A beautiful mess escrita por Mari, Ari Dominguez


Capítulo 11
O Que Fazer Quando A Saudade Bate?


Notas iniciais do capítulo

Hi! Aqui estou. Como devem ter percebido pelo título o capítulo está bem melancólico. Peço desculpas, mas eu simplesmente travei e estou meio obcecada com o fato de querer mostrar desesperadamente a dor da minha pobre Violetta que foi chutada. O capítulo tinha ficado melhorzinho, mas aí eu fui postar e deu que o tóken era inválido, mas eu queria morrer. Não pude recuperar nada e precisei começar tudo de novo. Peço desculpas por estar ruim.
Agradeço a MissFashionista, Vick Martin, Natalie, Vlover eternamente e a Sweet Llort(cara, eu quase caí da cadeira, como assim, primeiro Bia Rodrigues, agora Sweet Llort favortita minha fic? É demais pra minha cabeça) que favoritaram, você me deixam extremamente feliz. Falando em Sweet, estão afim de ler uma fic divônica? http://fanfiction.com.br/historia/492108/A_night_can_be_eternal/ Passa lá, super recomendo, perfeita!(Não estou fazendo isso pra fazer moral com você Sweet, eu só estou recomendando porque a fic é boa mesmo e queria que mais pessoas pudessem vê-la).
Esse vai pras lindas já citadas acima. Vou deixá-las em paz agora, até lá embaixo ;)



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Sabe aqueles momentos em que você está com a bunda colada na carteira olhando para o professor que praticamente ''despeja'' as informações em cima de você e sabe que aquela matéria é importante mas sua mente consegue tudo menos prestar atenção? Estava basicamente assim hoje.

A professora de arte contemporânea falava algo sobre o período da ruptura da Segunda Guerra Mundial onde houve uma espécie de rebeldia contra os padrões aceitos pela sociedade. Mas a única coisa que eu escutava eram zumbidos, e uma voz rouca e longínqua falando algo que não conseguia compreender.

Quando caí em mim, ajeitei minha postura e agarrei o lápis para fazer algumas anotações e me concentrar.

–Podemos concluir então, que o movimento cultural mais conhecido como arte contemporânea se tornou mais evidente durante a década de 60, onde houve uma inovação no cinema, na moda, na arte, uma espécie de revolução...

Sempre quando voltava meus pensamentos para os anos 60 me vinham a cabeça aquelas garotas com seus vestidos rodados dançando freneticamente ao som de Elvis Presley. E toda vez que pensava em Elvis Presley, não sei porque, mas tinha a imagem nítida de um motoqueiro com jaqueta de couro. E esse era o meu ponto fraco. Motoqueiros bad boys com seus perfeitamente penteados topetes(de preferência castanhos), e no meu caso com dois belos verdes, eram o suficiente pra me deixar inquieta e tirarem minha paz. Acho que eu peguei uma espécie de trauma com essa figura tão imponente quando levei um pé na bunda de um deles depois de passar dois anos como uma namorada submissa.

Depois do que aconteceu minha autoestima baixou muito, eu me desvalorizei e passei a sentir que era descartável. Que não era boa o suficiente para satisfazê-lo, que foi culpa minha tudo ter acabado por não ter dado a ele a atenção devida. Mas em parte foi. Mesmo assim aquelas palavras que antes eram tão doces mas agora se tornaram amargas por eu ter certeza de que não eram sinceras, não paravam de rondar minha confusa cabeça:''Eu te amo''. Desde quando o valor delas passou a ser tão pouco ao ponto de poderem ser ditas sem convicção mas simplesmente da boca pra fora?

Cara, eu estava extremamente chata nesses dias bancando a namoradinha rejeitada. Passei os últimos dias apenas pensando naquela merda que se autodenominava de León Vargas.

Sabe o pior de tudo? Quando eu conseguia me distrair por míseros segundos ou aparecia a Ludmila pra esfregar na minha cara o fato de eu ter sido desbancada pela grande Lara Baroni, ou então eu ligava a televisão e estavam falando sobre o novo casal do momento. Sério, eu cheguei bem perto de acabar com a TV com um bastão de basebol ou de usá-lo na cara cheia de pó de arroz da vaca da Ludmila.

Se ele me procurou? Não. Nenhuma ligação ou mensagem. Isso esse reforçou o fato de eu me sentir um lixo sem nenhuma importância pra ele. Parece que León estava superando melhor que eu.

Dei graças a Deus quando o sinal soou indicando o término das benditas aulas.

Sem pestanejar juntei todas as minhas coisas na bolsa e saí pelo corredor. Caminhei apressada pelo campus, saí do prédio onde ficavam os auditórios e salas de aulas. Uns dez minutos depois, adentrava o prédio que servia como dormitório feminino pra as garotas que não pertenciam a nenhuma fraternidade. Subi as escadas até meu andar desacelerando um pouco o ritmo.

