Lyra Evans - E o sangue de Fénix! escrita por KyraSif


Capítulo 10
Perto de onde o Sol descansa




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“Querido Harry,

Para começo desta carta, aviso-te que terás de pagar o vaso que Edwiges quebrou quando entrou a voar pela janela da sala logo pelo início da manhã. Entretanto não é sobre isto que eu quero-te falar…

Acerca do assunto da tua carta anterior, tenho a confessar-te que eu conheci sim, Sirius Black quando era mais nova. Se a memória não me falha, penso que foi no mesmo dia em que o teu pai atrasou-se mais uma vez, e por pouco não perdera o expresso de Hogwarts novamente.

Black naquele tempo, não era nem um pouco do que dizem que é hoje. Ele em nada era cruel e sádico, pelo contrário, ele era gentil e divertido, além de bastante travesso e belo. De longe podíamos observar a sua ousadia, nobreza e lealdade perante aqueles que tinham um papel importante na sua vida e eu percebi isto apenas com um olhar quando fomos apresentados por James minutos antes de entrarem no Expresso e seguirem viajem para mais um ano naquela maravilhosa escola.

Apesar de, até hoje, guardar bastante rancor desse maldito homem que tanto sofrimento te causou, eu sinto que existe algo de muito errado nessa história de traição.

Não imagino o que seja Harry, mas algo revira-se no fundo das minhas entranhas sempre que o assunto é o Black, o teu pai e a tua mãe. Algo me diz que há algo nesse assunto que nunca foi contado – talvez por falta de oportunidade ou talvez apenas por encobrimento de parte de alguém desconhecido por nós.

Por isso eu peço-te… Não acredites em tudo o que se possa dizer nas páginas pobres de informação do Profeta Diário, sabes tão bem como eu que eles podem fazer de tudo para não serem mal-encarados pela população, portanto, se tens realmente curiosidade (e eu sei que tens), investiga e tira as tuas próprias conclusões.

Não penses que ao te dizer isto eu estou a mandar-te ir atrás de Sirius. Eu não seria louca de te mandar para a tua possível morte!

Mas…

A história de Black esconde muito mais do que aparenta Harry e talvez apenas ele tenha as respostas. Ouve tudo o que for necessário ouvir e só depois dá o teu julgamento final – e eu julgo que será de bastante valor.

Toma cuidado, essa aventura em que poderás te manter pode vir a ser perigosa!

Com todo o amor e preocupação,

De uma tia que te ama,

Lyra. R. Evans.”

Mais uma vez Lyra observou a linda coruja do sobrinho desaparecer pelos céus com uma nova carta para o seu dono.

Ela estava sentada no sofá, silenciosa, passando de forma suave os dedos pelos lábios carnudos onde dias atrás Sirius Black a beijara. Ainda não podia crer no que havia feito, aquele homem era um possível assassino atrás do seu afilhado e ela em vez de sentir nojo de si própria, sentia apenas ódio por não ter aproveitado melhor o curto momento. Fora um momento bom, porém, ela sabia que isso era errado… muito errado e ela não podia manter estas ideias na cabeça quando tantos problemas ocorriam e o que sentiu nos braços de Sirius tinha de ser esquecido.

Talvez, apenas afastado por um tempo do seu cérebro.

Quando pensou em se levantar, frustrada e impaciente imersa em diferentes tipos de pensamentos, os seus olhos azuis pesaram e ela, deitando-se no sofá e ajeitando-se de maneira mais confortável, adormeceu.

[...]

* Branco.

Tudo á sua volta era branco e profundamente brilhante. Já não se viam os tons pastel da sala onde á poucos minutos estava entediada, e ali também não se ouvia o som das graciosas asas brancas de Edwiges a bater suavemente contra o vento que, com elegância e amor, embalava a bela coruja nos seus braços dando-lhe altitude e forças para voar até ao seu dono que, com paciência, a aguardava.

Lyra com uma expressão vagamente confusa já se preparava para andar por aquele grande espaço vazio, vasculhando as paredes á procura de uma saída, quando inexplicavelmente algo a fez parar.

— Lyra… - Uma voz conhecida, grave e extremamente bondosa disse naquele silêncio irritante.

