Tomoeda High escrita por Uma Qualquer


Capítulo 4
Trio




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Nos dias seguintes, Ciel Phantomhive não compareceu às aulas. Corria um boato de que havia adoecido com a mudança de país, o que não convenceu muita gente, ainda mais depois do desempenho do garoto na quadra de esportes. Porém os professores confirmaram a doença do garoto, e quando Sebastian-sensei em pessoa disse que ele levaria algum tempo para se recuperar, ninguém mais duvidou.

Nesse meio tempo, as provas bimestrais foram marcadas. O colégio entrou em pânico de modo geral, uma vez que aqueles exames eram temidos desde o início das aulas. Uma das matérias mais temidas era Aritmética, ministrada pelo chinês Lau-sensei. Era um professor jovem, exigente, sarcástico e impiedoso, que não poupava os menores erros e podia condenar seus alunos a horas de exercícios de revisão antes da prova. Naquele ano, Lau estava acompanhado por Sebastian-sensei como os professores mais exigentes. O britânico não era sádico como o colega de profissão, mas igualmente exigente.

Logo Sakura se viu perdida. Matemática nunca foi seu forte, e Língua Inglesa estava ficando pior para ela a cada aula. As amigas lhe ajudavam como podiam, mas mesmo Tomoyo, a mais aplicada delas, estava tendo dificuldades.

Certo dia a Kinomoto estava sozinha numa das mesas do pátio, tentando chegar ao resultado de uma enorme equação de segundo grau. Estava tão entretida que não viu Syaoran chegar, e quando ele lhe deu bom dia, a garota quase caiu do banco.

– Nossa, te dei um susto e tanto– ele sorriu. –Tudo bem?

Estava se acostumando àquele jeito estranho dela. No fim das contas, ele não sabia o porquê de tanto medo. Mas como a própria Sakura não parecia saber, resolveu não se incomodar com aquilo e continuar tentando se aproximar dela.

– S-sim– ela passou a mão pelos cabelos, sorrindo sem graça. –Eu tava meio concentrada demais, acabei não te vendo.

– Eu tô te atrapalhando?

– Não, na verdade, eu não ia conseguir resolver isso mesmo...

Ela olhou para o caderno e largou o lápis em cima da página, frustrada. Syaoran espiou a questão e deu um assobio.

– Essa daí é difícil mesmo– comentou. –Fiquei um tempão empacado nela ontem.

– Você... Conseguiu fazer? –Sakura indagou assombrada.

– Eh, acho que sim. Não sei se tá certo, mas geralmente eu não tenho problema nessa matéria.

– Sério? – o olhar dela era o de quem via uma luz no fim do túnel.

Logo os dois estavam estudando juntos. Syaoran ajudava Sakura com uma paciência e um prazer enormes. Quando Tsubasa lhe contou o que tinha feito, ele naturalmente agradeceu o irmão e achou que estaria tudo bem. Mas quando encontrou com Sakura no dia seguinte, viu a preocupação e a gratidão nos olhos dela, percebeu que estava tudo errado.

No fim das contas, ele ainda tinha ido atrás de Ciel e deixado a garota sozinha. Ela podia não ligar, mas ele nunca se perdoaria. E claro, não teve cara para tentar se aproximar mais dela. Ficar por perto era tudo o que podia fazer.

Pelo menos, até aquele momento.

Tsubasa os observava pela janela, no primeiro andar do prédio. Tinha uma expressão neutra no rosto, mas mesmo assim atraiu a atenção de Tomoyo, que passava por perto.

– Tudo bem pra você? –ela indagou num murmúrio, olhando lá para baixo.

Tsubasa fitou-a de soslaio. Conhecia Tomoyo por tempo suficiente para saber que ela pegava as coisas no ar. Esconder qualquer coisa dela era desnecessário.

– Olhe pra eles– respondeu. –Estão se dando bem agora. É só o que importa pra mim.

– Mesmo? Naquele dia, quando você me procurou na estação, eu não pensei que sua intenção era juntar a Sakura e o Syaoran-kun.

– Pois é. Acho que até você se engana com as pessoas, Daidoji-san.

– Pois é, né...

Tsubasa fitou-a incomodado. Mas ela apenas sorria pacificamente.

– Também me importo em ver a Sakura feliz, sabe. Mas não sei se o seu irmão é a pessoa certa... Pra falar a verdade, eu ficaria mais tranquila se fosse você. Tenho certeza de que faria tudo pra não magoar minha amiga.

O rapaz voltou a olhar para os dois lá embaixo. Suspirou conformado.

