Cartas Para Ninguém escrita por Pepper


Capítulo 11
Sonho ou Pesadelo?


Notas iniciais do capítulo

Aaeee Nyah Voltou! bora comemorar com um cap novo!



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Parecia sonho, não sei, mas finalmente nos beijamos, como se fosse um reencontro, um despertar de nossos sentimentos, ambos adormecidos. No final ficamos nos olhando, sorrindo.

– Estava com saudades disso. – ele disse.

– Também estava, espero você lá, okay?

– Okay, só vou arrumar as coisas aqui e vou. – Ele se retirou indo arrumar suas coisas e eu fui para a roda de música, tocamos, como sempre, “Só os loucos sabem” nosso hino, praticamente.

Estava abraçada com Lucas, adoro tê-lo por perto, um grande amigo, mas como sempre anda inquieto, então saiu e foi falar com Merino e outros amigos, eu fiquei na roda abraçada com a Gasperini e Caique. Estava tudo perfeito, mas onde estava Alex? Tocava “Faroeste Caboclo” quando meu celular toca, Minha mãe, Maria Toledo. Respirei fundo, "Meu Deus, lá vem bronca", pensei, sai de perto da roda musical e atendi.

– Mãe?

– “Filha? Meu Deus onde você esta?” - Sua voz era cansada, ela repirava com dificuldade.

– Mãe, o que você tem?

– “Filha, preste atenção no que vou te falar, peguei uma doença aqui na Espanha, se chama...”

– NÃO! Não me fale o nome. – a cortei, não queria saber o nome, não me importava, se soubesse o nome eu a pesquisaria e sei que ficaria pior.

– “Está bem, só escuta, vou ficar mais uns meses na Europa, aqui o tratamento é melhor...Tudo bem se você continuar na casa do Caique, pegue suas roupas em casa e se mude pra lá, meu advogado está resolvendo tudo para você não parar na casa de algum estranho.”

– Você esta falando de adoção? Mãe, você não morreu, okay? Você simplesmente esta doente e vai voltar pra casa. – Não lia pensamentos, mas sabia no que ela estava pensando “Não Voltarei”, não sabia qual a sua doença espanhola, mas era grave. Percebi isso em sua voz, cansada, trêmula, fraca, ofegante...

– “Filha, escuta, só escuta, o que importa agora é você pegar suas coisas, ir pra casa do Caique e morar lá por um tempo, vai ficar tudo bem amor, o tratamento aqui é melhor.”.

– Mãe, volte, por favor. – As lágrimas caiam, não poderia ser real, minha mãe doente? Outra mãe doente? Não, não e não!

– “Fica tranquila, saiba que eu e sua mãe temos muito orgulho de você, okay?Volto quando acabar o tratamento”

– Okay, mãe, te amo.

– “Também te amo Ruivinha.” – Escuto o angustiado chiar de sua respiração e depois o silêncio de minha mente. Dizem que é impossível ficarmos sem pensar em nada por apenas um segundo, mas se eu falar que pensei em algo nesses minutos, estaria mentindo. Minha mente, que sempre estivera um caos, agora estava vazia, o que fazer? O que dizer? O que sentir? Não tinha essas respostas.

Não parecia ser nada sério, mas sentia que era algo sério que a tiraria de mim. Talvez eu pensasse estas besteiras por perder minha mãe biológica aos três anos, e só me restara ela, e meu medo de perdê-la era enorme, mesmo às vezes ausente, ela era, ela é, meu chão. Vou ter esperança, é o que me resta apenas.

Infelizmente havia perdido o clima para a roda de música, sentei numa árvore onde nossas coisas ficavam e fiquei quieta, ninguém veio, não chamei ninguém, estava perfeito assim, pois ninguém me veria chorar em silêncio. Era quase impossível não pensar em nada de ruim que poderia acontecer com ela, não sei o que seria pior, sua morte ou sua vida com uma doença, dependendo de remédios logo ela, que nunca dependeu de ninguém. As lágrimas já percorriam minha face descontroladamente, soluçava tentando me manter em silêncio para não chamar a atenção de ninguém, abaixei minha cabeça tentando me acalmar, mas conforme os pensamentos ruins invadiam minha mente sem permissão, as lágrimas faziam o mesmo em minha face. Quando consegui me acalmar, fiquei a olhar o lago ao meu lado, estava um pouco distante mas se via o sol se pondo no horizonte, como se o universo me dissesse: “os tempos de alegria e felicidade acabaram, agora vem a época de trevas”. Quando este pensamento invadiu-me por dentro, não derramei mais lágrimas, apenas a seriedade invadiu-me o rosto. Fiquei sentada por um tempo pensando, já pararam de tocar música, estão conversando agora e eu em silêncio e sozinha, mas não numa solidão deprimente, estar sozinha naquela hora era reconfortante.

