Sem um porquê escrita por Tia Cárie


Capítulo 5
Bonecas e canela


Notas iniciais do capítulo

que porra de título é esse, Karina?
(leiam com atençãaao)



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Miiko estava linda para o casamento da tia Melina. Tipo, muito. Pra caramba. Aquela saia azul-marinho de pregas, com aquele suspensório, camisa branca e meias 7/8 pretas. Sobre as meias: já vi muita gente chamar de meia de puta, que é preciso cuidado para usar uma daquelas, que é necessário ter pernas finas e longas... Mas porra, a Miiko ficava gata demais com uma daquelas. Seu saltinho azul como a saia parecia o de uma boneca e tinha até um lacinho. Realmente, ela parecia mesmo uma bonequinha de porcelana com seu rosto delicado e postura correta. Bem, mesmo que o salto fosse baixo, todo salto precisa de certa boa postura. Miiko a conseguia facilmente se quisesse.

Minha tia Melina foi à nossa casa um dia para jantar e conversar com meus pais sobre o casamento e sei lá e reclamou de algumas coisas, fazendo algumas exigências: que Miiko melhorasse sua postura (incrivelmente ela foi convidada. Parecia ter virado realmente parte da família para estar lá também, assim como o namorado da Kaoru) e se portasse como uma legítima “dama”; que Kaoru ajudasse nossas primas com suas maquiagens; que papai não saísse conversando com todo mundo e perdesse o horário de entrar na igreja. Para a mamãe não pediu nada, mas para mim... “Não quero esse tanto de brincos e coisas penduradas em você. Muito menos esse cabelo esquisito. Não quero ninguém aparecendo mais do que eu naquela igreja, estamos entendidas?”. Tia, entenda, eu não faço isso porque eu quero aparecer mais que a noiva, sabe. Eu faço isso porque gosto, porque EU acho bonito, não porque quero que olhem para mim. Eu realmente não quero que olhem para mim, mas se fazer o que eu quero com o meu corpo implica olhares, não posso fazer nada. É claro que eu não falei isso, como sempre, eu nunca consigo. Ela também falou da minha altura, que não queria que eu usasse salto. No final, apenas argumentei que meu vertical labret não tinha cicatrizado e que teria que ficar pelo menos com ele. Ela disse que tudo bem, desde que fosse o único. E quanto à cor do meu cabelo... Preto. Me obrigaram a pintar de preto. Eu tinha acabado de retocar o verde-água. E sim, doeu ter que voltar à uma cor normal tão cedo. Miiko me disse para deixar uma mecha colorida, e foi o que fiz.

Enquanto Miiko estava linda para o casamento, eu não tinha a menor vontade de sair de casa. Vestido velho tomara que caia laranja com uma saia plissada da formatura do Ensino Médio da Kaoru (pois é, as meninas da turma dela decidiram usar vestidos curtos). Sapatilha bege. Cabelo liso e dividido certo, escondendo a parte raspada. Franja presa com uma presilha prata. Um único par de argolas de ouro nas orelhas. Mesmo delineado de sempre nos olhos. Lip tint nos lábios somente para dizer que me esforcei na maquiagem.

– Vamos, Ruri, ajeita essa postura. – Miiko deu um tapinha nas minhas costas, fazendo com que eu colocasse meus ombros para trás. – É só um casamento de parentes, vai ficar tudo bem...

– Eu não consigo respirar. Como a Kaoru coube nisso? Meu cabelo tá uma merda e eu sinto que essa sapatilha ainda vai encher meus pés de bolhas.

Miiko fez uma cara de “parentes são chatos mesmo”, o que meio que contrariava o que havia dito antes. Desistiu da encenação.

– Se você prometer se comportar e não fazer essa cara de quem tá morrendo, eu te dou algo no final. – Miiko sorriu. Planejava algo, com certeza. Aquele sorriso de peste não era por nada.

– Tá, tá, mas estar assim é horrív-

– Cala a boca, você é gata.

Corei. Miiko riu e abriu a porta do quarto para a mamãe, que já estava se irritando com o tanto de tempo que provavelmente a deixamos batendo na porta. Estava linda com seu vestido longo vermelho e o cabelo castanho-escuro preso em uma trança escama de peixe.

– Até que enfim! Estão pronta... – desistiu da pergunta quando olhou melhor para nós. – Vocês estão tão bonitas... Miiko, você parece uma boneca!

Miiko assentiu agradecendo e saiu saltitando do quarto. Peguei minha bolsa com meu celular no balcão e a segui. Mamãe fechou a porta atrás de mim pedindo para que nos comportássemos.

