Burned Soul escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

Bom inicio de semana. Hoje é nosso apocalipse semanal. Vamos todos dar as mãos, membros do Pack, e torcer para que o episodio de hoje seja mais... ou seja menos... ou seja um pouco... ou não seja...

Okay, vamos orar para que todos os fãs sobrevivam a tanta expectativa.

Nesse capítulo tem um personagem que não me pertence. Ele é o Francis Aberline, que foi emprestado do filme “O lobisomem” (2010). Esse personagem é a única coisa que peguei do filme, então não tem como marcar crossover, por que seria trapaça. Mas também não posso levar os créditos. Recomendo que vejam o filme. É espetacular e tem uma das transformações que eu mais gosto! É de tirar o fôlego.

Boa leitura e perdoem os erros!



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Burned Soul

Kaline Bogard

Capítulo 02

O lugar era esplendido, fora de escala. Stiles estava maravilhado com tanta coisa para se ver.

Logo após receber as instruções dos professores responsáveis se separara do grupo e achara melhor andar por lá sozinho.

Como se fosse carma acabou entrando pela via de acesso às cerâmicas. Todas muito bem protegidas dentro de mostruários feitos de vidro reforçado, obrigado. Só com uma marreta em mãos Stiles conseguiria quebrar algo por ali. Isso, sendo muito otimista e levando em conta que ele seria capaz de erguer a marreta...

Enfim... por via das dúvidas ajeitou a mochila nas costas. Vai que ela esbarra em alguma coisa...

Passou algum tempo andando por ali, desviando do fluxo de turistas que vinham de todas as partes não apenas do estado e do condado, mas do país. E de oversea também. Conseguiu reconhecer dois ou três idiomas usados por grupos de excursionistas.

Um jogo de cerâmica chinesa em específico chamou-lhe a atenção. Os dados no mostruário diziam ter mais de mil anos. A sensação incrível era inegável: tentar imaginar pessoas vivendo tanto tempo atrás, amassando barro até dar a forma delicada, levar ao sol para secar. Entregar para os artesãos que iriam arte-finalizar. E, o mais bacana, o momento cerimonial em que seriam usados.

Pois tinham sido usados. Mil anos atrás.

Olhar para cada uma daquelas obras era estar frente a frente com evidencias da história acontecendo.

Mesmo estando sozinho não se arrependeu de ter ido ao Museu.

Como havia muito a ser visto e pouco tempo, Stiles logo se orientou pelas placas e sinais e rumou para a área das pinturas. Seu desejo era ver um pouco de cada ala em exposição.

Caminhou calmamente entre os quadros. Sem reconhecer nenhum em especial. Bem que gostaria de tirar algumas fotos, mas as regras do lugar eram claras: nada de fotos. Nem com celular.

Os seguranças e câmeras espalhados eram argumento suficiente para que Stiles não se arriscasse a burlar as normas. Até tinha sido tentado em uma ou duas vezes, quando o funcionário olhava para outro lado e a câmera estava em outro ângulo. Todavia desistiu. Não queria ser expulso de lá.

Aproximava-se da hora do almoço quando chegou a um canto dos expositores que, apesar do grande fluxo de visitantes, estava vazio. Apenas um homem permanecia parado em frente, admirando.

A curiosidade de Stiles foi provocada. Ele olhou de um lado para o outro e resolveu ver o que era o quadro que espantara todo mundo.

Estava chegando perto quando o homem solitário fez menção de se afastar um tanto depressa. Stiles olhou dele para a obra e balançou a cabeça.

– Faz sentido...

Ouvindo a frase misteriosa, o desconhecido mudou de idéia e permaneceu parado, quieto. Logo se virava para o jovem, franzindo as sobrancelhas de leve.

– Desculpe-me...?

Stiles sorriu para o homem. Ele parecia ter a idade de seu pai, tinha cabelos lisos perfeitamente penteados, olhos profundos e lábios finos tensos formando um conjunto harmonioso que combinava com o rosto sisudo. Não precisava ser do mundo da moda para ver que cada peça de roupa que ele usava devia ter custado uma pequena fortuna, tal perfeição do corte e qualidade do tecido.

– Isso – Stiles apontou para o quadro – É totalmente medonho. Eu também me assustaria.

Os dois voltaram o olhar para a pintura. Chamava-se “Alma Queimada” e fora criada por Lubich d’Fiore, alguém que Stiles nunca ouvira falar. Pertencia, provavelmente, a época do Iluminismo, talvez do início do movimento. A racionalidade da obra era praticamente palpável. O autor parecia querer concretizar sentimentos como angústia, medo, amargura e consternação.

– Não me assustou – o homem falou um tanto pensativo. Sua voz era grave, quase rouca.

– Se não foi o quadro, então fui eu quem te assustou, por que o senhor estava com cara de quem queria sair correndo daqui.

O outro analisou o menino parado ao seu lado e balançou a cabeça. A sombra de um sorriso moldou-lhe os lábios finos pela primeira vez naquela conversa.

– Desculpe-me, jovem. Não quero soar ofensivo, mas você não é exatamente o que eu chamaria de assustador.

– Não deixe a aparência magrela te enganar. Sou muito perigoso.

– Claro, claro – o mais velho claramente se divertia agora – Eu estava pensando sobre esse quadro. D’Fiore foi muito bem sucedido em sua intenção de causar repulsa e terror em quem admirasse a obra. Ele nos faz ver que temos inúmeros elementos sombrios em nós mesmos. Elementos cuja simples existência nos causa receio de olhar no espelho e reconhecê-los nos mirando de volta.

