John observa a entrada de Molly na sala meia hora depois, totalmente na dela, enquanto Sherlock continua com suas buscas no celular e quando vê que ela está concentrada em gotejar novamente o liquido ele resolve falar.

–Tudo bem com você? – ele não queria e mesmo que tenha sido o mais terno possível Molly acaba errando de novo, porém dessa vez apenas suspira conformada.

–Sim, bem obrigada. – ela responde depois de alguns suspiros para controlar a raiva de seu azar, e recomeçando o processo mais uma vez.

John sente o clima nem leve e nem pesado, mas estranho, solto no ar e decide dar qualquer desculpa para se retirar. Espera apenas alguns minutos.

–Ô ôu! – John exclama.

–O que foi John? –Sherlock pergunta.

–Me esquece de perguntar uma coisa a Mary. Já eu volto, com licença – John pisca os olhos para Sherlock que está olhando para ele e o mesmo faz cara de desentendido.

Assim que John se retirou Sherlock se virou ainda sentado para a direção de Molly que estava de costas para ele preparando novamente a experiência, e depois de observa-la se levantou e caminhou até ela falando com voz mansa para não assusta-la.

–Posso? – Disse se referindo a contagem de gostas.

Molly parou por um momento primeiro o encarou por alguns segundos e após baixar a vista pensativa entregou o conta-gotas para ele e se afastou.

–Quantas gotas? – ele pergunta

–Você não é o gênio da química? – ela pergunta com voz de inocente com uma ponta de ironia, ela não sabia por que, apenas queria fazer graça, descontrair talvez.

Ele se vira para ela e apenas a encara, está calmo e não se importa com o comentário apenas pergunta novamente.

–Quantas gotas?

–Sete.

Ele agradece com meio sorriso e um olhar desafiador, porém não ameaçador.

–Pronto! – ele se vira e se apoia na bancada ao lado de Molly, ambos ficam calados por um minuto até que ela resolve quebrar o silencio.

–Quer mesmo isso?

–Hum? – ele olha rapidamente para ela e isso é tudo o que ele diz.

–Quer mesmo isso Sherlock?

–Se lembra do que eu te falei antes de te perguntar isso?

–Se está se referindo a sua maneira de ser, sim. Lembro-me. – Molly responde com segurança.

–Então me fala você, aceita? – Sua voz não podia ser mais doce, Molly gelou por dentro, sentiu-se impotente por alguns segundos.

~pensamentos~

M.H.

Ai meu deusinho, me ajude. Como será essa relação? Como será a nossa vida? Como serão as coisas depois que eu disser sim? Será que isso vai dar certo? Ai, eu esperei tanto por isso e quando finalmente chega o momento eu me sinto tão incapaz de fazer disso uma realidade, ou pelos menos, a realidade dos meus sonhos.

M.H.

~pensamentos~

–Eu quero, mas...

–Mas?

–E se não – ela hesita por um momento - e se não der certo?

–Tentar é a proposta. Ou estou errado?

–Sherlock... – ele previu em sua voz mais por menores.

–Molly! – ela para e o encara com expressão de uma enorme confusão de sentimentos – Eu tô aqui não tô? Eu que tô pedindo. Eu que tô insistindo. Claro que eu tenho um medo maior que o seu, mas é assim não é?! – ela viu uma enorme confiança transparecer no olhar dele e isso deu a coragem que lhe faltava.

–É – ela respondeu serena e mais tranquila, com um lindo sorriso – É assim. – ela segurou o rosto dele e o beijou – Eu quero.

Ele a olha com um sorriso sincero no rosto, ele não sabe no que pensar, o que falar, como agir, apenas decide ficar a olha-la com o sorriso mais lindo do mundo, o que deixa Molly boba.

–Então somos namorados agora?! – ela pergunta feliz feito criança em carrossel

–Chame como quiser, o que sei é que hoje as coisas começam a mudar – sua voz ainda é tranquila e acompanhada de um sorriso.

–E o que você acha que devemos mudar, claro além do obvio?!

Ele fica meio confuso, mas tudo bem.

–Nossa convivência. Acredito. Não?!

–E como ela será agora? – ela pergunta com um sorriso de orelha a orelha e com um intenso brilho nos olhos.

–Mais ativa, mais próxima, mais – lhe fogem as palavras e logo vem uma risada disfarçada – mais...

–Mais? – ela acompanha a risada dele.

–Mais o que você quiser.

–Seu bobo – ela fala dando uma risada gostosa – me faz um favor? – ela pergunta da maneira mais dócil possível.

–O que?

–Me da outro beijo daquele.

Ele morde os lábios por conta do constrangimento e se posiciona calmamente para beija-la e quando finalmente seus lábios estavam a centímetros de se tocarem...

–Sherlock o Les... – John congela ao ver cena de boca meio aberta e após uns segundos olha para os lados pensando em alguma reação menos idiota para si.

–John? –Sherlock chama sua atenção, mas calmo.