– Isso não sou eu quem decide– falou. –Mas fique tranquila, Daidoji-san. Meu irmão pode parecer meio avoado, mas é um cara legal. E se sair da linha ou fizer mal à Kinomoto-san, eu mesmo acabo com ele.

Percebeu o olhar silencioso de Tomoyo sobre ele. –Você também é um cara legal, Li-kun.

Devo ser mesmo, ele pensou depois que ficou sozinho. Ou acreditava nisso, ou aceitava que era apenas muito idiota.

Ciel voltou à Tomoeda uma semana antes das provas. Estava ainda mais pálido e mais franzino que antes, uma leve olheira sombreando o lado do rosto que seu cabelo não cobria. Havia chegado com um atestado que o proibia de exercer qualquer atividade física pelos próximos dois meses, o que deixou os gêmeos Li bastante desconfiados.

– De acordo com os resultados dos últimos exercícios, venho notando que esta turma tem uma grande dificuldade em minha matéria– Sebastian-sensei disse aos alunos da 4-O. –Para cada aluno que alcançou uma média razoável, dois ficaram abaixo da média. No entanto, há uma solução para este problema, e ela será posta em prática a partir de hoje.

Toda a turma foi separada em trios, nos quais um dos alunos com facilidade maior em Língua Inglesa ajudava dois alunos com dificuldades. O nível de conhecimento foi balanceado entre os estudantes, de forma que os dois alunos com a média mais baixa ficaram com aquele que tinha a média mais alta.

Ou seja, Kinomoto Sakura e Li Syaoran, com Ciel Phantomhive.

O arranjo obviamente desagradava o Li. Tanto pelo fato de estar ao lado do garoto detestável, como por ele estar, inconvenientemente, sentado entre ele e Sakura. A garota assistia a aula em silêncio, sem deixar de notar nem por um segundo a tensão crescente em seu trio. Por parte de Syaoran, pelo menos. Ciel mantinha uma expressão de tédio cansado no rosto, e parecia mal esperar para dar o fora dali.

A coisa se complicou quando os exercícios em grupo começaram. Sakura não conseguia responder as questões que cabiam a ela. Ciel não parecia disposto a orientá-los, e nem Syaoran parecia querer qualquer orientação.

– Não pense que vou fazer o que você me mandar– ele alertou. – Você não é o líder do grupo.

– Deixa eu adivinhar– Ciel bocejou. –Você é o cara. Quer saber, vocês dois, me entreguem as folhas e deixem que eu faço tudo. Só assim vou pra casa hoje.

– Não depois que eu te moer de porrada– Syaoran ameaçou entre dentes. Percebeu o olhar alarmado de Sakura e amenizou a expressão. –Tudo bem, Sakura-chan. A gente pode resolver isso juntos. Deixa esse moleque aí.

– A gente não pode... –ela começou a dizer, sendo interrompida por um risinho debochado.

– Sério? Sem mim, você nem saberia por onde começar. Nem saberia escrever seu nome. Tem um motivo para estar junto comigo, sabia?

– É– Syaoran revirou os olhos. –Seu “pai” não vai com a minha cara. Tô sabendo.

Aquilo teve um efeito melhor do que o esperado para Syaoran. O menino corou até as orelhas, murmurando com raiva:

– Ele... não é... meu pai!

Sakura assistia a tudo confusa. Para piorar, percebeu que aqueles dois já tinham chamado a atenção da sala inteira. Inclusive do professor.

– Pelo visto, fiz bem em reunir vocês– ele disse tranquilamente. –Já terminaram a atividade, certo, Kinomoto-san?

Ela estremeceu, olhando para aqueles olhos negros que a encaravam. Levantou-se devagar e se curvou diante do professor.

– Ainda... Não começamos, sensei– disse trêmula.

Alguns alunos riram baixinho, mas alto o suficiente para que Sebastian erguesse a mão para eles. E então, no seu tom mais calmo e amável, sentenciou o trio a uma detenção depois da aula.

– Acho que precisam entender que estar num trio exige trabalho em equipe– completou. – Espero que descubram isso depois da aula, ou uma nova detenção os aguarda. Quanto aos outros, por favor continuem seus trabalhos, a menos que também desejem uma detenção em seu histórico escolar.

Todos voltaram às suas atividades em silêncio. Syaoran não precisou ver o irmão para saber que Tsubasa o estava fuzilando com os olhos. Sakura aceitava a punição resignadamente. Sem culpar os companheiros, apenas disse que eles deviam começar escrevendo seus nomes nas folhas do exercício. Sem opção, Ciel finalmente abriu o livro de Língua Inglesa, resmungando baixinho que preferia estar assistindo algum canal da BBC naquele momento.

