A beautiful mess escrita por Mari, Ari Dominguez


Capítulo 2
Senti Sua Falta...


Notas iniciais do capítulo

ola de novo meninas! vcs me surpreenderam pq recebi um numero bom de reviews e favoritaçoes pra um capitulo so, amei todos os reviews de verdade, vcs sao maravilhosas, gostaria de agradecer especialmente amanda saldanha, acede, adry marques, amoleonetta, larimandy e caroline por favoritarem, vcs sao o sonho de qualquer autora meninas, beijao
bom, quanto ao capitulo de hj, ta enorme! perdao de verdade, mas espero q gostem, boa leitura



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O único som que se podia ouvir naquela mesa era o dos talheres batendo nos pratos. O clima estava tenso, também o que se podia esperar de um lugar em que meu pai e León estivessem juntos? Saboreava a pizza de peperoni que papai havia feito especialmente para esse jantar especial com León. Em silêncio estava observando os dois homens da minha vida. Enquanto meu pai estava sério encarando León o tempo todo, meu namorado permanecia em silêncio. Se alguém o visse assim pensaria que ele era muito calmo e tranquilo, mas o conhecia o suficiente pra saber que estava muito nervoso. León sempre quis que papai gostasse dele, o que nunca deu muito certo. Confirmei minha suspeitas com uma exclamação bem puxa-saco que ele usou para quebrar o silêncio:

–Hum... Isso está uma delícia senhor Castillo!

–Obrigada León.

–Obrigada o senhor por me convidar pra vir jantar aqui hoje a noite.

–Na verdade foi a Violetta que insistiu-estatelei os olhos com tamanha indelicadeza.

–Papai!-chamei sua atenção-Ele só estava brincando León, não é pai?

–Não Villu tudo bem.

–Sim, eu estava brincando. Bom, quero aproveitar que estão os dois aqui pra conversarmos um pouco-os músculos do meu corpo ficaram rígidos, ele não podia estar fazendo aquilo comigo, agora não.

–Papai, já está tarde e o León daqui a pouco tem que ir pra casa arrumar as suas coisas, não é meu amor?-perguntei me virando para ele colocando minha mão por cima da dele que estava sobre a mesa por impulso, acho que estava meio desesperada.

–Não Villu, minha mala já está praticamente pronta. E sei que o que seu pai tem pra falar é importante.

–Pode ter certeza que é-papai ajeitou a postura, era incrível como toda vez que ia falar comigo um assunto sério ficava parecendo um coronel, ou melhor, um chefe da máfia, tipo o poderoso chefão. Respirei fundo, pronta pra com certeza passar vergonha-Bom, desde o início não me opus contra a mudança da Violetta pra Nova York porque no fundo sei que você é um bom rapaz, e que não faria nada de ruim a ela, nem que a desrespeitaria de alguma forma-fechei os olhos com força querendo apenas sumir, senti minhas bochechas enrubescerem e queimarem de tanta vergonha. Não era possível que meu próprio estivesse fazendo aquilo comigo-Contudo, alguns avisos precisam ser reforçados com o tempo. Eu já fui jovem um dia e sei bem o que acontece quando os hormônios estão à flor da pele. Mas queria apenas te avisar León, que a Violetta é tudo que tenho. Se você a machucar ou a magoar eu vou ficar bravo, e você com certeza não iria gostar que isso acontecesse.

–Rapidamente olhei para o lado para ver qual era a reação de León à aquelas palavras tão duras e desnecessárias. Ele estava particularmente engraçado, com o olhar fixo em papai e perdido ao mesmo tempo, sua boca estava entreaberta e ele parecia uma criança que levava uma bronca. Percebendo o quanto estava desconfortável tentei tomar as rédeas da situação.

–Papai eu...

–Estamos entendidos?-fui cortada pelo meu pai que parecia firme. León engoliu o seco, ainda meio catatônico e confuso sem saber o que dizer naquele momento tão constrangedor.

–Si-sim senhor.

–Ótimo. Perdão por isso, mas é que como pai eu quero o melhor pra minha filhinha.

–Eu entendo-León abaixou a cabeça por alguns segundos envergonhado. Eu fuzilava com os olhos aquele ser prepotente que eu chamava de pai, enquanto ele também me fitava com uma cara de ''o que eu fiz?''-Desculpem-me, mas é que acho que como a Villu disse já está um pouco tarde. -Claro, eu te acompanho até...

