– Está gravando? – perguntei para o Tony.

– Está. – respondeu Tony.

– Ótimo. Onde está meu celular? – procurei o celular no bolso – Achei. – desbloqueei ele e fiz dele uma lanterninha. – Me dê a câmera aqui. – Tony me deu a câmera – Bem pessoal, – eu dizia com a luz do celular em baixo do rosto – estou gravando os bastidores daqui do pedido de noivado da mamãe que vai acontecer daqui alguns minutos. – virei a câmera para o Tony e coloquei o celular em baixo do rosto dele – Tony o que está achando dessa surpresa?

– Eu estou impressionado, Florzinha. Bruce é um cara legal que considero meu irmão e será um prazer receber Katherine na família.

– Legal. Você acha que ela vai chorar? – eu perguntei rindo.

– Pelo pouco que eu a conheço? Sim. Vai chorar e vai chorar MUITO.

– Claro.

Sai de perto dele e fui procurar o Loki.

Quando eu o encontrei fui entrevista-lo.

– O que acha que vai acontecer aqui? – eu perguntei a ele colocando o celular aceso em baixo do rosto dele.

– Acho que sua mãe... Vai chorar muito. E o Bruce está bem nervoso! Eu acabei de conversar com ele.

– Onde ele está? – perguntei curiosa.

– Vem.

Ele pegou na minha mão e me levou até o quarto do papai.

Papai estava sentado na cama.

Ele estava vestido um terno azul marinho com risca de giz. Sapatos reluzentes até mesmo no escuro.

– Papai. – chamei – Está tudo bem?

– Está. – ele respondeu meio desanimado – Só estou com medo de ela não corresponder.

– Não diga isso papai. Ela vai corresponder sim.

– Está gravando isso, não está?

– Está. Está gravando.

– Claro. Eu lhe dei a câmera para gravar. – Ele murmurou baixinho. Cheguei mais perto dele e coloquei o celular em baixo do rosto dele – Sabe, eu amo sua mãe. E-ela me ajudou muito e você é a prova viva do nosso amor, querida.

Meu celular começou a chamar.

Pepper.

Atendi e coloquei no viva-voz.

– Alô? – eu disse.

– Oi querida! – disse Pepper um pouco preocupada – Já estamos saindo daqui do shopping! Comecem a preparar tudo aí! Daqui uns 20 minutos nós chegaremos aí!

– Ok. Obrigada Pepper.

Desliguei o celular e fui procurar a vovó.

– Vovó! – eu dizia ofegante – Vovó! Daqui 20 minutos elas chegam!

– Meu Deus! – vovó respondeu assustada – Já terminaram com as flores?

– Já! – algumas garotas que eu não conheço responderam.

– Muito bem. Então já vão se posicionando. Alice e Monica fiquem na porta. – as meninas pegaram os arranjos de flores e foram para a porta – Marcela e Sandra fiquem no meio. – elas foram para o meio – Caroline e Julia vocês ficam no final. – elas obedeceram – Onde está aquele seu amigo maluquinho?

– Q-quem? – eu perguntei.

– Aquele que todo mundo fala que é maluco.

– Ah, o Loki. E ele não é meu amigo, vovó! Eu já disse que ele é meu namorado! Espere aí que eu vou procura-lo.

– Não vai mais. – disse Loki atrás de mim me assustando.

– Seu maluco! Eu já disse pra você não fazer mais isso.

– Você vai pegar o tapete vermelho enrolado ali – dizia vovó para o Loki – no canto. Quando se acenderem as luzes você vai entrar por aqui, – ela disse apontando para a porta dos fundos – vai dar 3 passos e vai desenrolar o tapete até a porta da entrada da sala, ok?

Ele ficou meio sem entender.

– Ok. Senhora... Ahn...

– Ikeda. – completou vovó ficando com a postura reta.

– Ikeda. – ele repetiu e vovó saiu de perto da gente – O que é pra eu fazer?

Expliquei de novo para ele e então ele entendeu.

– Entendeu agora – eu perguntei para ele.

– Entendi. Mas espere... como vou desenrolar o tapete sem sair do lugar?

– Você vai pegar na ponta dele, jogar um pouco para trás e depois joga com força para frente. Entendeu agora Homem-Rena?

– Entendi. – ele respondeu com frieza.

– Não gosta que te chamem de Homem-Rena?

– Não.

– Por quê?

– Eu não sou uma rena. Eu sou...

– “um deus.”. – eu o interrompi – Ahrg! Fique quieto.

Sai de perto dele o deixando falando sozinho, subi as escadas e fui para o quarto da mamãe junto com Tony e papai.

– Hey. – eu disse.

– Hey Florzinha. – Tony respondeu.

– Hey. – respondeu papai um pouco mais animado.

Tony estava na janela da varanda do quarto da mamãe olhando para fora.

– Vejo que está ansioso Tony.

– Estou mesmo. – o carro da mamãe para no portão em frente à casa. – Ela chegou! Desça e avise que ela está chegando!

