Cartas Para Ninguém escrita por Pepper


Capítulo 8
Meu ninguém?


Notas iniciais do capítulo

Heey, desculpem a demora para postar o cap, bom, espero que gostem...



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Sabe quando acontece o que você nunca espera? Como se fosse o destino brincando com você, uma mão e uma marionete, você pensa ser a mão quando é uma marionete. Eu pensei em mil pessoas para ser o meu ninguém mas NUNCA pensei em Alex, juro, mesmo com todas as coincidências, agora óbvias, nunca passou pela minha cabeça, nunca o vi como alguém profundo. Apenas um garoto com seu estilo skatista misturado com Bob Marley, seu cigarro Black e suas Vodkas nos finais de semana, um cara de 15 anos normal. Mas nunca o vi como pensador, como um Jedi, ou um sábio arqueiro aprendiz de Halt. Não o via como um Aslan, ou como um Ateniense, apenas um garoto que bebe e fuma, anda sempre com seu skate e fica com quem quiser.

– Parece decepcionada... Não esperava? – pergunta ele sorrindo e cortando minha linha de raciocínio.

– Não, é que, parecia tão óbvio e eu não... Nunca pensei que seria você. Talvez por eu não te conhecer antes disso tudo.

– Relaxa, eu também não esperava que logo você fosse uma pessoa esperta e sábia.

– Ah não, não sou nada disso, é que, sei lá...

– “Todos os verdadeiros sábios nunca se denominam sábios” – E ele fala um trecho de a uma das cartas que escrevi.

– Pena, não sou nada disso, sou uma aprendiz, apenas. Não chego a ensinar, e mal dou conselhos, tenho muitos defeitos.

– Você não é a única com defeitos, não se sinta especial. – ele ri, “há-há-ha se pelo menos isso eu fosse...”

– Eu sei. Olha, que tal irmos pra algum lugar? – Queria mesmo é sair dali. Numa estação de metrô, não é muito romântico, não que eu queira que seja...

– Shopping? Que tal o Tatuapé? – Meio longe, mas eu gosto daquele shopping, concordei e fomos.

Era estranho estar com Alex de novo, como se tudo estivesse bem, acho que hoje pode ser considerado o dia em que o conheci, pois ao meu lado eu via um completo estranho. O papo de ele ser “galinha, gato, estiloso” sumira, era como se eu estivesse lendo um livro com o mesmo tema de outro, mas a história, o conteúdo, era totalmente diferente. Dois livros, um tema, duas histórias que ambas eu gosto muito. Confesso, Mateus abafou o que eu sentia por Alex, mas não matou. Do caminho da Ana Rosa até Tatuapé não falamos muito, conversamos sobre gostos musicais e essas coisas, nada sobre as cartas, ou sobre ele ser o meu ninguém, ou sobre eu ser a alguém dele, depois de hoje, acho que não continuarei lhe escrevendo as cartas, afinal, qual seria a graça? Não entendo, mas acho que não deveria tê-lo visto hoje, estragou esse clima de cartas, não queria, mas, como dizem, curiosidade mata, e ela matou esse elo, essa coisa só nossa. Tem algumas manias que preciso perder...

– Anna? – chamou ele.

– Hm? Ah. Desculpa, - eu ri – Estava distraída.

– No que pensava? - Okay, ele me conhece, sabe que estava pensando em algo importante pra mim.

– No que vai ser depois de hoje, o que vai acontecer, se cada um vai pro seu canto e tudo volta ao antes.

– Olha, certas coisas, só o tempo responde, então, vamos deixar ele responder, okay?

– Okay.