–Não pai, não precisa, eu o acompanho-falei me levantando da cadeira jogando o guardanapo em cima da mesa, minha irritação era aparente-Vamos León.

Saí apressada até a porta, não queria ter de olhar mais um segundo sequer para a cara do meu pai. León se levantou e o cumprimentou com um aperto de mão, lhe desejou boa noite. Saiu da sala de jantar e veio até a sala, na minha direção. Abri a porta e saí dando espaço para que ele também passasse. León em silêncio rodeou minha cintura de lado, e fomos até o elevador. Assim que entramos apertei os botões, para minha ''agradável'' surpresa vi aquela figura morena baixinha correr e segurar as portas que se fechavam.

–Ainda bem que deu tem...-Anne, minha vizinha intrometida, arregalou os olhos ao ver que eu estava com León-O-o-i Villu, oi León.

Anne entrou no elevador em silêncio, sem parar de sorrir um minuto e olhar pra León.

–Oi Anne-falei com uma carranca cruzando os braços na altura do peito sem me atrever a olhar pra ela. León apenas acenou com a cabeça em sinal de cumprimento, pelo canto do olho percebi ela nos encarando. Depois dos segundos mais longos da minha vida, o elevador enfim parou e suas portas se abriram, logo puxei León pelo braço querendo o tirar dali o mais rápido possível. Atravessávamos o saguão quando parei ao ouvir aquela vozinha aguda e irritante.

–León espera!-Anne correu, parou em nossa frente-Sabe, não sei se a Violetta te contou, mas é que eu sou sua fã e será que, que, que...-se ela pedisse o que eu estava imaginando que iria pedir eu estaria bem próxima de estourar com ela-Você poderia autografar minha blusa?

–Ah claro-León falou coçando a cabeça, ela abriu a bolsa e depois de procurar algo tirou uma caneta e estendeu até ele. Anne tirou o casaco e virou de costas, tirou os cabelos das costas, León se aproximou e assinou as costas da sua camiseta, ela sorria que nem uma retardada. Ainda bem que eu não tinha visão de calor senão ela já estaria mortinha da silva-Prontinho.

–Ai obrigado. Não acredito que León Vargas autografou minha camiseta! Será que você poderia tirar uma foto comigo?-León suspirou baixinho transpirando impaciência-Se não for incômodo é claro.

–Imagina-ele sorriu amarelo.

–Obrigada de verdade-minha vizinha tirou o celular do bolso e me entregou-Villu você poderia bater a foto? E só clicar...

–Eu sei como tirar a foto-falei nervosa tomando o celular da sua mão. León passou o braço em volta da cintura dela, Anne jogou os cabelos de lado e sorriu. Com uma tromba bati a foto querendo mesmo era acertar era aquele celular na cabeça dela-Aqui está-falei lhe estendendo o celular, ela pegou da minha mão e olhou a foto sorrindo.

–Ficou ótima! León eu queria te dizer que você é o máximo e eu tenho certeza de que vai arrebentar no Campeonato Mundial.

–Obrigada.

–Bom, tchau-ela deu um rápido beijo na bochecha dele e se virou saindo depressa. Agora sim eu estava soltando fumaça pelo nariz. Voltei a cruzar os braços e sair pisando duro na frente. Ao sairmos do prédio e adentrarmos o estacionamento senti alguém segurar o meu cotovelo.

–Violetta o que foi?-me virei e vi que León me fitava confuso.

–Como assim o que foi? Você não viu a ceninha que aquela garota fez?-ele se aproximou colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

–Villu ela é só uma fã.

–É mais precisava ficar ''Ai León você é o máximo, ai León você é incrível, ai León autografa minha blusa, ai León tira uma foto comigo, ai León seja meu namorado''-a imitei afinando a voz, quando olhei para León ele estava segurando o riso até que não aguentou e explodiu em gargalhadas-Estou com cara de palhaça por acaso? Isso não tem graça nenhuma ouviu?-ele parou de rir por uns instantes.

–Violetta você está com ciúme?

–Estou! E daí? Virou crime agora?-León sorriu exageradamente, se aproximou e segurou minhas mãos.

