Sentimentos insanos escrita por Freddie Allan Hasckel


Capítulo 7
Capítulo 6




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Quarta,

23 de Junho de 1953

Caro Confidente,

Thomas não aceitou bem a tarefa que o designei e tivemos uma breve discussão, foi até que divertido. Imagina a cena de dois loucos gritando na hora do almoço:

– DE QUEM É O PLANO, THOMAS? DE QUEM? – gritei já sem paciência.

– E POR ISSO EU TENHO QUE FICAR COM A PIOR PARTE? – berrou ele em resposta jogando seu prato de macarrão na minha roupa.

– VAI SE FUDER, THOMAS! VOCÊ VAI MOFAR NESSA MERDA! – retruquei jogando o meu prato nele. – EU MANDO NESSA PORRA, EU!!!! QUEM MANDA NESSA PORRA, QUEM???

– VOCÊ! – respondeu-me ele sentando a mesa e se acalmando de forma gradativa, a veia do seu pescoço parecia que ia explodir de tanta raiva.

– Idiota! – disse ao tempo que bati em sua cabeça, e sentei-me ao seu lado em seguida, eu não consigo ficar com raiva por muito tempo, não dele. Nossa briga cessou tão rápido que os enfermeiros que vinham apaziguar perderam sua viagem. – Vermelho combina com seu tom de pele, sabia? – brinquei referindo-me ao molho em sua roupa branca, o que me fez refletir sobre a nossa convivência, talvez eu tenha pegado seu bom humor em todo esse tempo que passamos juntos, afinal essa foi a primeira fez que fiz uma piada desde que estas paredes me cercam.

– Todas as cores combinam comigo! – ele mostrou a língua um tanto presunçoso.

– Vamos rever nosso plano, mas não podemos dar outro fora como esse, eles podem desconfiar – disse e ele consentiu com a cabeça – o primeiro enfermeiro, bem ali no canto esquerdo, você já reparou a maneira que ele trata a Suzy, ou qualquer um de nós? – perguntei perdendo meu tempo, eu já sabia a resposta.

– Não!

– Poxa vida, Tom! Você não presta atenção em nada? – chamei a atenção do homem. Esses pequenos detalhes me fazem acreditar que sou eu quem fixa os seus pés ao chão, se não fosse por mim, talvez Thomas seria igual ao ‘Harry Cachoeira’, um velho asqueroso que passa o dia inteiro babando em uma lata enferrujada, é horrível observa-lo.

– Sério que você está me perguntando isso? Olha toda essa loucura que nos cerca, se eu ficar me apegando aos detalhes vou enlouquecer de verdade – explicou ele abrindo os braços como se estivesse exemplificando.

– Vamos esquecer isso! Voltando ao enfermeiro, eu não sei o nome dele, algo me diz que ele não é como os outros... por que não aproveita e tenta uma aproximação? Vamos precisar da ajuda pra escapar durante o surto coletivo... Enquanto isso eu vou atualizar Edwin dos fatos

Tom acatou a minha ordem e imediatamente deixou a mesa, eu fui logo em seguida explodindo de curiosidade. Ele dançou para mim em todo trajeto, encarando-me com uma forjada expressão sexy, é completo palhaço. Eu poderia passar o resto da minha vida ao lado desse idiota. É estranho eu afirmar que já não vivo sem ele? Não tem como eu prever o que o futuro me reserva, eu ao menos entender o turbilhão de sentimentos que emana em meu peito toda vez que estou em sua presença.

Adquirimos o habito de dançar todos os dias, acredita? Ele está evoluindo consideravelmente, assim como o que eu sinto toda vez que nos tocamos, cada centímetro do meu corpo se arrepia e anseia por mais. Eu tenho que afastar isso de mim, essa atração fatal, ele é um condutor sexual, e eu não consigo me conter. Não posso arriscar a nossa amizade, colocar tudo o que temos hoje a perder. O que eu devo fazer? Ou melhor, o que eu não devo fazer? É tudo tão novo, sinto-me caminhando sobre um campo minado, uma terra completamente alternativa, a qual jamais visitei. Eu nunca olhei tive esse olhas sobre homens, o primordiais em minha vida sempre foram amigos e irmãos, a atração nunca existiu. Por que isso agora? Tantas perguntas, e ninguém a não ser você para me ajudar a responde-las.

– Oi, eu sou Thomas! – forcei ao ouvir o que meu amigo dizia, pois mantive certa distancia. Ele estendeu a mão cordialmente para o enfermeiro que permaneceu imóvel – Oi, eu sou Thomas! – ele tornou a repetir ainda com a mão estendida, dessa vez recebendo apenas um aperto. – O que você faria com um milhão de dolars? – perguntou ele com uma voz sonhadora. – Você poderia largar esse emprego, que cá entre nós não te traz satisfação pessoal, imagina ter uma boa casa, desfilar por ai no carro do ano, assistir ao seu programa favorito em uma tv a cores, viajar o mundo e ter dinheiro suficiente para pagar a faculdade dos seus futuros filhos, seria uma boa, não acha? Se eu tivesse um milhão eu sairia desse lugar sem hesitar, infelizmente eu não tenho, mas eu conheço alguém bem ali que tem essa grana e mais, 397, iríamos precisar de uma forcinha na fuga, se é que me entende... Pensa nisso, se dá pra fazer muita coisa com um milhão, imagina o que você pode fazer com dois! – Tom sussurrou para o homem, e assim que deu três tapas em seu ombro veio se juntar a mim.

– O que você fazia antes de vir parar aqui? – perguntei de queixo caído devido a sua excelente performance de persuasão. Ele agiu de forma singela, mas bastante eficaz indo direto ao ponto, inacreditável.

– Era um charlarão! – respondeu ele risonho, e por mais que parecesse mais uma de suas piadas, eu acreditei.


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