Sentimentos insanos escrita por Freddie Allan Hasckel


Capítulo 8
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/481997/chapter/8

Quinta Feira,

24 de Junho de 1953

Caro Confidente,

O passado voltou a me atormentar em forma de sono. Eu evitei te narrar esse momento o quanto pude, talvez por vergonha da minha tolice, ou, porque simplesmente por não querer recorda-lo . Mas acredito que é hora de enfrentar dor e te narrar o meu último dia de liberdade

– Vem, não seja tão molenga, vamos nos atrasar desse jeito e cada minuto é precioso! – disse esperando ela me alcançar, seguíamos por uma trilha secreta em minha fazenda rumo ao meu esconderijo, infelizmente não tão exclusivo. Meu pai me trouxe aqui pela primeira vez o dia em que completei sete anos, a mesma idade que ele tinha quando havia descoberto o local, ele me contou que era aqui que ele vinha se refugiar do mundo, um lugar mágico, lindo e repleto de paz.

– Você não vai me dizer aonde estamos indo? – perguntou ela ofegante logo atrás de mim.

– Você pode aguentar mais cinco segundos de curiosidade, nós já estamos chegando! – relatei ao entrelaçar os nossos dedos.

– Você nunca foi uma pessoa de grandes mistérios, não comigo pelo menos, o que te deu hoje? – quando Claire começa seus interrogatórios não para até que consiga a resposta desejada, lamento desaponta-la dessa vez, mas o dia nos reserva grandes surpresas, entretanto nem todas positivas, só espera que ocorra tudo da maneira que planejei.

Ao chegarmos demos de cara com uma das mais belas visões, a vista do vale a que contemplávamos era tão perfeita que retirou quaisquer vocábulos de nossas bocas, era ainda mais bela do que eu me lembrava, o verde parecia ser infinito se analisado daquele ponto, o lago azul marinho entre as duas montanhas, e sem falar no sol, que se põe exatamente entre as mesmas.

– É lindo, Alex! Simplesmente perfeito, por que nunca me trouxe aqui? – perguntou ela enquanto eu abria a garrafa de vinho tinto.

– Estava esperando o momento certo! – respondi entregando-a uma das taças e erguendo a minha em seguida – A nós! – propus o brinde.

– A nós! – afirmou ela e então os cristais tilintaram. – O que hoje tem de tão especial? – sua voz aveludada, o olhar provocativo, ela contornava a circunferência de sua taça com o dedo indicador enquanto mordia seu lábio inferior a fim de intensificar a provocação. Droga. Ela conhecia tão bem os meus pontos fracos, nem eu sei como fui capaz de me conter fisicamente naquele instante, pois mentalmente nossos lábios já estavam colados e nossas roupas extraídas.

– Sua pergunta me ofende de certa maneira, sabia? Há precisos dez anos demos o nosso primeiro beijo debaixo do carvalho de sua casa, e desde então nossos corações solitários passaram a viver na companhia um do outro, você se lembra? – perguntei envolvendo meu braço esquerdo em sua cintura e aproximando nossos corpos com certa voracidade. Eles se moldam tão perfeitamente, uma explosão de hormônios ocorre dentro de mim ao menor dos seus toques, eu queria foder com ela ali mesmo, marcar esse lugar com nosso amor como já fizemos em tantos outros, mas eu isso não é hora, não antes de um pedido de casamento.

– Não, amor, é semana que vem, eu tenho certeza, eu jamais esqueceria, não acredito que você confundiu! – ela me repreendeu enquanto envolvia os braços em torno do meu pescoço.

Confesso, a culpa é minha, eu alterei o seu calendário e como estamos de férias você nem percebeu. Você sempre tão esperta e perfeita me surpreendendo ano após ano, eu tive que dar um jeito de te passar para trás. fiz uma pausa para analisar sua expressão, e percebi que apesar dos seus olhos verdes me repreenderem, o seu sorriso perfeitamente esboçado exalava aprovação

– Eu não acredito que você fez isso. Você não existe, sabia? –

– 'Isso é real o suficiente para você' – disse e então mordi seu lábio inferior suavemente, ela entrelaçou seus dedos no meu cabelo e puxou-o fortemente, em resposta aproximei ainda mais os nossos corpos, nosso beijo era quente, lento e perfeitamente encaixado.

