Peguei a mão dele e fui guiando ele até uma loja de sorvetes que ficava na 53ª Avenida praticamente atrás dos estúdios do Late Show.

– Para onde está me levando? – perguntou Loki.

– Para a sorveteria. – respondi.

– Onde?

– SOR-VE-TE-RI-A! Sorveteria! Quer que eu soletre?

– Sim.

– S-O-R... Argh!

Caminhamos mais um pouco e chegamos à sorveteria.

Sentamos no fundo da sorveteria. Depois de um tempo uma atendente veio.

– O que desejam?

– Um sundae de morando para mim e outro de chocolate para ele, por favor. – eu disse.

– Você é filha do...

– Hulk. Prazer. – eu interrompi a atendente.

Ela me olhou com uma cara como se dissesse “Ok senhorita Banner. Já trago os sundaes.”.

Ela se virou e foi trazer os sundaes.

– Tem dinheiro para pagar? – perguntou Loki.

– Acha que meu pai não me dá dinheiro?

Ele não respondeu. Ficou parado me olhando com fúria.

– Que foi? – eu perguntei. – Por que você está com raiva?

– Eles não aceitam a ideia de eu dominar Midgard.

– Mas você nem comentou nisso! E sane-se o que eles pensam. – eu passei a mão no rosto dele.

Ele segurou em minha mão e abaixou a cabeça se apoiando em minha mão.

– Cadê o sorvete que não vem logo?

– Calma Loki. Você está muito impaciente hoje.

– Eu estou é preocupado com você.

– Por quê? – A cabeça dele caiu da minha mão.

– Aquela coisa... Que falou com você em latim... O que ela disse?

– Ela disse que eu não iria escapar dela e que quando menos eu esperar ela vai me levar. Você não entende latim?

– Não. Não entendo línguas que nasceram antes de mim.

– Então você não entende grego antigo?

– Não. Aquelas letras, ou seja lá o que for, voam para fora do papel parecendo andar de skate. Sério.

Depois de um tempo os sundaes chegaram.

– Aqui estão seus sundaes. – disse a atendente colocando os sundaes na mesa.

– Quanto fica? – perguntei.

– Os dois ficam 8 dólares, senhorita Banner.

Quando ela falou “senhorita Banner” sua voz se transformou na mesma voz em que ouvi enquanto tomava banho ainda hoje. Meus olhos se arregalaram um pouco, senti minhas mãos começarem a tremer. Loki percebeu.

– Querida. – dizia ele – O que foi?

Eu não respondi. Apenas peguei os 8 dólares, entreguei para ela e comecei a tomar meu sundae.

– O que foi Genevieve? – Loki perguntou preocupado.

– A voz daquela mulher... se tornou... a mesma voz... que veio me incomodar.

– Como era essa voz?

– Parecida com a do Laufey, porém ainda mais retorcida.

Ele ficou confuso, mas começou a tomar o seu sundae de chocolate que eu escolhi para ele.

– Como sabe que eu gosto de um leve toque de chocolate nesse tipo de comida?

– Eu só... sei, Loki.

Ele abaixou a cabeça. E se eu vi direito vi um leve sorriso em seu rosto.

– Olha. – Loki dizia me cutucando – Olha. Ali em pé na porta.

Eu olhei para a porta. Tony, meu titio procurando alguma coisa ou alguém.

Esperei ele olhar para o lado onde eu e Loki estávamos sentados e acenei com a mão.

Ele viu e veio em nossa direção.

– Oi Florzinha! – disse Tony se sentando do meu lado e entregando a câmera de volta para mim.

– Oi Tony!

– Você está bem? Como foi a entrevista?

– Foi tranquila. Esse aqui – eu apontei para o Loki – ficou bravo porque – eu fiz um desenho de aspas com as mãos – “eles não gostaram da ideia de eu governar Midgard”– abaixei as mãos – E eu contei para o Dave que ele invadiu meu quarto e estava folheando meu diário.

– Você contou? – perguntou Tony.

– Sim.

– E o que ele disse?

– Ele ficou pasmo e pediu para eu explicar. Eu não consegui explicar... – tomei mais um pouco do meu sundae – direito, mas depois que ele entrou ele disse que só queira me proteger.

