Cartas Para Ninguém escrita por Pepper


Capítulo 12
Porto-Seguro


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem se a história não anda, por acaso, muito boa, mas os tempos estão difíceis ainda... Mesmo assim, espero que gostem.



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Passou algum tempo, eu estava feliz, meus momentos com Alex se tornaram cada vez mais eternos, eu estava realmente feliz ao seu lado, não éramos aquele casal sempre grudadinhos, com apelidinhos, nós passávamos algum tempo juntos e íamos com nossos amigos quando queríamos, e eu apreciava e aproveitava cada segundo que passava com ele, talvez isso tornava nossos momentos juntos melhores. Não sei, não passávamos muito tempo juntos, as vezes eu mal o via, chegava a incomodar, mas nem tanto, afinal eu estava me divertindo com meus amigos. Eu e Lucas conversamos muito sobre ele.

– Não tenho nada contra ele, nem chegamos a ser amigos, apenas nos cumprimentando, mas pelo que sei, ele não é o tipo de cara que te mereça. – comentou Lucas, estávamos sentados numa arvore, lado a lado.

– Como assim? – Pergunto comendo um saco de finis e mergulhando na Nutella (acredite é muito bom) nós dividíamos essa gordice às vezes.

– Olha, não é segredo nenhum que ele é “mulherengo”, e esse tipo de cara, normalmente, magoa as garotas que se envolvem muito com ele.

– Lyu, ele não ficaria com outras pelas minhas costas. – Lyu era seu apelido, demorei um tempo para chamá-lo assim.

– Não disse nada, mas onde está ele agora? – Parei de encará-lo e dirigi meu olhar para o pote de Nutella, era verdade, como teria a segurança que ele não estaria com outras? Que ele não falaria tudo o que me falou para outras? Mas porque me importar com isso? Não somos namorados...

– Sabe, eu realmente não sei o que sinto por ele, não é amor e nem amizade, sim estou confusa, me sinto bem com ele... Mas não estamos tendo nada sério, se ele ficar com outras, não terei o motivo de ficar brava, eu apenas...

– SE você souber que ele, por acaso, estiver com outras, pule fora Anna, antes que se machuque. E conhecendo você como conheço, você não é mais uma, ele devia saber a sorte que tem por ter seu coração.

– Ele não tem meu coração! Não o amo!

– Seei... Você não engana nem o pote de Nutella. O que você sente, se é tão forte para lhe deixar confusa, então é amor.

– Como sabe?

– Sabendo ué. O amor tem essa necessidade de ser confuso, estranho, estressante, alegre, relaxante e triste. Resumindo: O amor é mais bipolar que você.

– LYU! – Nós rimos juntos, então taquei Nutella em seu nariz. – Não sou bipolar. – lambi o dedo, ficamos quietos e me encaixei em seus braços, suspirei. Lyu tinha razão “HÁ-HÁ, Jura?”, talvez eu esteja amando Alex, e isso me deixa confusa, o Amor é confuso... E bipolar.

Logo Alex aparece, cumprimenta Lucas (Lyu) não muito animado, e pergunta se ele poderia “me roubar” por um momento. Ele me levou para perto do lago, onde deixávamos as cartas que nunca mais foram trocadas. Confesso isso me chateava um pouco, mas não precisávamos mais de cartas para nos comunicar.

– Por que você deixava suas cartas aqui? Justamente onde decidimos não ter mais nada? – Ele perguntou sentando naquele tronco e me segurando pela cintura.

– Porque este é o lugar favorito, segundo meu efeito fênix, uma coisa boa nasce de uma coisa ruim, e eu acreditava que este seria o maior símbolo do efeito fênix. Uma coisa ruim aconteceu bem aqui, quando pensei onde deixar as cartas, decidi colocá-las aqui para nascer algo bom.

– E... Nasceu?

– Não...

– Não? – ele me olhou estranho meio incrédulo.

– Não, nasceu uma coisa muito melhor do que bom. – Ele me olha com um sorriso, que se apaga, eu estranhei um pouco, mas não falei nada, ele olhou para o lindo céu da tarde iluminada, eram quase duas horas da tarde e o céu permanecia radiante sem nenhuma nuvem.

– E como você está? – Ele pergunta depois de um tempo.

– Ah, não sei, não tenho notícias de minha mãe faz um tempo, isso me preocupa, fico mal e com medo.

– Eu percebi que você está meio tensa, relaxa um pouco.

– Não sei como...

Ele faz uma expressão pensativa senta no chão junto comigo e diz:

– Já pensou em ficar com outros caras? – Agora eu olho incrédula.

– AHN?

– É, tipo, curtir um pouco, se distrair.

– Por que essa pergunta?

