Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 52
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente linda. Como vcs estão? Alguém aí fez Enem?
Sei que estou atrasadíssima em responder os comentários, mas a vida não tá ajudando. Vou entrar em período de provas, e por isso, o próximo capítulo vai demorar um pouquinho. Não briguem comigo, eu deixo tudo pra última hora, e depois fico louca tendo que estudar tanta coisa.
Meninas, que estão sempre comentando: Obrigada! Amamos vocês! Todos os nossos capítulos sempre serão dedicados a todas vocês que nos incentivam a seguir em frente.
Para quem não comenta: Apareçam gente, façam duas garotas felizes! Sério, o número de comentários tá bem abaixo da número de pessoas que acompanham a fic. Eu sei que é chato ficar pedindo isso, mas comentem pessoal!



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POV Jacob

Jacob segurava o rádio em sua mão tão cuidadosamente, tal como estivesse segurando sua própria vida. Ele sentia que aquele estranho aparelho poderia ser o que definiria se ele sobreviveria ou não. A questão era como ele o utilizaria.

Estava sozinho em seu próprio quarto. O aparelho parecia pulsar em suas mãos, como se fosse seu próprio coração. Seu corpo tremia com medo de ser pego com aquele artefato. O que ele diria? Como explicaria que não havia entregado ao doutor tão logo o achou?

Ele mesmo não tinha uma resposta para aquilo. Desconfiava que as palavras que Tobias repetia diariamente tão insistentemente a ele, talvez havia o influenciado. De fato, ele estava considerando que Tobias poderia estar certo, e que o doutor simplesmente se livraria dele quando não precisasse mais.

Ele havia ficado tão cego ao querer se vingar de Beatrice, que não tinha pensado nas consequências que aquilo traria a ele. Mas, depois que o doutor matou a prefeita da cidade, esse pensamento começou a pesar dentro dele, e Tobias apenas piorava. A pergunta que ele se fazia agora era: será que valeria a pena cavar sua própria morte por causa de um rancor tolo? Apenas para dar o troco numa garota, só porque ela não quis nada com ele?

Jacob precisava falar sobre isso com alguém, e só havia uma pessoa em que ele poderia confiar sobre esse assunto.

...

Tobias parecia cansado, mas mesmo assim resistia. Jacob não pode deixar de admirá-lo por isso. Mas até que o destino estava sendo favorável a ele. O doutor planejava ter uma conversa com ele, entretanto a situação com o governo o havia distraído. Ele no momento tinha coisas mais importantes com os quais lidar.

– Ah, você de novo. - Tobias resmungou quando o viu. - Não está cansado de perder seu tempo comigo? Você sabe que eu não sei onde ela está, e mesmo se soubesse não falaria.

– Sim, eu sei disso. - Jacob suspirou cansado. - Não é sobre isso que vim falar com você.

– Não estou interessado em falar com você. Você já está morto, apenas não sabe disso. - Tobias respondeu ironicamente.

– Bem, talvez você esteja certo. Porém, agora surgiu algo que pode mudar tudo. Acredite você vai querer ouvir isso. Eu sei onde ela está, agora, neste momento.

– Você está mentindo. - Tobias retrucou, mas não conseguiu esconder a preocupação.

– Não estou. - Jacob sorriu - Sabe esta é uma cidade realmente interessante. Todas essas cidades experimento devem ser, imagino. Bom, já li um pouco sobre esse assunto, e pelo o que li, elas não deveriam sofrer influências externas. Não posso dizer nada sobre as outras, mas essa não se saiu muito bem nesse quesito.

– Do que está falando? - Tobias perguntou desconfiado.

– Você acreditaria se eu dissesse que aparentemente existia uma forma de comunicação com o departamento? Uma comunicação direta? Eu sei, isso deve ser chocante para você.- Tobias olhava para ele confuso, parecia não estar acreditando em nada do que Jacob estava dizendo. Ele mostrou o rádio a ele. Ele o mantinha por perto desde o minuto em que o achou. - O que você me diria se eu dissesse que com isso aqui posso entrar em contato tanto com Beatrice quanto com seu amigo Zeke?

– Eu diria que você está mentindo. A comunicação na cidade foi cortada. Além disso, porque motivo você estaria falando disso comigo se fosse verdade?

– Essa é uma boa pergunta. - E era mesmo, nem Jacob conseguia entender o porquê de estar fazendo isso, talvez fosse apenas seu instinto de sobrevivência dando as caras. - Quero fazer um acordo com você.

– Um acordo comigo? Você só pode estar brincando. -Tobias perguntou incrédulo.

