Katniss Everdeen P.O.V ON

Barulho.

Melodias graciosas de um saxofone.

Barulho, barulho, barulho.

Ashton Kutcher sorrindo para mim.

Mais barulho.

Bufo, abrindo os olhos.

Acordo sem vontade, com uma barulhada vinda do andar de baixo. Olho mecanicamente para o lado, encontrando a hora no relógio que está sobre o criado mudo, ao lado da cama, e vejo que são sete e meia da manhã. Ain... SETE E MEIA DA MANHÃ? Mas quem é que está fazendo barulho às SETE E MEIA DA MANHÃ?

Levanto preguiçosamente da cama e vou me arrastando para o banheiro como um zumbi, na intenção de fazer minhas higienes matinais. Tenho que verificar os barulhos intrometidos às SETE E MEIA DA MANHÃ em pleno domingo! Será que uma pobre menina indefesa e amável como eu, não pode dormir até mais tarde no domingo? Até porque, não adianta nada me acordar, mesmo que sem querer, cedo. Meu cérebro só começa a funcionar depois do meio dia. Escovo os dentes quase dormindo em pé! Quando acabo, prendo meu cabelo em um coque de qualquer jeito e lavo meu rosto. Saio do banheiro e vou até o closet, onde coloco um short jeans e uma camiseta qualquer, já que estou em casa.

Saio do quarto e desço as escadas. Preciso urgentemente descobrir o porque desses barulhos infernais! Chego na sala e vejo muito, mas, muitos empregados mesmo! Todos andando de um lado pro outro. Uns com bandejas, outros com, pelo que me parece, objetos de decoração, alguns com pratos e talheres e muitas outras coisas! Olho em volta e tento achar a tia Cash no meio dessa bagunça, mas tudo que consigo ver são empregados.

Essa gente brotou do chão, é?

Desisto de procurar com o olhar e paro um dos empregados.

— Por favor, onde está a Cashmere? - ponto pra mim! Consegui ser super educada!

Começo a reparar no cara a minha frente, até que ele é bonitinho... Bonitinho? O cara é um gato! Moreno, alto, olhos azuis cristalinos que me refletem perfeitamente, cabelos castanho claro e porte atlético que meu Deus! Esse menino deveria é ser modelo! Ok, acho que chega de ficar babando no empregado gatinho.

— Ela está na cozinha, senhorita. - diz dando um sorrisinho de canto. Como se respira mesmo...?

— Ér... Obrigada! - agradeço e ando para a cozinha. Claro que, primeiro tenho que desviar de caixas, caixas e adivinha? Mais caixas! Até finalmente conseguir chegar ao meu destino. Encontro a Tia Cash conversando com uma cozinheira que mexe algo na panela.

— Bom dia. - chamo a atenção das duas. — Tia, o que é tudo isso?

— Kat, querida, acordada tão cedo? - pergunta sorrindo. Não está muito cedo pra ficar sorrindo não? — Eu esqueci de lhe avisar que hoje eu darei um jantar aqui em casa! Então a casa está meio agitada e por isso essa movimentação toda. - explica.

— Mas tia, por que tudo isso só para um simples jantar? - enrugo a testa.

Por que gente rica adora complicar as coisas? Por que ela não faz um ovo frito bem gostoso e serve no pão para os convidados? Isso é tão simples!

— Não é um simples jantar! - diz me olhando como se eu fosse uma espécie de E.T. Como assim?

— Como assim? - pergunto dando voz ao meu pensamento.

— Esse jantar é para você conhecer melhor os nossos vizinhos! - diz sorrindo. Peraí, eu ouvi direito?

— O... o... Que? - pergunto meio abobada. Eu não acredito que a Cash vai ter coragem de convidar essa vizinhança maluca para vir jantar aqui em casa!

— Isso mesmo que você ouviu. Eu convidei todos os vizinhos para esse jantar espetacular! - diz sacudindo as mãos. Ótimo jeito de começar o dia. Só que não! Não mesmo!

— Tia... Eu acho que não é uma boa ideia esse jantar! - digo mordendo o lábio inferior de forma apreensiva. Faço isso quando estou nervosa.

— Por que? - arqueia uma das sobrancelhas. Ela ainda pergunta?

— Sabe tia... Depois de conhecer o Haymicht e a Effie, eu acho que não quero conhecer os outros vizinhos tão cedo! - digo nervosa.

