I sat down on the street, took a look at myself
(Sentei na rua, olhei pra mim mesmo)
Said where you going man, you know the world is headed for hell?
(Disse - "pra onde você está indo? Você sabe que este mundo está indo em direção ao inferno")
Say your goodbyes if you've got someone you can say goodbye to
(Diga adeus se você tiver alguém para se despedir)

Harry estava se preparando para mais uma batalha, dessa vez em Hogsmeade. Usariam força total para impedir que algum Comensal chegasse perto de Hogwarts. Os alunos ficariam nas salas comunais, vigiados pelos monitores.

Todos que iriam lutar estavam reunidos perto dos portões que iam para o vilarejo. Havia ao todo cento e quinze soldados, Dumbledore estimava que apenas oitenta voltariam com vida.

Harry sentia a tensão de todos. Apenas Rony parecia calmo, e fazia questão de dizer em alto e bom som que estavam se comportando como maricas, já que aquela não seria a primeira luta de ninguém. Depois de levar um tapa na cabeça de Hermione e outro da Sra. Weasley, ele se calou.

– Estão todos prontos? - a voz de Dumbledore esbanjava tranquilidade, o que era meio irritante. - Sigam para suas posições.

Dumbledore e James haviam montado um plano. Primeiro, vinte soldados iam para Hogsmeade esperar os Comensais. Quando dessem o sinal, os outros se juntariam a eles. Porém o que mais incomodava Harry é que ele daria o sinal.

Normalmente quem fazia isso era Lily, e ela parecia acostumada a soltar uma fênix prateada da varinha. Mas e se Harry errasse na hora de dar o sinal? Tantas coisas que poderiam dar errado, a cabeça dele até doía.

Foi com cuidado em direção a Dedos de Mel. Na frente da loja, havia uma pequena casa de madeira. Aquele era o único lugar onde se era possível aparatar, Sirius havia explicado a ele. Quem tentasse em outro lugar poderia perder algum membro ou olho, nada muito importante.

Se cobriu com a capa de invisibilidade e aguardou. Estava quase entrando na Dedos de Mel para tentar pegar alguma bala, quando um Comensal saiu cauteloso da casa de madeira olhou para os lados e saiu ligeiro. Atrás dele vieram mais cinco.

Harry esperou eles se afastarem um pouco e lançou fagulhas vermelhas para o alto. Era o sinal para Rony, Hermione e Tonks. Se chegassem poucos Comensais, Harry deveria avisar a eles.

Esperou mais dois minutos e viu fagulhas pretas ao longe. Arqueou a sobrancelha. Aquilo certamente não fazia parte do plano de Dumbledore e James. Foi quando milhares e milhares de Comensais saíram da casa que Harry decidiu dar o sinal.

– Phoenix Proelium– Harry murmurou, apontando a varinha para o alto. A tão conhecida fênix prateada saiu voando, indo em direção ao céu. Quando chegou bem alto, abriu suas majestosas asas e soltou algumas notas melodiosas.

Harry tirou a capa e saiu correndo em direção a Hogwarts. Lá já havia se iniciado uma pequena batalha. Ele começou a atirar em alguns Comensais que tentavam, sem sucesso, adentrar pelos portões fortemente protegidos.

Olho-Tonto apareceu do nada ao seu lado. O olhou com seu olho normal, enquanto o azul elétrico girava loucamente. Mesmo de costas, lançava feitiços certeiros.

– Vá para o Três Vassouras. Aparentemente, alguns bruxos idiotas não ouviram nosso recado de que Hogsmeade estaria perigosa hoje e agora estão sendo mantidos reféns. - ele abaixou e um feitiço passou raspando pela orelha de Harry. - James, Lily e Sirius estão lá, mas precisam de ajuda.

Harry assentiu e saiu correndo, acertando todos os inimigos que tentavam cruzar seu caminho. Quando chegou ao seu destino, viu sete Comensais apontando suas varinhas para algumas crianças que aparentavam ter cerca de oitos anos. Elas choravam desesperadas, enquanto James, Lily e Sirius fulminavam os homens de máscara.

Se aproximou devagar, tentando não ser notado. Sua mente trabalha a mil. Pensou no que a Mione de seu mundo faria naquela situação. Provavelmente lançaria um ou dois "Estupefaças", distraindo os Comensais por tempo suficiente para que os outros salvassem as crianças.

Quando ia colocar seu plano brilhante em prática, um dos Comensais o fitou. Um sorriso frio brincou em seu rosto - o que o deixava assustador por conta da máscara.

– Harry. - sua voz era ainda mais fria que seu sorriso. - Estamos justamente procurando por você.