–Não, é que você fica linda com ciúmes-corei na hora-Não precisa ficar com ciúmes Villu, você é a única garota que eu quero, a única garota que me importa, a única garota que eu amo!

–Não sei-falei virando o rosto para o lado.

–Qual é princesa-falou manhoso beijando meu pescoço.

–Para León, você sabe que eu detesto isso-é claro que estava mentindo, porque a cada beijo seu naquela região eu me arrepiava.

–Não parece-apertando as laterais da minhas cintura de leve, me tascou um beijo, levei minhas mãos até sua nuca, movimentei meus lábios para sentir os dele mais plenamente. Quando o ar se fez necessário, nos soltamos ofegantes, ele encostou sua testa na minha e eu fechei os olhos, apenas sentindo sua respiração quente batendo no meu rosto.

–Eu te odeio sabia?-perguntei ainda de olhos fechados, León soltou uma risadinha sapeca.

–Não pareceu à alguns segundos atrás-senti seu corpo descolar do meu, abri os olhos e vi que ele abria o banco da Fazer e pegava um capacete. Se aproximou mais uma vez e segurou meu queixo de leve-Tenho que ir meu amor, mas amanhã passo cedo pra te pegar tudo bem?

Apenas assenti com a cabeça brincando com o colarinho da sua jaqueta, ele deu um beijo na bochecha.

–Tchau-falei me afastando de costas enfiando as mãos nos bolsos na parte detrás da minha calça, o observando colocar o capacete e subir na moto.

Ele fez o de sempre: ligou a moto e movimentando as mãos deu uma boa acelerada, fazendo um estrondo com o escapamento da moto, que com o barulho parecia mais um trator. Meu coração acelerava toda vez que via aquilo, porque sabia que correr estava no sangue dele. León se virou uma última vez e gritou:

–Sonhe comigo!-ele acelerou e saiu em disparada em direção a rua, como se estivesse em uma competição. Suspirei meio preocupada, subi ao apartamento para arrumar minhas coisas, visto que amanhã viajaríamos para Nova York.

***

Aquele barulho de cliques e flashes estava me dando nos nervos, posso jurar que nunca cheguei tão perto de xingar aqueles paparazzis irritantes com os piores nomes possíveis. O aeroporto estava muito barulhento e movimentado, León e eu caminhávamos em passos rápidos, íamos em direção o portão de embarque. O que nos diferenciava das demais pessoas é que vários caras gordos nos perseguiam com câmeras enormes, éramos o centro das atenções, mas eu queria só fazer como um avestruz e enfiar minha cabeça num buraco. Não esperava que eles estivessem lá, como sabiam que íamos pegar um voô justo hoje?

Estava com um mau humor terrível. Pra começar tive que levantar cedo, e digamos que eu não era uma pessoa que gosta de madrugar. Meu pai passou o café da manhã inteiro me dando recomendações e me dizendo o que fazer. Depois disso, León e eu enfrentamos um trânsito tremendo num táxi minúsculo até o aeroporto. E pra acabar de completar aqueles seres que me tiravam do sério nos cercavam, alguns chegavam a fazer algumas perguntas totalmente ridículas:

–León, Violetta, vocês ainda estão juntos?

–Você vão morar juntos em Nova York?

–Poderiam nos dar uma palavrinha por favor?-me virei e vi que León caminhava firme como uma rocha, com uma expressão séria sem ousar olhar pros lados. Ele havia me dito que essa era a atitude correta, mas eu estava tão perdida que ficava olhando pros lados como uma barata tonta, confusa e sem saber o que fazer. Como se lesse meus pensamentos senti um braço rodear minha cintura, e uma voz mansa sussurrou no meu ouvido:

–Apenas os ignore-me virei para o lado e vi que ele continuava olhando pra frente. Segurei sua mão que estava livre, já que com a outra ele estava carregando as malas. Abaixei a cabeça e apressei ainda mais meus passos.

Mal pude acreditar quando enfim estávamos dentro do avião ''seguros''. Assim que entramos me sentei na poltrona da janelinha, Léon colocou as malas no bagageiro e sentou do meu lado, apoiou a testa nas mãos, bufou em sinal de cansaço.

–Você está bem León?-perguntei levando minha mão de encontro com a sua que estava sobre seu colo.