Espera, por que eu estou nervosa? Ah, é mesmo... Deve ser porque, infelizmente, tem a possibilidade de euzinha ficar em uma casa repleta de malucos!

— Mas você vai! Será muito bom pra você conhecer a nossa vizinhança. - diz cruzando os braços.

— E as meninas? - tenho que achar alguma coisa que a faça desistir desse maldito jantar!

— O que tem elas? - torce o lábio. Mas será que nem Rue e Prim me salvam dessa?

— Elas estão felizes com esse jantar? - cruzo os braços também e arqueio as sobrancelhas.

— Elas nem sabem disso! Elas só chegam amanhã da casa do pai! - diz gesticulando como se não fosse uma coisa muito importante.

— Mas tia...

— Nem perca seu tempo fazendo manha! - me interrompe. — Você vai conhecê-los e ponto final! - diz autoritária. Por que ela quer tanto que eu conheça os vizinhos?!

— Droga! - resmungo e saio da cozinha.

Corro para o meu quarto e me jogo na cama. Como eu não posso contra a dona da casa... Que venha o maldito jantar!

Peeta Mellark P.O.V ON

Por que domingo é um dia tão chato? Nada pra fazer, nada pra ver na TV... Até o nome do dia é chato! D-O-M-I-N-G-O! Ainda por cima, minha mãe me obrigou a ir em um jantar que a Cashmere vai dar hoje. "Pensando desse jeito, até parece que você não quer ver a vizinha." De que adianta eu querer vê-la se, por sua culpa, ela deve me achar um louco?"Por puro prazer!" E como se já não estivesse ruim o suficiente, Cashmere convidou toda a vizinhança para esse bendito jantar! "Cruzes! Não acredito que ela vai juntar esse bando de maluco em um só lugar!" NEM EU! "Como se a sua família já não fosse maluca o suficiente!" EI! "Que foi? Você sabe que é verdade!".

Termino de me arrumar.

Estou com uma blusa branca e uma jaqueta jeans por cima, as duas peças dobradas na altura dos meus cotovelos, calça jeans da cor marrom e meus Vans também marrons. Até que fiquei bacana.."Já te disseram que ilusão é uma coisa feia?!" QUIETINHA!

Sou tirado dos meus devaneios por batidas na porta.

— Entra. - digo saindo da frente do espelho. "Aposto que é a chata da sua mãe!" QUIETA CONSCIÊNCIA!

— Peets, querido, já está pronto? - minha querida mãezinha pergunta toda feliz entrando no meu quarto. "MEU DEUS! O que é esse urso nos braços da sua mãe?" Eu nem vou retrucar essa sua ofensa porque..."Você sabe que é verdade?" Calada!

— Já estou pronto sim. - digo meio desanimado. "Vamos Peeta se anime! Em poucos minutos você estará em um jantar cheio de gente maluca!" Isso não me animou nem um pouco! — Ér... ér... Mãe. - começo cauteloso. — Por que essa coisa peluda nos braços? - minha mãe simplesmente está com um vestido azul brilhante com alguns detalhes dourados dando a volta no pescoço e embaixo dos seios. No rosto, um contraste. Embora exagerada, a maquiagem de minha mãe é clara. Nos pés, saltos azuis fechados, combinando com o vestido. Até aí, tudo certo. O problema é o projeto de echarpe que ela está usando junto do vestido.

— Porque eu tenho que arrasar nesse jantar! - dá uma rodadinha. "Argh! Mocreia velha!" NÃO FALA ASSIM DA MINHA MÃE! — Agora vamos! - diz pegando minha mão e me puxando quarto a fora.

Argh! Ninguém merece isso! "Você merece!" E eu posso saber o motivo de ser merecedor de tanta desgraça? "O motivo é sua vida ser extremamente tediosa, um pouco de loucura deve te fazer bem!" Já devia saber que você falaria alguma besteira. Quer saber? Vou te ignorar! "Não pode me ignorar, estou na sua mente." JÁ ESTOU IGNORANDO. "Já lhe disse que você é um tosco?"

Passamos pela sala e caminhamos em direção a porta. É, agora! Não tem mais volta... Casa lotada de gente louca, aí vou eu!

"Preparado para a loucura?" NÃO. NÃO, MESMO!