Pov. Remus

Depois da escola, naquele dia, eu não pude ir até a casa de Lily consola-la. Confiava que Túnia teria o feito direito, Nesse momento me dirigia até a casa das duas, como sempre fazíamos todos os dias. Ao chegar lá, somente encontrei Túnia chorando desesperadamente na porta de casa. Isso com certeza não estava certo.

– Túnia o que houve? - perguntei a garota que, desde sempre considerava como minha irmã mais velha. – Porque você está chorando? Cadê a Lily? – quando fiz essa pergunta ela chorou ainda mais, começando a soluçar fortemente. A abraço pelos ombros, confortando-a.

– E.. el..ela – Túnia tentava dizer algo. – E..ela f..foi embora.

– O quê?! – a interrompi. – Tipo, eu sei que o chute foi grande, mas não precisava cortar os pulsos, se jogar de um prédio, se afogar, colocar uma arma na boca, uma bala no cérebro, enfiar uma Katana no tórax,...

– Não seu idiota! – disse ela com raiva me dando um tapa na nuca. – Ela foi embora, se mudou, trocou de cidade, de estado, país e continente, só vamos poder vê-la no Natal e é tudo culpa do Diggory!

Fiquei estático com a notícia de que minha melhor amiga foi embora sem se despedir. Sinto um misto de sentimentos que identifico como raiva, por Lily não ter, sequer, me avisado ou se despedido; tristeza por perder minha melhor amiga desde sempre; ciúme, por pensar que ela vai achar um novo melhor amigo e esquecer-se de mim; e ÓDIO, ódio pelo Diggory ter feito isso com a minha melhor amiga. Eu queria ir para a escola naquele mesmo momento para socar a cara dele tão forte que ele ficaria com ela toda amassada, mas tinha que saber mais sobre onde Lily tinha ido.

– Para onde ela foi? Quando o avião parte? E a escola? Ela não deixou uma carta para mim? – joguei todas as perguntas que estavam na minha cabeça.

– 1º: Não faça tantas perguntas, isso me dá dor de cabeça. 2º: Lily se muda hoje para os EUA. 3º: Ela vai ocupar a vaga dela na escola do nosso tio, a “Academia Evans De Esportes Radicais E Táticas Militares”, meu tio que herdou a academia do “Vovô Evans”, por isso nós temos uma vaga na escola. Eu resolvi não entrar, e entreguei a minha vaga ano passado. 4º: Não ela não te deixou nenhuma carta, aliás, você conhece o e-mail seu anormal? – diz ela se recuperando um pouco do bom-humor característico. Abro a minha boca para perguntar mais alguma coisa, mas ela me corta novamente e responde como se soubesse da minha pergunta.

– O avião sai em... –ela checa o relógio em seu pulso. – 5 minutos. Não seria possível você ir até lá e tirá-la de dentro da “máquina voadora do capeta”. - disse ela se referindo ao avião. (Túnia morria de medo de aviões. Uma história longa e hilária envolvendo ela, um sombreiro, um hamster bêbado, uma peneira e muita tequila para um papagaio.) – Acho que você deveria esperar até o Natal, converse com ela pela internet até lá. Mas agora, temos aulas de extras, e tem alguém que eu quero ver,... com dor! – diz ela por fim, fazendo uma careta maligna. Ofereço-lhe o braço e avançamos em direção a escola conversando sobre diversas maneiras de torturar o Diggory, nos separamos assim que chegamos à escola e o sinal bateu.

– Tchau Remy. – disse ela me dando um beijo na minha bochecha. – Te vejo depois da aula. Quando entrei na sala, o professor estava começando a sua aula, caminhei de cabeça baixa até a minha mesa, tendo pleno conhecimento de que todos estavam olhando para mim. Ao me sentar no meu lugar de sempre (ao lado da “Emmeline Vaca Vance” como dizia Lily) o professor recomeçou a tagarelar sobre a prova que tínhamos feito na semana passada (que eu sabia ter tirado a 2ª maior nota) e que eles nos entregaria agora mesmo. Começou a chamar um por um para receber a prova (tirei 9,8), somente quando chamou o nome de Lily retirou os olhos das provas, chamou-a novamente e novamente até que as palavras que eu evitava que saíssem de minha boca voaram para fora.

– Lily foi embora. Talvez para sempre. – a reação do professor teria sido hilária se não fosse trágica. Ele simplesmente arregalou os olhos, como se tentasse descobrir se eu mentia ou não para ele. E quando percebeu que era verdade, começou a gritar coisas como “Não! Por Deus não!” ou “Por que Senhor?! Por quê?!” e “ Ela era a única que prestava!”, depois apenas jogou-se na mesa, batendo a cabeça e desmaiando na mesma. Resultado: aulas canceladas por uma semana. Peguei meu telefone e fui checar se a Lily me mandara algum e-mail. Ao abrir o mesmo comecei a ler quase que instantaneamente:

“Remus,

Não quero que me odeie pela decisão que tomei muito menos que venha até aqui para me fazer voltar ( sei que já olhou os voos até Los Angeles, só não achou um rápido o suficiente). O problema Remy, é que eu não consigo mais, não foi o chute em si. Foi tudo, todos os momentos que eu fui invisível naquela escola todas as vezes que ouvia um ‘ E você é... ? ‘ ou um ‘ Você sabe a resposta da questão tal? ‘ e até mesmo um ‘ Você é irmã da Túnia? Achei que ela só andasse com você por pena, ou por uma aposta perdida ou algo assim... ’ As pessoas não gostam da nerd certinha e tímida Lily Evans. Mesmo não sendo assim por dentro, você sabe o quanto me esforço para passar despercebida, mas isso dói Remy. Não dá mais para ficar aqui, sendo maltratada, ignorada, zoada e tantos outros adjetivos estranhos. Você nunca vai deixar de ser o meu melhor amigo. Venha me ver neste Natal (ao que parece, a escola não permite que eu saia. Algo a ver com sequestro e espionagem (brincadeirinha). Mas parece que antes muita gente fugia.) irei aguardar a sua visita ansiosamente. Desculpe não me despedir, mas se o fizesse, não saberia de conseguiria ir inteira.

Bjos e desculpas.

Sua sempre sua, melhor amiga.

Lílian Evans.”