–Sim Villu, é só que aqueles caras me irritam muito!

–Entendo-falei passando o polegar de leve na sua bochecha.

–Me desculpa fazer você passar por isso-ele se virou e segurou minha mão que acariciava seu rosto, tinha um olhar sereno sobre mim.

–Não precisa se desculpar León, a culpa não é sua-ele sorriu carinhoso.

–Você não existe Villu.

Me aproximei e lhe dei um selinho rápido. Uma moça alta e loira, com um uniforme muito justo pro meu gosto, foi até a frente e ficou demonstrando o modo correto de apertar o cinto e colocar a máscara de oxigênio, aquela baboseira que estamos cansados de escutar. Imitamos seu gesto apertando o cinto de leve, quando a explicação acabou escutei a voz de León sussurrando no pé do meu ouvido:

–Já te contei que tenho uma quedinha por loiras?-me virei lançando um olhar de morte, dei um murro de leve no seu braço que não deve ter feito nem cócegas. Ele deu uma risadinha.

–E por atrizes espanholas de filminhos adolescentes água com açúcar não é?-sorri irônica, ao mesmo tempo que o sorriso dele se desfêz. Se aproximou e atingiu meu ponto fraco, dando beijinhos de leve no meu pescoço. Quando viu que eu permanecia brava segurou minha mão e disse sedutor:

–Se está se referindo a Lara eu prefiro mil vezes você-estava cansada até mesmo pra retrucar, por isso decidi encerrar a discussão.

–Sei, agora o senhor trate de descansar.

–Tudo bem mamãe-ele riu. Passou o braço em volta do meu ombro, deitei a cabeça em seu peito(que por ele ser bem alto ficava nessa altura, mesmo nós estando sentados). Era óbvio que não estava brava com ele de verdade. Senti meus olhos ficarem pesados, fui os fechando devagar e a última coisa que escutei foi a voz elegante e refinada da aeromoça ecoar pelos meus ouvidos antes de pegar no sono.

–Senhores passageiros, dentro de poucos minutos decolaremos. Por favor apertem os cintos.

***

Assim que passei pelos portões da universidade respirei fundo, observando o letreiro grande que formava a sigla UNY, como se fosse um ritual de preparação para o novo ano que começaria. Arrastando minha mala de rodinhas pelo piso, me encaminhei até um prédio onde estava localizado o dormitório das garotas. Dentro de poucos minutos já estava abrindo a porta do meu quarto com minha chave, ao abrir parei me escorando na soleira da porta, observando aquele espaço tão habitual, que estava exatamente do jeito que eu havia deixado um mês atrás: duas camas de solteiro cobertas por lençóis brancos, que estavam cada uma de um lado da grande janela que ficava no centro do quarto. Havia um porta que dava acesso ao closet e outra que dava acesso ao banheiro, uma escrivaninha num canto. A única coisa que havia além disso era a decoração extravagante e exagerada que estava do lado do quarto que pertencia a Ludmila, na parede haviam as letras LUDMI, cobertas por glíter e com dois pompons do tempo em que ela era líder de torcida de cada lado.

Voltei meus pensamentos para a sorte que tive de dividir o quarto com a maior vadia de toda a universidade. Ludmila era uma filhinha de papai, estava matriculada no curso de design. Era extremamente mimada, metida, arrogante egoísta, egocêntrica, convencida, e por aí vai. Passava o tempo todo fora em festas dando em cima dos caras da fraternidade dos Betas, senão estava fazendo isso, com certeza estava por aí fofocando com a Naty ou para minha tristeza, no nosso quarto me enchendo a paciência. Ela já conheceu o León, e descaradamente deu em cima, ela não cansa de perguntar o tempo todo que macumba eu fiz pra namorar alguém como ele. Já me disse explicitamente que ia tirá-lo de mim. Não sinto nada mais que pena e desprezo por ela, por ser uma pessoa tão baixa e sem caráter.

Arrastei a mala pelo quarto, parei na cama esquerda que era a minha, colocando a mala sobre ela. Me sentei e suspirei aliviada por minha querida colega de quarto não estar presente, isso queria dizer que teria algumas horas de paz. Passei umas duas horas ajeitando minhas coisas, modéstia a parte sempre fui uma pessoa muito organizada e limpa. Pra falar a verdade às vezes, às vezes não, sempre extrapolo com essa minha mania de limpeza e organização. Já chegaram a citar o nome TOC pra mim, mas acho que não chega a tanto.

