Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 53
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Tem alguém aí ainda?
Gente, sei que faz triliões de anos desde que postamos o último capítulo. Essa demora ocorreu por diversos motivos, mas vou citar o mais importante: nós queríamos adiantar uma certa quantidade de capítulos, antes de postar, para deixar toda a história encaixadinha e conseguirmos chegar ao final que pretendemos. Então a boa notícia é que já temos mais alguns capítulos prontos, e vamos postar um por semana. A má notícia é que a fic já está na reta final.
A partir desse capítulo, teremos uma contagem regressiva dos dias que o governo deu para o doutor sair da cidade. Cinco dias, então cinco capítulos, ou mais, caso algum fique muito grande.
Chegamos a 400 comentários! Vocês são as leitoras mais lindas do mundo!!! Obrigada!!

Capítulo dedicado a todas pessoas que nos acompanham e comentam!

Vamos lá fantasminhas, apareçam.



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DIA 1

P.O.V GUS

 Jacob estava morto. Ele lembrava-se vagamente do rapaz quando foi vasculhar, com seu amigo Paul, uma casa específica em um bairro onde todas as casas eram igualmente estranhas. Pensando bem, toda a cidade tinha suas estruturas estranhas, o que fazia Gus acreditar que era um lugar esquisito de viver. Ele lembra-se de Jacob saindo da casa com um rádio antigo em mãos, ele parecia feliz.

 Todos os soldados o conheciam e suas opiniões sobre o rapaz eram bem variadas, afinal, Jacob sempre estava do lado do Doutor, era difícil saber se sua função estava mais para braço-direito ou assistente. Gus nunca teve muita interação com ele, até achava uma pessoa legal, porém lá estava ele carregando o corpo sem vida de Jacob para fora do escritório do Doutor.

Não era seu trabalho fazer isso, entretanto seu superior lhe disse que era a última tarefa para se redimir com o que ele e Paul tinham feito na última festa entre os soldados. Gus não teve como negar, mas ficou feliz de não ter que limpar o sangue e miolos espalhados pelo chão. Sentia tanta pena e compaixão pelo rapaz que seu coração chegava a doer.

...

 Algumas horas demoraram até que a notícia da morte de Jacob chegasse ao ouvido de todos. A surpresa foi geral, Gus percebia como alguns que nunca conversaram com ele estavam abatidos por uma perda daquela. Claro que não era emocional, Jacob não era companheiro deles, mas era uma pessoa próxima ao Doutor na visão de todos, o que fez o rumor que foi o governo ou alguma milícia de fora se espalhar como uma epidemia. 

No entanto, Gus não acreditava muito nos boatos, pois Jacob morreu onde o Doutor ficava boa parte do dia. A segurança dele não era tão fraca para permitir uma invasão. Talvez tenha sido aqueles dois que chegaram à cidade, um deles sendo o filho do Doutor, isso poderia dizer que estava encobrindo ele.

— Isso é muita audácia para eles.

— Como ousam nos atacar por dentro!

— Não sabem o que os espera.

Eram comentários que Gus ouvia sem querer concordar, todavia acabava sendo contagiado pelo ânimo dos amigos. Era engraçado ver que, na realidade, ninguém se importava com Jacob era apenas um motivo para a motivação daquilo tudo.

 Não demorou muito tempo para o Doutor fazer um pronunciamento para os soldados de alta patente, e estes passaram para os soldados mais baixos na hierarquia. O que foi passado a Gus foi basicamente à mensagem que tinha sido um grupo exterior, nesse caso a Revolução. A mensagem também  acrescentou uma mensagem motivadora:

— Eles são poderosos. Tiveram a coragem de nos atacar aqui dentro, bem no centro do nosso poder matando Jacob, que era uma peça importante para o nosso jogo, mesmo que ninguém saiba ainda. Por isso, soldados, iremos mostrar que não somos tão fracos assim. Iremos mostrar que a morte de alguém importante não nos destrói, mas nos faz mais fortes, unidos, determinados!