– Você não gosta e nem confia em mim, e eu não gosto e nem confio em você. Mas há muito em jogo para nos deixarmos levar por esses sentimentos inúteis, não acha? Posso te ajudar. Isso aqui pode te ajudar.

– Em troca de quê?

– Você garante a minha vida. Quando tudo desmoronar, vão querer me matar. Você não vai deixar isso acontecer. Apenas me deixe cair fora dessa bagunça. Que se dane, não quero mais saber dessa maldita cidade, nem de Beatrice, nem do doutor e nem de nenhum de vocês.

– Humm. Sabe, esta bagunça foi você mesmo que criou. Mas acho que posso concordar com isso. Entretanto, você terá que deixar isso aí comigo.

– O que?

– Você me disse que pode entrar em contato com Zeke e Beatrice com ... isso aí. Afinal, o que é isso? Mas como eu vou saber se isso é verdade? Além disso, como você mesmo disse, eu não confio em você.

– Entendo. Mas porque eu deveria confiar em você?

– Você deve confessar que em vista das circunstâncias, eu sou muito mais confiável que você. Não fui eu que me juntei a um maluco para ferrar alguém que você dizia ser amigo.

Aquilo doeu, mas o que importava agora? E de qualquer jeito, era verdade. Olhou Tobias, o analisando. Ele realmente era mais confiável do que Jacob havia demonstrado ser. Jacob acreditava nele.

– Que seja. Vou confiar em você, já confiei em pessoas piores mesmo. Preciso te mostrar como isso funciona.

Jacob explicou brevemente a Tobias como funcionava o rádio, primeiramente explicando que aquilo era um rádio. Tobias prestava atenção. Jacob se surpreendeu com a facilidade com que Tobias aprendeu, mas ele explicou que costumava cuidar dos equipamentos de segurança antes da Muralha que cercava Chicago cair, por isso, tecnologia não era algo tão complicado a ele. Entregou o rádio, sabendo que estava provavelmente pondo sua própria vida nas mãos dele. Esperava que não estivesse cometendo um erro.

Ouviu um rompante de vozes nos andares abaixo. Algo havia acontecido.

– O que está acontecendo? - Tobias perguntou, Jacob também queria saber. Mas algo lhe dizia o que era.

– Começou. - disse sombriamente. Ele não sabia como tinha certeza disso, apenas sentia. Não importava como, apenas havia começado. A derrocada, a queda do doutor. - Quando entrar em contato com seus amigos, não se esqueça de contar que eu estou ajudando, para que ninguém fique confuso e atire em mim por engano. E eu quero saber cada passo do que vocês estão fazendo, não quero ser pego de surpresa. E Tobias, seja rápido, o tempo está se esgotando.

POV Eleonor

Eleonor observava a forma que Charles calmamente conversava com o pai. Ele era bom em mentir, ela precisaria lembrar-se disso.

Havia cruzado uma pequena parte do caminho sozinhos, antes que os soldados os encontrassem, vagando incertos e um pouco perdidos. Ficar sozinha com ele havia sido nauseante, tudo o que ela queria era ficar o mais distante possível dele. Então, quando os soldados os encontraram, ela quase comemorou.

Havia sido uma confusão, Charles tentando explicar quem era, os soldados raivosos pela sua própria incapacidade e incompetência de manter a fronteira fechada, Eleonor sendo empurrada de um lado para outro. Após quase uma hora de discussão, enfim eles foram levados para onde o doutor estava, mas mesmo assim ela conseguia sentir o nervosismo emanando dos soldados quando enfim chegaram.

O doutor não disse nada quando viu Charles e ela chegando escoltados. Apenas observou o filho por alguns segundos e depois mandou que entrassem. Eles comeram e beberam, primeiramente, estavam esgotados já que havia sido um longo percurso. Só depois disso, é que o doutor chamou-os para uma pequena sala, onde poderiam conversar, e era lá que Eleonor estava agora.

– Essa sua história é fascinante, filho. - O doutor disse, servindo-se de um pouco de vinho. - Então, Beatrice invadiu o hospital. Ora, dessa vez ela conseguiu me surpreender.

Eleonor viu Jacob entrando assustado. Ele olhou para Charles e ela, surpreso e consternado.

– Então é verdade. Ouvi alguns soldados comentarem. O que eles estão fazendo aqui?

Eleonor observou Jacob atentamente. Havia o conhecido no hospital, mas nunca se tornaram próximos. Era incompreensível para ela entender como ele pôde se unir com o doutor, depois de tudo. Mas afinal, ele provavelmente não havia sofrido nem metade do que ela e Beatrice haviam sofrido naquele lugar.

