–Podemos entrar? Por favor! – ele pergunta suavemente.

–Claro – ela responde e se levanta primeiro do que ele, ele levanta enquanto ela abre a porta.

–Só vou ao quarto e já volto, fique a vontade, pegue algo para beber se quiser, ou comer, não sei, qualquer coisa.

–Tá.

Ele tira o casaco e o coloca em uma cadeira perto do sofá, se senta e a espera.

–Bom, já podemos conversar, já estou pronta para ouvir você falar.

–.... – ele apenas a olha.

–Por que fez isso Sherlock? – ela pergunta novamente e da mesma maneira.

Ele baixa a cabeça se concentrando no que vai dizer.

–Molly essa semana... Eu gosto de estar com você, é ótimo saber que alguém se importa comigo. Mas... Mas eu me senti sufocado, e eu tive que fugir disso tudo.

–Acha que estou te pressionando? É isso? – Molly está calma, mas dá para notar no tom de voz que ela está confusa.

–Não, não, você não está me pressionando, o problema é que fui rápido de mais.

–Rápido de mais?

–Eu estou acostumado a viver só, a me ver sozinho no apartamento, a dormir sozinho, ainda mais depois que John se casou e foi embora, não estou acostumado a ver uma mulher dentro do flat durante horas e vários dias da semana e essa semana...

–Essa semana foi perfeita. Perfeita até de mais.

–Eu não estava sendo eu mesmo, havíamos conversado sobre como faríamos, sobre como seria essa relação...

–É eu sei, e combinamos que iriamos devagar.

–Mas não foi isso que aconteceu.

–Então me fala o que aconteceu, eu sei o que eu vi, eu vi um Sherlock carinhoso, atencioso, que sabe amar, mas pelo jeito eu vi o lado errado da coisa, me fala o que realmente aconteceu vai, não se preocupe com tempo, sou todo ouvidos. Eu só quero saber o que realmente aconteceu nessa semana.

–Tudo o que aconteceu não foi exatamente o que eu teria feito.

–Foi tudo uma farsa, tudo falsidade da sua parte é isso? – ela pergunta se exaltando um pouco.

–Não Molly, não foi isso – ele responde calmamente.

–Foi o que então?

–Eu não sei, não sei, só pensei que eu deveria ter agido assim, ter feito àquelas coisas, pensei que era o certo, eu te tratei como John tratava as ex-namoradas, aquele não era eu.

–...

–Eu não queria fazer nada daquilo Molly, eu fui forçado.

–Forçado?! Pelo que Sherlock? Ou devo dizer por quem?

–Por medo.

–Como é que é? Não, não, calma, é... Medo? Medo? – ela pergunta como se fosse mentira – Você tá muito mal, porque pra não conseguir pensar numa desculpa melhor.

–É serio Molly.

–Sério?! Tá então me diz: medo de que?

–De que você achasse que eu só quero brincar com você, de que pensasse que eu não falei serio quando disse que queria uma chance. Medo de você desistir antes mesmo de ver que eu posso conseguir ser quem você quer que eu seja.

–...

–Se dependesse de mim eu não teria feito nada daquilo, eu teria esperado, teria sido tudo mais devagar, eu posso ser daquele jeito, mas ainda é cedo, ainda não sei lhe dar com esse tipo de situação diariamente.

–Tá, tá, tudo bem, você se precipitou isso eu já entendi, agora me fala, o que isso tem haver com o fato de você ter se drogado?

–Não sei, eu queria fugir disso tudo, dessa situação.

–De mim.

–Não, não é bem assim, eu queria fugir do erro que cometi em me precipitar, fugir de ter que continuar com isso quando te visse de novo.

–E o único caminho foi o das drogas.

–...

–Claro! Tudo é motivo pra uma recaída.

–Não estou feliz por ter feito isso.

–Não, você não está feliz por isso, não está feliz pelo que fez na semana passada, não está feliz comigo, não está feliz com sua vida no atual momento, não está feliz com nada.

–Não se trata de não estar feliz com você Molly.

–E se trata do que?

–Se fosse isso eu poderia ter mentido e dito que foi por puro prazer, mas não foi. Já disse gosto de estar com você, gosto, mas apenas gosto, eu não vou mentir, alias nem preciso, sabe que não te amo, nem sei se um dia vou chegar a tal, mas, por favor, não me julgue ou me castigue por tentar.

O olhar penoso dele foi como uma facada no coração dela, a fez cair em pedaços, mas tentou manter-se forte e segura ao máximo.

–Tentar por quê? Pra que? Você nunca vai se habituar. Nunca.

–... – ele apenas tem um olhar vago e uma expressão pensativa.

–Não seria melhor esquecer que isso tudo um dia aconteceu? – ela pergunta, mas seu coração dói e se destrói a cada palavra dita nessa pergunta.

–Não! – ele responde calmo e seguro, com uma voz baixa e suave – Eu não quero acabar com isso, não quero deixar você escapar dos meus braços, acredite não foi fácil te pedir em namoro, e nós não passamos por tudo isso nos últimos meses em vão. – ele se levanta e vai para o sofá onde ela está e se senta ao lado dela – Não me deixe Molly!

–...

Ele a beija, simplesmente, e ela permiti, a beija de novo e de novo, e de novo, até que ela segura suavemente o rosto dele.

–É melhor ir embora, sério – ele a beija de novo – ainda estou meio chateada, tenha paciência, por favor – outro beijo.

–Tudo bem – ele a beija de novo e pegando o seu casaco vai em direção à porta.

–Ah e não se preocupe em me ligar, eu ligo pra você ou te procuro, assim como você, eu preciso de um tempo.

–Tudo bem. – ele fala parado em frente à porta ela se aproxima e ele a beija, quando ele já está no corredor ela se despede.

–Até, e não pense que me esqueci de Janine, espero que não volte a falar com ela.

–Não se preocupe.

–Que bom, tchau.

–Tchau.

Uma hora depois, cada um na sua cama, ele dorme tranquilamente, apesar de ser cedo, não está com cabeça para casos está cansado após dias sem dormir. Ela se deita na cama, a noite está fria, perfeita para se aconchegar com lençóis, e pensa nas conversas que teve ao longo dia, se lembra das palavras de Lestrade, que por vezes parecem corretas, mas que Sherlock faz parecerem mentiras, e nada mais do que isso. O problema é a duvida que permanece na cabeça de Molly desde o momento em que pensou na possibilidade de um dia se entender com Sherlock Holmes: Será que isso vai dar certo?