Nada mais foi dito, e também não era preciso. Urros de aprovação ecoavam, Gus estava entre eles. A mensagem do Doutor estava certa, todos pareciam concordar com sorrisos um tanto sádicos. Não seria um bando de rebeldes que os derrotariam.

P.O.V TOBIAS

Tobias estava quase dormindo, mesmo que não fosse noite ainda, afinal estava exausto. Depois de Jacob ir encontrá-lo para fazer um acordo com ele, tinha mexido naquele rádio por três horas seguidas, entretanto ninguém parecia estar ouvindo no momento.

Entretanto, com a cabeça deitada em um travesseiro surrado (que já era relativamente confortável) não conseguia fechar os olhos, e não era por causa da claridade vinda da janela. A lógica por trás de tudo que estava acontecendo no momento era extremamente incompreensível. Jacob queria ajudá-lo a sair daquela situação. Irônico, não?

Até onde Tobias sabia tudo foi culpa dele. Se ele não tivesse corrido atrás do Doutor após um pé na bunda, nada disso teria acontecido. Pelo menos, ele percebeu o quanto fodido estava, senão não teria recorrido a Tobias, que afinal deveria ser a pessoa que ele mais odeia, depois de Beatrice.

Tobias realmente tinha a intenção de ajudá-lo a não morrer quando tudo ruir, todavia não podia afirmar que estava feliz com isso. Ele não iria dar uma facada nas costas de Jacob (literalmente, no caso), iria cumprir o acordo se saísse de lá. Não deve ser tão difícil manter Jacob a salvo. Porém, não podia impedir Beatrice de fazer nada com ele quando se reencontrassem.

 Uma risada seca escapou pela garganta ao pensar no que Beatrice diria ao saber que Jacob estava por trás de tudo. Será que ela ficaria chateada? Com raiva, com certeza, porém não sabia ao certo o quanto ela era ligada a ele, para que pudesse adivinhar como ela iria se sentir.

Sentia muita falta dela e esperava que conseguisse contatá-la pelo rádio. Há quanto tempo não se falavam? Pareciam décadas. Seu coração doía de forma constante, uma dor que se tornara bastante familiar, quase como uma amiga. Como será que ela estava depois de toda essa confusão? Soltou um suspiro, de uma mistura de saudade e cansaço.

Além disso, também estava preocupado com Zeke e com os outros na antiga Audácia. Eles deveriam estar bem, eram fortes. E sem Tobias lá, não teriam motivos de atacá-los mais. Jacob nunca contava o que estava acontecendo no mundo exterior enquanto estava ali, mesmo com muita insistência. Segundo ele, Zeke também usava aquele rádio, por isso esperava que pudesse entrar em contato logo com ele.

Não demorou muito para Tobias cair no sonho, estranhamente, sonhando com Zeke.

...

Tobias acordou com alguém gritando seu nome. Abriu os olhos lentamente ao não reconhecer a voz, pois deveria ser um soldado. Às vezes alguns vagavam por lá. Porém o homem gritou tão alto seu nome que foi obrigado a virar a cabeça em sua direção.

— Ah, finalmente — disse o soldado esbanjando um sorriso. — Vim me apresentar.

Tobias bocejou e esfregou os olhos. Em seguida perguntou:

— Quem é você?

— Simons. — respondeu — Adam Simons.

Ele estava com uma postura totalmente superior e seus olhos pareciam brilhar ao ver Tobias. Ou seja, uma alegria evidente. Isso intrigava Tobias.

— E o que faz aqui? — indagou casualmente.

 — Fui promovido. — seu sorriso alargou-se. Por isso ele está tão feliz, pensou Tobias. — Agora sou em quem cuida de você.

As sobrancelhas de Tobias prontamente se juntaram em uma expressão característica de confusão. Como assim Simons cuidaria dele? Bem, esperava que isso não significasse que ele iria morrer.

A primeira coisa que fez foi colocar o travesseiro em cima do rádio, que estava ao lado contrário da cela, e esperava que Simons não tivesse visto. Mas como ele não expressou nenhuma emoção com a movimentação, Tobias pode suspirar.

