What If... escrita por Larissa Megurine


Capítulo 4
Detenção


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ainda é continuação do anterior, no presente.



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Na sexta-feira, depois do jantar, Matthew, Draco e Laureen dirigiram-se à sala dos professores, onde aconteceria a detenção. Dois minutos depois, Madame Hooch chegou e abriu a porta para que entrassem. A sala era bem comprida e com teto bem alto. Junto às mesas, estavam cadeiras de cores escuras, mas todas de modelos diferentes. Eles seguiram a professora até o fundo da sala, onde havia, à esquerda, um guarda-roupa. Matthew sentiu vontade de abrí-lo para ver o que tinha dentro, mas os outros olhavam para outro lugar.

A parede do fundo da sala estava quase que completamente coberta por um pano que, a um movimento da varinha de Hooch, caiu no chão, revelando o maior quadro-negro que os meninos já haviam visto. Precisaria se ter pelo menos dois metros para alcançar o topo e era três vezes mais largo que as das outras salas. Estava convinientemente dividido em três partes iguais por duas linhas que iam de cima a baixo. Madame Hooch pegou uma caixa de giz e estendeu para eles.

– Muito bem, - ela disse - quero que escrevam "não vou usar a vassoura sem a permissão da professora" mil vezes, cada um.

Os queixos deles caíram. Laureen foi a primeira a falar:

– Você está falando sério?.

– Falo seríssimo, senhorita Palmer. - Madame Hooch respondeu, séria.

– Isso é detenção para estudantes trouxas... - Draco falou para si mesmo, observando o tamanho do quadro.

– De fato é. - Ela concordou. - O que quer dizer que vocês também devem ser capazes de fazer isso. Aliás, o senhor Malfoy me lembrou outra coisa. Passem-me as varinhas. Ficarei com elas, para garantir que farão isso do jeito correto. Ao terminarem, devolvo-as para vocês.

– Valeu, Draco... - Matthew resmungou, tirando a varinha das vestes e pondo-a na mão da professora. Os outros fizeram o mesmo e, com as varinhas nas mãos, Madame Hooch virou-se e saiu da sala, deixando-os sozinhos encarando o quadro pela centésima vez, desejando que ele pudesse ser menor...

– Sabe, o tamanho dele não importa de fato. - Laureen disse, nessa linha de raciocínio. - Vamos ter que escrever a frase mil vezes de qualquer jeito...

Ela pegou um giz branco e aproximou-se do quadro, começando a escrever "não vou..." na parte de baixo, com letra pequena. Matthew fez o mesmo e, vendo que não teria escolha, Draco revirou os olhos e foi juntar-se a eles.

Mais tarde, os meninos agradeceriam por Laureen ter começado a escrever pela parte de baixo do quadro-negro... Eles não teriam pensado nisso e acabariam tendo bem mais trabalho... Ainda assim, passada uma hora, suas mãos já doíam muito e eles nem tinham escrito 600 frases ainda. Laureen riu quando Draco teve que pegar uma cadeira, e depois outra, para alcançar o espaço limpo de seu terço do quadro. Como sua letra era bem menor que a dos outros, ela ainda não pegara nenhuma, mas estava na ponta dos pés.

– Ei, Laureen, onde aprendeu a voar daquele jeito? - Matthew puxou assunto, tentando acabar com o tédio crescente. Depois que desistiram de ver quem terminava antes, havia-se feito um silêncio um tanto desagradável. - Já vi muitos jogos de quadribol, mas nunca tinha visto alguém ficar de pé em uma vassoura.

Ela riu.

– Nesse verão, meu pai me levou para o Brasil, passar uma semana com uns primos dele. - Ela pegou um banco ali perto e subiu nele para voltar a escrever. - E uma das garotas, a que falava inglês, me mostrou como se faz. Eles chamam de "surfe de vassoura"... Achei divertido e viciei. - Ela olhou para eles. - Vocês deviam tentar.