– Por nada, sei lá, e você curtir um pouco com outros caras, eu acho que vai relaxar um pouco. – “PORQUE NÃO ESCUTEI LYU?”.

– Ah... tá. – ficamos olhando pro lago um clima tenso, pelo menos pra mim, Alex não parecia se importar com nada além de ver o céu. Ele pega um cigarro e começa a fumar, aquilo realmente me irritou. Ele me olha, lendo minha expressão que eu tentava, sem sucesso, disfarçar.

– Você se incomoda de eu fumar? – Eu o estudo, penso um pouco e respondo.

– Não. A vida é sua, você faz o que quer, não me vejo no direito de me intrometer e falar o que deve ou não fazer. – falei com um sorriso e ele retribuiu.

– Você é única sabia?

Eu ri.

– Sim, e você também.

Sorrimos um para o outro. Não estava tudo tão perfeito, não mesmo, mas estava muito bom, eu notei que o amava, e mesmo com seus defeitos, e era sua Alguém, e ele meu Ninguém, nós nos aceitamos do jeito que somos. Espero que eu não erre dessa vez.

Estávamos abraçados quando meu celular tocou, até tinha esquecido de sua existência.

– Alô?

“Alô, Poderia Falar com Anna P. Toledo?”

– É ela, quem fala?

“Sou uma das enfermeiras de Maria Toledo, Carolina Santos, do Hospital Paulistano.”

– Desculpa, deve haver um engano, minha mãe esta na Espanha fazendo um tratamento.

“Sim, houve uma melhora em seu quadro e a transferiram para o Hospital Paulistano, nessas duas semanas a paciente nos deu seu número caso precisássemos fazer contato.”

– Ah sim, e minha mãe está bem? Posso visitá-la?

“Lamento, mas não, nessa semana sua mãe teve um ataque e ela entrou em coma, um amigo dela está acompanhando, infelizmente você não entra na UTI”

– Ok, qualquer coisa então... Avise-me, por favor. Ela é a única pessoa que tenho. Por favor.

“Tudo bem, Boa tarde.”

Desliguei o telefone e comecei a chorar, Alex me abraçou e fiquei a chorar em seu colo, não ligava pra mais nada, lhe contei o que havia ocorrido, ele me abraçou e provável que também não sabia o que dizer. Não queria mesmo ouvir palavras.

Sempre pensei que os médicos tinham, pelo menos, um pingo de sentimentalismo, mas pelo que vi, não, a pessoa ao telefone era fria, parecia mais alegre, o que me doeu mais, como eles conseguem lidar com isso tão,,, indiferentes. São vidas! Eles não ficam nem mexidos? Médicos às vezes parecem ser mais frios do que a própria morte.

Pedi para Alex me deixar sozinha um pouco, olhando o mar comecei a lembrar de todos os momentos com minha mãe, todos os “Eu te amo” que nunca disse, todos os abraços que não dei, se eu conseguisse dizer tudo que deveria dizer, eu estaria grata, mas agora só chorava...

Chorava... Chorar... Como cansei disso, de me lamentar, de ocupar minha mente com coisas ruins, não era eu, mas a cada hora era um novo problema, uma nova tristeza, mas pelo menos sabia de minha mãe, e eu não teria escolhas se não esperar passar os dias. Logo enxuguei minhas lágrimas e fui com meus amigos, afinal eles me alegravam quando eu precisava e eu estava realmente necessitada disso. Encontrei com Martin, meu leal amigo, que sempre me alegrava, me motivava a seguir de cabeça erguida.

– Olha, você não pode fazer nada, senão aguardar. Sua mãe logo vai ficar boa e você vai estar com ela rindo e se divertindo ou discutindo sobre porque você não lavou a louça ou porque chegou quinze minutos mais tarde do que o combinado, você vai ver, só espere, ok?

– Ok...É que... sei lá... Tenho medo.

– Eu sei Anna, isso é normal todos os filhos temem a morte das mães, muitos mal aguentam vê-las doentes.

– Esse é o meu único medo Martin, sabe, nunca tive medo do escuro, de ficar sozinha, nunca tive medo de bicho-papão, mas sempre temi esperar todos os dias pela minha mãe sabendo que ela nunca mais irá entrar pela mesma porta com as mesmas malas velhas com presentes e novidades das viagens. Meu único medo.

– Calma Anna, relaxa, ela vai voltar, agora curte um pouco com a gente e se distrai. Eu sei que o pessoal canta mal mas o que vale é a letra, né?

Eu ri e concordei, o abracei, era muito bom saber que, quando estamos prestes a cair, tem sempre aquele que te levanta, seu porto-seguro, Martin era meu Porto-Seguro, junto com Caíque, Lyu, junto com todos eles... Será que Alex também seria meu porto-seguro?


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