— Por que você vai cuidar de mim?

— Com Jacob fora da jogada, alguém tem que continuar o que ele trabalho dele.

Tobias arregalou os olhos. Par ver se tinha entendido direito, questionou:

— Fora da jogada..? Quer dizer...

— Que ele está morto. — completou Simons sem demonstrar nenhuma emoção.

Tobias engoliu a seco sem saber exatamente o que sentir. Tristeza? Felicidade? Não pareciam ser exatamente o que Jacob merecia. Resumidamente, Tobias se sentia extremamente inconfortável com a notícia. Surpresa, ao menos, era uma emoção que ele poderia descartar, pois sabia que um dia ou outro, o Doutor acabaria com ele. Tinha até o avisado. Mas achava que poderiam se ajudar. Droga! Aquela era sua melhor chance no momento.

— Eu tenho só alguns dias aqui. Jacob não tirou nada de mim. — Tobias deu de ombros demonstrando que pouco se importava com a troca. Continuou — Não tenho a dizer a você. E de toda forma isso tudo vai acabar em alguns dias, porque então vocês apenas não me deixam em paz?

Surpreendentemente o rapaz arregalou os olhos, surpreso, sua pele até pareceu empalidecer um pouco. Abriu a boca para falar, mas ficou em silêncio antes de prosseguir. Tobias estranhou a reação.

— C-Como você sabe dos cinco dias? Isso foi proposto pelo Estado, achei que você estava com o outro pessoal lá... — Simons retomou a compostura — De qualquer forma, não pense que isso vai te tirar dessa. Eu estou aqui agora, um soldado experiente, não um inútil qualquer como você estava acostumado.  — concluiu com um tom de ameaça.

 — Tudo bem, senhor soldado experiente. — Tobias respondeu.

O soldado o olhou com raiva e soltou uma risada que parecia significar “Você vai se arrepender” antes de sair.

Quando Tobias disse sobre que aquilo iria terminar em dias, estava pensando em Beatrice, mas percebeu que tinha mais coisas acontecendo.

Um prazo de cinco dias imposto pelo Estado, né? Interessante.

...

Tobias olhava curiosamente o aparelho estranho em suas mãos. Ele pensava em suas opções. Agora, Jacob estava morto, e ninguém mais sabia que ele tinha aquele rádio. Precisava confessar que sentiu certo alívio quando soube que ele havia morrido, mas também estava um pouco perdido. E o pior era que agora ele também teria de se preocupar com a presença quase sempre constante de Simons.

Já havia passado horas desde a morte deste, e Tobias ouvira algumas coisas, não que alguém tivesse se preocupado a contar essas coisas a ele. Duas pessoas de fora haviam chegado: o filho do doutor e uma moça. Os soldados pareciam mais tensos, preocupados com o tempo, como se algo tivesse próximo de acontecer. Dias, ele ouvira, cinco dias. O que poderia acontecer em cinco dias?

Ele deixara o rádio ligado por toda a noite e dormira com ele ao lado. Durante a madrugada, os sons estáticos deram lugar a vozes. A primeira, facilmente decifrada por Tobias como sendo a de Zeke, surgiu:

— Tem alguém na escuta?

Ele ficou alguns minutos falando sozinho, insistindo, chamando. Tobias sentiu desespero, querendo responder ao amigo, cada minuto que passava, sentia que estava perdendo uma chance de se comunicar com ele. Mas ele aguentou firme e esperou. Queria antes saber, ouvir a voz de quem responderia. Se pudesse acreditar em Jacob, talvez fosse Beatrice.

Então quando enfim a pessoa do outro lado respondeu, Tobias quase engasgou surpreso com a voz que saiu do rádio.

— Cara, você sabia que geralmente as pessoas estão dormindo a essa hora? - A voz saiu irônica e levemente irritada, apesar de parecer também estar se divertindo.

— Menos você pelo jeito, Damon. - Zeke respondeu cansado, confirmando as suspeitas de Tobias quanto ao dono da voz. Mas o que diabos Damon estava fazendo ali? - Tem alguma pessoa, outra que não seja você, que eu possa falar?