– ... É impressionante... - Matthew disse, olhando para ela. - Digo, não parecia que tinha acabado de aprender, você é ótima!

Laureen sorriu para ele. Draco continuava encarando o quadro e brincou:

– Ainda prefiro quadribol! - Ele apagou com a manga da camisa um "porfessora" e reescreveu a palavra. - Lá, se tem um objetivo! Você tem que marcar pontos, e pegar o pomo... Não só ficar se equilibrando como um acrobata. Ai!

Laureen acertara um giz na cabeça dele. A menina voltou a falar:

– Ainda acho que está só com inveja, Malfoy. - Ela mostrou a língua.

– Não estou nada, Lauren...

– É Laureen! - Ela e Matthew falaram juntos. Voltaram então a escrever, soltando ocasionalmente comentários aleatórios, como:

– Que vamos fazer amanhã?

Ou então:

– Viva! Só mais cinquenta!

Logo, os três sonserinos passavam de novo pela porta, encontrando Madame Hooch do lado de fora. Ela entrou na sala, como que para conferir que tinham mesmo escrito todas as frases. O lado de Draco tinha as frases do topo espremidas, para que coubessem todas. O de Matthew estava completamente cheio também, mas bem mais organizado. O de Laureen ainda tinha meio metro limpo, na parte de cima, mas a parte de baixo estava coberto pelo branco de suas frases com letra pequena. A professora voltou com um sorrisinho no rosto e devolveu a cada um deles sua respectiva varinha e disse-lhes:

– Agora, vão para seus dormitórios. Já está tarde e vocês não iriam querer ser pegos pelo Filch. - Ela piscou para eles e os jovens concordaram com a cabeça, seguindo na direção do Salão Comunal da Sonserina. Quando chegaram às escadas, porém, os garotos se espantaram ao ver Laureen subindo as escadas ao invés de descer em direção às masmorras.

– Aonde você vai? - Matthew perguntou a ela. A menina fez uma cara de descrença.

– Não acredito que vocês estão num castelo grande e fantástico como este e não sentem vontade de explorar! Vamos, vai ser legal.

– Nós acabamos de sair da detenção e você quer nos puxar para outra? - Draco disse, massageandoa mão ainda dolorida. - Não, obrigado!

Laureen continuava a estender a mão para eles, esperando que a acompanhassem. Quando estava quase desistindo, Matthew disse:

– Já estivemos fora até agora! Um pouquinho mais não vai fazer mal, não é? - Laureen ficou radiante.

– É, se acontecer quaquer coisa, colocamos a culpa no Pirraça! - Essa desculpa funcionaria, o poltergeist sempre causava confusões pelo castelo e não era raro que mentisse então, mesmo que ele negasse, ninguém acreditaria nele.

Assim, os três subiram um lance de escadas, que mudou de lugar quando eles estavam quase no fim. Abriram uma porta que dava para um corredor comprido,que só tinha outra porta na extremidade. Eles abriram essa segunda porta e encontraram-se na sala de DCAT (Defesa Contra as Artes das Trevas), onde o professor Quirrel lecionava. A sala estava escura, exceto por um discreto fio de luar entrando por uma janela. A porta por onde entraram era bem no fundo e quase não dava para notar sua existência, oculta atrás de um armário de vidro cheio de objetos estranhos e vários livros.

De repente, ouviram-se passos vindos do corredor na frente da sala. Os três levaram um susto. Seria Filch, fazendo a ronda? Sem pensar muito a repeito, foram para debaixo da mesa do professor, que estava coberta por um pano que ia até o chão. O pano translúcido permitia que as crianças vissem apenas os vultos das coisas. Eles notaram que um homem entrara na sala, andando com passos cautelosos. Sua cabeça estava com um formato estranho, larga demais na parte de cima. Ele começou a puxar algo que parecia estar enrolado na cabeça, algo como uma faixa bem comprida.