Se possível, Lyra parara sem mexer sequer um músculo podendo assemelhar-se a uma estátua de gelo. Os seus olhos fecharam-se com força. Não queria acreditar, não era possível, jurava a pés juntos que aquilo não passava mais uma vez da sua mente teimosa e verdadeiramente brincalhona que estava a quer pregar-lhe outra das suas partidas. Não podia ser, e ela não iria cair em mais uma brincadeira de mau gosto da sua imaginação masoquista e que adorava vê-la sofrer.

— Porque não nos olhas, irmã? - Dissera desta vez, uma voz feminina com um leve toque de riso nas suas cordas vocais.

Lyra Rose virou-se sobressaltada e todo o ar que mantinha nos seus pulmões foi solto com força enquanto, mais uma vez, puxava o oxigénio pela boca de forma ruidosa e engasgada. Os olhos brilhantes como cristais, e azuis como a cor do céu ampliaram-se e, como as belas águas do mar, encheram-se de água.

Lá vou eu chorar novamente! — Ela dissera mentalmente”

Demorou a acreditar no que via: a sua irmã e cunhado parados á sua frente com sorrisos que demonstravam carinho e toda a saudade que haviam sentido por todos os anos que estiveram longe.

— Lily… — Ela sussurrou, e o nome proferido pareceu arranhar-lhe a garganta e Lyra tossiu de leve tentando tirar a sensação maldita que a incomodava. Com um sorriso de incredulidade ela continuou — James… Como…? É impossível.

— Nada neste mundo é impossível BlueEyes! — Confidenciara James Potter passando distraidamente o braço pelos ombros da mulher de cabelo cor-de-fogo ao seu lado.

Os sentidos de Lyra pareceram faltar-lhe quando os dois lhe chamaram com a mão ao encontro deles.

O casal estava exactamente como Lyra se lembrava. Lily com o seu belo cabelo chamativo, os seus reluzentes olhos cor de esmeralda e um lindo sorriso nos lábios rosados. James continuava com o cabelo revolto e lembrava vagamente um porco-espinho, continuava com os seus óculos redondos e os olhos amendoados brilhavam mais uma vez de animação e divertimento. O que Lyra realmente estranhou era as roupas completamente brancas que ambos usavam, mas ignorou esse facto, pois quando os dois repetiram o chamado, ela não pensou duas vezes, correndo ao encontro deles, e chocando-se com força contra o casal que ria e com carinho abraçavam-na de volta.

A sua pele formigava quando ela, em mais um gesto de incredulidade passara os dedos finos e pálidos pelo cabelo suave da irmã e pelas mãos do cunhado.

— Isto é um sonho não é?

— Sim querida, isto é um sonho. – A mulher cujo rosto era salpicado de pequenas sardas respondera.

— Eu sabia que isto não era real!

James Potter com uma calma irreconhecível por quem convivera com ele na adolescência, aproximara-se e suspirando, colocara a mão que não estava ocupada a fazer carinho no braço da esposa, sobre o ombro esquerdo de Lyra apertando suavemente como se lhe dissesse: Sê forte!

— Mesmo isto sendo apenas um sonho, não quer dizer que não seja real, Lyra. Será tão real quanto tu acreditares.

— Porque agora? — Ela perguntou — E o Harry? Vocês já tentaram contactá-lo?

Algo no olhar dos Potter’s mudou, e os sorrisos nas faces pálidas foram murchando aos poucos.

— Não era a hora certa, e receio que ainda não seja. Pelo menos, para o nosso filho ainda não, mas para ti sim. Aguardámos tanto tempo para te contactar Lyra. Há tanto a ser explicado e temos tão pouco tempo para o fazer.

James continuou a frase de Lily:

— Estamos aqui para te falar sobre o Sirius.

— O quê?! – Lyra que estava sentada de pernas cruzadas no chão branco, levantou-se sobressaltada — O que me têm a falar sobre esse traidor? Sobre esse… Esse… Argh! O que me têm a dizer sobre esse homem!?

— Lyra! – A mulher ruiva falou alto tentando chamar a atenção da mais nova. — Ouve-nos! Temos pouco tempo querida.