– Ai que fofinho! – Tony disse com certo tom de ironia. – O Homem-rena protegendo minha Florzinha! – ele disse olhando para o Loki – Que gracinha!

– Tony, – eu disse – sua entrevista foi IN-CRÍ-VEL!

– Você assistiu?

– Claro. Assisti tudo por uma porta que fica atrás dos estúdios do show. Loki estava comigo. Ele riu bastante até. Eu achei... – tomei um pouco de sundae – estranho porque ele não é de rir do que um Vingador fala. A não ser que seja que esteja o ameaçando de morte. Quer um sundae Tony?

– Eu quero. – ele chamou uma atendente – Eu quero um de baunilha. – ele disse para a atendente.

– Claro senhor Stark.

Quando ela falou “senhor Stark”a voz dela se retorceu como na vez em que a outra atendente disse meu nome.

– Quanto custa?

– 4 dólares.

– Hmm. – ele deu o dinheiro a ela.

Quando ela saiu de perto da nossa mesa eu virei para os dois e disse:

– A-a voz dela... – engoli seco – Se... Se retorceu!

– O quê? – disse Loki. – Aquela coisa está te perseguindo...

– Desde a hora em que estava tomando banho. – nós dizemos juntos.

– Do que vocês estão falando? – perguntou Tony muito confuso.

Eu e Loki nos olhamos e contamos o que estava acontecendo.

– Eu acho que sei o que é.

– Como assim “o quê”? – eu perguntei.

– Eu só sei.

Nesse exato momento as portas e janelas se fecharam sozinhas com uma força supersônica.

– Ai. – eu murmurei.

Todos os atendentes e os outros clientes continuaram a fazer o que estavam fazendo como se nada estivesse acontecendo.

– Mas o quê... – Loki sussurrou – O que está acontecendo?

– Eu não sei. – eu sussurrei.

O gerente saiu de dentro de uma sala no fundo da loja e veio em nossa direção.

Eu o reconheci. Richard Brunner. O ex-namorado da mamãe. Comecei a tremer e suar frio.

– Genevieve Ikeda. – ele disse com certa ironia. Sua voz era a mesma que me perturbou durante o meu banho. Loki quis se levantar e fazer alguma coisa contra ele, mas eu o impedi – Terceira vez que eu lhe vejo. Da primeira você saiu ilesa, a segunda hoje pela manha também, mas creio que agora não sairá viva. Nem você, – ele olhou para o Tony e para o Loki – nem seus amigos.

Então foi ele que mandou as coisas hoje pela manhã. Mas que filho da...

– O quer que eu faça? – eu disse abrindo os braços – Que eu me mate? Que eu mate minha família? VOCÊ – eu apontei para o nariz dele – sua coisa imunda arruinou a vida da minha mãe e por SUA causa ela quase me abandonou. – ele me levantei – É VOCÊ sua coisa imunda desgraçada, que não vai sair daqui ileso. Nem você, – olhei em volta da sorveteria – nem seus amigos.

– Ora vejam só pessoal! – ele disse rindo. Os atendentes riram junto com ele – A senhorita Ikeda está revoltada. DAQUELA VEZ SUA VADIA, VOCÊ SÓ SAIU ILESA PORQUE ELE – ele apontou para o próprio corpo – CONSEGUIU ME DOMINAR E DEIXOU VOCÊ SAIR DAQUELE LUGAR! VOCÊ MERECIA MORRER ALI MESMO! VOCÊ NÃO MERECE ESTAR VIVA! NEM VOCÊ NEM SUA MÃE!

– Sim. – eu disse me levantando e fazendo Tony e Loki se levantarem – Mas da próxima vez que for matar alguém, veja se ela não está acompanhada por um deus. AGORA! – eu gritei para o Loki.

Loki fez a gente se teletransportar para fora da sorveteria.

BOOM!

A sorveteria explodiu.

Loki, Tony e eu caímos no chão instantemente para nos proteger de cacos de vidro e do fogo.

– Sabia que aquilo ia acontecer? – perguntou Tony.

– Sabia. – eu respondi – Não me pergunte como, mas sabia.