Abri os olhos.

Estava no salão de marmore. Os mesmo pilares gregos, os mesmos enfeites dourados, a mesma vista da varanda...

Caminhei novamente pelos corredores, porém, dessa vez estava ciente de que era um sonho.

Andei, andei,andei... Voltei para o salão, meu deus, isso é um labirinto!

Quando voltei no salão, percebi que havia alguem na varanda.

A garota.

A mesma garota que aparece em todos os sonhos.

Resolvi me aproximar, e ao fazer, percebi que ela estava chorando.

– Porque você...? - Eu falei, mas não terminei , lembrando que ela não conseguia me ouvir.

No exato momento que falei, ela virou a cabeça rapidamente, assustada.

Dessa vez, pude ver seu rosto, um rosto fino e branco, percebi que em uma das mechas da frente de seu cabelo havia um pequeno lacinho rosa. O que me chamou a atenção foram os olhos; Olhos grandes de uma cor azul-esverdeado brilhante, os mesmos olhos que estavam manchados de lágrimas.

– Quem..! - Ela apontou assustada (ou com raiva) para mim - Como...!?

– Espera! Você pode me ver?? - Eu perguntei - Mas,... antes você não me via nem ouvia!

– ''Antes''?? Como assim antes? - Ela perguntou indgnada , de repente ela esticou a mão dela e fez uma cara reivosa , quase obscura. - Quem é você, como chegou aqui?...Você trabalha para ''ele''?

– Eu... Eu sou Erick - Eu disse - Erick Filler. E eu... não sei como cheguei aqui...
Ela pareceu hesitar, como se não soubesse se acreditava em mim ou não. Ela pareceu escolher acreditar.

– Tudo bem Erick. Vou acreditar no que você diz, mas não me venha dizer que ''não sabe como chegou aqui'' porque de um jeito ou de outro você veio. - Ela ficou me encarando - Qual é a ultima coisa que você se lembra antes de estar aqui?

– Eu... estava indo para escola... ai o colar...! - De repente, lembrei de tudo, a pedra que me puxou do penhasco onde cai em direção ao lago e a morte certa.

– Colar? - A garota perguntou confusa.

–Sim! - eu disse e tirei o colar de debaixo do casaco para mostrar a ela - Esse colar ! Ele criou vida própria e acho que me trouxe aqui!

Quando ela viu a pedra, seus olhos se arregalaram e ela cambaleou para trás.

– Como... A pedra... Porque você esta com ela!? - Ela me encarava surpresa - Não é possivel... Você não pode ser ele...Mas a pedra de Tetris esta com você então significa...

– Pedra de Tetris?

– Sim, essa pedra. Migorh Tetris. Essa é uma pedra muito poderosa, conhecida pelo meu povo de ''A Pedra do Destino''... Mas se ela te escolheu então... - Ela me encarou com desgosto - Não é possivel, o escolhido não pode ser um garoto tão magrela...

– Pera... Pedra do Destino? Escolhido? Do que você esta falando? E eu não sou magrela!

Ela me pegou pelo pulso e me arrastou dentre os corredores brancos.

Ao passar pelos corredores pude perceber que estavamos num tipo de castelo, homens com armaduras andavam pelos corredores montados de lanças e espadas. A garota passou por eles e parou.

– Quando possivel, por favor, chame Jack. - Ela disse à um dos homens e continuou a me puxar.

Chegamos ao que parecia uma grande varanda, que dava a vista para todo uma cidade de casas de cores claras, cachoeiras e riachos que cortavam a cidade, e toda uma população que andava livremente.

– Onde...? - Eu deixei a pergunta no ar, mas não passou despercebido por ela.

– Essa é Alabenas. Conhecida como a Cidade da Luz. - Ela disse - É um grande reino, pascifico também. E eu sou Adrya Rinore Tetris, princesa de Alabenas.

– Adriana quem?

– Eu DISSE... Adrya... é o meu nome! - Ela disse parecendo com raiva mas também com vergonha. - I-isso não importa agora! Você precisa me ouvir, você...

De repente, as portas que davam a varanda se abriram, revelando um homem alto, aparentava ser jovem ( talvez uns... 20 e poucos anos?), cabelos brancos presos num rabo de cavalo baixo e olhos violetas numa cara séria. Ele usava roupas brancas com bastantes medalinhas e detalhes dourados, incluindo ombreiras douradas, e uma espada presa no cinto da calça.

– Jack! - Disse Adrya, que correu para abraça-lo...

– Você esta bem? Soube que mandou me chamarem. - Ele disse enquanto acariciava de leve sua cabeça. Será possivel que eles seriam...?

–Sim, ele... - Disse ela apontando para mim - Esta com a pedra de Tetris. Poderia ser que ele...