A mais nova herdeira dos Evans engolira em seco, jurando para si mesma que não se iria descontrolar nem sair em disparada, vagando sem rumo á procura de uma saída daquele lugar imenso para dar um belo soco naquele homem imprestável que carregava o sangue dos melhores amigos nas mãos e… E… E que era bastante charmoso, e dono de um corpo magro, porém, bastante másculo que ela não se importaria de tocar e que possuía uns lábios um pouco cortados mas que certamente seriam muito bem cuidados com os de Lyra enquanto a barba negra e mal aparada poderia arranhar o rosto feminino logo após as suas línguas geladas se enroscassem e… NÃO! Lyra não poderia pensar nisso agora.

Abanando a cabeça de um lado para o outro tentando arrancar aquelas fantasias da sua mente, voltou a sentar-se á frente de Lily e James que a esperavam, e irritada sussurrou o mais baixo possível:

— Um soco, e nada mais do que um lindo e carinhoso soco é o que ele merece!

O riso dos dois á sua frente preencheu o recinto, e como que combinado, os cabelos dos três esvoaçaram com a suave brisa que se formara. “Impossível! Aqui nem tem janelas…”

BlueEyes... –Chamou-lhe James pela velha alcunha de criança — À longos anos atrás, ainda na nossa adolescência eu tinha-te dito que, por mais que fossemos infantis e irresponsáveis, eu daria a vida por Sirius e tinha a certeza absoluta que ele faria o mesmo por mim.

Lyra interrompeu-o com uma voz que se assemelhava a um rosnado de animal:

— Estavas errado!

O suspiro que James e Lily Potter soltaram fora alto e pesaroso.

— Não Lyra, eu estava certo o tempo todo. O Sirius não era o fiel do segredo… Bem, no início sim, ele era, mas não foi ele que nos entregou a Voldemort.

— Não foi ele? Mas todos… Ele foi preso pelo crime que cometeu…

A mãe de Harry Potter, ao ver a expressão horrorizada da irmã, aproximou-se mais, acariciando-lhe o rosto com uma das mãos e depois, foi descendo a mesma mão juntando-a com a da irmã que tremia bastante.

— Querida, aqueles eram tempos muito difíceis. Eu e James tínhamos praticamente acabado de casar e Harry veio logo a seguir como um belo presente de casamento. Nós estávamos tão felizes e tu também estavas. Dizias que ias ganhar um pequeno Deus para passares tardes a observar e pintar num dos teus muitos quadros. — Lily fez uma pausa como se estivesse á espera de algo, mas a outra, atenta, não lhe respondeu, apesar de se lembrar de tudo que a ruiva mencionava — Era felicidade em cada canto da casa mesmo com as mortes discretas que aconteciam lá fora, Sirius seria o padrinho do Harry e claro, que a madrinha só poderias ser tu. E o tempo correu rapidamente e assim foi feito, mas…

— Mas o nosso tempo de felicidade durou pouco. — Contou James — Dumbledore informou-nos daquela profecia e o nosso bebé encaixava-se perfeitamente com a criança descrita. Foi claro como água que nós, e principalmente Harry, estávamos em perigo e o velho professor disse-nos que a nossa única hipótese seria esconder-nos enquanto uma, e apenas uma pessoa saberia do nosso paradeiro. Quem poderia ser? É claro que a única pessoa que nos veio á mente fora Sirius. Confiávamos nele e sabíamos que ele nunca nos trairia. Escondemo-nos e apenas mantínhamos contacto com Sirius, que uma vez por semana vinha nos visitar e certificar-se que tudo estava bem e a correr como o planeado.

A garganta de Lyra ficara seca de repente e as palavras saíam com certa dificuldade.

— E depois? – Murmurou com os olhos cheios de lágrimas.

James e Lily olharam-se por um momento e depois fora Lily que voltara a falar:

— E depois? – Ela perguntara a si mesma. — Pensávamos que tudo corria bem e que mesmo estando trancados em casa poderíamos ficar em segurança total, afinal, faltava pouco tempo para o feitiço ficar completo e aí sim ninguém descobriria o nosso paradeiro e a vida de Harry não estaria mais em risco. Mas… nós fomos tolos quando certo dia, depois de mais uma visita de Sirius, pensamos melhor no fiel do segredo. Estávamos todos na nossa sala-de-estar quando Sirius muito exaltado disse-nos: Vocês têm que mudar! Não posso ser eu o fiel! Ficámos confusos e depois de eu e James trocar-mos um longo olhar, perguntámos: Porquê? Qual seria a razão disso? E ele explicou detalhadamente que ele seria a primeira pessoa a quem Voldemort iria atrás para descobrir sobre nós. Concordámos na hora com ele. Sirius não podia ter a vida arriscada apenas por nossa causa. Novamente, foi muito difícil escolher o fiel.