– Sente-se Jacob, meu filho está me contando uma história muito interessante. Repita o que você me contou Charles. -

– Beatrice está acampada ao redor da cidade, ela veio com mais duas pessoas, tirando eu e Eleonor, claro. Parece que ela tentou trazer mais pessoas para invadir a cidade, mas ela não é exatamente adorada, né? Ouvi algo sobre um grupo chamado Revolução que ela tentou convencer a ajudá-la, mas que o líder se negou a apoia-la. E os pacientes do hospital fugiram todos antes que ela pudesse tentar jogar sua teia sobre eles. É lamentável a situação dela. Ela planeja blefar dizendo que tem pessoas que invadirão a cidade, mas já tem um plano B em mente: se entregar em troca da cidade. Como se isso fosse garantir alguma coisa- Charles riu desdenhosamente. Até agora, Charles estava seguindo o plano.

– Continue, Charles. Tem outra parte que realmente me chamou a atenção. - Eleonor ficou nervosa, já sabia o que viria em seguida.

– Qual parte? A que ela estava em Seattle antes de invadir o hospital?

– Ah sim. Veja Jacob, estou um pouco confuso. - O doutor disse fingindo-se de desconsolado. - Parece que eu e Beatrice estávamos em Seattle ao mesmo tempo. Eu poderia ter a pego lá, mas você me disse que ela estava em Chicago.

– Eu não sabia disso. Como eu poderia saber? - Jacob perguntou, mas sua voz vacilou.

– Mentira. - Eleonor respondeu firmemente. - Ela disse que encontrou com você em Chicago, e que você a ameaçou sobre Chicago. Ela disse que você estava com ciúmes e raiva porque ela estava com um cara da cidade.

Eleonor viu a cor sumir do rosto de Jacob. Ela sabia o que iria acontecer com ele, e Beatrice também sabia quando instruiu Eleonor e Charles a dizer isso. Sentiu um pouco de pena de Jacob, entretanto, ele havia causado isso a ele mesmo.

– Eu... Beatrice está mentindo. Vocês estão mentindo.

– Pare Jacob. Entendo suas motivações em mentir para mim e sou um homem piedoso. - O doutor respondeu quase fazendo Eleonor rir. Piedoso, só poderia ser uma piada. Ele continuou. - Fizemos um acordo, e eu prometi que você teria suas lembranças de volta. Isso está fora de questão, como você deve imaginar. Porém, vou fazer um pequeno favor a você, vou te dizer quem você era antes de, você sabe, morrer.

Eleonor viu o doutor levantando-se como se fosse uma cobra prestes a dar o bote. Segurava a taça de vinho com tanta força que Eleonor se surpreendia em como ela não havia quebrado. O ódio que sentia por Jacob ter achado que poderia enganá-lo aparecia em cada poro de seu corpo. Como Jacob pôde ser tão tolo?- ela pensou.

– Imagino que você deve achar que foi um herói ou mártir, como Beatrice foi para esta cidade. - Ele começou, parecendo um maestro conduzindo sua própria orquestra de forma tão teatral. A situação estava o divertindo. - Você deve achar que existe um padrão nas pessoas que escolhi para meu experimento. E está certo, existe um padrão. Ou melhor, dois. Eu escolhi dois tipos de pessoas: pessoas que marcaram os outros pela sua coragem, pessoas que se sacrificaram pelos outros. Devo confessar que sempre achei esse comportamento fascinante e estúpido, sempre me perguntei como alguém poderia ser tão tolo e corajoso para se sacrificar por pessoas que na maioria das vezes nem se importavam. O outro tipo de pessoa que escolhi, era o contrário: os mais miseráveis e odiados. Aqueles que foram tão desprezíveis em vida, que a morte pareceu fazer um favor em levá-los. Você meu caro, pertencia a esse tipo. Você era tão desprezível quanto um inseto. Tão desprezível, que foi alguém de seu próprio sangue que o matou. Tão desprezível, que se você voltasse para a merda do lugar da onde veio agora, seria assassinado de novo. Mas, isso felizmente não irá acontecer, a honra de te matar será minha.

Eleonor observou quando o doutor atirou em Jacob. Apenas uma bala na cabeça, rápido e indolor. Viu aquilo como se estivesse assistindo a um filme terrível desbotado. Nenhuma emoção, nenhuma reação. Somente o sangue de Jacob e pedaços do cérebro dele espalhados pelo chão. Era uma visão horrível, mas ela não conseguia sentir. Não se permitia sentir, ficava repetindo um mantra em sua mente. Ele mereceu, ele mereceu, ele mereceu. Repetiria várias vezes até que conseguisse se convencer disso.


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Notas finais do capítulo

Quem aí vai sentir falta do Jacob? E o que o Tobias vai fazer com o rádio? Comentem!!!