta da sala de número vinte e três.

– Pensei que já soubesse disso – Respondi, o seguindo e entrando na sala. – Afinal, foi depois dessa aula que você cismou que eu estivesse o seguindo na semana retrasada.

– Ah, sinto muito por isso. – sussurrou, sentando-se numa carteira ao lado da minha. – Acho que tenho uma imaginação fértil, você sabe como é.

Congelei, sentindo meu corpo esquentar rapidamente. O que ele quis dizer com “você sabe como é”? Senti minhas pernas tremerem e a possibilidade de Nicholas Cole imaginar sobre o meu passado secreto me fez sentir o ar faltar naquele espaço.

– Ana, você está bem? – Ele se aproximou, tocando meu braço e me fazendo sentir sua pele quente.

– O que quer dizer com “você sabe como é”? – Perguntei.

– Ah, é um modo de falar. Qual é Ana, somos de regiões diferentes, mas ainda assim falamos a mesma língua, não me diga que não entendeu.

Respirei fundo e sorri, ignorando o pânico que acabara de me invadir.

– Deixa para lá.

Há uma semana atrás, eu buscava todos os caminhos opostos à Nicholas Cole. O recém invasor dos meus sonhos me causava um medo assustador de me ver presa naquela mesma situação mais uma vez, testemunhando crimes subconscientemente. Naquele dia em que o segui secretamente até a biblioteca, a última coisa que imaginei foi nós dois tão próximos. Mais do que compaixão em não querer vê-lo só, a presença de Nicholas me fazia esquecer cada vez mais aquilo em que tanto acreditei, me fazia ter esperanças no significado de uma real amizade.

– Você sempre morou em Seattle? – Nicholas perguntou enquanto devorava o último pedaço de seu sanduíche durante o almoço.

– Sempre. – Respondi, balançando simultaneamente a cabeça. – Na mesma casa, no mesmo lugar.

– Por que esse tom de tristeza? – Indagou, questionando minha resposta com uma sobrancelha arqueada. – Você fala como se isso fosse algo ruim.

– Não é que seja ruim. Na verdade, eu amo Seattle. A questão é que eu gostaria muito de morar em outra casa, ou melhor, em outro bairro.

– Lá é tão ruim assim?

– Não. O bairro é ótimo. Eu só gostaria de esquecer as memórias que ele me traz.

Nicholas franziu a testa e abriu a boca para perguntar algo, mas foi interrompido assim que Candace Mann se juntou a nós, colocando a bandeja sobre a mesa e já disparando:

– Ah, que bom que já se conhecem, então estava certa Ana!

– O quê? – Perguntei confusa, ainda sem saber sobre o quê ela estava falando.

– Não lembra de quando me perguntou o nome dele na semana passada? Ou foi na semana anterior? – Fez uma pausa, expressando uma confusão. – Ah, não sei, mas você disse que achava que já o conhecia de algum lugar, lembra?

– Ela disse? – Nicholas perguntou me encarando.

– Ué, vocês dois já não se conheciam? – Candace perguntou e os dois pares de olhos repousaram sobre mim.

Olhei para o piso de porcelanato no chão e calculei quanto tempo demoraria e se seria possível cavar um buraco e me enterrar. Ou seria melhor enterrar a Candace por ter uma língua tão grande?

– Desculpe, eu não me lembro.

O sinal tocou e eu pude respirar aliviada, agradecendo por ter dado um fim àquele assunto. Me levantei do banco e caminhei rumo à próxima aula.

– O que foi isso Ana? – Ouvi a voz de Candace me perguntar, enquanto ela corria para me alcançar no corredor.

– Do que você está falando? – Perguntei.

– Você sabe muito bem do que eu estava falando lá na mesa. – Fechei os olhos, expirando pesadamente.

– Desculpa, Candace. É que eu me confundi naquele dia. Achei que já o conhecia, mas ele só é parecido com um antigo amigo. Não queria que ele interpretasse errado ou pensasse que estou interessada nele.

– Hum... Entendi. – Continuamos caminhando paralelamente. – Mas vocês estão amigos agora, não estão?

Me calei, tentando classificar minha relação com Nicholas Cole. Claro que, para mim, aquilo não era amizade. Se nem Candace - que estava no meu pé há três anos - era minha amiga, um garoto que conheci em duas semanas também não seria. Entretanto, o mundo em que eu vivo desconhece os limites entre sinceridade e ética.

– Acho que sim. – Menti. – Por quê?

– Ele me parece ser uma ótima pessoa. – Comentou, semicerrando os olhos. – E é bem bonito também. Ei, você bem que poderia convidá-lo para irmos à sorveteria depois da aula, o que acha?

Arqueei a sobrancelha surpresa. Estaria Candace interessada em Nicholas ou era impressão minha?

– Eu acho que o clima não está muito bom pra sorvetes. – Respondi secamente.

– Ah, deixamos para outro dia então. – Comentou, franzindo os lábios. – Boa aula, Ana!

– Você também. – Retribui, entrando em minha próxima aula.

Os dias que se seguiram se mantiveram na mesma rotina de sempre, a não ser por um novo membro em minha habitual roda de convívio escolar. Não demorou para que ele conquistasse todos ao meu redor. Apesar de sua timidez inicial, Nicholas demonstrava um senso de humor incrível e despertava uma grande simpatia nas pessoas. E, mais visível do que nunca, era impossível não notar o sorriso no rosto de Candace toda vez que o via.

Em menos de três dias, descobri cada vez mais sobre sua vida. Filho de pais divorciados, Nicholas viveu por toda a vida em São Francisco e foi obrigado a se mudar subitamente para Seattle após a morte de seu genitor.

Nicholas não parecia muito feliz em viver com a mãe. Por algum problema passado, a relação entre os dois aparentava ser bem complicada.