Quando enfim terminei, tomei um banho morno e relaxante. Saí do banheiro e vi havia chegado uma nova mensagem no meu celular, sorri ao ver de quem era. Comecei a me arrumar, coloquei uma calça sckiner preta, uma blusa de malha branca, calcei minhas botas de cano longo marrons, enfiei na cabeça minha querida boininha cinza que eu adorava usar. Estava pegando um casaco já que fazia frio, quando escutei uma batida na porta, espiei pelo olho-mágico e quando constatei quem era, com um sorriso enorme abri a porta.

–Oi!-León trajava uma calça jeans, uma camisa xadrez, um all star preto, e a clássica jaqueta de motoqueiro. Ao me vir sorriu, dei espaço para que ele entrasse.

–Nossa que saudade disso!-ele falou tirando a boina da minha cabeça, pus a língua e a tirei das mãos dele.

–Agora você vai matar a saudade então-dei uma risadinha colocando ela de volta no meu cabeção-León você não pode ficar entrando no campus, eu já disse se precisar me ver é só ligar.

–Mas eu estava com saudade, não podia esperar pra te ver.

–León, nos vimos hoje de manhã quando você me deixou aqui.

–Eu sei, mas passamos um mês longe um do outro. Eu vou ser preso por estar morrendo de vontade de passar um tempinho com minha namorada?-bufei em sinal de desistência.

–Ok, já entendi. Mas posso saber como o senhor conseguiu entrar?

–Digamos que um certo porteiro de certo prédio, tem um filho de 16 que é fanático por MotoCross, e que adoraria ingressos para a Competição Internacional. O que significa?-dei uma risada.

–Passe livre?

–Exato! Bom, você quer dar uma volta pra matar a saudade da cidade que nunca dorme?

–Adoraria.

–Então o que estamos esperando parceira?-odiava quando ele me chamava assim.

–León!-o repreendi irritada.

–Só estou brincando Villuzinha, vem.

León saiu do quarto e eu também, passei a chave na fechadura e a guardei na minha bolsa, após isso, coloquei meu casaco preto de veludo. León estendeu o braço para que o segurasse, estilo professor Girafales e dona Florinda, me dependurei em seu braço. Embora o caminho até a frente do campus não fosse muito longo, demoramos uns vinte minutos, porque a cada cinco segundos alguém parava León pedindo um autógrafo, estava já sem paciência. Quando enfim cruzamos o portão da universidade exclamei:

–Ufa! Até que enfim. Pensei que nunca conseguiríamos sair de lá.

–Mas conseguimos não é?-perguntou abrindo o banco da Harley(outra moto dele, uma das favoritas, isso mesmo, ele tinha uma coleção), tirou um capacete e estendeu a mim.

–Depois de meia hora é claro.

–Villu, não tenho culpa se todos me amam-falou em tom de deboche.

–Nem sei o porque desse amor todo que eles nutrem por você-desdenhei colocando o capacete.

–Quem sabe porque eu sou simpático, charmoso, e talentoso?-engrossou a voz enquanto subia na moto, montei na garupa também.

–E modesto!-passei os braços entorno da sua cintura.

–Exatamente-ele se virou para mim antes de ligar a moto-Pronta parceira?

–León para de me chamar de parceira!

–Tudo bem parceira-dei um tapinha de leve no seu ombro.

Ouvi o sinal de vida do motor escandaloso da moto do imbecil do meu namorado. A sensação mais maravilhosa de todas da qual senti tanta saudade voltou a se repetir, o vento batia contra nós, quando ouvia o som do motor da moto após uma acelerada, um calafrio percorria meu corpo e me agarrava com mais força a ele. Que palavra devo usar para descrever o que sentia quando estava na garupa da moto da sua moto? Bom, me sentia livre! Isso, essa é a palavra: livre. Eu esquecia de tudo, e me entregava apenas para viver o momento, tudo isso se intensificava pelo fato de eu estar com a pessoa a quem amava, a pessoa que era dona do meu coração.

Depois de alguns minutos pude sentir a moto parar. Tirei o capacete e desci, contemplando a linda paisagem do Central Park.

