A beautiful mess escrita por Mari, Ari Dominguez


Capítulo 14
Borboletas No Estômago


Notas iniciais do capítulo

Hello! Voltei cedo não? Poisé, estou muito inspirada e com as ideias a mil pra essa fic.
Tem mais uma coisa muito chata sobre a qual gostaria de falar agora: bom, eu fiquei estupefata no último capítulo, porque eu nunca liguei muito pro número de reviews, afinal, não é isso que define se algo é bom ou não certo? Mas sabe quantos fantasminhas eu contabilizei no último capítulo? Cinquenta e quatro. E bom... isso é meio absurdo e frustrante. Me levou a questionar se tem algo errado com a fic, então eu gostaria de pedir que os a quem me refiro tenham a consideração de se manifestarem, porque se tem algo errado eu só posso saber se me apontarem o erro; eu não mordo, e respondo a todos (inclusive as críticas) sem exceção. Peço desculpas pras minhas leitoras que nunca me deixam na mão por isso, não vou citar o nome de ninguém em especial porque eu acabaria esquecendo de alguma, e seria constrangedor, além de desnecessário, eu tenho o nome de todas gravado♥
É isso, peço que pense com carinho.
Fora isso, espero que gostem do capítulo a seguir. Nos vemos lá embaixo :)



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–Ai! – soltei um grito agudo me levantando em um pulo da cadeira.

Olhei desesperada para o meu reflexo no grande espelho: eu estava um desastre, e não fazia ideia de como aquela mancha vermelha que apareceu nas extremidades das minhas sobrancelhas ajudaria a me tornar mais atraente.

–Violetta! – Francesca ralhou comigo soltando a revista sobre o seu colo para vir em minha direção com uma expressão irritada.

–Já chega! Eu não aguento mais!

–Caramba, deixa de ser dramática, é só uma pinçazinha de nada. – ela disse em um tom indignado apontando para a moça com a pinça nas pontas dos dedos e com os braços cruzados na altura do peito com um ar de impaciência.

–Essa coisa é terrível! Já chega, vamos dar o fora daqui!

Francesca soltou uma risada.

–Ok, e você vai embora com apenas uma sobrancelha feita?

–Que se dane, eu não fico aqui nem mais um segundo sequer! – disse indo até a porta, mas fui impedida pela Fran que agarrou meu braço.

–Não senhora! Você vai ficar e terminar o que começou.

–Você poderia se decidir queridinha? Eu tenho mais clientes marcadas pra hoje. – a tiazinha disse apontando para o relógio de parede.

Olhei para minha ''amiga'' que estava com a sobrancelha arqueada como se esperasse que eu fizesse algo. Bati o pé e bufei.

–Tá bom, vamos acabar logo com isso.

Caminhei derrotada de volta aquela cadeira, me sentei me sentindo como uma judia capturada pelos neonazistas na cadeira pronta para ser torturada.

A mulher rabugenta não perdeu tempo e se aproximou para voltar a me torturar com aquele objeto minúsculo que com sua malignidade e poder de destruição provavam que tamanho não é documento. Se posicionou, e após o primeiro puxão soltei a reação tão clássica:

–Ai! – gritei mais uma vez agarrando com força as laterais da cadeira. Ela suspirou cansada, mas seus movimentos ágeis e rápidos com o instrumento do mal não pararam.

–Já tá quase acabando. – Francesca me tranqüilizou sem tirar os olhos da revista, cara, que bela amiga eu tinha!

Depois de exatamente quatro minutos (que pra mim pareceram quatro horas), senti um alívio tremendo ao observar a mulher sair de cima de mim.

–Ufa! – ela disse colocando as mãos na cintura. – Essa daí tava difícil.

Tomei isso como uma ofensa e armei uma tromba querendo voar no pescoço dela.

–Poisé, acho que essas sobrancelhas não vêem uma pinça desde a era glacial. – Fran soltou a revista e caminhou em direção em mim, esticando as laterais do meu olho com a ponta dos dedos. – Puxa, ficou muito bom! Obrigado mesmo Wendy, você é a melhor! – Só se for a melhor torturadora.

Ela deu um sorriso triunfante.

–Só faço o meu trabalho.

–E muito bem por sinal. – Se virou para ela e se abraçaram brevemente. Levantei-me e Francesca enganchou no meu braço. – Bom, mas agora eu e minha amiga precisamos ir. Tchauzinho.

