Na sede da Revolução

P.O.V DANIEL

Para variar Damon estava de péssimo humor. Desde que sua namorada Beatrice havia sumido, seu comportamento, que já não era bom, estava cada vez pior. Ele bebia cada vez mais, sumia durante a noite e durante o dia ninguém tinha o prazer de vê-lo acordado. Porém, naquele dia ele resolveu presenciar a todos com a sua presença. E ao seu mau humor.

Damon era o líder da Revolução, maior e mais organizado grupo rebelde que lutava contra o governo. Essencialmente o grupo era anarquista, já que lutavam pelo fim do governo e todo tipo de poder estatal. Mas dentro do grupo havia divisão de poderes e o fato de Damon ser um líder mostrava também havia uma espécie de despotismo, já que ele havia herdado esta posição de seu pai.

Daniel era seu irmão mais novo, e deveria ser o segundo em comando. Deveria. Mas desde a chegada de Beatrice há mais ou menos cinco anos atrás isso havia mudado. Inicialmente ela começou trabalhando para o grupo, roubando, invadindo, extorquindo, não havia nada que ela não havia para ajudar o grupo. E era a melhor em tudo que fazia. Não demorou muito após sua chegada para Damon e ela começarem a namorar. Daniel pensou na época que eles eram perfeitos um para o outro, mentirosos, manipuladores e ás vezes um tanto agressivos... Com o tempo, ele foi percebendo que ela era muito mais complexa.

Naquela manhã Damon estava implicando e irritando todos que apareciam para falar com ele. Aquilo não era nada bom para a Revolução. Depois de um tempo, ele cansou de ser insuportável e ficou quieto e taciturno num canto da casa onde eles viviam. Após muito tempo assim ele resolveu falar.

— Sabe se eu quisesse eu poderia encontrá-la. Beatrice, quero dizer.

—Então porque não a encontra? – respondeu Daniel em uma mistura de irritação e curiosidade.

— Ir atrás dela? Como se eu pudesse fazer isso com todas as coisas que preciso fazer aqui. Além disso, ela que partiu...

— Você não sabe se ela partiu ou o que aconteceu. Ela simplesmente sumiu. E você não está servindo para muita coisa no momento, se quer saber... Eu poderia resolver as coisas por aqui, se você quisesse ir procurar ela.

— Bem, eu sei que ela faz muita falta nos negócios, sabe, resolvendo as coisas. – Damon disse procurando fingir que ele próprio não sentiu a falta dela. – Acho que vou pensar nisso. – Apesar de tentar parecer reticente, Daniel percebeu como os olhos de Damon brilhavam com a ideia e naquele momento ele soube que o irmão partiria o mais breve possível.

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Beatrice POV

Beatrice acordou assustada e trêmula, era a sexta vez que ela tinha aquele pesadelo. Bem não era totalmente um pesadelo. Sempre começava com ela olhando para lindos e profundos olhos azuis. O dono dos olhos sorria timidamente e a beijava, ela correspondia na mesma fúria que ele. Os dois estavam em uma roda gigante, o que para ela parecia bizarro. Mas após um tempo ele se afastava dela e sumia. E ela parecia estar em outro lugar, não conseguia identificar bem aonde era. Mas havia um homem, que no sonho ela sabia ser um homem ruim, que atirava nela várias vezes. Mas ela parecia não sentir, determinada a fazer alguma coisa. Por fim, ela finalmente caía e era sempre nesse momento que o sonho acabava.

Ela nunca tinha tido esses sonhos antes, nem quando estava no hospital, nem quando estava na Revolução. Eles haviam começado após a partida sem rumo dela, e ela não fazia ideia do que significavam e nem quem eram os dois homens que apareciam no sonho. Um era novo e bonito, e parecia, pelos amassos que eles estavam amando, que havia paixão ali. Mais aquilo era ridículo, ela nem o conhecia. Talvez ela o houvesse conhecido antes da sua, bem, morte. Pensar nisso ainda era inquietante. Resolveu esquecer aquilo tudo e voltar a dormir. Ou pelo menos tentar.

Há dias, ela andava sem rumo e não com um rumo que fizesse lógica a ela. Mais sempre em alerta, ela quase nunca descansava. Não poderia se dar ao luxo de desperdiçar momentos de descanso, seu corpo e sua mente precisavam.

Enquanto foi adormecendo novamente, ela pensou que gostaria de encontrar aquele lugar, o da roda gigante. Afinal ela parecia tão feliz ali...