– É Quirrel. - Draco sussurrou no ouvido de Matthew, que concordou com a cabeça e fez-lhe um sinal com o dedo para que ficasse calado. Quando o professor terminou de tirar seu turbante, eles ouviram uma voz:

– Tem certeza de que não fomos seguidos? - A voz em nada se parecia com a do professor gago. Era rouca, mas também profunda. Apesar da pergunta, não havia receio algum, apenas confiança.

– Certamente, milorde. Madame Hooch foi a última e todos os alunos, ela garantiu, já tinham ido para seus dormitórios. - Esse era o professor, mas ele não estava gaguejando. - Não há com o que se preocupar.

– Pelo contrário, preciso me preocupar com muitas coisas, Quirrel. - A voz disse. Nenhum dos alunos conseguia descobrir de onde ela estava vindo. - Não está sendo nada fácil minha recuperação. Preciso de mais sangue de unicórnio!

– C-com todo o respeito... Mestre... Temos que ser discretos. Não podemos ir à Floresta Pro-...

– VOCÊ tem que ser discreto! - O desconhecido diminuiu o volume da vozao notar que tinha gritado. - Minhas ordens foram claras, Quirrel. Você só precisa dar um jeito no menino.

– Sim, milorde, é claro. Só preciso de algum tempo... Para encontrar a melhor oportunidade. - Quirrel disse. Seguiu-se um instante de silêncio, até que a voz desconhecida voltasse a falar.

– ... Eles já a trouxeram para cá?

– Trouxeram, mestre. Falta-me apenas descobrir como se passar pelo animal...

– Fale com o guarda-caça. Ele saberá o que fazer.

Nesse momento, ouviram a voz irritante de Pirraça do lado de fora da sala, gritando insultos a Filch, que provavelmente o perseguia. Quirrel assustou-se, pegou a longa tira de pano e voltou a enrolá-la em volta da cabeça formando o turbante. O professor saiu apressado da sala, deixando-os atônitos em baixo da mesa. Depois de uns instantes, eles saíram lá de baixo e Laureen perguntou:

– O que foi isso?

– Não faço idéia. - Matthew disse. Eles ouviram outro grito do poltergeist. - Mas acho melhor conversarmos no Salão Comunal.

Eles voltaram pelo corredor por onde vieram e ficaram felizes ao ver que a escada continuava lá. Eles desceram, quase correndo e seguiram para as masmorras. Chegaram enfim a um aparente beco sem saída, onde disseram a senha da Sonserina.

Na parede de pedra, abriu-se uma passagem para o Salão Comunal. De um lado, havia uma lareira, muito útil, por sinal, com o frio que fazia ali, rodeada por uma série de belas poltronas com estofado verde-escuro. As lâmpadas espalhadas no cômodo davam a ele uma luz esverdeada. "Pra varia...", Matthew pensou. "Acho que é capaz de eu enjoar de verde se vou ver essas lâmpadas por sete anos...". Mais ao fundo, algumas mesas tinham jogos de xadrez que não tinham sido terminados e, de cada lado, havia uma porta: uma para o dormitório masculino, a outra para o feminino. Os três amigos sentaram-se por um momento nas poltronas, querendo falar sobre o estranho "quase encontro" com Quirrel, mas logo perceberam que estavam cansados demais para tirarem conclusões que fizessem sentido.

Laureen despediu-se dos garotos e entrou na porta da esquerda, enquanto eles atravessaram a da direita. Ao verem as camas, apenas deixaram-se cair sobre elas e esperar que o sono viesse... Cada um deles pensava em questões diferentes. "Por que ele não gaguejava?", Draco se ingava. "De que animal ele falou?", Laureen pensava. "O que é que já trouxeram para cá?", Matthew imaginava. E todas as perguntas levavam à mesma: "De quem era a voz que falara com Quirrel?"


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Notas finais do capítulo

... Acho meio triste que a gente já saiba as respostas para todas essas perguntas, mas eles vão ter que descobrir sozinhos. E o ano mal começou...



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