Semanas se passaram nessas trocas de cartas, cada vez mais curiosa para saber quem é, enfim, marcamos uma data para nos conhecermos, ele deixou claro que já sabia quem eu era, mas eu não consegui identificá-lo. Minha mãe vai passar mais uns dias fora, e eu vou ficar na casa do Caique por um bom tempo.

Enfim chegou o tal dia. Dia 17 de agosto, as 13:00 na catraca da estação Ana Rosa. Okay. Estou nervosa, trocamos muitas cartas, já sabia muita coisa, li muita coisa, escrevi muita coisa. Agora está na hora de saber se sou sua alguém ou apenas uma aventureira solitária. O que vestir? Estava frio peguei uma blusa regata preta, por cima um casaco grande e grosso preto com uns enfeites nas mangas e na bolsa um casaquinho camuflado mais leve caso fique calor. Estava muito nervosa, tinha conversado isso com Caique ontem, ele disse pra ir com tudo e se for pra ser será, o que eu acho uma ideia tosca de conformismo, mas creio que seja verdade, se for pra ser será, não posso forçar a ser, mas posso lutar pra ser. Cheguei as 12:40 hrs, tão nervosa e tremendo que uma mulher veio me perguntar se eu estava bem, disse que sim e ela foi embora. Queria fugir, queria não estragar o que tínhamos, se tivéssemos algo né... 13:00 hrs, ele não chegou, pensei mil vezes em ir embora mas algo grudou meus pés no chão, talvez a imensa curiosidade que mata. 13:10 hrs, okay, mais 5 minutos e vou embora, estava nervosa e com fome, com medo e com frio. 13:20 hrs, claro, ele deve ter esquecido, melhor ir embora...

– Hey! Alguém? – Perguntou um garoto, eu estava olhando pra baixo, não vi o rosto mas a voz era familiar, deve ser ele meu ninguém, eu olho pra cima, vejo seus olhos negros, seu sorriso besta, contente em me ver, mas sem a surpresa de ver que sou eu. Duvidava que era ele, mas estava na cara que era ele, meu ninguém, agora será que é mesmo meu ninguém? Aquele pelo qual me apaixonei, aquele que troquei cartas por todo esse tempo. Aquele em que me baseei para criar os tipos de pessoas, os inguén’s os alguén’s e os aventureiros solitários. Era ele, sem duvida, mesmo com duvidas, eu sabia que era ele, e ele já sabia quem eu era. Neste momento quando olhei em seus olhos e vi quem era, percebi que o destino tinha nos juntado, tudo pelo que passamos nos levaram até este momento. O destino nos deu mais uma chance. Um garoto alto, moreno, com um cabelo levemente desgrenhado, com seu charme A la Bob Marley, era ele meu ninguém, meu Alex...

– Ninguém...