///

A igreja onde o casamento da tia seria não era grande, então a decoração não estava tão carregada. Alguns panos brancos e azul-bebê. Arranjos de flores brancas e azuis do lado dos bancos no corredor. Se fosse só assim seria bom, mas o lugar já estava cheio de parentes e provavelmente de parentes do noivo, porque tinha muita cara lá que eu nunca tinha visto na vida. Foi olhando por aí que avistei Kaoru, com seu cabelo lilás solto e escorrendo pelos ombros nus que o vestido verde-musgo não cobria, acenando perto da porta enquanto cuidava de algumas crianças e pré-adolescentes. Olhei para Miiko e perguntei, mesmo já sabendo a resposta:

– Você espera aqui ou quer lá falar com a linda irmã da sua amada amiga?

– É claro que eu vou junto. Você não vai me largar no meio dessa gente, não é? – Miiko pegou a minha mão.

Aquela gente ficava nos olhando. Olhares de espanto e até desprezo dos dois lados da família. Acho que eu deveria já ter me acostumado a andar assim com a Miiko, mas sempre era desconfortável ter tanta gente encarando. Vovó parou de conversar com outro senhor quando passamos por ela e sorriu. Miiko levantou a mão que segurava a minha, como se acenasse, no caso, por nós duas. Vovó ficou com uma expressão confusa por um segundo, como se pensasse “elas são um daqueles casais que vivem aparecendo na TV agora? Aqueles, homossexuais... Não! Não pense nisso!”. Continuamos desviando de rostos desconhecidos e mulheres com o rosto escondido embaixo de camadas e camadas de maquiagem até chegar às crianças que entrariam com a noiva e levariam as alianças até o altar.

– Tia! Por que o seu cabelo já é branco? – uma das garotas que tinha seu cabelo sendo arrumado por Kaoru apontou para Miiko, com uma careta pela minha irmã tê-lo puxado, a repreendendo mesmo estando rindo. Miiko fechou o punho e fez aquela cara de “eu vou matar essa criança”. Olhando em volta, tentei mudar de assunto. Eu perguntaria se ela precisava de ajuda, mas minha irmã já estava novamente com a postura ereta.

– Seu namorado não vem...?

– Ele veio. – apontou o garoto de cabelos cor de mel com quem saía. Estava com uma camisa social branca, com um jeans preto e All Star também preto. Conversava e ria com outros garotos, tão velhos quanto, eu diria com dezoito anos, vinte anos. – Só que diferentemente de certas namoradas – olhou para a baixinha ao meu lado - encontrou alguns... Qual seria a palavra? Hm... – ficou com uma expressão pensativa, olhando para cima enquanto franzia as sobrancelhas, tentando lembrar. Desistiu: – foda-se a palavra, ele arranjou companhia e me largou aqui com as crianças. E não faça essa cara, está tudo sobre controle aqui.

Mesmo que sua voz parecesse normal, Kaoru olhava sob os cílios para a mão da Miiko, que estava brincando com meus dedos, entrelaçando os dela com os meus e fazendo o contrário em seguida, desentrelaçando-os. Miiko olhava para o alto, para o teto, onde haviam desenhos desbotados de anjos e essas coisas. As crianças pareciam escolher quem começaria pegando no pega-pega que planejavam. Os pré-adolescentes conversavam entre si sobre assuntos aleatórios dos quais eu nem prestei atenção.

– Não, vocês não vão sair correndo por aí porque se alguém voltar aqui chorando para a Kaoru que estragou o penteado que ela fez com todo o carinho e dedicação eu vou fazer vocês atravessarem esse corredor com ele desgrenhado, entenderam? Pois então tratem de ficar bem calminhas e paradas conversando. Olhem que lindo exemplo... – Kaoru apontou as garotas maiores, que mexiam nos cabelos, provavelmente tentando ajeitar algo que não gostaram, tipo uma presilha ou um elástico puxando fios e as incomodando. Uma tinha a altura da Miiko. – Eu achei que vocês já fossem maduras o bastante para entender que é assim. Céus, estresse dá rugas e eu não as quero tão cedo.

– Tem certeza de que tá tudo bem aqui? – perguntei. – Eu posso dar um jeito nisso ou ajudar com alguma coisa...

– Não, não precisa. Achem um lugar para sentar, eu dou conta dessas pestes. Não deve ser muito diferente de uma Miiko, não é?

Miiko apertou de leve a minha mão.

– Certo... Boa sorte com eles, Kaoru. – falei, antes de ir com Miiko até um dos bancos e esperar até a cerimônia começar.

Miiko sentou-se ao meu lado e ajeitou sua cabeça em meu ombro. Ok, até aí tudo bem. O problema é que ela dormiu o tempo todo e não acordava quando tínhamos que ir para a festa (ah, tia Melina e seu marido decidiram não viajar, e sim fazer uma festa, como garotas de quinze anos tomam a decisão de não viajar por uma festa ser “melhor”). Mamãe insistiu em ficar a balançando e a chamando que depois de um tempinho ela abriu os olhos. Já eu, durante a cerimônia vegetei enquanto brincava com a joia do meu vertical labret, puxando para cima e para baixo, mordendo e ajeitando de volta.

