Embaixo da Pele escrita por Ca_Dream


Capítulo 2
Pesadelos e Ataques Noturnos


Notas iniciais do capítulo

Como eu prometi, mais um capítulo no domingo. Agora a história realmente começa a se desenvolver. Aproveitem!!!



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Um par de olhos verdes abriu-se sobressaltado em meio ao quarto ainda escuro. A dona dos olhos acordou com a respiração ofegante devido ao pesadelo. A garota sentou-se na cama, apertando o colar que carregava no pescoço.

Elise observou o pingente prateado em forma de meia lua que segurava em sua mão. Fora um presente de seus pais em seu aniversário de dezessete anos. Semanas antes do incêndio.

A palavra “incêndio” reviveu em sua cabeça o pesadelo que acabara de ter. Aquele tinha sido um dia comum, tinha ido dar uma volta no parque. Só para caminhar pegar um ar fresco. Ainda era dia claro quando voltou para casa. Como de costume, jantaria com seus pais e antes de dormir, tocaria um pouco de piano. Seu pai adorava ouvi-la tocar. Sua mãe sempre dizia que um dia, Elise seria conhecida como a maior pianista de toda a França.

Mas aquele dia não foi como de costume. Ao chegar aos portões de sua propriedade, pode sentir o cheiro de fumaça. O incêndio já tinha sido controlado e a polícia já tinha sido acionada pelos vizinhos. Quando parou em frente à casa, o lugar que um dia chamara de lar estava em ruínas. Ela gritou e alguém que não reconheceu a segurou, impedindo-a de seguir em frente. Momentos depois, o que ela já sabia se confirmou. Seus pais estavam mortos.

Uma tragédia é como todos chamaram. Uma fatalidade. Um enlace do destino. Ainda podia se lembrar claramente da capa dos jornais. “Sr. e Sra. Villaford mortos”; “Pais morrem mas herdeira está viva”.

Elise piscou, tentando afastar as lágrimas e bloquear a dor que aquelas lembranças traziam. Levantou-se, tinha um dia de trabalho pela frente. Ainda era cedo, então ela aproveitou para tomar o café da manha relaxada. Já fazia duas semanas que morava na ópera. Tinha até se acostumado com a agitação desta vida artística. Além do mais, não fazia muita coisa. Só passava o dia consertando e confeccionando figurinos.

Não podia dizer que fizera muitos amigos. Tinha conhecido Meg e Christine, mas como sempre ficara na dela, as conversas não se desenvolviam muito. Isso é claro, não impedira Meg de fofocar sobre o infame Fantasma da Ópera. Pelo que se sabia, era um fantasma a que assombrava a ópera, controlando tudo como se fosse seu dono. De acordo com as más línguas, o fantasma era um homem deformado que usava uma máscara para encobrir sua face. Madame Giry dissera para ignorar tais lendas. Mas Elise mesma havia visto as cartas eram recebidas na ópera. Todas assinadas pelo Opera Ghost.

Mas ela não colocava essas coisas na cabeça. Já tinha que se preocupar com as investidas constantes de Jean. Ela educadamente recusava o rapaz. Não tinha como pensar em namorar agora. Elise achava que seria impossível para ela se apaixonar.

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Erik andava por suas passagens secretas. Estava em sua rotina de verificar se tudo estava em ordem. Passou pelos atores enquanto aqueciam a voz. Carlotta, como sempre, esganiçava mais do que cantava. Fez planos de fazer-lhe uma surpresa mais tarde. Passou pelo ensaio das bailarinas e ficou alguns minutos admirando sua Christine. Ah, como era linda. Seus grandes cachos castanhos estavam sempre impecáveis, os olhos escuros escondidos por trás dos cílios. A pele alva e acetinada, os lábios rosados e bem desenhados.

Seu anjo. Cada momento que passava ao lado dela era o mais feliz de sua existência. Mesmo que tivesse que estar na presença dela por trás de paredes e espelhos. Sua voz era o verdadeiro canto dos anjos. Quando a ouvia cantar quase acreditava em Deus. Pois se houvesse mesmo um Deus, devia ser odiado por Ele. Era a única explicação para a maldição de rosto que havia nascido com ele.