– Não precisa pôr o verbo no passado, se você já usou o ‘did’ – Sakura explicava a Syaoran no dia seguinte.

Como ainda era cedo para o rapaz ter a boa vontade de prestar atenção em Ciel, a garota pegava orientações com o menino e depois passava para ele. – Isso mesmo. Agora, é só fazer desse jeito nas outras questões.

– Cara– Syaoran resmungou. – Eu achava que um assunto que tem ‘simple’ no nome não devia ser tão difícil de entender.

Ela não reprimiu um riso, e ao ouvi-lo, Syaoran achava que aquela coisa de trio realmente valia a pena.

A aula seguinte era de Aritmética. Lau-sensei conferia as respostas do exercício de Sakura, que aguardava ansiosa o resultado. Para seu espanto, a maioria das questões estava correta.

– Uau– Chiharu comemorava o resultado da amiga. – Quem diria que tem o Syaoran-kun tem um lado cdf, hein?

– Se não fosse por isso, acho que eu estaria perdida – Sakura concordou.

– Acho que, por você, ele pode ser um cdf sem problemas. –Tomoyo riu da amiga, que corava furiosamente. –Ah, você sabe disso, não sabe? Com quantas garotas ele ficou desde que passou a andar contigo?

– Ninguém tem tempo pra isso agora, com as provas e tudo mais –a garota tentou argumentar, envergonhada.

– Bom, isso é verdade. Eu só vejo ele estudando agora. Com você, na maioria das vezes, mas estudando.

Tomoyo tentava não deixar Sakura ainda mais nervosa, mas não podia evitar. Não estava acostumada a ver Syaoran estudando tanto, mesmo na época de provas. A convivência com Sakura parecia estar colocando ele nos trilhos.

No último dia de aula antes da semana de provas, a garota conseguiu fazer Syaoran e Ciel pelo menos se falarem. Deu a desculpa de estar estudando outra matéria com as amigas e não poder ajuda-los no momento, tendo que deixá-los sozinhos.

– Bom, nosso tempo tá acabando– o Li se dirigiu ao garoto, meio impaciente. –Se não pode me ajudar, diga logo.

– Claro que eu posso te ajudar – Ciel deu de ombros. –E claro que isso não me agrada nem um pouco. Mas enfim, já que estamos aqui, melhor terminarmos logo com isso. Kinomoto-san investiu muito do tempo dela pra você estragar tudo com sua teimosia.

– Ou você, com a sua– ele replicou friamente.

– Que seja. Vamos, me mostre as questões que você ainda tem dúvidas.

Os dois ficaram imersos no assunto por quase uma hora, e Sakura notou encantada que nenhum dos dois havia matado o outro até então. Resolveu se juntar a eles, antes que aquela paz acabasse.

–Tudo bem por aqui? –indagou sorridente, sentando-se na cadeira ao lado de Syaoran.

– Sim, sim –Syaoran guardava os cadernos na maleta. – Ele até que sabe um pouco de inglês.

Ciel entendeu a ironia como um elogio e acenou com a cabeça. Havia se dado infinitamente melhor com Sakura, e sua educação britânica o levava a se comportar bem na presença da jovem dama. Ele levantou-se e apanhou a maleta, e curvou-se num cumprimento oriental aos seus dois companheiros.

– Bom– disse, em seu costumeiro tom solene. –Tenho que ir pra casa agora. Desejo boa sorte a você e a sua namorada nas provas.

Syaoran e Sakura se entreolharam, completamente sem graça. O garoto olhou para eles, desconfiado.

– Espera, vocês não são...

– Não– eles responderam ao mesmo tempo.

– Oh. – Ciel murmurou, intrigado. –Acho que me confundi então. Bem, até a próxima semana.

Eles continuaram em silêncio depois que o Phantomhive saiu, sem coragem sequer de olhar um para o outro. O clima só foi quebrado quando Tsubasa, Tomoyo e as amigas os chamaram para ir para casa. Os dois se despediram timidamente, e se separaram.

– Eu tô a fim dela– Syaoran murmurou de repente.

A iluminação lhe veio no fim de semana, enquanto treinava kendo numa sala vazia do templo. Tsubasa lia um livro, no outro lado da sala. Ele ergueu os olhos ambarinos para o irmão, voltando-os para o livro logo depois.

– Não me diga.