Praticamente todos já haviam saído quando Miiko acordou. Papai falava com o namorado da Kaoru quando íamos para o carro com a mãe. Falou que os queria na festa, que não se desviassem do caminho ou algo assim. Kaoru riu e acenou para ele, que já entrava no carro.

– Espero que tenha coisa boa pra comer lá, porque eu não acordei pra nada. – Miiko disse, se espreguiçando ao meu lado.

– Preferia ficar dormindo na igreja?

– Seu ombro é confortável, não vejo porque não.

– Bem, eu não aguentava mais um minuto naquela igreja, vamos comer. – disse papai, ao bater a porta do carro.

///

Os noivos, já casados, recepcionavam os convidados, com abraços, apertos de mão e beijos para lá e para cá. Miiko passou reto por eles, no meio de outras pessoas e nos esperou lá dentro. Tia Melina estava tão feliz e concentrada no que fazia que não notou a falta dela.

A decoração do salão de festas estava bem parecida com a da igreja. Algumas mesas tinham toalhas brancas e outras azuis, mas todas tinham vasos com rosas brancas. Cada mesa tinha os nomes de quem deveria sentar lá. Encontramos a nossa e sentamo-nos. As cadeiras eram relativamente altas, então Miiko quase não encostava seus pés no chão.

Enquanto eu observava em volta, papai começava a ficar preocupado sobre como Kaoru não tinha chegado ainda. Mamãe tentava acalmá-lo, mesmo rindo, dizendo que qualquer coisa que ela fizesse, ela já teria idade o suficiente para fazer o certo e essas coisas. Miiko cutucou meu braço esquerdo.

– Parece ter mais gente aqui do que na igreja, não é?

– Verdade...

Esticou-se, chegando mais perto de mim para sussurrar em meu ouvido:

– Por que o tio pai não aceita logo que a sua irmã não vem?

– Ele é assim mesmo, acostume-se. – respondi baixinho.

Depois de um tempo, o casal que estava dando a festa se pronunciou, falando sobre como estavam felizes naquele dia lindo, sobre os problemas que passaram para conseguir tudo e tal. Depois acho que quem falou foram os pais do marido, porque eu não conhecia aquelas vozes. Papai ainda não havia sossegado e queria sair procurar por Kaoru e isso estava irritando mamãe, que não se irritava fácil.

Comemos um pouco mais tarde e depois começaram as músicas. Primeiro os noivos dançaram valsa, tocada por alguns violinistas em um dos cantos. E então vários outros casais começaram a se juntar a eles na dança e acabou que a maioria das pessoas (e as crianças) estava dançando. Menos os da nossa mesa. Papai irritava a mamãe com a sua preocupação provavelmente desnecessária.

– Meninas, podem ficar aqui? Nós já voltamos. Preciso ter uma conversa com esse homem. – Bateu no ombro do meu pai, que levantou junto com ela. Mamãe o empurrava para fora, já praticamente dando uma bronca nele.

– Tá bom. – Miiko sorriu e virou o rosto para me olhar. – Parece-me que alguém está cumprindo uma certa promessa muito bem.

Já tinha quase esquecido. Ou eu nem havia prestado muita atenção mesmo.

– Acostuma um pouco.

– Então, tá vendo aquela porta? – apontou uma porta estreita do outro lado do salão. – Parece aberta. Será que é por lá que eles levam o lixo para fora? Se for, deve ser os fundos, então acho que ninguém daqui de dentro vai querer sair desse ambiente confortável e aconchegante para ficar do lado de uma lata de lixo. Logo, é pra lá que a gente vai, já que eu não quero ter de lidar com velhos olhando para nós e fazendo escândalo. Além do mais, você também não reagiria muito bem na frente de toda essa gente. – pulou da cadeira e ajeitou as pregas da saia.

– E o que a gente faria lá, dona Miiko?

– Isso é segredo por enquanto. Vamos, levanta daí.

Coloquei-me de pé e Miiko nos guiou pela multidão até o lado de fora daquela porta. Miiko não estava totalmente errada: a porta estava realmente aberta; eram os fundos do lugar, mas nada de lixo. Apenas um muro alto e cacos de vidro incrustados no topo do cimento. Era uma passagem de um lado ao outro ou apenas um espaço inútil que existia por existir. O céu estava limpo e cheio de estrelas.

– Pode falar agora, amada amiga. – pedi, me apoiando na parede, olhando para ela, que jogava seu chiclete por cima do muro.