Meus amigos vieram me questionar porque não estava lá, disse que recebi um telefonema, minha mãe estava doente e passaria mais um tempo na Espanha. Eles sabiam que era algo maior, não contei que a doença era grave ou que exigia um tratamento na Espanha, mas minhas expressões me denunciam, e eles viram que era algo maior, só não sabiam o que. Alex, surpreendentemente veio até mim, agarrou minha mão me puxou falando:

– Gente, vou roubar ela um pouquinho, tudo bem? – ele me levou até uma árvore perto dos amigos dele, no caminho viu minha cara, observou um pouco, e perguntou: - Você bebeu?

– Eu? Não!

– Olha, tudo bem, eu também bebo de vez em quando é normal.

– Eu-não-bebi. – Falei séria e rindo ao mesmo tempo, embora eu não saiba se isso fora, algum dia, possível.

– Tudo bem. – Ele levantou os braços num gesto leve de rendição, ele me fez rir. – Aí esta!

– O que? – perguntei confusa.

– O sorriso que eu queria. – Ele sorriu pra mim segurando a minha mão, me alegrando com aquela sua expressão. “Não se apaixone, Não se apaixone, Não se apaixone!” gritava para o meu coração, mas quem disse que ele ouvia alguém além dele mesmo? O coração é egoísta, sabe? Não pensa, vai por impulso e não liga se você quer ou não, e muito menos liga para como você vai ficar depois disso. PURO EGOISMO!

Fomos até uma árvore perto do lago, sentados, ele segurou minha mão e a acariciou, me olhou, com um leve sorriso, o sol brilhava atrás dele, o que tornava a paisagem mais perfeita. “Não se apaixone!”.

– Não quer me contar mesmo o que houve? – Ele perguntou, pela sua expressão, ele não me brigava a lhe contar, ele era meu ninguém, não deveria esconder nada dele, e não iria.

– Minha mãe me ligou, ela descobriu que está doente, e tem que fazer o tratamento na Espanha.

– Doença grave?

– Não sei, - Disse desviando os olhos que ameaçavam derrubar lágrimas. – Mas pela voz dela, parece que sim, eu não quis saber o nome da doença.

– Eu entendo, - E pela primeira vez na vida, escutei um “Eu entendo”sincero, ele realmente entendia, eu havia lhe dito que não queria saber qual o câncer fora o de minha mãe, e expliquei porque, ele entendia, eu sabia e sentia isso. – Mantenha as esperanças, a vida sempre tem dessas, quando algo te derruba, é sua obrigação moral de se levantar.

As palavras dele me atingiam em cheio, era verdade, era a pura verdade, eu não sabia como responder e apenas concordei com a cabeça, Ele me abraçou, e abraçado comigo deitamos na grama a observar o pôr do sol.

– Sabia que, sempre que vejo o céu assim, nesse tom, eu lembro de você? – Fiquei encabulada, sorri olhando para o céu, mesmo eu estando mal, ele me fazia esquecer dos problemas e sorrir, mas um sorriso de verdade.

– Sério? Por quê? – Perguntei, não sabia mesmo porque, mas só o fato de ele se lembrar de mim, me fazia rir.

– A cor do céu,um laranja meio vermelho e meio amarelo.

– Amarelo? – Ri, eu era ruiva, não loira!

– Sim, você tem umas mechas pequenas loiras, na franja e atrás do cabelo. – “Não se apaixone!” gritei para o coração, “Já era filha” respondeu o coração. Eu ri, virei pra ele me ajeitando na grama, e disse com um sorriso besta:

– Só com você eu consigo sorrir mesmo com tantos problemas. – Ele sorriu torto e se aproximou de mim, me beijando, seus lábios, sempre macios e doces.

– Talvez por eu ser seu ninguém. Ou por eu ser especial, não sei, você decide.

Eu sorri, deixei óbvio nas cartas o que significava ser meu ninguém, e deixei óbvio em meu sorriso, o que havia decidido, ele era meu ninguém.

– E como vai seu efeito Fênix? Já se realizou? Quero testemunhá-lo algum dia.

– Sabe, você acabou de testemunhar.

– É mesmo? – ele sorriu, um sorriso simples, eu sorri, e o beijei.

– Sim.


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Notas finais do capítulo

"Já me perdi nesse mundo, quando acordo ou quando durmo, já não sei se vivo em sonhos ou em pesadelos"



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