A voz de Lily ficara rouca e o marido continuou, e Lyra achou que eles haviam combinado a vez de cada um:

— Primeiramente Dumbledore era a nossa escolha mas ele andava demasiado ocupado com a Ordem da Fénix. Depois pensámos em ti Lyra, mas não tínhamos a certeza se uma Muggle poderia fazer parte deste feitiço e se pudesse seria egoísmo nosso meter-te no meio do caminho do Lord das Trevas.

— E no Lupin? Vocês não pensaram nele?

— Claro que pensámos, mas naquele tempo andávamos desconfiados. Ele não dava notícias á meses e ninguém sabia do paradeiro dele. Julgámos mal ao pensar na hipótese de que ele poderia ter-se aliado a Voldemort e não quisemos arriscar, era a vida do nosso filho em jogo. E então não tínhamos mais opções até que Sirius em mais um salto, lembrou-se do único Marauder que tu nunca conheces-te. A nossa escolha e única opção foi Peter Pettigrew, certamente Voldemort nunca iria se lembrar daquele homem cobarde e isso seria um belo bluff, ficaríamos protegidos e o tempo do feitiço terminaria rapidamente.

Lyra olhou para a expressão de ambos. A tristeza, raiva e traição devoravam-lhes os olhos claros e a mulher, juntando peça a peça entendeu.

— Foi ele, não foi? Foi ele quem vos entregou!?

— Sim. — Ambos disseram como uma única voz.

— Continuem! Eu quero saber o resto.

Lily relatou depois tudo detalhadamente. Contou-lhe que, numa noite que eles julgavam normal, Voldemort aparecera. O portão tinha sido destrancado e quando perceberam a porta tinha sido explodida emitindo um som horrível por toda a casa. James e Lily olharam-se e souberam no mesmo momento que haviam sido traídos. O pequeno Harry chorava e o casal só tivera tempo de dar um beijo profundo que significava que aquilo era uma despedida, antes de Lily correr escadas acima com Harry nos braços trancando-se rapidamente no quarto do bebé, e James era morto a sangue-frio por Voldemort. Não demorou até Lily ser a próxima e quando ambos já estavam mortos, as suas almas chorosas, porém determinadas, observaram um tipo de protecção que o sacrifício de Lily havia feito em Harry derrotar o Lord e ele desaparecer enquanto a casa era explodida.

Harry fora entregue a Petúnia e Vernon quando Lyra vivia com eles e não tinha uma casa própria e Sirius, que também havia sido tramado por Pettigrew, fora preso em Azkaban sem julgamento, e passara doze anos da sua vida sofrendo silenciosamente na mão dos Dementor’s que aos poucos iam alimentando-se das suas boas lembranças deixando somente as piores experiências que ele já experimentara.

No fim, Lyra soluçava alto, abraçando fortemente a irmã e o cunhado, sentindo o cheiro de lírios e de perfume masculino invadir-lhe as narinas. Exactamente como se lembrava.

— E agora? – A sua voz saiu abafada devido ao seu rosto estar enterrado no grande mar vermelho que era o cabelo de Lily.

— Sabes o que isto significa? – Lyra negou — Isto significa que o Sirius é um homem inocente e que tu tens que ajudá-lo!

— Eu? Como raio irei eu fazer isso?

Lily sorriu:

— Saberás o que fazer na hora certa. Por agora, basta apenas que ele saiba que mais alguém acredita na sua inocência, pois por vezes, até mesmo ele duvida.

Lyra ampliou bastante os olhos negando. Ela não conseguiria. Não se sentia apta para tal importante tarefa. E se ela não conseguisse? Onde ela o encontraria agora? Certamente ele já estava bem longe agora de Hogwarts!

— Ele está mais perto do que tu julgas, BlueEyes! — A voz rouca de James ecoara na sua mente á medida que a imagem dele e de Lily se tornavam translucidas e difíceis de observar.