Lily o lançou um olhar de aviso, que costumava deixar até mesmo Dumbledore com medo. Afinal, que tipo de pessoa em sã consciência não se encolheria diante dos olhos fulminantes de uma ruiva explosiva? Mas o Comensal nem se mexeu, o que provou a sua falta de cérebro.

Harry se aproximou devagar, tentando montar outro plano, mas não conseguia pensar em nada. Merlin, como queria que Mione estivesse ali, ela certamente saberia o que fazer...

– Sabia que é o mais novo Indesejável Nº1? - O Comensal tornou a falar. Harry não ficou surpreso, não era a primeira vez que recebia aquele título. - Deve ter feito alguma coisa realmente ruim para perturbar tanto assim o Lord das Trevas.

– A única coisa que fiz foi lutar pelo o que acredito. - Harry falou com determinação. O Comensal riu.

– Vamos, solte as crianças e talvez eu não te machuque tanto. - Sirius disse com os olhos brilhando de raiva. - Apenas um belo soco no nariz.

– Eu soltarei as crianças, Black. - O Comensal disse, aumento o sorriso. - Mas preciso que alguém fique no lugar delas.

Harry nem teve tempo para processar, e o Comensal lançou um feitiço que deixou o local com uma fumaça escura. Apertou os olhos tossindo, mas não conseguiu enxergar nada. De repente tudo sumiu, e James soltou um grito de raiva.
As crianças não eram mais reféns. E sim Lily.

– Solte a minha esposa seu desgraçado! - James urrou. O Comensal apertou a varinha contra o pescoço dela.

– Ah não, o Lord das Trevas vai se divertir muito com essa ruivinha. - O sorriso dele agora era cruel. Aproximou os lábios do pescoço de Lily e depositou um beijo ali, fazendo James quase partir para a luta corpo a corpo, sendo impedido por Sirius. - Talvez eu também consiga provar um lasquinha.

O sangue de Harry borbulhou. Não iria deixar nada e ninguém machucar sua mãe.

– Soltem a Sra. Potter! Eu me ofereço como refém. Tenho certeza que sou muito mais valioso para o Lord das Trevas.

Minutos depois os Comensais saíram voando em uma nuvem negra, carregando o tão valioso Indesejável Nº1 em direção a provável morte.

***

O Nosso Universo

Rony e Gina olhavam para Hermione ansiosos. A garota lia o livro e murmurava coisas que pareciam ter sentido para ela. Após alguns minutos, desviou os olhos das páginas para os dois amigos.

– Eu estou pronta. - ela fechou o livro e, não se sabe como, guardou em uma bolsa pequena de festa. - Vou conseguir fazer o feitiço.

– Me deixem ir com vocês, por favor. - Gina choramingou. - O Harry é meu noivo, eu preciso ver ele.

Rony olhou para irmã. Realmente, a ruiva era a que mais estava sofrendo com o desaparecimento de Harry. Seus cabelos estavam bagunçados, a pele pálida, deveria ter emagrecido uns bons quilos em poucas semanas. Seus olhos estavam sem vida.

– Gina, precisamos que você fique aqui e garanta que nosso plano funcione corretamente. - Hermione se aproximou da amiga. - Eu e Rony também precisamos fazer isso. Sempre estivemos com Harry em todos os momentos e todas as aventuras.

– Esse testa-rachada que não ouse se meter em confusão sem a gente. - Rony comentou colocando as mãos no bolso do casaco.

– Voltem logo, por favor. - Gina murmurou e abraçou Hermione. Logo após se jogou nos braços do irmão, a beira das lágrimas.

Ela se afastou dos dois, ficando em um canto da sala. Hermione segurou a mão de Rony com força, e se encaminhou para o centro da sala. Estavam em Hogwarts, o melhor lugar para realizar aquele feitiço tão complicado. O lugar cheio de magia iria ajuda-lós.

Só Gina sabia que eles haviam descobrido onde estava Harry. Hermione descobrira que ele fora convocado para outro universo. Desde então estava treinando todos os dias, junto com Rony. Os dois iriam atrás do amigo.

– Omnes vires universi auxilium nobis, ut nos adiuvent, deos, ducimur ad infernu.– Hermione falou com a voz trêmula. Uma fumaça negra apareceu, e começou a envolver ela e Rony.

– Omnes vires universi auxilium nobis, ut nos adiuvent, deos, ducimur ad infernum.– Gina viu os dois sumirem dentro daquela fumaça estranha, e sentiu um aperto no peito.

– Omnes vires universi auxilium nobis, ut nos adiuvent, deos, ducimur ad infernu. - A ruiva ouviu a voz de Hermione abafada, e segundos depois a fumaça desapareceu, assim como a sua amiga e seu irmão.

Gina deixou uma lágrima cair, fazendo uma prece silenciosa, porém desesperada, para que tudo desse certo.