— Você realmente ouviu a parte sobre eu dizer que as pessoas geralmente dormem? E muito regulamente estão dormindo há essa hora? Que tal você tentar num horário, digamos, normal, um horário onde as pessoas geralmente estão acordadas?

— Cara...- Zeke parecia querer desistir daquela discussão, quando outra pessoa falou no lugar de Damon.

— Zeke? Desculpa por isso. Era para Damon vigiar o rádio e me acordar caso vocês entrassem em contato. - Era a voz de Beatrice. Soava sonolenta. Tobias estava cada vez mais confuso: O que Damon estava fazendo de volta a cidade? E porque Beatrice estava com ele? Tentou ignorar a intimidade que parecia soar nas palavras dela: Ele deveria me acordar. Sentiu o ciúme cego e raivoso brotando em seu peito, mas tentou se controlar. Ele não podia julgar, nem tentar adivinhar o que estava acontecendo através de uma pequena conversa. Ele não sabia de fato o que estava acontecendo lá fora, mas a dúvida já havia se instalado em suas entranhas. De todo jeito, ele deveria ser concentrar agora no fato que a sua cidade estava em perigo, e isso era o mais importante de tudo. Teria que deixar suas dúvidas com relação a Damon e Beatrice para quando estivessem todos a salvos.

— Houve alguma movimentação esta noite, ouvimos daqui, mas não sabemos o que é. Quer dizer, sabemos pelo menos um pouco. Algo sobre pessoas de fora chegando. Isso tem algo a ver com vocês?

— Um pouco. Então, eles já chegaram. Quanto tempo tem?

— Algumas horas, não tenho certeza. O que está acontecendo?

— São amigos. Bem, uma delas é. Acho que aliados seria uma descrição melhor. Preciso de um favor, pode ser um pouco perigoso. Acha que alguém aí conseguiria sair da onde vocês estão escondidos e se aproximar um pouco de onde o doutor está?

— Humm, talvez. Depende de quanto seria necessário que nos aproximássemos, e dependeria de quanta segurança teríamos que lidar, e com quem. Enrolar os soldados é potencialmente mais fácil de que enganar o seu amigo Jacob, já que ele nos reconheceria rapidamente.

— Ah, não se preocupe com Jacob, acredito que ele já esteja morto. - Tobias sentiu um calafrio. Como Beatrice poderia saber de algo assim? Só se as duas pessoas que chegaram tivessem como missão eliminar Jacob. Seria isto o que eles vieram fazer? Pensou no que ouvira, sobre uma das pessoas ser o filho do doutor. Pensou nas palavras de Beatrice: " São amigos. Bem, uma delas é. Acho que aliados seriam uma descrição melhor". Mas como o filho do doutor e Beatrice poderiam ser aliados? Isso não fazia sentido.

Sentia-se tentado a falar com eles. Mas aquela avalanche de informações havia o deixado confuso e receoso. Quando Tobias acreditou finalmente está compreendendo a situação, Beatrice conseguiu inverter tudo e deixá-lo perdido. Ela estava envolvida em alguma teia confusa de acontecimentos.

— Acho que não quero saber como você sabe que Jacob está morto. Ou quero? Qual é o favor que você quer Beatrice? - Percebeu na voz de Zeke a mesma dúvida e confusão que ele sentia. Bom, pelo menos ele não era o único.

— Ah, nada demais. Preciso que você mande um recado ao doutor. Ou que pelo menos deixe em algum lugar, que você tenha certeza que chegará até ele.

— E qual é o recado?

— Simples: só que eu estou aqui. E que pretendo invadir a cidade com tudo, se ele não desistir dessa insanidade. Tenho pessoas, armas, munições... Estou pronta para ele.

— Você pretende mesmo fazer isso? Você sabe que se você invadir a cidade, muitos inocentes morrerão.

— Não, claro que não pretendo.

— Então, o que você espera com isso? Que ele se sinta ameaçado e fuja? Eu mal o conheço e tenho certeza que ele não fará isso, imagino que você que o conhece mais também saiba.