– Agora, vamos ver o filme que já vai começar. – e fomos pro filme. Sentamos num lugar bom, era estreia então estava lotado. Até o meio do filme não falamos nada, mas então, a mão dele se aproximou da minha, e a minha da dele, até então darmos as mãos. Nesse momento uma energia de felicidade e afeto percorreu meu corpo. Acho que não chegaria amor, mas a um gostar... Não sei dizer. Minha pele ficou toda arrepiada, fiquei nervosa, ansiosa, encostei em seu ombro e ficamos assim. Ele virou a cabeça lentamente, e eu também, até ficarmos nos encarando, prestei atenção em cada detalhe, uma pinta pequena um pouco abaixo do olho direito, o sorriso travesso, torto, os olhos brilhantes, transmitiam conforto e felicidade, não teve como, eu sorri, não sei descrever o que estava sentindo, era como se eu esperasse por esse momento por todos os dias da minha vida, e ele estava finalmente acontecendo, do jeito que eu esperava, não, pera... Melhor. Quando seus lábios tocaram os meus, foi como se tudo, que um dia tivesse nos separado, morria ali, deixando apenas as coisas boas, os momentos bons. O que nos impedia, já não era mais um obstáculo. Suas mãos seguraram meu rosto, e eu segurei em seus ombros, estava tudo tão perfeito, não poderia acabar. Mas assim com o filme acabou.

Ficamos sentados nas poltronas até as luzes acenderem (mania minha), e depois fomos embora de mãos dadas. Conversamos um pouco sobre várias coisas. E então ele me levou até o metro, ele morava por lá então não tinha que pegar o metro. Eu estava com seu gorro, o beijei pra ir embora, ia passar pela catraca e ele grita:

– PIPS, MEU GORRO! – pips... Só ele me chamava assim, foi tão bom ouvir isso, que abafei um sorriso antes de me virar pra devolver. Quando o devolvi, ele agarrou meu braço, me puxou para si e me deu um beijo, assim eu não conseguiria ir embora... – Tchau... – ele disse sorrindo, aquele sorriso bobo e tímido que só ele possuía.

– Tchau, ninguém. – dei um sorriso meio tímido e fui embora, olhei pra trás ele ainda estava me olhando, passei pela catraca, olhei de novo, ele não estava mais lá, não me incomodei muito, fui embora.

Sentei na janela do metrô, olhei aquela vista “linda” do túnel escuro e comecei a pensar, relembrar os momentos na verdade. Tudo tão perfeito, melhor do que um filme. Se por um momento eu achei que meu amor por ele tinha mudado, estava muito enganada. O amor não muda, as pessoas que mudam. Nossa essa frase vou colocar de status... Embora eu ache que isso não pode ser chamado de amor, eu o chamo. Mesmo sabendo que é errado, pois o amor é mais forte e intenso. Isso não deve ser nada além de uma paixonite besta. E sabendo disso eu deveria tomar cuidado, pois essas paixões machucam. Muitos falam que é o amor que nos causa feridas... Coitados, mal sabem eles que é a paixão que machuca, e o amor, cura. Não sei por que meus pensamentos estão em constante mudança, talvez porque a cada dia meu amadurecimento é maior, ou menor. Não sei se eu estou ficando mais inteligente ou mais burra. Às vezes ajo como uma menina boba e apaixonada, ah, mas não é isso que sou? Talvez... Não sei... Só sei que tenho que tirar essas incertezas de meu vocabulário, chega a ser irritante ter tantas duvidas...

A voz da mulher do metrô me tirou de meus devaneios me assustando com “Próxima estação, brigadeiro, acesso a linha 1 azul” cadê o “desembarque pelo lado esquerdo do trem, se não for desembarcar na próxima estação, não fique na região das portas”? Fazer o que, né? Isso é Brasil.

Andei pela Paulista até O MASP, comprei umas pulseiras lindas, vaguei sem rumo, voltei para o MASP e sentei lá.

– Olá, posso te mostrar meu livro de poesias que custa só dois reais? – Uma voz familiar me assustou agarrando meus braços por trás. Dou um pulo, escuto uma risada e vejo quem é o engraçadinho.

– Meu pai amado L ucas! - ele riu, como se fosse engraçado uma ruiva pular no meio da Paulista...

– Vem cá vem. – Ele me puxou e me abraçou. – Onde você estava? Esqueceu que hoje tinha evento?

– Eu fui pro shopping.

– hmmmm, com quem?

– ... Com Ninguém...


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Notas finais do capítulo

comentem o que acharam



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