– É sério– ele enxugou o suor da testa. Atirou a espada de madeira para longe e se jogou no tatame, um ar sonhador no rosto. Quero ficar com ela. De verdade.

– Namorar, você quer dizer.

– Isso! Vou perguntar pra ela. Vou fazer isso assim que as provas acabarem.

– Ah, entendi. Você quer ela como prêmio de consolação. Porque vai levar bomba nas provas, e pelo menos não quer estar solteiro.

– Ela não é premio de consolação– Syaoran encarou o irmão, meio indignado. –Ela é... é mais que isso. É diferente das outras garotas. Antes eu achava que podia só ficar com ela e depois partir pra outra, como sempre. Mas não precisa ser assim, não com ela. Eu não ia precisar de outra mulher. E também, acho que não ia aguentar ver ela com outro cara. Acho que eu enchia ele de porrada.

Vou me lembrar disso, Tsubasa pensou.

– Acha que ela vai aceitar?

– Bom, a gente passou esses dias juntos e se deu super bem. Ela até riu das minhas piadas.

– Puxa, ela deve estar realmente na sua.

– Ah, cala a boca.

Sakura estava deitada no futon, olhando para o teto. O irmão tinha ido ao zoológico com um amigo, e tinha lhe chamado, mas ela não quis ir. Tomoyo e as amigas também estavam aproveitando o fim de semana fora de casa. Tinham lhe chamado para ir à praia com elas, mas Sakura recusou.

Não queria sair de casa. Não, enquanto não resolvesse aquilo.

Primeiro achou que estava doente. Mas não conhecia nenhuma doença que apertasse o coração e fizesse o rosto pegar fogo, sempre que pensava em uma pessoa. Aquilo estava mais para outra coisa, isso sim. As palavras de Ciel foram como um estalo dentro dela. “Namorada”... Ela nunca foi namorada de ninguém. Nunca beijou ninguém. Parando para pensar, em seus catorze anos, não havia conhecido ninguém que lhe despertasse a atenção daquele jeito.

Ficou horas na frente do espelho do banheiro, olhando para a garota do outro lado e se perguntando o que ia fazer. Falar com Syaoran? Fora de questão, ela não tinha coragem para tanto. Talvez uma garota como Chiharu, sempre tão cheia de iniciativa; mas não ela. Então, deveria esperar por ele? E se ele não se interessasse por ela? E se enjoasse dela e a deixasse, como fez com todas as outras garotas? Sakura conheceu algumas delas, e eram lindas; ela se sentia só uma caipira criançona perto delas. Também não entendia como alguém podia ficar com outra pessoa só por diversão. Então era certo, despertar aqueles sentimentos, aquelas sensações todas, e simplesmente trocar a pessoa por outra?

Aquilo se misturava dentro dela, deixando-a um tanto confusa e triste. Sentia-se inferior, tinha medo de ser rejeitada, de ser magoada. E quanto mais tinha medo, maior era a vontade de, ao menos, arriscar. Se, por um momento, pudesse segurar a mão dele, se pudesse abraçá-lo... Ela lembrou dos momentos que passaram juntos nas últimas semanas, quando sequer pensava nele daquele jeito. Pequenos detalhes, como o calor da presença dele, o perfume amadeirado que usava, o brilho constante em seu olhar. Era sempre tão confiante, tão decidido... Sakura lembrou de como ele não desistiu de se aproximar dela, mesmo que ela fugisse dele constantemente. Será que aquilo era um sinal, ou era só a teimosia dele em não se dar por vencido?

Rolou sobre o lençol, frustrada. Gostaria de poder conversar com alguém, mas quem? Não contaria a Tomoyo, por mais que adorasse a amiga. Aí, ela teria que explicar como foi que seu medo se transformou em... O que seria aquilo afinal? Não, fora de questão. Adorava Tomoyo, mas aquilo era particular demais. E ao mesmo tempo, ela sentia que ia explodir se continuasse guardando tudo para si.

Afinal teve uma ideia, e pegou a maleta em cima da escrivaninha. Remexeu ali até achar um bloquinho de anotações. Tinha páginas fininhas e uma capa de fibra trançada, cuja trama formava o desenho de uma raposa vermelha. Naoko havia encontrado o objeto numa feirinha de artigos místicos e deu de presente a Sakura, falando sobre um monte de superstições que o envolviam. Segundo ela, era um caderninho onde bruxas antigas anotavam feitiços. Também o usavam para se comunicar com almas penadas, ou até mesmo seu próprio inconsciente. A coisa das almas tinha assustado Sakura um pouco, mas ela aceitou o presente de boa vontade. Até então, não havia encontrado uma finalidade para o bloquinho; na falta de um diário, ele poderia lhe servir.

