Dias Difíceis escrita por Miss Miles


Capítulo 13
Eu Não Queria Magoa-la


Notas iniciais do capítulo

Bom, voltei o mais rápido que pude!
Mais pra compensar o que se passou
Venho com uma luz no fim do túnel kkk
Espero que gostem!



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–Não sei!

–Como não sabe? Você ia dizer algo quando John chegou!

–É, mas... Eu não entendo a Molly, não entendo.

–Não consegue decifra-la? Assim como faz com todos.

–Sim, mas não.

–Que?

–Não sei, não consigo entendê-la.

–Não consegue entender que ela te ama?

–Não!

Mary suspira fechando os olhos e virando o rosto, e nesse momento eles ouvem John prestes a terminar a ligação.

–Não terminamos essa conversa. –Sherlock que estava de cabeça baixa logo olha para ela – Amanha não irei trabalhar e nem pense em sair de casa pela manha.

A noite não se demorou a passar, logo estavam cada um em sua cama.

TERÇA-FEIRA - AM

O dia raiou pelo menos na teoria, a manha não fora clara como de costume, e logo o casal ouviu o som de pequenas gotas aos montes atingirem o vidro da janela do quarto, trazendo com sigo um céu cinzento que tão cedo não ficaria azul. São 06h15min e Londres está molhada agora e mais fria que o normal. Alguns logo levantaram, como John, Ms.Hudson e Sherlock, outros esperaram alguns minutos para se levantar, assim com Mary, e outros preferiram se entranhar nos lençóis e aproveitar o aconchego da cama por mais uma ou duas horas, como Molly Hooper, que assim como na segunda passada, nesta outra também fez plantão.

Às nove horas todos estavam a postos para mais um dia, seja lá como for.

.......................

–Eu não sei como ela pode me amar. Não sei o que ela pode amar em mim Mary, não sei, simplesmente não entendo como alguém que por vezes me odiou pode me amar – Sherlock está calmo, anda pelo flat como uma mão no bolso e a outra por hora quieta, por hora gesticulando. Enquanto Mary está sentada no lugar de sempre, recostada no sofá e com as pernas cruzadas.

–É assim que funciona Sherlock, quando se submete ao amor, você está se submetendo a sofrer, a chorar, e a ser magoado, quantas vezes não tive vontade de esbofetear a cara de John, quantas vezes não jurei ódio a ele, e olha onde nós estamos! Casados e com um filho a caminho, nada é perfeito a toda hora, e se Molly te ama é porque ela encontrou algo em você que valha a pena. Não sei talvez ela veja como você realmente é.

–Como assim?

–Sherlock você é essa máquina por fora, mas nem em tudo você é por dentro como aparenta ser por fora, e talvez seja isso que ela esteja almejando em você. Talvez seja isso que ela tenha como alicerce para um possível relacionamento. Como eu queria que você pelo menos entendesse tudo o que está se passando. Você é um dos motivos de todo esse rebuliço e não entende sequer o por que.

–...

–Você está estranho desde que chegamos.

–Eu? Estranho? Por quê?

–Não sei ao certo, eu venho notando seu comportamento, claro que não com a mesma eficácia que a sua, mas sou inteligente o suficiente para perceber que algo mudou.

–Que seria.

–Você, seu comportamento, sua expressão quando se trata dela, seu jeito...

–Pode ser mais clara.

–Molly significa algo pra você, se até dias atrás era apenas alguém que te servia como “quebra galho” hoje é um pouco mais que isso. Você se preocupou com ela, por um momento quando pensou em mandar aquela mensagem lembra? Dormiu no sofá, o que faz quando entra a noite a pensar em algo, não venha me dizer que não era nela.

Sherlock apenas escuta.

–Quando conversou com John ele me disse que você se deu conta que mesmo depois de tudo ela ainda se importa com você. Aceitou falar com ela, disse que não haveria algo entre vocês por hora, pois não seria impossível, você se permitiu ser beijado, abraçado, e mesmo que com um empurrãozinho você dormiu com ela, não sentiu nada naquela hora?

Sherlock que olhava para ela logo virou o olhar para a janela, observando a chuva que ainda cai forte lá fora, seu olhar está perdido no tempo, a lembrança daquela noite vagando em sua cabeça, ele está em pé agora com as duas mãos nos bolsos, sem dizer uma única palavra a Mary, que percebeu seu estado e decidiu dar-lhe tempo para responder essa pergunta a si mesmo.

Alguns minutos depois, ele retoma a consciência, baixa a cabeça por um instante e logo se vira para Mary.

–Eu não queria magoa-la.

É tudo o que ele consegue dizer. Mais uma vez se perdi em meio a seus pensamentos, pôde sentir o calor do corpo de Molly roçando no seu, ouviu sua voz baixinha a sussurrar em seu ouvido “Eu te amo” “Quero que o sol fuja e se esconda longe daqui... quero que essa noite seja eterna” “Esqueça que o mundo existe, apenas sinta o momento, não o deixe escapar, por favor, não deixe escapar”.