Depois de anotar mentalmente algumas sugestões que enviaria aos patronos mais tarde, começou a caminha em direção ao telhado. Já era noite e não seria visto por ninguém. Até porque, ninguém subia até lá. Mais tarde, retornaria ao seu covil e passaria o resto da noite compondo com seu órgão.

Enquanto caminhava pelas passagens do último andar, resolveu dar uma olhada na garota nova. Qual era mesmo seu nome? Elise. Elise Villaford. Ainda se lembrava de quando Antoinette pedira a ele para a garota ficar na ópera. Prometera que ela não daria trabalho. Tinha até pedido para que ele não a importunasse e que olhasse por ela. Ele aceitara. Devia muito a Antoinette por ela o ter ajudado a escapar e se esconder do circo dos ciganos.

De fato, a menina não dava trabalho. Era muito calada e solitária. Parecia não fazer questão da companhia de ninguém. Passava o dia consertando vestidos e depois voltava para o quarto. Não que Erik tivesse muito tempo para desperdiçar, espionando-a. Afinal, tinha que ensinar o seu anjo.

Quando observou o quarto de Elise por detrás do espelho, esperava encontrar a menina novamente sozinha. O que viu o surpreendeu. Não levou mais do que um segundo para alcançar o laço de Punjab em seu bolso.

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Elise terminou seu trabalho e foi à cozinha jantar. Depois perguntaria a Madame Giry se poderia usar o resto de tecido de alguns figurinos para confeccionar alguns vestidos. Precisava de roupas novas. Comeu, alheia as conversas ao seu redor. De vez em quando, captava algum comentário. Como uma das bailarinas perguntando quando o Fantasma faria algo para tirar Carlotta do palco. Teve de concordar mentalmente. Além de muito orgulhosa, a Prima Donna era terrível quando o assunto eram suas cordas vocais.

Terminou o jantar e saiu. Despercebida. Se fosse mais cedo, talvez arriscasse uma caminhada pelas ruas de Paris. Pensou até em subir para o telhado. Ainda não tinha observado a vista lá de cima. Devia ser magnífica. Mas como estava cansada, resolveu deixar para outro dia.

Encaminhou-se para seu quarto.

Estava andando distraída. Entrou e fechou a porta. Sem ao menos perceber a figura que já esperava por ela no quarto. Elise seguiu em direção à cama, quando sentiu a respiração de alguém atrás de si. Se virou ao mesmo tempo em que o homem cobria sua boca, derrubando-a no colchão.

Levou um segundo para registrar o que estava acontecendo. Encarou o jovem que estava em cima dela. Jean.

–Não acha tão engraçado me recusar agora, não é? – ele disse na cara dela e ela pode sentir o bafo de álcool. – Mas agora você não tem para onde fugir. – a voz dele tornou-se mais sombria.

Jean começou a beijar seu pescoço. Ela sabia muito bem o que ele queria. Tentou se mexer, mas o peso do corpo dele a prendia no colchão. Ele era forte demais. Tentou gritar, mas sua voz saiu abafada pela mão dele.

Quando a mão livre de Jean alcançou o laço do vestido de Elise, ela se desesperou. Mordeu a mão que lhe tapava a boca com toda a força que tinha. Conseguiu um gemido de dor. E por um instante, sentiu a pressão do corpo dele sobre o seu diminuir. Mal conseguiu se afastar alguns centímetros dele.

–Sua vagabunda! – o tapa estalou em seu rosto, fazendo com que sua cabeça fosse de encontro à cabeceira de cama.

Ficou tonta na hora. Sua visão embaçou. Estava perdida. Sabia disso. De repente, o peso de Jean desapareceu. Ela aproveitou os momentos de calmaria antes de sentir dedos frios e longos serem pressionados contra a sua pele. Elise piscou. Ela viu um rosto pairar sobre si. Mas alguma coisa estava errada. Era só a metade de um rosto. A outra metade era uma máscara. Uma máscara branca como porcelana.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam?



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