“Se eu pudesse conversar com a kaa-san... “

A mãe de Sakura faleceu quando a menina tinha apenas três anos. Não lembrava de praticamente nada dela. Mas por algum motivo, sabia que seria bem melhor se ela estivesse ali. Poderia acalmar suas preocupações, lhe dar um pouco de segurança. Ela pegou um lápis de ponta macia e começou a escrever.


A semana de provas foi bastante agitada.

Dessa vez, nem se quisesse Sakura escaparia das amigas. Como os alunos que terminavam a prova eram liberados, as garotas foram passear em diversos lugares. Na sexta-feira, quando foram a um parque de diversões, Ciel indagou se não podia lhes fazer companhia, o que elas aceitaram sem pestanejar. Ao ver quem as acompanhava, os gêmeos Li decidiram que não podiam deixa-las com o menino.

Nos outros dias, elas sempre iam sozinhas a praças, o cinema ou o shopping, encontrando com um ou outro colega da Tomoeda por lá. Mas os Li nunca foram vistos por perto. Sakura não sabiam bem se aquilo lhe deixava aliviada ou aflita. Nas poucas vezes em que pôde falar com Syaoran, entre uma prova e outra, ficou tão nervosa que quase saiu correndo, como costumava fazer. O que a intrigava era que ele também não parecia tão despreocupado como antes. Começou a imaginar se ele não desconfiava que ela estava gostando dele, e se isso não o deixava meio perturbado. A hipótese a deixou ainda mais frustrada, levando-a a buscar mais as amigas para tentar esquecê-lo por enquanto.

Mesmo sabendo que não ia conseguir.

Ciel já parecia um pouco mais saudável, embora a palidez natural da pele ainda fosse a mesma. Tinha os pulsos cheios de braceletes de bandas famosas, o que despertou o interesse de Tomoyo, que adorava música. Ambos iam conversando muito entretidos, enquanto Chiharu desabafava com Naoko e Rika suas decepções com Yamazaki, com quem aceitara namorar na semana anterior.

– Ele podia pelo menos me ligar– ela dizia indignada. –Não é como se a gente vivesse em cidades diferentes, mas poxa, Tokyo é um lugar perigoso. Será que ele não pode pelo menos me avisar que chegou em casa vivo?

– Isso é exagero– Naoko opinou.

– Isso é preocupação, querida– Chiharu retrucou. –Algo que aquele desgraçado não anda merecendo nem um pouco.

Rika ouvia em silêncio, e então percebeu que uma de suas amigas estava bastante ausente, embora estivesse bem ao seu lado.

– Tudo bem, Sakura?

Ela ergueu a cabeça para a outra e sorriu, constrangida; estava tão imersa em seus pensamentos que nem lembrou que estava ali para se divertir com as meninas.

– Estou sim, Rika, foi mal– murmurou. –Essa semana foi cansativa demais, você sabe, não é...

– Então descansa, oras– Naoko disse. – Ah, olha, não são os Li?

Ela se virou e viu, entre as pessoas que circulavam ao redor dos brinquedos, a silhueta idêntica dos irmãos. Mesmo àquela distância podia distinguir Syaoran, e mesmo vendo-o dali de onde estava, seu coração disparou loucamente.

O rapaz reparou nela, e então Tsubasa chegou perto dele.

– As provas acabaram– disse ao irmão.

– É, eu sei, gênio– ele respondeu, os olhos voltados para a garota.

– Então, o que está esperando? Que ela se jogue em seus braços?

– Já te falei que você é um pé no saco?

Ele lançou um sorriso para Sakura, e finalmente decidiu ir até ela.

Ia tão distraído que, se estivesse atravessando uma rua, poderia muito bem ser atropelado. Mas o que passou por cima dele não foi um carro, e sim uma garota de pele clara e longos cabelos negros, presos em marias-chiquinhas. Se jogou nos braços de Syaoran, de um jeito que o fez cair no chão. Ela sentou-se satisfeita no colo dele, enquanto o rapaz grunhia de dor nas costas.

– Te peguei –ela cantarolou baixinho.

Debruçou-se sobre o rapaz e, para a surpresa de Sakura, beijou-o na frente de todo mundo.


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Notas finais do capítulo

Aos que estão lendo e acompanhando, meus sinceros agradecimentos! Caso possam deixar alguma opinião, duvida, crítica ou sugestão, aceito com prazer!
Té maisinho :*



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