–Não, eu não queria.

Mary sente uma lágrima escapar de seus olhos ao ver aquele homem se perdendo dentro de si próprio, Sherlock continua recluso em suas lembranças, sente culpa ao ouvir a voz de Molly gritando, jogando todo o seu ódio nele por fim. “Por que eu te amo seu cretino!” pôde ver ao relembrar a cena, toda a dor que havia naquele olhar “você acha que eu me prestaria a esse papel ridículo e de quinta se eu não achasse que você vale a pena?” todo o sofrimento que havia naquelas palavras “Você acha que eu suportaria calada todos os seus comentários humilhantes se você fosse um nada diante de mim?”.

–Mas magoei, magoei quem tem apenas sorrisos, gentilezas, carinho, cuidados, e ajuda a me oferecer...

–Amor! – Mary conclui – Acha que é tarde para juntar os pedacinhos que ficaram no chão?

–Acha que eu deveria?

–Você não consegue definir o que sente, já tentou ignora-la, mas viu no que deu, porque não tenta o contrário, pode começar indo falar com ela.

–Mas...

–Você já prometeu ir se desculpar.

–Eu sei, mas o que eu vou dizer? Desculpe, não quis dizer nada daquilo, preciso ir, até. É isso?

–Por que não tenta dizer a ela o que disso pra mim?

Ele apenas a encara, pensativo e indagativo.

–O que você pensou, talvez. Isso ajudaria bastante – ela continua.

–...

–Do que tem medo Sherlock? O que acha que poderia acontecer se as coisas entre vocês tomassem um rumo mais interessante? Se é que me entende.

–Exatamente disso. Do que pode acontecer.

–Não te tendendo, simplesmente.

–Tenho medo do que vem depois do “sim”. Medo do que possa acontecer quando eu abaixar a guarda, quando eu deixar as coisas acontecerem, medo de que seja pior. Medo de me sufocar ou sufoca-la.

–Te assusta o fato de se ver em uma vida a dois?

–Muito! – Sherlock se senta ao lado dela, calmo, assustado, como uma criança que clama pela proteção da mãe – Não quero, não quero isso Mary.

–É a Molly, a mulher que te aguentou durante anos e ainda assim está até hoje esperando por um sorriso seu, por uma palavra de amigo, de consolo, não é uma estranha Sherlock, não é um monstro, um demônio, ou um ser fantástico, é uma pessoa assim como você. É alguém que daria tudo por um dia de vida a dois a seu lado. Por que não tenta?

–Tentar?

–Tentar!

–Não consigo, não tenho vontade, não quero.

–Tem medo de dividir seu mundo com ela? Medo de que ela não te aceite como é? De que ela seja um fardo pra você? Meu Deus Sherlock, medo de que?

–Não posso mentir, tenho, tenho sim medo de que essas coisas venham a acontecer, tenho medo de não suportar a pressão de um relacionamento, eu não sei me portar como John se porta com você, eu não sei priorizar a vontade, o querer do outro, não sei, não sei nada de uma vida a dois, não sei agir de ante de uma situação como essa, não sei se suportaria uma rotina, uma vida comum, eu venho fugindo disso Mary, eu não posso repensar meus conceitos ou me reeducar socialmente num estalar de dedos, não posso simplesmente deixa-la entrar na minha vida e ocupar um espaço que até então nem existe. Não posso.

–E nem eu estou pedindo que aja feito um idiota, que na sensação do momento, ou por algo que esteja te incomodando por dentro, um sentimento de culpa talvez, você venha a tomar uma decisão da qual se arrependa e foda com tudo de uma vez, desculpe a palavra, mas isso não te impedi de tentar, fale com ela, se disponha a algo novo, deixem as coisas fluir com calma. Sem pressionar, sem sufocar um ao outro, se disponham a uma experiência, não há melhor maneira, tentem, tentem e tentem de novo, se não der não deu e pronto. Só não podem ficar nessa situação desagradável para sempre. Então?

–Tudo bem.

–Não se preocupe – Mary o abraça como uma mãe consolando o filho que acabou de cair e se relou – Você só está engatinhando, você vai tentar, vai falhar, vai querer chutar o balde e jogar tudo pelos ares, mais ai você vai se lembrar do que vou te dizer agora, diferente dos contos de fadas que nos cercam quando crianças, esse é o amor na sua forma mais pura. Entre altos e baixos é que ele se fortalece ou se desfaz.


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Notas finais do capítulo

E ai??
A Mary tem sido o anjo salvador da Molly
Que cupido ela vem me saindo! kkkk
Espero que tenham gostado, eu disse que teria uma surpresinha
Mas mudei um pouco os planos
Obrigada a quem leu
E até o próximo cap! *-*



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