–Ai que saudade desse lugar.

–Viu como eu te conheço?-perguntou retoricamente devolvendo minha boina toda amassada que estava dentro do banco.

–Está toda amassada!-exclamei com uma cara de dó enquanto a desamassava.

–E daí? Te compro outra.

–Mas não é a mesma coisa.

–Villu é só uma boina boba, está exagerando.

–Você sabe o quanto gosto dela.

–Eu sei, só porque quando você a usa fica parecendo aqueles pintores meio hippies, que moram em Paris e passam o dia todo pintando a torre Eifel.

–Sabe que até é uma boa dedução?-como León era retardado!

–E olha que eu só chutei.

Sorriu, se aproximou e me abraçou de lado, só então percebi que enquanto me concentrava no estrago da minha ''boina boba'', ele havia colocado um boné e um óculos escuro.

–Parece até que você vai assaltar um banco.

–Haha, engraçadinha. Você prefere ser perseguida por tietes malucas?

–Não.

Caminhamos falando de assuntos aleatórios, enquanto eu inalava aquele cheiro gostoso de grama ainda coberta por algumas gotas de orvalho, o parque estava meio vazio, por isso não fomos reconhecidos. Nossa caminhada foi agradável, nos sentamos em um banco que dava de frente pro lago, nesse momento nos calamos e ficamos em silêncio. Deitei a cabeça no ombro de Léon que acariciava meu cabelos suavemente. Observava aquela água pura e límpida compenetrada, imaginando como poderiam existir momentos tão perfeitos assim. Fui despertada do meu devaneio por uma coisa um tanto quanto estranha que León disse:

–Imagina quando estivermos velhinhos e viermos ao Central Park dar comida aos pombos...

–O quê?-me virei rapidamente olhando pra ele, que permanecia sério enquanto eu ria-Não viaja!

–É sério!

–Bom, se você diz.

–Você pode duvidar, mas eu quero ficar com você pra sempre. Quero casar, ter filhos, envelhecer ao seu lado.

–Você está falando sério?

–Sim, você não acredita?

–Não, é que é melhor não nos precipitarmos não é? Agora o que você acha de irmos ao Starbucks tomar um café?

–Tudo bem-ele se levantou, pareceu meio chateado por eu fugir do assunto daquele jeito. Mas durante o trajeto até a cafeteria ele voltou ao normal, voltou a ser o León palhaço e idiota que eu adorava.

Atravessamos a rua e adentramos aquele espaço agradável. Quando abrimos a porta o barulho do sininho da porta foi abafado pelo som de pessoas conversando. O lugar estava cheio, apesar disso encontramos uma mesa no fundo. Sentamo-nos e depois de alguns segundos um rapaz magrelo e alto(parecia uma lombriga seca) anotou nosso pedido de dois americanos grandes e se afastou. Parei por uns segundos, olhando distraída para os traços do rosto de León, eu devia estar com uma expressão engraçada, porque ele deu uma risadinha.

–O que foi?

–Eu quero fazer uma coisa.

–Que coisa?-abri a minha bolsa tirando meu caderno de desenhos de dentro, sempre carreguei ele comigo pra onde quer que fosse.

–Deixa eu te desenhar?

–Claro-León falou sorrindo, eu sabia que ele gostava quando o desenhava, eu gostava mais ainda. Meu caderno estava repleto de retratos seus. Não precisava mais que ele posasse pra mim, o havia desenhado tantas vezes que já havia decorado como eram suas feições.

–Pode ficar desse jeito mesmo.

Tirei a grafite da bolsa, ajeitei minha postura enquanto estalava meu dedo médio, ele riu.

–Você e suas manias!

Fiz uma careta de reprovação. Comecei a deslizar a ponta da grafite pelo papel com calma, meus olhares se dirigiam apenas para ele e meu caderno. A figura até então abstrata começou a ganhar formas. Suas sobrancelhas grossas e definidas começaram a aparecer, embaixo delas, seus olhos na minha representação ganharam um leve brilho charmoso. Após isso, boca, nariz, covinhas foram se juntando, formando o retrato do seu rosto, que parecia ter sido desenhado de tão perfeito. Pude perceber que León permanecia em silêncio, apenas me fitando com certo encantamento e ansiedade. Terminei dando uma leve sombreada abaixo de seus olhos.