– eu amo você! – sussurrou ela assim que nossos lábios se afastaram.

– Sabe por que estamos aqui? – perguntei dando-a em seguida um selinho demorado. Ela respondeu negativamente com a cabeça e nossos narizes trocaram leves caricias. – Assim como o amor que habita nossos peitos esse lugar é único, desprovido de qualquer maldade, lindo e é só nosso. – fiz uma pausa e dei prosseguimento – Eu queria poder afirmar que o sentimento que vive em mim peito é o mesmo de dez anos atrás, ou melhor, o mesmo que senti quando vi aquela menininha tão delicada brincando com seu coelhinho, mas não é. Porque ele cresce a cada um de seus sorrisos, ao tom de sua voz chamando meu nome, e aos choros e risadas que tanto compartilhamos. Você é a minha virtude e todos os meus pecados. Você é o meu bem e o meu mal, mas eu não vivo sem você, eu já não existo sem você. Você é o meu mundo, onde farei eterna morada, e se for para eu viajar, que seja nas curvas de seu corpo. Se for para eu cair, que seja em seus braços. E se for para eu me perder, que seja com os seus beijos. Claire Walters, você é a mulher que habita a minha alma, basta uma resposta, e eu prometo te fazer feliz pelo resto dos seus dias. - nesse instante eu retirei a pequena caixa que trazia em meu bolso e me ajoelhei aos seus pés, abri-a exibindo o belo solitário de diamante que escolhi com a ajuda de minha mãe, e fiz a tão esperada pergunta - Você aceita se casar comigo?

– Sim, sim, eu aceito! – respondeu ela eufórica iluminada pelos últimos raios de sol do dia, lágrimas escorriam por sua delicada cútis, e então eu deslizei o anel em seu dedo. – Também tenho uma surpresa para você!

(...)

De volta a minha casa, pude observar um furgão branco estacionado do outro lado da rua, uma cruz vermelha estampada em sua lateral, eu não me importei, afinal nada poderia estragar o meu dia. Enquanto caminhávamos de mãos dados no jardim rumo ao Hall de entrega dois homens me agarraram, eu rebati, tentei lugar contra, mas eles eram fortes que eu. A última coisa que vi antes de tudo se apagar, e eu preferia não ter visto, foram os pais de Claire com um sorriso ganancioso estampado em sua face.

Quando voltei a realidade estava em um cômodo branco todo acolchoado. Não tão branco, pois estava encardido. O teto era preto devido a infiltração, um lugar asqueroso. Tudo girava, e quando tentei descer da cama que eu pensei ser baixa, cai. Era uma beliche bastante alta. Uma mulher gorda estava com uma boneca está sentada no andar debaixo.

– Como eu saio desse lugar? – perguntei coçando os olhos na intenção de afastar a tontura.

– Não tem como sair! – respondeu ela.

– Onde eu estou? – perguntei novamente e ela não respondeu. Então comecei a gritar e esmurrar a porta. Tentei arromba-la diversas vezes, contudo meu corpo estava fraco demais, e mesmo que eu estivesse em seu estado normal eu não conseguiria.

Um homem forte com quase dois metros de altura entrou em seguida trazendo um cassetete nas mãos. Ele aliviou todo o estresse daquele lugar em mim, dando-me diversas pancadas por todo corpo sem se preocupar em onde me atingia, e quando tal pancadaria cessou ele disse:

– Se não ficar na sua eu volto e acabo com a sua raça! – ele cuspiu em mim, e então deixou o pequeno cômodo.

Já de volta ao meu atual quarto, uma agitação me tirava desse pesadelo, nunca fiquei tão feliz em retornar a esse inferno, era outro enfermeiro quem me sacudia na intenção de me acordar enquanto gritava:

– 397!!!!

Abri meus olhos e então ele injetou um liquido desconhecido em minha veia que me fez apagar novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!