— ESPEREM! — Lyra gritou levantando-se num salto e seguindo rapidamente pelo único caminho a ser tomado á medida que as paredes brancas se tornavam mais estreitas e se apertavam de tal forma que Lyra jurou poder ser esmagada se demorasse mais tempo naquele lugar.

— É a nossa hora, irmã. Temos que seguir em frente e deixar o mundo físico.

— NÃO! Esperem! — Ela disse continuando com a corrida e batendo numa parede invisível quando os Potter’s chegavam cada vez mais perto de uma bela e tão brilhante luz branca que com certeza cegá-la-ia se ela continuasse a fixar o olhar. — Eu… Eu irei vê-los novamente?

Mais uma vez o riso doce dos dois chegou-lhes aos ouvidos como a mais bela música que alguma vez ouvira.

— Quando chegar a hora sim Lyra, nós ficaremos todos juntos. Até lá, esperamos que demore bastante e aproveites bem a tua vida.

— Adeus irmã. — Lily acenou juntamente com James antes de virar-se e entrar na claridade incomodativa puxando o marido que sorria.

Ele seguiu-a e quando já desaparecia da visão Lyra, ela ainda fora capaz de ouvir a suas vozes dizer algo como:

“ — Talvez ele esteja perto de onde o sol descansa…” *

E então a luz envolveu-a também, e quando Lyra abrira os olhos de novo, estava de volta á sua sala-de-estar, observando os cristais do lustre pendurado no centro do teto.

O telefone tocava, mas Lyra ignorou. Não queria ser incomodada. A sua mente já estava baralhada o bastante e não precisava de mais ninguém a enchê-la de problemas que certamente não eram do seu interesse e ela nem dava importância.

Os cabelos castanhos estavam espalhados pelo sofá e alguns até estavam irritantemente na boca. Levantando-se lentamente, arrumou os cabelos de volta ao lugar andando pela sala. Ela assentia várias vezes sem sorrir, sem chorar, sem expressão nenhuma no rosto pálido e com uma ou duas rugas discretas. Estava mais uma vez pensativa coçando o couro-cabeludo e o ar puro do entardecer preenchera-lhe os pulmões quando ela abrira a grande janela.

Ela recordava-se que algo era branco, e nada mais do que branco. Não conseguia lembrar-se de mais nada do sonho sem ser o irritante branco que preenchia tudo, algo profundamente vermelho e algo amendoado e brilhante. A cabeça doía-lhe só de pensar e ela não conseguia entender porquê. Os olhos azuis estavam mais uma vez fechados, e duas palavras invadiram-lhe a mente bem alto: “— Sou inocente!”

Teria Sirius dito a verdade quando se encontraram num dos corredores da escola?

Poderia Lyra acreditar nas palavras de um homem considerado por muitos um cruel assassino?

Era loucura, mas sim… Lyra acreditava.

Um som melancólico invadira o fim de tarde. Algo como um uivo tímido e de puro sofrimento. Ela abrira os olhos rapidamente procurando durante minutos o dono do ruído triste, mas nada achou. Suspirando baixo olhou em frente. Ao longe, o sol já se retirava do céu, exausto e sedento por um belo descanso depois de mais um dia de trabalho que começara mais uma vez às sete horas da manhã.

— Não consigo controlar as recordações que esta visão me dá. — Ela sussurrara para Vénus que piava atenta aos movimentos lentos da dona.

“ — Talvez ele esteja perto de onde o sol descansa…” — Disse-lhe uma voz masculina ao ouvido esquerdo e depois, como se rodeasse o seu corpo, ao direito.

Perto de onde o sol descansa? Perto de sol descansa? O que isso significaria?

Perto de…? Oh! O Pôr-do-sol! Era isso! Essa era a resposta!

E da janela de sua casa, ela observava os lugares que ficavam perto de onde o sol se escondia: Lojas; estátua de algo irreconhecível e estranho para ela; cabana abandonada; bosque escuro; mais duas ou três lojas…

Algo estalou na sua mente enquanto ela gargalhava alto olhando a pequena cabana que parecia prestes a cair aos bocados.

— Oh! Já te encontrei meu caro Sirius Black!


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Notas finais do capítulo

Bem... Desculpem ter demorado a publicar o novo capítulo, mas estava sem ideias e além disso ainda não o tinha escrito...
O que acharam?
Xoxo