–Pronto!-disse soltando um suspiro. Só então percebi que nossos cafés já estavam sobre a mesa, estava tão distraída que não percebi que a maioria das pessoas que estavam lá quando chegamos haviam ido embora.

–Deixa eu ver-ele estendeu a mão.

–Não é um dos meus melhores, mas dá pro gasto-o entreguei o caderno, ele fez uma expressão que não consegui decifrar. Após alguns momentos de um silêncio excruciante León exclamou:

–Puxa, você é boa! Ficou igualzinho a mim-percebi que estava sendo totalmente sincero.

–Obrigado-sorri pegando meu café, senti aquele líquido quente descer pela minha garganta e aquecer meu corpo.

–Prometa que quando virar uma pintora famosa não vai se esquecer de mim.

–Prometo, apesar de saber que não vai chegar a tanto.

–Mas duvido que com esse talento todo você não seja reconhecida.

–Você está exagerando, mas quem sabe não é?-peguei o caderno e o guardei de volta na bolsa, deslizei a mão sobre a mesa e coloquei por cima da sua-Mas saiba que você sempre vai ser meu muso inspirador.

–Aé?-ele acariciou meu rosto com delicadeza, fiquei tão extasiada com aquele contato que fechei os olhos, inclinei a cabeça para o lado-Eu te amo Villu-soltei um gemido abafado ao sentir aqueles braços fortes apertarem meu corpo de leve contra o seu.

–Também te amo León-nesse momento, sem se dar conta, León tirou o boné e me beijou delicadamente, com um carinho e suavidade extraordinários, que me fizeram sentir a garota mais sortuda e especial do planeta. Nos ''descolamos'', León passou o dedo indicador de leve pelo meu lábio enquanto eu olhava para ele em transe.

–Senti sua falta-disse bem baixinho. A realidade nos chamou quando ouvimos um grito estridente:

–Ai meu Deus!-me virei rapidamente, vi que tinha uma garota duns quinze anos parada na nossa frente, apontando para nós de boca aberta-Você é...

Ela foi interrompida por León que rapidamente se levantou da cadeira e cobriu sua boca com a mão, ela arregalou os olhos e ficou paralisada. Devagar tirou a mão de sua boca, para que ela se acalmasse.

–Por favor não...

–León Vargas!!!!!!!!-pensei que meus tímpanos fossem estourar com a altura em que ela gritou. Todos os olhares se direcionaram para nós, fiquei vermelha como um pimentão. Um tumulto se iniciou quando as pessoas começaram a rodear León histéricas, podia apenas ouvir seus gritos. Perdi-o de vista no meio delas, só voltei a vê-lo quando com um desgosto aparente León começou a autografar guardanapos e bater fotos com algumas pessoas. Pronto, nossa paz havia acabado! Não estava acreditando que aquela doida havia estragado um momento tão lindo. Bufei irritada, comecei a ouvir o toque de um celular, constatei que não era o meu, era o do León que ele havia deixado sobre a mesa. Estranhei por ser um número desconhecido, mas mesmo assim atendi:

–Alô?

–Quem é?

–Como quem é? Eu que pergunto-fui grossa por perceber que se tratava de uma voz feminina(eu não nego esse meu lado ciumento).

–Me desculpe, acho que devo ter ligado errado. De quem é o telefone?

–León Vargas.

–Então liguei certo, gostaria de falar com o León se possível.

–Ele está um pouco ocupado no momento-falei olhando pra ele, que tirava foto com uma garotinha de uns oito anos que não se contia de felicidade-Mas posso dar o recado se quiser.

–Diga que a Lara ligou, peça pra que ele retorne. Preciso muito falar com ele.

Inconscientemente encerrei a chamada, tremendo de raiva após escutar aquele nome e ligá-lo a dona daquela voz. León havia mentido pra mim!


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Notas finais do capítulo

e ai? mt grande ne? grande nao, gigante! desculpa.
eu postei hj so pq ja tava pronto a algum tempinho no meu pc, mas o proximo so vai dar pra postar final de semana pq ainda nao esta pronto, mas se vcs me alegrarem com seus reviews posso fazer um esforço e postar antes, q tal?
bjs ♥