Ela deu uma piscadela em direção a senhora de meia idade que retribuiu com uma aceno enquanto pegava sua bolsa e me puxava para fora.

–Eu não acredito que você me convenceu a fazer isso! – falei passando a ponta dos dedos sobre a região ‘’lesionada’’ com uma careta de dor.

–Bom, mas já está feito, e quando esse vermelho passar e estiver pronta para a festa hoje a noite vai estar um arraso.

–Também não consigo acreditar que me convenceu a ir a essa droga de festa.

Chegamos até a vaga no estacionamento onde ela havia deixado o carro. Francesca tirou as chaves da bolsa e destravou a picape preta.

–E você prometeu que iria, não tem mais volta. – Abri a porta e entrei no banco do passageiro enquanto ela fazia a mesma coisa do lado do motorista.

–Ainda não entendo essa sua insistência toda pra que eu vá.

–Porque eu não quero ficar sozinha que nem uma bobona recepcionando os convidados.

Engatou a marcha ré e saiu do estacionamento enquanto eu colocava o cinto.

–Nossa, que altruísta você, hein?

–Eu sei. – deu um sorriso convencido ainda focada no campo de visão a sua frente. – Você ainda vai me agradecer.

–Por quê? O que você tá tramando?

–Porque vai se divertir muito ué! Deixa de ser paranóica e pensar que eu passo o tempo todo bolando planos malignos contra você.

–Tudo bem, vou ignorar todos os sinais de alertas que meu instinto está mandado. Só... cuidado com o que você pretende.

Ela se virou para me olhar por alguns segundos com um sorriso torto sinistro.

–Eu já disse, você ainda vai me agradecer.

***

–Violetta, sai logo daí! – escutei suaves batidinhas na porta do banheiro.

–Não!

–Por que não criatura?

Apoiei ambas as mãos na pia de mármore do banheiro encarando meu reflexo no espelho. Meus cabelos longos e sem vida ganharam delicados cachos e um leve brilho; a sombra com tons metálicos leves e suaves acentuava os meus olhos castanhos; o vestido com estampa geométrica, um pequeno cinto preto marcando a cintura, que chegava até minha coxa superior (um palmo acima do joelho), deixava minhas pernas recém depiladas a mostra, junto com aquele decote discretamente deixava transparecer parte do meu colo, me faziam sentir vulgar demais. Mas tinha que admitir que minha aparência estava apresentável, mas eu simplesmente não me sentia a vontade, aquela não era eu.

–Eu tô parecendo uma prostituta!

–Tenho certeza que não, sai logo daí pra que eu veja como você ficou.

–Eu já disse que não.

–Se você não sair em cinco segundos eu arrombo essa porta.

Suspirei derrotada, eu não duvidava mais nada dela; caso não tenham percebido, Francesca Cavuglia sofre de um grave problema com impulsividade e megalomania.

–Tá legal! – eu resmunguei obviamente contrariada.

Abri a porta devagar, morrendo de vergonha do meu estado, sem conseguir controlar minha mão direita que teimava em puxar a barra do vestido mais para baixo. Com muita dificuldade caminhei alguns passos com aquele salto agulha enorme até parar diante do enorme espelho no quarto da Francesca, durante esse trajeto, permaneci de cabeça baixa sem coragem de encarar a expressão imprevisível que ela poderia esboçar. Levantei a cabeça e ao ver o tamanho daquele vestido tão nitidamente, senti minha raiva dele crescer mais ainda, eu realmente estava me parecendo com uma vadia. Pelo espelho pude vê-la parada atrás de mim, sem disfarçar um olhar de admiração e encantamento, que combinado com a largura em que sua boca se abriu me fizeram corar.

–Ai. Meu. Deus. – ela pronunciou vagarosamente cada palavra.

Me virei para ela que não se conteve e me olhou de cima à baixo sem tentar disfarçar.

–Já sei que você vai falar que ficou incrível, afinal, foi você quem escolheu o vestido. Mas olha o tamanho dessa coi...

–Eu não ia dizer que você ficou incrível. – me cortou seca.

–Ah não? – perguntei morrendo de vergonha e sentindo minhas bochechas enrubescerem.

Minha amiga deu alguns passos em minha direção e segurou minhas mãos com um olhar terno e carinhoso.