Stiles passou a mão pelo cabelo, enquanto voltava a avaliar a pintura exposta. Segurou o queixo com os dedos assumindo um ar muito analítico. A postura divertiu ainda mais ao outro, que se perguntava como ele se sairia rebatendo o comentário crítico.

– Não sei... – Stilinski foi dizendo hesitante – Acho que uma obra de arte deve ser analisada de várias perspectivas.

– Como assim? – o adulto esforçou-se para não rir da resposta evasiva.

Stiles agitou a mão tentando dar ênfase ao que explicava.

– O senhor diz que a obra causa repulsa e eu concordo. Mas a intenção talvez não seja nos fazer perceber que temos esses elementos. Tipo...

– Tipo...?

O garoto riu encabulado.

– Parece um grito de socorro – afirmou um tanto sem graça – Como se o autor não soubesse como pedir ajuda e pintar fosse a forma que ele descobriu de estender a mão e se puxar do fundo do poço. Esperar que alguém enxergasse no quadro o sofrimento do artista, o quanto a alma dele estava queimada.

Terminou voltando-se para o homem parado ao seu lado, que não fazia nenhum esforço para esconder o espanto. A expressão em seu rosto deixou Stiles embaraçado, talvez tivesse dito uma besteira enorme.

– Não entendo nada de arte. O que eu disse não faz sentido...

– Pelo contrário – foi cortado. O mais velho virou-se para o quadro e o analisou como se a pintura tivesse recebido uma nova injeção de luz – É brilhante...

– Brilhante? Sério?!

– Alias, meu nome é Francis Aberline.

– Pode me chamar de Stiles.

– É um jovem muito sensível, senhor Stiles. Me fez ver as coisas por um ângulo que eu nunca imaginara antes.

Stiles enfiou as mãos no bolso e deu de ombros. Não ia dizer ao desconhecido que já se sentira assim algumas vezes antes, como se gritasse socorro e ninguém ouvisse sua voz. Mas encontrara formas de expressar a dor que carregava. Formas de expor sua própria “Alma Queimada” e que aos poucos ficava bem, pois encontrara pessoas para cuidar de si, além de seu pai. E a quem podia cuidar em troca. Entendia agora os seus ataques de pânico, e não mais os tivera desde que se sentira seguro com as pessoas ao seu redor. Seguro com Derek.

– Desgarrou-se do grupo?

A pergunta surpreendeu Stilinski.

– Não entendi.

– Adolescentes – Aberline sorriu de leve – Que eu saiba sempre andam em bandos.

– Ahh, claro. Claro que estava falando disso... meus amigos estão por aí... sabe como é...

– Pensou que eu falava do que? – o mais velho lançou um olhar profundo ao companheiro de conversa. A ponto de incomodá-lo.

– É impressão minha ou o senhor tem um leve sotaque britânico...? – a pergunta de Stiles veio com o objetivo de mudar de assunto descaradamente. Divertiu a Aberline.

– Viajei muito pelo mundo, mas creio que não foi o suficiente para perder a marca de meu lar. Sim, nasci e cresci em Londres, embora a Inglaterra não seja meu abrigo permanente há anos.

– Ah... mas nem dá para perceber. Só se prestar muita atenção mesmo – o garoto deu de ombros.

– Ou seja, você é um jovem observador, senhor Stiles.

Stilinski sentiu o rosto esquentar. Aquele homem que tinha idade para ser seu pai estava lhe passando uma cantada!

– Não... na verdade tenho problemas com Déficit de Atenção e... eu preciso ir agora...

– Espere. É quase hora do almoço. Talvez queira estender um pouco mais nossa conversa sobre obras de arte e dividir comigo o prazer de sua companhia.

Stiles negou com a cabeça. Subitamente sentiu uma vontade danada de sair correndo dali. Quase como um instinto alertando para o perigo daquele homem culto, educado e bem vestido. Aparentemente inofensivo.

– Eu... preciso... não posso. Meus amigos estão me esperando. Adeus...

Deu meia volta e afastou-se rápido dali. Não compreendia bem por que se comportava assim, assustado. Que mal havia levar uma cantada? Não era culpa sua e Derek não podia brigar com ele.

Francis Aberline assistiu a fuga com um sorriso discreto no rosto, sabia que o menino lhe contara uma mentira.

Ah, fazia tantos anos que não se divertia em uma conversa que quase esquecera a sensação. E, além disso, na troca de palavras com Stiles nascera um sentimento que jamais experimentara antes. Mas que, de modo inconsciente, reconhecia muito bem.

Agora que fora preso na inesperada armadilha, não conseguiria escapar. Seu lobo não permitiria. Assim como não permitiria que aquele menino lhe escapasse.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Preciso confessar que eu sonhei isso tudo. E transformei em uma fanfic! Só que no meu sonho eu escrevia com o Jacob do Crepúsculo interagindo com o Stiles, e eu ficava desesperada, pensava: santo Deus, eu não li Crepúsculo, não vou conseguir escrever com a Bela (e a Bela nem aparecia no sonho, vai entender). A solução que eu encontrei foi assistir Os vampiros que se mordam! Sonho doido.

Mas eu gostei da idéia principal e resolvi aproveitar e escrever (acordada). Ao invés do Jacob, eu usei o Aberline e gostei mais do resultado final!

Enfim...

Espero que gostem e continuem acompanhando! Até segunda que vem.