–Lestrade quer – a surpresa de John e incredulidade é evidente, está segurando uma risada, não de deboche, só é difícil acreditar – quer falar com você. Ah quer saber eu... – cada vez os olha tão pertos um do outro seus olhos traem seu esforço de disfarçar sua surpresa –Eu vou falar com ele, tá? Com licença – John falou como um cumplice de Sherlock.

John se retira e finalmente Molly pode respirar a vontade e por pra fora todo seu constrangimento.

–Ai meu Deus, Sherlock...

–Vamos ter de nos acostumar a isso não?! – ele pergunta deixando mais envergonhada ainda.

–Eu sei, mas – ela suspira “conformada” – Jesus! É tão difícil, é, é, é tão estranho ser flagrada por alguém beijando você. E a reação dele você viu? Senhor, minha vontade era de enfiar minha cabeça num buraco – ele cai na risada ao ouvir isso – Sheeerlock, paara seu bobo – ela dá uma tapinha de leve no braço dele – idiota, me dá logo meu beijo.

Ele a beija como ela havia pedido, da maneira que a beijou no apartamento, e outro e outro e mais outros beijos, Molly queria tê-lo em seus braços para sempre, não queria solta-lo e poder fazer desse momento eterno.

–Molly... – pausa de beijos – Molly – ele ri agora – vamos ficar aqui – pausa de beijos – amanha toda?

–Não é má ideia. Ah! Parece até mentira. Tenho medo de acordar a qualquer momento.

–É verdade, não é um sonho, e você vai poder me beijar quantas vezes quiser e quando quiser... Espera!

–Que foi?

–Reconsidera essa ultima! – ele fala sério mais só de brincadeira e leva mais uma tapinha leve no ombro

–Bobo. Ah! – Molly resmunga feita criança emburrada.

–Que foi? – essa voz, ah essa doce voz, deixa Molly louca – Qual o problema?

–Você tem que ir.

–É eu tenho que ir, você ouviu, Gregan quer falar comigo.

–Greg Sherlock.

–Foi o que eu disse! – ele responde - Depois – um beijo – nos – outro beijo – falamos – o melhor beijo – tchau.

–Tchau! – o sorriso era grande em seu rosto.

Ele saiu e fechou a porta, e ela ficou parada recostada na bancada olhando para o vazio e repensando a situação.

~pensamentos~

M.H.

Será? Será mesmo verdade meu Deus? Realmente Sherlock e eu somos... Nossa! Somos namorados? Namorados? É tão difícil acreditar. É tão surreal, tão, tão, tão distante de mim viver isso. Ou pelo menos era. Mas é, aconteceu, aconteceu, somos, somos mesmo namorados, um casal de...

M.H.

~pensamentos~

–Namorados... – é como se ela necessita repetir isso para se mesmo até acreditar que sim, é verdade, finalmente – namorados... Ah meu Deus! Somos namoraaadoooos – Molly dá um gritinho de satisfação e alegria.

–Que? – por pouco ela não derruba as coisas em cima da bancada com o baita susto que levou.

–Lestrade! – Ela exclama perplexa.

–Quem é seu namorado?

–Ah, é, é... – respira nervosamente – me, meu namorado? Ah, é, é o, o...

–Quem Molly? Quem é o felizardo? – Lestrade pergunta

–Que, que? Feli... – ela ficou confusa com o uso de tal palavra – é, é o...

–Molly eu acho que esqueci as... – Sherlock entra repentinamente para o susto e satisfação dela – Lestrade, oi. De novo.

–Oi.

–O que? – Molly pergunta

–O que o que? – Lestrade pergunta a Molly.

–Sherlock quando você vai – John para ao ver que ele não era o único na sala – embora?

–Agora!

–O que você esqueceu Sherlock? - Molly pergunta.

–Minhas anotações, agora nós podemos ir John.

–Já? – ela pergunta.

–Já? – Lestrade pergunta – Não querem saber quem é o namorado da Molly? – ela fica vermelha de vergonha e Sherlock a olha sem entender como Lestrade já soubera de parte da historia enquanto John apenas tenta segurar a risada.

–Claro! – John incentiva fingindo estar por fora de tudo – Quem é?

Sherlock se vira para o lado de Molly e John e olhando para Lestrade responde naturalmente.

–Eu!

–Que tem você? – Lestrade pergunta.

–Eu sou o – ele olha para ela – namorado dela.

–Que? – a reação de Lestrade era a esperada e John apenas sorri ainda sem acreditar, principalmente depois de ouvir da boca de Sherlock.

–Vocês? São... Vocês dois? – Lestrade pergunta confuso e sem acreditar

–Sim nós dois.

–É o que? – Pergunta novamente.

–Nós somos namorados – e vendo a confusão em que Greg estava completa – pois é, aconteceu.

Lestrade não entende nada principalmente isso de “aconteceu”.

Sherlock caminha até Molly e a beija deixando Lestrade mais perplexo ainda.

–Até! Vamos John. – Já na porta se despede de Lestrade – Até Gregenn!

–É Greeeg! – e quando a porta se fecha – Sherlock? – ele pergunta a Molly – Isso é sério? – ele parece desapontado – Molly!

–Desculpa! – e com os olhos marejados ela sai da sala apressada.