Fiquei observando o sol nascer com o Caique, como nos velhos tempos... Pensando em como eu sou insuficiente. Todos os caras conhecem “A garota”. Aquela que não o muda, mas o faz querer mudar, aquela que ele ama mesmo, e nada conseguirá mudar tal sentimento, aquela que ele quer para sempre. E para o Mateus eu não fui “A garota”, talvez a culpa seja minha... Sinceramente nunca fui “A garota” , e nunca cheguei perto de ser. Fui apenas mais um rolo para todos, simplesmente insuficiente para ser amada. Esse pensamento sempre me fazia derramar uma lágrima, eu sou insuficiente, me sinto insuficiente, incapaz de preencher o coração de um rapaz, mesmo que por um breve momento.

– Pare, pode parar você não é, e sabe muito bem disso. – falou Caique finalmente olhando em meus olhos, e enxugando uma única lagrima em meu rosto.

Me virei para olhar seus olhos grandes e castanhos.

– Não sou o que?

– Anna, eu lhe conheço muito bem, sei que pnsa que é insuficiente, mas você não é!

– Mas é assim que me sinto, as vezes duvido que alguém gostará de mim de verdade.

– Me escute criatura, eu e todos os seus amigos. NÓS te amamos, para nós você não é insuficiente, você é perfeita, e te amamos do seu jeitinho, foca na gente, não nos babacas que apareceram em sua vida. A amizade é a chave para a felicidade, o resto é complemento.

Não entendia como Caique poderia ser tão racional, quando assistimos conseguimos olhar para o caminho certo mais rápido. Mas como sempre, falar é mais fácil do que fazer. Ele me olha compreensivo e me abraça enquanto eu me ponho a chorar.

– Calma, tudo vai se acertar, você vai ver, da escuridão nasce a luz lembra? Efeito fênix Anna, lembre-se disso e deixe que o tempo cure suas feridas.

Ainda abraçada com ele meu peito começa a doer, sabe aquela pontada, como se uma agulha grossa estivesse perfurando violentamente seu peito? Imagine isso, dou um grito desesperado, perco o ar e me afasto de Caique, segurando meu peito, a dor não passa. Fiquei parada esperando a dor amenizar, parecia uma eternidade, mas durou apenas 5 segundos, quando passou me deitei no chão, estava fechando os olhos quando Caique me sacode.

– ANNA! O que foi isso?

Esperei recuperar totalmente meu fôlego antes de responder.

– Não sei, não deve ser nada, só uma dor aqui. – disse com a mão onde fica meu pulmão esquerdo.

– Isso já aconteceu antes?

– Na verdade não.

– Você voltou a fumar?

Olho para ele, hesito mas assenti .

– Você vai parar agora mesmo.

Com o Caique já sabia que não adiantava discutir. E eu sabia que deveria parar. Mas o fato de ele associar qualquer mal-estar meu ao cigarro é um tanto que exagero.

– Okay...

– Promess?

– I Promess. – Concordei. O “I promess” é mais valioso do que o “juramento de dedinho”. É a única coisa que N-U-N-C-A poderíamos quebrar. Tão sagrado e importante quanto o “Efeito Fênix”.

Nós nos abraçamos e dissemos m uníssono um “Eu te amo” sussurrado, ambos apreciando o sol que nascia após uma noite de escuridão.... Este momento é um grande exemplo do “Efeito Fênix”.

– Você quer ir embora? - Perguntou Caique.

– Hmmmm... Vamos... – Concordei pensativa, me levantei e coloquei o envelope da carta num toco de árvore que tinha ali . onde eu me encostava com o Mateus e ele dizia palavras lindas, onde ele falava suas falsas juras de amor. Novamente me culpo por amá-lo, ou por me deixar iludir. Já estou cansada disso tudo, queria sumir e voltar quando tudo melhorasse. Queria me desfazer em cinzas, e nascer delas renovada, limpa, sem a fumaça acumulada em meus pulmões, sem a dor acumulada em meu peito, sem os pensamentos que me assombram em minha cabeça, sem a insuficiência em minha alma, assim como uma fênix.