Vídeo

–Primeira sessão. Paciente zero. Dia de gravação 1. Beatrice, precise que se apresente para a câmera.

–Meu nome é Beatrice, sou paciente zero do Hospital St. Paul.

– Como você se sente hoje?

– Um pouco confusa, não me lembro de nada. Sei quem sou apenas porque você me disse Doutor, nenhuma lembrança surgiu. Isso é normal?

– Seu estado mental é complicado, sua falta de lembranças é ocasionada pela sua doença. Já conversamos sobre isso Beatrice. Fora isto, como você está?

– Estou bem.

POV Tobias

Todos assistiam em silêncio o vídeo com as gravações de Beatrice. Quando o vídeo começou Tobias mal podia acreditar em seus olhos. Lá estava sua Tris, como se nunca tivesse partido. Ele mal conteve a emoção de vê-la. Ela parecia fragilizada e confusa, mas estava viva. Como Jacob havia alertado sua fisionomia foi se alterando nos vídeos seguintes. Algumas modificações no rosto, dava para perceber que no corpo também. Uma vez Tobias havia dito para ela que ela não era bonita mas que ele não ligava para isso, que gostava da sua aparência do jeito que era. Mas a Tris que foi parecendo nas gravações que se sucediam foi se tornando bonita, cada vez mais. Tobias se sentiu angustiado, não era aquela Tris que ele havia amado, não com aquela aparência. Mas os olhos eram os mesmo grandes e brilhantes. O que importava que sua aparência não fosse mais a mesma? Aquela era sua Tris.

As respostas dela pareciam automáticas, como se tivesse respondendo apenas o que o tal doutor queria ouvir. Ele não parecia nos vídeos, só era possível ouvir sua voz. Ela sorria e parecia concordar com tudo. No último vídeo ocorreu algo que chocou Tobias.

–Beatrice, porque e como você conseguiu roubar os remédios e agredir um dos nossos enfermeiros. – Nesse momento o doutro parecia irritado.

– Eu não queria fazer isso. Ele me disse que eu sou bonita e tentou me beijar, foi meio engraçado sabe? Eu deixei ele me beijar e quando coloquei a mão nele, eu senti a seringa no bolso dele. Eu não sei o que queria, só pensei que seria interessante fura-lo um pouco como ele me fura todo dia. Ver como isso dói. Acho que me empolguei um pouco com isso, não imaginei que aquilo realmente fosse feri-lo tanto. – no vídeo ela ria – depois eu pensei bem agora que não tem ninguém por aqui porque não pegar um pouco do que temos aqui. Você está zangado comigo?

– O que você esperava...

– Só estava fazendo o que você me ensinou, manipulando ele, fazendo ele achar que o queria. Achei que você fosse ficar orgulhoso de mim.

O vídeo terminava assim. Jacob fingiu não reparar na cara estarrecida com que todos o olhavam. Se já não você chocante suficiente saber que Tris está viva depois de alguns ali terem testemunhado sua morte e visto seu corpo, aquela última parte era no mínimo assustadora. O que diabos haviam feito com ela?

– Pela feição de vocês pude concluir que estava certo, não é? É a Beatrice que vocês conheceram. E como eu disse, aí está à prova de que ela esta... digamos viva. – Jacob completou parecendo satisfeito.

– Por que você fala da minha irmã assim? Como se não tivesse certeza sobre ela está viva?

– Bem ela está viva. – Disse a garota ruiva falando pela primeira vez. Ela parecia irritada com o outro rapaz.

– Bem, está é uma questão complexa. Como eu disse, nós, quero dizer eu e Beatrice, não sabíamos sobre essa nossa condição. Como vocês viram no vídeo, o pretexto para estarmos trancafiados no hospital era que estávamos doentes. Tínhamos transtornos mentais, e precisávamos ficar presos lá que havia sido uma decisão das autoridades. Era por causa desses transtornos que nós não lembrávamos nada. Bem isso era o que o doutor dizia. Acho que em relação a nossa memória, foi outra coisa que aconteceu...

– Você ainda não explicou o que Caleb perguntou – interrompeu Zeke parecendo curioso.

– Depois que descobríamos a verdade, nós tivemos uma discussão. Beatrice não acredita que possuímos alma, quer dizer para ela o corpo voltou, mas a consciência que nos faz humanos não. Bem eu não sei se consigo acreditar nisso, mais verdade seja dita: Há alguns momentos, algumas atitudes, que me fazem pensar se ela tem razão.