Cheguei ao meu quarto e abri a porta aliviada por hoje ser sexta quando a Ludmila estaria como de costume no quarto da Naty se ''produzindo'' para uma festa. Eu teria algum tempo de paz para organizar as ideias. Como disse um grande sábio, nossos pensamentos são como estrelas que não conseguimos organizar em constelações.

Joguei minha bolsa de lado. Mas em vez de deitar e relaxar, não tive paz, tirei o celular do bolso e logo que deram exatas 17:01 recebi uma ligação. Eu sabia muito bem de quem era. Se disse Peter, eureca você acertou!

–Alô.

–Hey!

–Oi Peter. - falei meio desanimada. Mas no fundo estava me segurando ao máximo para perguntar como ele sabia que meu período na sexta termina às 16:45, achei melhor ignorar.

–Hum... que desânimo é esse?

–Nada, é que só tive uma aula bem chata.

–Que pena, porque eu estava pensando em dar uma passadinha aí...– eu sabia muito bem que ele queria que eu na hora implorasse pra que ele viesse. Mas vamos combinar, eu não estava tão louca assim por ele, durante essas duas últimas semanas conversamos mais como amigos. E pra falar a verdade, queria mais era descansar.

–Mas se você quiser fazer algo hoje - disse tentando ao máximo disfarçar o cansaço e indiferença na minha voz, não sei se obtive muito sucesso.

–Eu adoraria, mas acho melhor você atender a porta agora– franzi o cenho totalmente confusa, não me culpem, meu raciocínio é meio lento. Logo ouvi suaves batidas na porta.

Sorri e me direcionei até ela. A abrindo, me deparei com o cara da pintinha na bochecha segurando uma caixa de pizza.

–Entrega especial!– disse sorrindo ainda ao telefone. Me escorei no batente da porta o encarando.

–Nossa, que surpresa agradável!

–Eu sei, me ver assim é bem agradável.

–Falei da pizza, tô morrendo de fome!

Ele ficou com a expressão carrancuda e me entregou a caixa.

–Bom saber que a pizza vale mais que eu. Aproveite. - se virou ameaçando sair, mas o segurei pelo braço.

–O senhor pensa mesmo que vai embora sem me dar nem um beijinho?

Peter se virou com um sorriso torto. Enlaçou minha cintura e me deu um beijo daqueles. Seus lábios eram quentes e macios, a sensação era boa. Puxei seus cabelos meio fora de controle os bagunçando bastante. Apenas sentia meu corpo sendo comprimido contra o dele mais e mais. Após algum tempo nos separamos para buscar o ar que faltava.

–Isso foi melhor que essa porcaria de pizza? - perguntou ofegante e não consegui segurar uma risadinha.

O puxei pelo braço e o arrastando entrei no quarto.

–Nossa, que delicadeza!

–Calado, se não eu como tudinho e não te deixo nem um tiquinho.

–Me chantagear com isso não vale né?

–Posso ser bem cruel quando quero.

–Percebi - Peter se sentou num puf e eu fechei a porta. Me aproximei sentando no carpete ao seu lado. Ele não perdeu tempo e logo abriu a caixa pegando um pedaço. Deu leves mordiscadas começando pela ponta(quem não faz isso?).

–Como foram suas aulas?

–Horríveis.

–Tanto assim?

–Não, só foram chatas, sem graça e monótonas.

–Nunca vi adjetivos tão ruins assim juntos.

–Engraçadinho - o olhei em sinal de reprovação - Mas como foi no escritório? - ele deu uma pigarreada.

–Tranquilo. - Peter parou por uns instantes. Após ver que ele ficou meio pensativo olhando pro nada o vi se virando e inclinado-se um pouco pra ficarmos cara a cara. Colocou uma mechinha minha de cabelo atrás da orelha. Ele não podia fazer aquilo, era o León que fazia isso. Como se não bastasse, segurou meu queixo carinhosamente olhando nos meus olhos profundamente - Você está bem?

Eu sabia muito bem do que ele estava falando. E senti um arrependimento enorme por ter lhe contado do meu namoro que havia terminado em desastre.

–Sim - forcei um sorriso, mas tive certeza de que ele saiu bem triste.

–Que bom. Eu fico preocupado com você.

–Comigo?

–Sim. Eu só quero seu bem. - me controlei para não lhe dar uma mal resposta. Se ele quisesse mesmo meu bem agiria com bom senso aproveitando os momentos em que eu não estava escanteada pensando no Vargas em vez de desenterrar defuntos. Não sei porque, mas parecia que ele estava fazendo isso de propósito. - Você viu a entrevista deles?

Fechei os olhos com força tentando reprimir as malditas lágrimas.

–É, eu vi. - abri os olhos e o vi me fitando em uma expressão indecifrável - Por favor, vamos mudar de assunto - pedi, ou melhor, implorei.

–Tudo bem - um silêncio desagradável pairou entre nós, voltamos a comer até que ele tentou puxar assunto: - O que anda desenhando?

