Ana escrita por Valentine, yashiichan


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoas! yashiichan aqui! >.< Bem sei que estava previsto para esse aqui só ser postado no sábado, mas eu e a Valentine estávamos tãao ansiosas que acabou saindo hoje. Que bom pra vocês hein?! HUSHAUSHUAH Enfim, eu queria agradecer a quem comentou e quem está acompanhando a história. É um incentivo a mais que temos. Muito obrigada >.

Kissos da tia yashi~



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Não, eu me recusava a acreditar que ele fosse o cara do meu sonho. Eu nem sabia seu nome, eu mal o conhecia e minha mente já me traía dessa forma. Lembrei-me de andar rumo ao colégio. Candace, quando me viu, correu na minha direção. Ainda não entendo o porquê de ela procurar tanto conseguir minha amizade. Mesmo que seja por pena, é meio improvável que eu queria ter qualquer tipo de interação com alguém.

– Bom dia Ana. Tudo bem? – um largo sorriso se encontrava em sua face e eu me forcei a fazer o mesmo.

– Tudo normal Candace – olhei em volta – Ah, me tira uma dúvida.

– Sobre o quê? – ela levantou uma sobrancelha

– Você soube alguma coisa sobre o aluno novo? Sabe, aquele ruivo.

– Por que esse interesse todo Ana? Você não costuma ser assim.

– Eu sei, eu sei, mas é que ele me é tão familiar. Tenho a impressão de que já o conheço.

– Uhum – ela me olhou com desconfiança – O que eu sei é que o nome dele é Nicholas e que ele veio da Califórnia por causa da morte do pai. Está morando com a mãe. Apenas isso.

– Obrigada – o sinal tocou – Nos vemos mais tarde.

Andei meio apressada em direção à classe, tentando ao máximo não ter contato com ninguém. Missão feita com bastante insucesso. Me esbarrei em um garoto, que insultou até a minha vigésima primeira geração. Pedir desculpa não era o suficiente por aqui, nunca foi. Parece que a sede de vingança extrapolava os limites imagináveis desse colégio. Esse garoto me soltou uma que me afetou um pouco, porque sempre achei que essa era a verdade.

– Não sei como você tem amigos. Eles devem ter pena de você. Você é estranha.

– Se eu sou estranha ou não, isso não tem nada a ver com você. Muito menos, as minhas amizades. Eu já lhe pedi desculpas. Agora, se me der licença, eu tenho uma aula para assistir. Tenha um bom dia.

Saí daquela confusão expelindo fumaça pelas narinas. A vontade de dizer umas poucas e boas para aquele idiota era gigantesca, mas confrontar era pior. Respirei fundo pela milésima vez no intuito de me acalmar e entrei na sala de inglês. Lá estava ele. Meu corpo estremeceu só de vê-lo ali. Sentei-me da forma aparentemente mais calma, porque calma era a última coisa que eu sentia. Peguei meu caderno e fiquei rabiscando coisas aleatórias até a aula terminar. Eu não ia conseguir prestar atenção nela mesmo, porque esta estava voltada para um indivíduo ruivo do outro lado da classe.

Parando para analisar mais uma vez, ele tinha um rosto muito bonito. Os olhos verdes relativamente grandes contrastavam com os finos lábios e nariz delicado. A pele era tão clara que me fazia duvidar que ele realmente tinha vindo da Califórnia. Depois disso tudo, eu estava mais intrigado do que antes. De onde eu o conhecia? Sem resposta.

O sinal tocou e resolvi segui-lo. Eu nunca fiz isso na minha vida. Era até estranho perceber que o mais novo invasor dos meus sonhos estava alguns metros a minha frente. Eu o olhava fixamente enquanto o seguia. Às vezes, ele resolvia olhar para trás e depois voltar a andar. Eu tentava ao máximo disfarçar desviando o olhar. Se eu consegui, eu não sei. Só continuei o seguindo. Ele parou no armário dele. E agora? Não tenho nenhum lugar para me esconder, e outra, ele poderia estar desconfiado e parou para me testar.

Depois de muito pensar, resolvi passar direto por ele e depois continuaria minha missão como agente (quase) secreta. Mas, para minha sorte, Jason, uma das pessoas da minha habitual mesa no intervalo, me parou para tirar uma dúvida de matemática. Obrigada, mas muito obrigada por me pedir ajuda nesse momento. Vi Nicholas se afastar de seu armário e continuar andando. Tirei a dúvida de Jason rapidamente, me despedi e andei na mesma direção do ruivo à minha frente. Meu coração estava acelerado. A adrenalina percorria minhas veias sem parar.

