– Annie! Feliz aniversário! – Katniss corre para me abraçar assim que eu chego à sala.

– Oi Katniss! Estava morrendo de saudades! – digo à minha amiga.

– Como vai, Annie? Tudo de bom hoje e sempre! Desculpe não ligarmos para avisar que vínhamos, mas foi tudo tão corrido que nem tivemos tempo. – Peeta me cumprimenta, dando tapinhas em minhas costas.

– Acha, sem problemas! A companhia de vocês é sempre bem-vinda! – respondo, me sentindo surpreendentemente feliz em ver a família Mellark.

– Tia Annie! Parabéns pra você, nesta data querida! – Lily, a filha de Katniss e Peeta, apenas um ano mais nova que Jake, vem saltitando e me dá um beijo no rosto. Ela entrega para mim uma caixa branca embrulhada com fitas cor-de-rosa. – Eu e o papai fizemos especialmente pra você!

– Oh, não precisava! Muito obrigada! – digo, desamarrando as fitas.

Dentro da caixa há um lindo bolo de chocolate, com várias flores cor-de-rosa em cima. Havia me esquecido em como Peeta era bom em culinária e decoração. Ele mesmo havia feito o bolo de meu casamento com Finnick.

Subitamente, a lembrança daquele lindo dia me vem à cabeça. Nosso casamento no subsolo do Distrito 13. A festa foi tão simples, mas isso pouco nos importou, pois foi o dia mais feliz de nossas vidas. As crianças cantando a canção de casamento do Distrito 4, a rede sobre nossas cabeças e Finnick tocando meus lábios com os dedos molhados em água salgada. Ele me segurando em seus braços enquanto cortávamos as fatias do bolo decorado com ondas, barcos à vela e peixes.

– Annie, está tudo bem? – Katniss cutuca meu braço, preocupada.

Percebo que estou imóvel, e com as mãos nos ouvidos. Esfrego meus olhos molhados e me recomponho.

– Ah sim, desculpe. Adorei o bolo, é muito lindo! Obrigada!

Jake e Lily esticam as mãozinhas para tentar pegar um pouco do brigadeiro, mas Peeta os impede.

– Ei, é só para depois do almoço! - Todos nós rimos. – Que tal brincarmos de esconde-esconde lá no quintal enquanto as mamães de vocês preparam a comida, hein?

Peeta pega os dois no colo e sai correndo para o quintal. Noto um pequeno sorriso no rosto de Jake e sinto vontade de chorar, pensando em como tudo seria diferente e mais feliz se Finnick estivesse aqui conosco.

Quase sempre penso apenas em minha dor e tristeza, e esqueço que Jake também sofre muito por não ter conhecido o pai. Eu tenho a memória de Finnick comigo, mas ele nem sequer isso tem. Nem mesmo uma lembrança antiga do rosto do pai. Tudo o que ele tem são as minhas histórias e fotos de Finnick que sempre compartilho com ele.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto, pensando em como Finnick seria um pai incrível para Jake. O ensinaria a nadar, a pescar com o tridente, e a fazer nós para formar uma rede.

Começo a me dirigir até a cozinha, mas Katniss me interrompe.

– Annie, há outra razão pela qual vim aqui hoje.

– E qual seria? – pergunto.

– Venha, vamos até o meu carro.

Ela me puxa rapidamente até a porta de casa, e vamos até onde o carro de Katniss e Peeta está estacionado. Ela tira do porta-malas uma caixa de papelão, com o nome de Finnick escrito em letras pretas.

– Estava fazendo uma limpeza em casa há alguns meses, e encontrei essa caixa em meu sótão. Finnick me fez prometer que lhe entregaria isso em seu aniversário de vinte e cinco anos, caso ele não estivesse mais aqui. E hoje chegou o dia de cumprir minha promessa, como um último favor ao meu grande amigo. Não sei o que tem dentro, mas posso abrir com você, se quiser.

De repente, tudo fica preto, meu corpo começa a girar, perco as forças e desmaio na grama fofa de meu jardim.