–Eu ia dizer que você ficou espetacular.

–Sério? – indaguei sem conseguir conter um sorriso enorme.

–Seríssimo! – Segurando apenas uma das minhas mãos, me girou sem conseguir conter um assobio brincalhão. – Nem acredito que eu lapidei esse diamante.

–Nossa, você está exagerando.

–Eu não estou exagerando em aspecto nenhum, você realmente está linda.

A abracei grata. Mas assim que nos soltamos voltei a argumentar:

–Mas de verdade, eu não me sinto bem assim.

–E daí? Vai ter que se acostumar, já ta mais do que na hora de você começar a agir feito uma garota. – ela disse dando os ombros.

Lancei-lhe um olhar repreensivo.

–Espera aí, você me chamou de garoto?

–Não, eu te chamei de desmazelada.

–Francesca, você é uma vaca, mas eu não consigo deixar de te amar.

–Eu sei, afinal, tem como não me amar? – Fez um biquinho convencido. Dei-lhe uma cotovelada.

–Modesta acima de tudo!

–Com certeza! – Segurou minha mão me puxando porta à fora. – Vamos, o clube abri em vinte minutos e temos que estar lá pra recepcionar os convidados antes de o Marco chegar.

–Mal posso esperar. – eu disse com um desanimo explícito na voz.

Ela se virou para me encarar meio irritada.

–É impressão minha ou você foi irônica?

–Pode ter certeza de que eu fui.

***

–Prontos pra agitar na cidade que nunca dorme?

Não pude me agüentar e cobri os ouvidos com as palmas das mãos depois da altura de que aquele idiota gritou, ele devia estar achando que estava em uma festa numa casa de repouso repleta de velhinhos surdos.

Logo após a sua pergunta retórica ridícula que tinha o objetivo de ''agitar'' o pessoal, o DJ se afastou do microfone e começou a tocar uma música eletrônica qualquer, daquele ser chamado Calvin Harris, cuja nas suas músicas podia-se ouvir apenas batidas eletrônicas e muito raramente sua voz, que cá entre nós, era o que menos importava. Se eu achava que o barulho já estava ensurdecedor, tive de revisar meus conceitos após os gritos animados das pessoas que cercavam a boate improvisada no salão de festas.

Eu sempre soube no fundo que era uma jovem rabugenta, mas sentada no canto de um salão mal iluminado, com músicas barulhentas tocando a todo volume e pessoas dançando freneticamente, me senti uma ET, um verdadeiro peixe fora d’água.

Levei o copo de plástico vermelho saboreando o gosto demasiadamente adocicado do ponche.

Senti um cutucão no meu ombro e já me virei pronta pra dizer que não estava afim de dançar (coisa que vinha repetindo a noite toda). Mas me deparei com Francesca parada com as mãos na cintura, com uma cara de indignação.

–Só você mesmo, pra vir numa festa como essa e ficar escanteada! – gritou tentando sobrepujar a música com sua voz se sentando ao meu lado.

–Também estou me divertindo obrigado – respondi cínica voltando a encarar o mar de pessoas dançando freneticamente ao som da batida. Vendo o silêncio desagradável que pairou sobre nosso diálogo, tentei retomar a palavra: - E o Marco? Quando vai chegar?

–Não sei, estou quase vomitando de tanta ansiedade.

–Eca, você é tão nojenta.

–Como você se sentiria no meu lugar então?

–Em primeiro lugar, eu nunca, jamais, em hipótese alguma, faria uma festa surpresa pro meu namorado.
Ela soltou uma risada sarcástica.

–Óbvio que não, você só... – parou no meio da frase tirando o celular do bolso da jaqueta. – É... preciso atender.

Se levantou e foi até um canto afastado do salão onde atendeu a ligação. A observei acreditando estar falando com o Marco pelo seu nervosismo aparente. O estranho é que ela não parava de me encarar com uma cara meio angustiada, comecei a ficar preocupada. Poucos segundos depois, retornou para junto de mim.

–Quem era? – perguntei.

Ela se sentou do meu lado e me olhou com uma cara de quem estava prestes a vomitar. Levei o copo mais uma vez aos lábios sorvendo o líquido e sentindo o seu gosto enjoativo se apoderar da minha boca.

–Era o León.

