A Chloe finalmente acreditou em mim. Mas não totalmente. Eu estava muito cansada. Então eu fui passear, sozinha. Não demorou muito e minha tranquilidade acabou. O Vagner me ligou.

– Alice.

– Hum.

– Eu estava no porão mexendo no baú.

– Impressionante. - Falei com um tom ironia.

Fiquei esperando um tempão para ele falar alguma coisa. Mas ele ficou calado.

– Você não sabe o que eu achei.

– Não sei mesmo.

Ele começa a rir. E então desliga. Acho que ele só quis chamar atenção. Como sempre.

A Chloe começou a falar comigo normalmente, mas não como antes. E eu queria ação. Então eu fui para aquela rua esquisita que eu fui com a Chloe naquele dia. Fiquei andando e eu sinto uma mão no meu ombro. Era aquele homem que tinha nos sequestrado.

– Olá, eu queria te agradecer.

– Ah, tudo bem.

– Juca.

– O que?

– Meu nome.

– Ah. O meu é Alice.

– Prazer, Alice.

Abri um sorriso.

– E como vai aquela garota medrosa?

– A Chloe.

– É.

– Está bem.

– A gente se vê.

E saiu andando.

Fiquei andando por horas em busca de perigo, mas ninguém queria assaltar naquele dia. O Clima estava como o meu humor: Cinza, nublado e negro. E resolvi sentar em um banquinho.

E comecei a pensar em tudo que aconteceu. Mas eu não queria pensar naquilo. Mas eu sou uma pessoa pensativa, como eu já dizia. Então eu fiquei pensando no universo. E depois fiquei pensando doideira.

"Nesse mesmo momento, tem alguém pensando a mesma coisa que eu."

Então, se há alguém pensando a mesma coisa que eu...

Tem alguém passando a mesma coisa que eu. Ou, passando uma coisa difícil. Ou simplesmente tá com tédio.

Eu peguei meu celular e fiquei vendo as mensagens do Vagner. Eu não entendo. O que foi que eu fiz para ele? E a Chloe me liga.

– Alice.

– Oi, Chloe.

– Eu queria me desculpar.

– Tudo bem.

– O Vagner acabou de confessar. Que tudo que você disse era verdade. Ele não gosta mesmo de mim.

– Eu sinto muito.

E ela dá um suspiro.

– Mas tem uma garota que ele ama. E tenta esconder.

– Hum.

– Não quer saber quem é?

– Hum, quem é?

Fiquei pensando que seria alguma patricinha, ou uma rica, sei lá.

– Você.

Eu? Eu não tinha pensado nessa alternativa.

– Como você sabe?

– Você sabe que eu percebo essas coisas.

E é verdade. Ela percebe tudo. Quando alguém sente ciúme, raiva, desgosto. É um dom natural.

– Hum, não complica minha situação.

– Que situação?

– Eu quero não gostar do Vagner.

– Não gostar?

– É, eu não quero gostar dele. Eu quero odiá-lo.

– Por quê?

Fiquei em silêncio.

– Não quero que nada mais aconteça.

– Tudo bem, Alice.

– Eu encontrei com aquele homem que nos sequestrou. Seu nome é Juca.

Ela ri.

– Você conversou com ele?

– É, ele nos agradeceu e tal.

– Acho que nós temos um amigo.

– Forte.

Eu queria ligar para o Vagner. Pedir para nós sermos amigos. Porque eu ainda gosto dele. Não queria que as coisas ficassem assim... E eu decidi ligar.