– Ok. – desci as escadas correndo e quando cheguei na sala gritei – Ela está chegando gente! Vamos! Loki! – fui andando em direção a ele – Pegue o tapete. Onde estão as meninas?

– Aqui! – elas gritaram juntas.

Todas eram loiras com o cabelo no meio das costas e olhos azuis. Muito azuis. Como eu não as conheço, digo que são gêmeas. Tipo as seis. Como se fala mesmo quando são seis gêmeas? Sêxtuplas? Argh, você entendeu o que eu quis dizer.

– Ótimo. Loki fique onde a vovó mandou você pelo amor do Pai de Todos!

– Ok. – respondeu Loki.

– Pepper. – dizia Tony no telefone – Por que você não vem? – ele parou de falar por um momento – Ah sim. Ok. Eu entendi errado. Me desculpa? Eu também te amo. Até.

– O que foi? – perguntei para ele.

– Pepper me disse uma coisa e eu entendi outra. Estou ficando meio surdo.

– Acho que é o nervosismo.

– Ela está saindo do carro. – alguém disse.

– Ok pessoal – disse Tony – fiquem quietos e se escondam!

– Aonde você vai? – perguntei.

– Acender as luzes.

– Tá bom.

Mamãe abriu a porta. Tony acendeu as luzes e Loki desenrolou o tapete vermelho do jeito que eu ensinei para ele.

Ele aprende rápido., pensei.

Mamãe estava sem entender nada. Ela fazia uma cara tipo: “O que diabos está acontecendo aqui?”.

As meninas entraram e colocaram os arranjos de flores conforme vovó pediu.

Eu estava gravando tudo. Não perdia um só detalhe.

Papai desceu as escadas da direita. Ele parou no final do tapete e pediu para mamãe ir até ele.

Eu pedi para vovó se esconder porque eu queria que fosse um dos dias mais perfeitos da vida dela.

Ela foi caminhando até ele. Naquele momento além dos meus pais e eu estavam na sala Tony, Loki e as garotas gêmeas. Ou sêxtuplas. Tanto faz.

Quando mamãe chegou na frente do papai senti meu coração saltar pela boca.

Mamãe parou na frente do papai. Papai começou a falar.

Me aproximei mais para captar bem o áudio e depois na gravação entender o que eles estavam falando.

– Katherine, – começou papai – desde a primeira vez em que eu te vi, senti uma coisa diferente por você. Eu nunca senti nada tão forte por outra mulher do que eu sinto por você agora. O fruto da nossa paixão nasceu há 16 anos e está ali. – ele apontou para mim – Foi por causa daquela garotinha que eu não me esqueci de você durante os anos em que você se foi. E é por causa dela que eu estou fazendo isso. – ele tirou uma caixinha coberta de veludo azul de dentro do bolso do terno, se ajoelhou e abriu a caixinha. Mamãe já estava chorando – Você... Aceita se casar comigo?

Mamãe colocou as mãos na boca e começou a chorar mais.

– E-eu a-aceito.

Papai se levantou, tirou o anel da caixinha, colocou na mão da mamãe e eles deram um selinho.

– Vem. – papai disse se virando para trás.

Vovó saiu de dentro de uma sala em que ela estava e veio em direção à mamãe.

– Mamãe!? – dizia mamãe – MAMÃE! – ela começou a chorar e correu para a vovó e a abraçou.

Eu admito. Estou segurando as lágrimas até agora por que: papai pedindo a mamãe em casamento, eu ser o motivo da paixão deles, Loki virou meu namorado há um tempinho atrás, o show do AC/DC no dia anterior, vovó... Estou louca de alegria aqui!

Elas ficaram abraçadas por alguns segundos. Quando elas se soltaram vovó disse:

– Esse cara, – ela apontou para o papai – é o cara certo para você casar. Deus sabe – ela olhou um pouco para cima com os olhos cheios de lágrimas – quantas vezes eu chorei por você não ter achado alguém bom para casar. Deus sabe minha filha.

Mamãe abriu um sorriso.

– Você acha mesmo que vai ficar nisso, não é? – vovó disse deixando mamãe confusa – Nana-nina-não! Maluquinho! – ela disse para o Loki.

– É Loki. – Loki disse.

Loki estalou os dedos e desceu um globo espelhado mais ou menos assim: (link: http://www.viniloband.com/web/images/stories/fondos/06.jpg)

E começou a tocar uma música muito animada.

Adivinhe qual?

Get Lucky do Daft Punk.

E-eu simplesmente amo essa música.

Depois de um tempo várias pessoas começaram a sair de todos os cômodos. A maioria das pessoas eu conhecia.

– Já pode parar a gravação Florzinha. – disse Tony.

– Espere. – eu disse.

Virei a câmera para nós dois e disse para ele:

– No três. Um... Dois... Três!

– Felicidades Kath e Bruce! – nós dissemos juntos. Eu parei a gravação e desliguei a câmera.