–Não estou desenhando muito esses dias.

–Ah, por que não?

–Não sei, toda vez que seguro o lápis tudo fica branco e a inspiração some.

–Isso foi profundo. - riu e eu o acompanhei mesmo estando sem humor algum - Sabe, eu acho que você nunca me desenhou né?

–Pior que não.

–Mas tudo tem uma primeira vez...

–Não sei porque, mas senti que isso foi um indireta.

–Isso não foi uma indireta, foi uma direta.

O olhei indignada por tamanha petulância. Coloquei meu pedaço de pizza de volta na caixa. Me levantei e fui até a gaveta, a abri e peguei o caderno e a grafite que lá estavam.

–Que garota de atitude.

–Poisé querido, comigo é assim, pá-pun! - me sentei no carpete de frente pra ele. Tirei o seu pedaço das suas mãos e arrumei seu rosto no ângulo ideal - Agora fica quietinho aí.

–Mandona!

Ele pôs a língua, mas eu ignorei por estar meio impaciente pra acabar com aquilo tudo. Estalei meu dedo médio. O olhei bem por alguns instantes captando suas feições.

Fiz o de sempre, deslizei a grafite pelo papel formando linhas que davam lugar aos seus traços.

Tinha que admitir que Peter era muito bonito. Suas sobrancelhas grossas e barba por fazer o davam um ar masculino. Os lábios finos e rosados o tornavam mais charmoso. E a pintinha linda era um encanto a mais. Tinha sorte de um cara como Peter estar afim de mim. Só tinha um problema, ele não ele. Faz sentido?

–Pronto! - após uns dez minutos exclamei soltando o lápis e suspirando pesadamente.

–Foi rápido hein?

–Você está lidando com uma profissional - tossi convencida lhe estendendo o caderno.

–Olha, tenho que admitir, você é realmente boa. - falou com uma expressão de admiração enquanto encarava o desenho. Sorri amarelo. Para meu desgosto, ele começou a folhear e sua cara mudou de contente para sério. -Olha só, parece que você andou desenhando esses dias.

–O quê? - perguntei confusa pegando(educadamente) o caderno de suas mãos. Quando percebi o que ele havia visto queria apenas bater a cabeça na parede com uma raiva de mim mesma. Fechei os olhos tentando procurar as palavras pra explicar o fato de ter vários desenhos obviamente recentes do meu ex na espécie de portfólio - Peter, olha eu...

–Não Villu, não precisa explicar nada pra mim.

–Ai me desculpa - abaixei a cabeça me sentindo mais patética que o normal.

–Não precisa se desculpar Violetta. A culpa não é sua, eu te entendo, dois anos são muita coisa.

–Obrigada por compreender - o abracei procurando refúgio, mas senti uma estranha frieza da parte dele ao retribuir o abraço. Após poucos segundos ele me soltou.

–Agora eu acho que já tá na hora de ir.

–Mas já?

–Sim, já tá meio tarde.

–Tudo bem - falei meio aborrecida.

Peter se levantou indo até a porta. O acompanhei mantendo certa distância.

–Eu te ligo depois.

–Pode ser - disse desanimada enquanto ele dava um beijo no topo da minha cabeça.

–Tchau. - se virou e saiu caminhando pelo corredor com uma frieza e frustração de tirar o chapéu. O acompanhei com os olhos até perdê-lo de visão.

Fechei a porta lentamente ainda tentando registrar tudo o que havia acontecido. Praticamente me arrastando pelo quarto fui até a cama e me sentei. Peguei o caderno do chão e comecei a folheá-lo me sentindo mais que estúpida ao ver vários retratos dele.

Um ódio de mim mesma começou a surgir. Por que esse ódio? Simples. Por ainda ter esperança de que as coisas fossem se resolver; por ter me entregado de modo tão extremo a alguém e por fim ter quebrado a cara; por ter uma parte de mim que estava tão presa ao passado.

Fechei os olhos e me deitei. A cabeça latejava, mas não era ela que doía, mas sim o coração que estava apertado de tanto saudade. Eu só queria vê-lo, tocá-lo, senti-lo, abraça-lo. Só queria o ter perto de mim.

Mas o estranho foi que nenhuma lágrima saiu. Já havia chorado demais, era hora de dar um basta nisso.

Agora sabia porque esse ódio todo que nutria por mim mesma, por simplesmente não conseguir o odiar, e muito menos deixar de amá-lo.


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Paulo Neruda


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Notas finais do capítulo

Não ficou bom né? De verdade, não gostei. Esse poema no final ficou muito brega? Mas eu precisava postar porque final de semana vou estar ocupada, estive em semana de provas, mas amanhã acaba e segunda já tô de boa, rsrs. Perdoem-me pelos momentos Peterlettas, eu sei que quase ninguém gosta, mas não se esqueçam de que a fic é Leonetta hein? E desculpe também se houver algum erro. Obrigado a todos que acompanham, favoritam e comentam.
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