— Tenho duas pretensões com isso. A 1ª é garantir que o doutor acredite que meus, é, aliados, estejam falando a verdade, ou melhor, garantir que ele acredite nisso. Corroborar a história deles.

— Você disse duas. Então qual é a outra?

— Garantir que ele acredite que estou numa merda muito grande, e que ele tem todo o poder. E então atraí-lo para outro lugar. Algum em que eu possa enfrentar ele nos meus termos.

Após isso, Zeke e Beatrice conversaram mais um pouco e trocaram despedidas. Tobias precisava agir rápido, precisava falar com eles, deixa-los saber que ele também poderia se comunicar e ajudar eles. Ele decidiu que falaria com cada um primeiro em particular, o problema é que ele não se decidia por quem começaria. O coração queria que fosse Beatrice, precisava ouvir as explicações dela sobre tudo o que estava acontecendo e porque Damon estava ali. Mas a cabeça estava em dúvida, talvez fosse melhor que ele tentasse avisar a Zeke primeiro e tentar descobrir o que estava acontecendo na cidade. A velha batalha entre a razão e a emoção. Seu tempo estava acabando, os dois já estavam desligando a comunicação. Decida-se Tobias, pensou. Zeke ou Beatrice?

.

POV BEATRICE

Ela mal havia desligado o aparelho, quando ouviu novamente o barulho da estática. Sério, Zeke? —pensou. Damon estava escutando na porta, com sua melhor cara de tédio. Quando ouviu a voz que saiu do comunicador se assustou.

— Beatrice?

Era Tobias. Mas como? Zeke havia contado que ele havia se entregado ao doutor.

— Tobias? - Ela respondeu vacilante. Será que o doutor havia descoberto sobre o aparelho e estava usando Tobias como isca? Não, Tobias nunca concordaria em fazer isso.

— Oi. - Ele disse simplesmente. Quase como se não soubesse o que dizer.

— Oi. - Ela respondeu tolamente. Olhou para porta e Damon ainda estava parado ali. A cara de tédio sendo substituída por uma carranca. Não fez nenhum movimento para sair, ele não tinha nenhuma noção mesmo. - Você está bem?

— Já estive melhor, mas também, já estive bem pior. Jacob não teve essa mesma sorte. - Ela respirou fundo, será que ele sabia? - Eu... meio que ouvi você falando com o Zeke. Como... Como você sabia que o Jacob morreu?

— Uau, ficamos tanto tempo sem nos vermos e essa é a primeira coisa que você me pergunta. - Ela respondeu tentando ganhar tempo. - Digamos que Jacob possa ter contado umas pequenas mentiras para o doutor, e que talvez, alguém agora possa ter contado a verdade. E, bem, o doutor não deve ter gostado nem um pouco disso. Ele não gosta de pessoas tentando enganá-lo.

— Entendo. - Tobias respondeu. - Então alguém ligado a você está aqui? Beatrice, o que está acontecendo? Estou aqui tentando entender. Estou meio por fora dos últimos acontecimentos, e então, eu ouço você falando com Zeke e... Não entendo. - ele suspirou. - O que Damon está fazendo aqui?

Beatrice podia sentir o olhar de Damon queimando em suas costas. Aquela era, com certeza, a situação mais constrangedora que ela já havia vivido. Tobias e Damon calados, esperando o que ela ia responder.

— Tobias, é uma longa estória. Damon está aqui para ajudar. Tem outras pessoas também, não é só ele. A Chris, Meg, Daniel que você ainda não conhece, Caleb, alguns outros membros da Revolução e pacientes do hospital. - Ela não sabia por que estava dando tanta satisfação, só queria que ele soubesse que ela não estava ali sozinha com Damon. - Temos um grupo numeroso de pessoas aqui preparadas para lutar, se chegar a isso. Mas estou tentando primeiro resolver de outro jeito.

— É, eu ouvir você conversando um pouco sobre os seus planos com Zeke. Mas eu ainda não entendo o porquê de Damon estar ajudando a salvar Chicago. Ele nem se importa.