De repente, ele entra na biblioteca e some da minha vista. Corre Ana, corre. Entrei no local e busquei por ele. Corredor dos livros de física. Mas e agora? Não dá para ir para o mesmo corredor que ele. É muito suspeito. Corri para o corredor vizinho que, coincidentemente, era psicologia. Ri com todo esse acaso e tentei me manter focada no meu alvo pelas fendas entre os livros e as prateleiras. Até sentir os olhos dele em mim. Tentei disfarçar quebrando o contato visual pegando um livro qualquer.

Me peguei lendo aquele que seria a forma de diminuir a desconfiança do ruivo. Mas meu interesse pelo livro aumentou tanto que eu esqueci até do que eu estava fazendo. O assunto? Subconsciente.

O Id contém tudo o que é herdado desde o nascimento.

Normal, apesar de se tratar do subconsciente. Era o que eu pensava.

As leis logicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, impulsos contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro. Tudo aquilo que o homem vê, ouve ou sente de qualquer modo insinua-se como ideias ou fins, em sua memória interior(subconsciente), sem ciência dele; e tudo aí se conserva, sem nada se perder, ainda que as mesmas coisas fiquem obliteradas em sua memória exterior(consciente). A memória interior, contudo, é tal que nela se acham inscritos todos os fatos particulares e íntimos que em qualquer tempo pensou, falou e fez e, mesmo, os que lhe apareceram como uma sombra, com as mais minúsculas circunstâncias, desde sua primeira infância à sua extrema velhice.

No fim, percebi que eu nunca tinha esquecido do que aconteceu no meu passado, apenas deixou de ser relevante para mim. Minhas intuições estavam certas e isso me assustou, afinal eu só tinha nove anos. E ter que, todos os dias, visitar um psicólogo para “administrar” minha imaginação fértil, como chamavam, me fez esquecer. Agora, com a transferência de Tom para Seattle, de alguma forma, acabou passando meu medo para Nicholas, que tinha acabado de ser transferido também. Não havia motivo para que temesse por coisas ruins. Para eu prevê-las através de meus sonhos. Porém eu não poderia prever que meu antigo alvo fosse tirar satisfações comigo.

– Ei, você! – O ruivo falou do outro lado da estante – Você está me seguindo? – Fui pega!

– E-eu não – Droga. Por que eu gaguejei? – De onde tirou isso?

– Desde a aula de inglês você está perto de mim. Devo mesmo acreditar do contrário? – Ele provocou

– Se você optar por não acreditar, eu não posso fazer nada. – Dei um sorriso sarcástico.

– Então, sobre o que estava lendo?

– Sobre a influência do subconsciente no consciente e nos nossos sonhos. Mas por que eu devo te falar sobre isso mesmo?

– Só para confirmar que você estava prestando atenção na leitura.

– Satisfeito?

– Não totalmente.

– Se é assim, eu já vou indo. Tenha um bom dia.

Ouvi ele murmurar um você também, mas eu já tinha me afastado ao ponto de quase não ouvir. Eu já não me importava mais. As aulas foram tranquilas, até que o intervalo chegou. Fui para a mesa de sempre, com as mesmas pessoas falando sobre as mesmas coisas. Não serei hipócrita em dizer que me sinto horrível aqui. A verdade é que eu me sinto deslocada. Todos com suas vidas quase encaminhadas e eu lutando para pôr fim do meu subconsciente, porém agradeço todos dias por ter ele ao meu lado.

Belisquei um pouco da comida sem muita empolgação. Minha mente vagava à procura de motivos para eu ter transferido minha “psicose” para meu novo colega de classe. Mas foi encontrado e essa incógnita persiste em se manter. Relevei isso até a Candace abrir a boca para falar em tom de sussurro.

– Nossa, o novato está sentado sozinho na mesa de novo. Ele não conseguiu mesmo fazer amizade - Automaticamente minha memória voou para oito anos atrás, quando minha mãe me levou até aquele mesmo colégio para devolver o casaco que Tom esqueceu na minha casa. Mesmo ele sendo meu vizinho, eu não ia deixar ninguém em paz se eu não o entregasse. Fiquei triste por vê-lo sozinho e corri em sua direção. Achei que ele fosse me dar uma bronca por estar ali, mas foi o contrário. Tom me convidou para sentar e eu fiquei com ele durante todo o intervalo. É impressionante como tudo em Nicholas me faz lembrar o meu antigo amor platônico de infância.

– Vai ver ele é apenas tímido e só o segundo dia de aula dele aqui. Mais que normal ele ficar sozinho no intervalo. – O defendi.