– Esses dias eu entrei no quarto da sua irmã, sabe, só para ver o que ela tinha lá...

– Espera, você o que?

– Eu coloquei tudo de volta no lugar no final! E agora me deixa continuar. Ela tinha deixado a chave em uma das gavetas da escrivaninha, então fui e abri todas as três e encontrei um volume de um mangá... Como era? Yuri, acho que era. O nome eu não lembro, mas enfim, ela parece gostar bastante disso, porque depois eu fui fuçar o armário dela e encontrei mais desses. – tinha um tom de diversão na voz, vendo a minha expressão incrédula (pela parte do quarto, em maioria). – Aquele primeiro tinha uma página que uma das meninas dizia que se não há desejo sexual entre duas garotas isso não é amor e então não tem nada de diferente de serem amigas... Para de me olhar assim, eu só disse isso porque deu vontade e também porque você pediu. Não é pra isso que viemos aqui.

– Precisava entrar no quarto da Kaoru?

– Precisava. Agora, tem como você se abaixar um pouco?

Inclinei-me para frente.

– Pra quê enrolar tanto?

– Nada em especial, na verdade. – Miiko passou os braços em volta do meu pescoço, fazendo com que eu me inclinasse mais ainda e ela pudesse pressionar seus lábios contra os meus.

Ela me beijou. Tipo, beijo beijo. Foi estranho. Foi bom. Tinha gosto do chiclete de canela da Miiko. Meu piercing não parecia a incomodar. Miiko parecia tão menor quando passei meus braços em volta de sua cintura, tão... compacta e frágil, como se pudesse quebrar como uma boneca de porcelana quebra ao cair. E quando Miiko recuou, eu não sabia ao certo o que fazer então simplesmente a abracei escondi meu rosto que enrubescia cada vez mais em seu pescoço.

– E aí? – passava a mão por meu cabelo.

Não sabia o que falar. Na verdade, não conseguia formar frases completas e talvez nem mesmo palavras. Acho que ela abriu um sorriso ao falar:

– Vai, assim como essa joia... – fez uma pausa. Claramente estava segurando o riso. – the word is on your lips?

O que tinha dado nela para ficar citando música? Fiquei tentada a responder “say the word”, mas me contive.

– Fascínio é a palavra? Fascinação? Foi... Fascinante? – sorri. – E... Ainda não é exatamente o final, você sabe.

– Isso quer dizer que a senhorita quer outro quando acabar de verdade? Ruri, Ruri, nunca pensei que fosse assim.

– Eu n-não quis dizer isso! – retomei minha postura. – Vamos voltar logo para dentro. O pai e a mãe podem ter voltado para dentro e estarem nos procurando. Principalmente o pai.

– Bem, eu ia te beijar de novo depois mesmo, não muda nada. – pegou minha mão e voltamos para dentro. Ninguém percebeu, fora meus pais. Estavam todos entretidos com cerveja e música ruim. Papai e mamãe estavam sentados de volta na mesa e ele praticamente berrou ao perguntar onde estávamos enquanto a mãe nos defendia, dizendo que provavelmente ao banheiro, que ele deveria ter prestado mais atenção no que ela havia dito. Miiko e eu nos encaramos e acabamos rindo. Mamãe desistiu de papai e relaxou.

– Ruri, você está com frio? – perguntou papai, apontando meu rosto. – Sua cara está toda vermelha.

– Ah! Não! É só... Vai entender, não é? – falei, com um riso nervoso.

Papai ficou me olhando pensativo, bebendo seu refrigerante enquanto mamãe pegava o meu celular da bolsa em cima da mesa e olhava a hora.

– Já está meio tarde... Vamos tentar não demorar. Por que vocês não dançam um pouco?

– Meus pés estão doendo, não dá pra gente ir agora? – respondi.

– Certo, certo. – colocou o celular de volta na bolsa e entregou para mim. – Eu vou lá avisar Melina que estamos indo. Vocês podem me esperar no carro, se quiserem. – levantou e desapareceu naquela gente.

– Ela me disse que Kaoru não volta pra casa hoje, acreditam? – papai comentou, ao levantar. – Me fez prometer não perguntar onde ela estava, acreditam nisso também? E disse que ela precisa de um pouco de privacidade... – ele continuou reclamando todo o caminho até o carro e provavelmente continuou com isso em silêncio quando mamãe voltou. Passei o caminho todo de volta pensando no que ele diria de mim e da Miiko, mas não me pareceu tão importante a ponto de beijar a Miiko de novo pensando nisso.


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Notas finais do capítulo

> O mangá que a Miiko cita é Citrus (todo meu amor por esse mangá)
> A música é Fascination do Alphabeat porque acho que eu não tava muito bem quando escrevi aquela parte heuheueh