Ao escutar aquele nome não pude me conter e comecei a tossir descontroladamente depois de me engasgar com o ponche.

–O León? – repeti assim que recuperei o fôlego sentindo meu coração pulsar mais rápido.

Francesca fechou os olhos e mordeu o lábio inferior.

–Você promete que não vai surtar?

–Como assim surtar? – eu pude sentir o nervosismo na minha voz, aquilo não cheirava nada bem.

–Primeiro promete que não vai enlouquecer ou me atacar aqui mesmo.

–O que foi que você fez? – Agarrei seu pulso absurdamente nervosa.

–Promete?

–O que é que você fez? – berrei mais alto ainda podendo sentir seu osso do antebraço por entre meus dedos.

–Tudo bem – abaixou a cabeça por alguns instantes e inspirou fundo. – O León.... tá vindo pra cá.

Minhas mãos começaram a ficar trêmulas no mesmo instante, não sei se foi aquele cheiro de fumaça e todas aquelas luzes dançantes, mas meu mundo começou a rodar. Olhei para todas as direções do salão querendo apenas acordar e descobrir que aquilo era um sonho – ou pesadelo –, mas tive o infortúnio de perceber que era real.

Soltei o braço da Francesca começando a perder o controle do meu corpo.

–Como é que é? – indaguei num fio de voz com o olhar perdido na pista de dança.

–É o que você ouviu, ele está vindo pra cá com o Marco.

–Mas você me disse que ele estaria na Flórida!

–O voo dele foi adiado pra amanhã.

Minha boca secou e prendi a respiração.

–O León está vindo pra cá – repeti num sussurro, começando a sentir borboletas no estômago.

–Ai não fica assim, por favor. Eu devia ter te contado antes mas...

–Espera aí, você sabia que ele viria desde quando? – gritei sentindo o sangue subir a cabeça.

–Bom, ele me ligou hoje de manhã.

–VOCÊ SABIA QUE ELE VIRIA DESDE MANHÃ E NÃO ME FALOU NADA?!

Nesse exato momento a música findou, e o meu grito ecoou pelo salão. Todos pararam pra nos encarar, mas eu não liguei nem um tiquinho, a única coisa que se passava pela minha mente era de que ele estava chegando, em pouco tempo estaríamos cara a cara depois de um mês sem nos confrontarmos pessoalmente.

Logo depois outra música assumiu o lugar da antiga, e a voz metálica da Demi em Neon Lights que me faria pirar em outras circunstancias pra mim não passou de um borrão.

–Me desculpa mas é que...

–Mas o quê?! Francesca você mentiu pra mim! Eu aceitei vir a essa droga de festa porque pensei que ele não estaria aqui!

–Mas eu só fiquei sabendo hoje de manhã.

–Então por que não me disse?

–Eu não sabia o que fazer e... - ela parou no meio da frase incapaz de prosseguir, eu ainda tentava discernir se era real - Ainda não te contei tudo. - Ela me olhou séria. Adrenalina começou a correr pelas minhas veias, o que mais ela ainda tinha que me contar que pudesse superar isso? Depois de segundos que pareceram séculos, lançou a cartada final pra que eu tivesse um ataque cardíaco: - Ele está trazendo a Lara.

Ouvir isso foi como levar um soco na boca do estômago.

Minhas mãos além de estarem trêmulas começaram a transpirar.

Eu não estaria cara a cara somente com ele, mas com ela também.

Não consegui mais distinguir se as batidas que escutava eram da música ou do meu coração.

Meu mundo voltou a rodar, e as borboletas no meu estômago começaram a voar freneticamente.


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Notas finais do capítulo

Então? Vargas nessa festa, e com a bitch da Lara? Não sei acho que não vai prestar.
Prometo que o próximo contará com um momento Leonetta super cute cute que só de pensar nisso, me arranca suspiros. Eu postaria o reencontro deles na festa apenas nesse capítulo, mas ficaria muito extenso e longo, por isso dividi o capítulo em dois. O próximo já está praticamente pronto, dependendo dos resultados desse meu ''apelo'', vou postar meio de semana.
Tenho ciência de que esse foi chato, mas garanto que o próximo estará muito bom, eu particularmente gostei muito.
Não esqueça do review, hein? Não se intimide, eu não mordo ;)
É isso, espero que tenha gostado, até a próxima, beijos! =D ♥