– Hmm – O assunto foi encerrado ali.

Candace e eu não nos parecemos muito. Na verdade, não somos parecidas em absolutamente nada, mas a companhia dela era agradável, exceto quando ela insistia em perguntar o motivo das consultas com o seu tio. O sinal tocou nos avisando sobre o fim do nosso tempo livre. Percebi que eu não havia comido direito. Certos costumes nunca somem. Ri em silêncio e levantei da mesa. No caminho de volta, a ruiva me acompanhou e me olhou preocupada.

– Ana, você está bem?

– Sim, por quê?

– Você parecia meio dispersa, meio aérea, sabe?! Você não costuma ser assim.

– Eu estava mesmo? Juro que não percebi. Me desculpe se eu pareci mal educada ou algo do tipo.

– Não se preocupe, só foi um pouco estranho.

Realmente, eu não tinha percebido que eu estava pensativa demais. Mas, fora isso, o resto do dia foi tranquilo e tinha passado de forma rápida. Soado o último sinal. Hora de encontrar com o William. Me despedi do pessoal e para meu destino fui, seguindo um caminho que já era tão bem conhecido por mim. Muitas coisas aconteceram durante esses oito anos. Tantos sonhos, confissões, conquistas...Mesmo sendo um fardo para mim, era o lugar que eu saía mais leve e calma.

Cheguei no consultório e cumprimentei a secretária, que me mandou aguardar na sala do meu psicólogo, pois o mesmo tinha ido pegar um documento de extrema importância. Agradeci pela informação e entrei no local. A decoração, tão familiar para minha visão, nunca havia mudado. A bagunça de papeis na mesa continuava ali. Mas algo me chamou atenção naquela mesa. A pasta do meu caso. Não consegui conter a curiosidade e a peguei para dar uma olhada. Todos os sonhos que eu lembrava, tudo o que eu vi e vivi que fosse relacionado ao Tom e aos dias que eu ficava com ele. Até quando eu confessei que gostava dele. Nossa, que vergonha daquele dia. Já estava no final da pasta quando a ficha criminal dele apareceu.

Quem algum dia iria imaginar que um garoto tão doce como ele fosse um traficante e um assassino?! Junto à ficha, havia uma foto dele de quando foi preso. Era daquela fisionomia que eu lembrava, mas espera só um momento. Os grandes olhos verdes, o nariz, os lábios finos, a pele branca, o corte de cabelo. Uma nostalgia me atingiu e flashes infestaram minha mente. Nicholas era absurdamente parecido com Tom. É isso! Esse é o grande motivo de eu ter transferido o medo. Meu subconsciente interpretou isso como uma volta ao passado e mudou o personagem principal. Eu não tinha o que temer. Eu não precisava temer.

Deixei a pasta no local de origem e me sentei na poltrona reservada ao paciente. Nesse mesmo momento, William chegou. Eu estava confiante.

– Me desculpe pelo atraso Ana, mas eu precisava pegar um documento – Disse ele colocando sua maleta em cima dos papeis de sua mesa.

– Não se preocupe. Sei que você tem outras ocupações – Sorri para ele.

– Obrigada pela compreensão – ele sentou-se em sua poltrona – Mas vamos falar do que interessa. Você disse que lembrou de um sonho, certo?

– Sim.

– E como era esse sonho?

– O mesmo de sempre. Estava andando sozinha durante a noite, quando vejo um homem ser espancado e assassinado em um beco.

– A vítima era a mesma de sempre?

– Sim, o mesmo homem.

– Mas e o assassino? Era o Tom?

Congelei.

– Não era o Tom – Respondi sinceramente.

– E quem era?

– Não lembro – fiquei receosa em falar que era Nicholas. O psicólogo suspirou pesadamente.

– Sabe Ana, de alguma forma, o seu subconsciente interpretou que Tom fosse um verdadeiro assassino e isso possibilitaria sua prisão mais rápida. Se você sonhou com outra pessoa, é muito provável que seu subconsciente tenha, mais uma vez, interpretado que outro assassino pela sua personalidade. Você precisa se lembrar.

– Me desculpe William, mas eu não lembro. Estava escuro e eu não consegui reconhece-lo.

– Tudo bem, mas, de algum jeito, tente se lembrar.

Afirmei e fui liberada. Eu me senti um pouco culpada por omitir algo tão importante para William. Porém eu tinha certeza que Nicholas era inocente. Meu subconsciente estava equivocado. Meu caminho para casa foi calmo e acompanhado de uma convicção.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e também espero não receber pedradas caso não esteja bom. Ainda prezo pela minha vida :v

Então, até a próxima! ^^



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