O tal de Jack virou seus olhos frios para mim e me analisou de cima a baixo.

– Sim, é bem possivel. A pedra não traria alguém aqui se não fosse importante. - Concluiu Jack.

– Mas e se for um engano? Veja! Olhe para ele!

– Ei! - Eu disse insultado.

– Adry... A pedra nunca se engana. - Disse ele, sorrindo para ela.

–... Tem razão. - Ela disse enfim. - Você! Venha comigo.

– Ei espere! - Eu reclamei enquanto ela me puxava novamente nos corredores. - Percebi que a unica coisa que você fez desde que nos vimos é me insultar e me arrastar por ai!

–Só fique quieto e venha comigo!

______________________________________________________________

Quando chegamos ao lugar, percebi que era o mesmo altar que eu havia visto num dos meus sonhos ( acabei de concluir que isso aqui também não é mais um sonho). Eu estava seguindo Adrya quando ela parou de frente para uma grande pintura retratando duas pessoas.

A primeira pessoa era um homem alto e forte, cabelos castanhos olhos verdes-azulados e uma barba que envolvia seu queixo. Ele vestia uma tunica vermelha e ma coroa dourada.

A segunda pessoa era uma mulher muito bonita e esbelta, cabelos loiros esbranquiçados e olhos azuis. Ela vestia um vestido azul turquesa e usava uma coroa dourada.

As duas pessoas sorriam.

– Sabe, a muito tempo, Alabenas era um povo de paz e harmonia. Sempre tivemos ajuda do poder da Pedra Tetris, ela sempre foi nossa marca. Sabe, eu tambem tenho uma ,veja. - Ela disse, tirando um colar igual ao que eu usava. - Essa é a marca da realeza, isso mostra que você é merecedor do poder.

– Espera, se essa é a marca da realeza então... Porque estava lá , jogada num lago qualquer?

– Isso é porque,... ela sabia que você iria encontra-la. - Ela disse, ao notar minha surpresa, ela começou a explicar - Bom,... Irei te contar uma historinha.

'' Como eu disse, a muitos anos Alabenas viveu em paz, reinada por reis muito amaveis e queridos. A marca deles era a pedra, que continha um grande poder, um poder que poderia trazer paz ou destruição. Porém... Tinha alguém atrás desse poder.
Um dia, de repente, foi iniciada uma guerra. Um exercito marchava em direção ao reino comandandos por um rei negro.

Muito sangue foi derramado, muitas casas destruidas,... a situação só ia de mal a pior para o reino.

Morte de crianças e mulheres, os muros caindo, a fumaça negra que se espalhava com as cinzas... aquela época fora conhecida como ''Época das sombras''.

Porém, os reis decidiram que iriam fazer qualquer coisa para proteger o reino, inclusive dar suas vidas.

O rei e a rainha, usando o poder da pedra e de seus próprios corpos conseguiram expulsar o exercito e selar o rei negro. Mesmo isso salvando milhares de vidas e a cidade, não salvaram a si mesmos. Com os reis mortos, tudo ficou nas mãos da criança deles que começaria a reinar a partir dos 13 anos.

Com a paz de volta a Alabenas, tudo ia bem. Mas um dia, a pedra revelou o futuro à menina. Ela revelou que num futuro proximo o Rei Negro sairia de sua prisão e voltaria para atacar Alabenas. Mas que um dia, o escolhido iria aparecer , guiado pela pedra, para derrotar o rei negro e finalmente trazer paz ao reino. ''

– E se você leu as entre-linhas, o escolhido é você - Ela disse séria.

– I-isso não... é impossivel... Eu nunca poderia... - Eu tentava formar frase, tentando absorver a historia. - Isso... é um engano.

– A pedra... o destino não engana.

– É um engano, só pode ser! Eu... Nunca fui nada! Não sou bom na escola, nem nos esportes, nunca arranjei uma namorada, nem no video-game eu sou bom de verdade! Nunca nem segurei uma espada, imagine lutar contra um Rei seila-o-que! Sou péssimo em me comunicar! Não sei cozinhar! Não sei concertar nada! Sou o pior desenhista da sala, o mais lerdo também!

– Ja entendi, você é um inútil completo.

–Exatamente! Como eu poderia ser o ''escolhido''? É um engano.

– Olha, eu tabém queria que fosse um engano, queria meeeeesmo! Você não sabe como queria... - É impressão minha ou ela esta zombando de mim? - Mas... Eu tenho que acreditar e confiar em você.

– Não isso... - Era muito para eu absorver, simplesmente sai correndo do quarto, ignorando os gritos de Adrya, e fugi para o mais longe possivel, longe dessa loucura, longe dessa porcaria, longe de tudo.