— Bem... Eu não sei também. Ele meio que se ofereceu para ajudar. Ele se finge de durão, mas não é tão mau assim. Ele se importa com as pessoas. - Deu uma espiada para trás, olhando para Damon. Ele moveu a boca formando silenciosamente a palavra mentirosa. Num gesto de profunda maturidade, ela mostrou o dedo do meio para ele - Todos nós nos importamos com o que está acontecendo em Chicago, isso é completamente errado. E tem algumas pessoas que querem muito a cabeça do doutor. Mas não se preocupe, a segurança de todos vem em primeiro lugar.

— Beatrice, me desculpe ter começado a coversa assim, eu só estou um pouco preocupado com tudo o que está acontecendo. Mas você tem razão em ficar chateada por eu perguntar antes essas coisas, antes de...

— Eu entendo, isso tudo está uma bagunça, e é tudo minha culpa.

— Não, não é. É culpa desse maluco que acha que pode brincar com a vida das pessoas.

— Sim. Mas foi por minha causa que ele invadiu Chicago... humm, isso é mentira, não foi só minha culpa isso ter acontecido. Foi também de Jacob. Ele sabia que eu estava em Seattle, e mentiu sobre isso pro doutor. Sei que você não ficou feliz com a morte dele, mas saiba que foi ele que fez o doutor invadir a cidade. Porque ele queria ferir você. Por favor, não se esqueça disso.

— Sim, mas... Ele se arrependeu no final, foi ele que me deu o rádio para que eu pudesse entrar em contato com você e Zeke. Por motivos egoístas, claro, mas mesmo assim...

— Eu não sabia disso. - Beatrice sentiu o coração apertar de tristeza. Ah Jacob! Porque você foi tão tolo? - Eu...

— Não estou te julgando. Eu entendo o que você fez, você não tinha como saber disso. E bom confesso que fiquei um pouco aliviado de saber da morte dele. Isso é horrível, mas é verdade. Tenho mais uma coisa para te contar. Estão falando por aqui sobre um tal prazo de cinco dias que o governo deu a eles para saírem da cidade.

— Governo? Prazo de cinco dias? Isso parece interessante. Acha que consegue descobrir mais?

— Bom, vai ser um pouco difícil, mas vou tentar. Acho melhor desligar. Não quero que nenhum dos soldados me pegue com o comunicador, principalmente o novo que colocaram no meu pé. E eu preciso ouvir sua voz mais vezes.

— Eu também preciso. - disse sussurrando para que Damon não ouvisse. Ela já se sentia mal o suficiente de tê-lo colocado naquela situação. - Tobias, nada mudou.

— Beatrice,eu te amo. Mas você já sabe disso não é?

— Sim, Tobias. Eu sei.

Encaixou o comunicador. Ele não ficava desligado realmente, porque nunca se saberia quando precisariam entrar em contato com os outros. Apenas ficava fora do ar.

— Que bonito, parece que está tudo bem no paraíso. – Damon disse irônico como sempre. Ela sabia que ele estava usando a ironia para disfarçar a dor. Ela era definitivamente uma merda de pessoa.

Ela fez menção de sair, mas Damon a segurou pelo braço, a puxando de volta. Ela odiava quando faziam isso com ela.

— Nosso acordo ainda está de pé, Beatrice? – Ele perguntou, e ela viu nos olhos deles a incerteza, o medo pela resposta dela. Às vezes, ela quase conseguia esquecer o acordo que havia feito com ele.

— Sim, Damon, Eu prometi, não foi? – Ele pareceu satisfeito. Percebeu que estava apertando o braço dela e soltou um pouco envergonhado.

— Acho que devemos falar sobre outra coisa – ela começou, tentando quebrar o clima tenso que havia se instalado, e mudar de assunto. – Charles e Eleonor foram para a cidade. – Ela viu a curiosidade no semblante dele. – Venha vou te contar, é uma longa história. E logo, logo, todo mundo vai ficar sabendo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! Comentem!