– Você tem irmãos? – Ouvi Candace perguntar num desses dias enquanto estávamos juntos no almoço.

Ele parou, parecendo pensar na pergunta.

– Não, não tenho.

– Ei, Nicholas, o que acha de tomarmos um sorvete hoje após as aulas? – Candace perguntou e eu arregalei os olhos ao notar o quão desinibida era ela.

Nicholas se manteve calado por um instante, até fixar seu olhar sobre mim.

– Você também vai, Ana?

Franzi os lábios, num pequeno sorriso.

– Não vou poder, tenho um compromisso hoje. – Respondi.

Candace olhou diretamente pra mim, como se já soubesse que eu teria uma consulta com o William hoje.

– Nós podemos te esperar. – Ele completou, se virando para a ruiva a seu lado. – Não é, Candace?

Ela se assustou com a pergunta, desviando o olhar para o tampo redondo da mesa.

– Claro. – Respondeu ela, com uma expressão fria no rosto.

Eu sorri com sua tentativa de gentileza.

– Não tenho certeza se vou sair a tempo. – Expliquei calmamente.

– Qualquer coisa, você me manda um SMS. – Nicholas sugeriu. – Você sabe onde é a sorveteria?

Balancei a cabeça, afirmando.

...

Já fazia algum tempo desde que eu tive uma consulta com William Plummer em um dia de sexta-feira e eu havia me esquecido do quanto a recepção estaria vazia em pleno fim de semana.

Entrei em sua sala e o cumprimentei, me sentando na poltrona de couro à sua frente. Percebi que ele havia trocado a habitual prancheta de anotações por um gravador sobre sua mesa.

– Para quê isso? – apontei para o dispositivo sobre o tampo de madeira.

William seguiu meu dedo com o olhar.

– Eu resolvi que quero estudar seu caso mais profundamente. Tenho a impressão de que estou deixando algo passar e que isso está me impedindo de descobrir o verdadeiro motivo de seus sonhos.

– Pensei que que meus sonhos fossem manifestações do meu subconsciente... – Comentei, confusa.

– E são! – Ele respondeu. – Mas a questão é: Como o seu subconsciente chegou à conclusão de que Tom era um assassino? – Senti um calafrio ao ouvir aquele nome. – Por falar nisso, lembrou de algo mais sobre aquele sonho?

Balancei a cabeça negativamente, temendo que minha mentira causasse algum futuro problema.

– Como estão as coisas em casa?

– Meu pai voltou de viagem. – Respirei fundo, observando o rosto de William.

– E como foi dessa vez? – Ele perguntou interessado.

– Como sempre. Aquela relação fria, você sabe. Ele até se ofereceu para me levar para a escola, mas eu recusei.

– Recusou? – William perguntou indignado. – Ana, quantas vezes vamos ter que conversar sobre isso? Você não pode simplesmente se fechar para o mundo. Precisa se abrir, se aproximar do seu pai, fazer amigos!

– Por que isso é importante? Qual a vantagem de viver uma relação tão falsa e hipócrita?

William respirou fundo, como quem pedisse por paciência.

– Ana, meu bem...Se você quiser parar de ter esses sonhos de uma vez, vai precisar ocupar sua mente com outras coisas, não ficar avaliando e julgando esse mundo “hipócrita” que você enxerga. Precisa confiar nas pessoas, ter uma nova experiência a nível de amizade que te faça esquecer aquilo que te decepcionou no passado.

O sim de notificações de meu celular se perpetuou pela sala e eu foquei minha atenção na mensagem que parecia na tela do meu dispositivo:

Você vem? N.

– É muito importante? – William perguntou, apontando para o telefone em minhas mãos.

– Nada demais. – Respondi. – Só um colega me chamando para tomar um sorvete.

William franziu a testa, me fitando.

– Então pode ir.

– O quê? – O que ele queria dizer?

– Você deve ir. Sair com seus amigos.

– Eu pensei que estivéssemos no meio de uma consulta agora. – Comentei, apontando para o gravador.

– Enquanto você não aprender a se abrir para as pessoas, nenhum progresso teremos. Agora vá, não se atrase.

...

O caminho entre o edifício do consultório e a sorveteria não ultrapassava a distância de um quilômetro. Deixei a sala de William Plummer ainda confusa sobre o que deveria realmente fazer. Caminhei até a calçada, refletindo sobre as recentes palavras do meu psicólogo.

Fazer amigos? Não entendia de que forma isso me traria algum progresso. Além disso, não acho que minha presença nesse passeio vá deixar a Candace feliz.

Avistei a entrada da sorveteria do outro lado da rua e, de longe, pude ver um aglomerado de pessoas na frente, notoriamente presenciando algum tipo de briga ou confusão.

Hesitei em me aproximar, mas meu compromisso e curiosidade falaram mais alto.

Ao reconhecer os corpos que rolavam no chão, em uma luta incansável de socos, chutes e tapas, minha mente foi inundada por flashes e imagens de meus sonhos. Pela segunda vez em quinze dias, Nicholas despertava minhas memórias das noites de sono. Exatamente como o personagem principal, seus movimentos pareciam copiar cada golpe daquele assassino.

O que estava acontecendo ali? Perguntas rondavam os meus pensamentos e as imagens de meu sonho me assustavam cada vez mais. Não podia ser possível. Seria Nicholas alguém diferente do que eu imaginava ser?


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Notas finais do capítulo

Como viram, Ana está cada vez mais envolvida com Nicholas Cole, mesmo ainda sentindo que ele não é quem ela pensa. Quais são suas opiniões? Críticas, suposições sobre o caso Meyer? Aguardamos seu comentário, não esqueçam, ele é quem vai determinar a postagem do próximo capítulo. Beijão, até a próxima.



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