Dark Things Inside escrita por Angelic Power


Capítulo 8
Julgador ou Julgado?


Notas iniciais do capítulo

Aqui esta... Mas fiquei muito, mal porque ninguém comentou o que eu pedi. :( que pena, eu precisava mesmo de ajuda, mas tudo bem. Espero que gostem desse capítulo. E por favor, comentem, digam que amaram, que odiaram, qualquer coisa, ok? Beijos, até o próximo cap. o/



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–Ruby! -Berrou tia Marie assim que saí do carro. Ela correu em minha direção e me abraçou... me apertou... me esmagou... "Ai..."

–Mãe, vá com calma, ok? Ela acabou de chegar e pra ela você ainda é uma tia maligna que...

–Tem razão querido... -Falou enquanto me soltava- Bem, é bom tê-la de volta Ruby.

Encarei tia Marie, estava tão diferente. Seus cabelos, outrora caramelados e longos, agora se encontravam curtos e grisalhos. Os belos olhos verdes começavam a perder a cor. E a vida se esvaia do corpo de Marie Shaw. Talvez fosse assim, apenas no fim da vida, encontramos a pureza na humanidade e a chave que libera nossos anjos. Talvez seja no fim que possamos encontrar paz. Assim como minha mãe encontrou.

De repente senti um calafrio estranho percorrer meu corpo. Não era incômodo, apenas... diferente. Minha mão começou a tremer. Olhei-a espantada e vi que Jo a segurava.

–Vem, vamos entrar -Disse ele me levando pra dentro.

Subimos as imensas escadas e paramos em uma porta de madeira escura. Ele sorria divertido. Tinha um belo sorriso... "Espere, O QUE? Belo sorriso? Ruby!"

–Pronta pra ver seu novo quarto?

Ele levou sua mão até a porta e girou a maçaneta. Novo quarto... eu ja havia tido quartos demais, visto coisas novas demais, agora eu só queria me lembrar... Segurei a mão dele imediatamente e logo me assustei com meu ato.

–Não! Agora não... ainda não. -Falei ainda encarando nossas mãos maçaneta.

–Tudo bem. O que acha se eu te mostrar o lugar?

Assenti. Foi então que ele olhou pra onde eu olhava e... ele sorriu. Ele sorriu! "Não comemore! Ele é seu primo, menina" Falei em minha mente mais uma vez.

Corri em direção as escadas e saltei os degraus. Jo riu alto e fez o mesmo.

–Dês de quando você ficou divertida? -Ironizou ele.

–Ei! -Reclamei enquanto ríamos.

Jo abriu a porta e meu sorriso se desfez. Do lado de fora se encontravam tia Marie e cinco adolescentes. Dois meninos e três meninas.

–Eu ja disse que...

–Joseph! -Exclamou um dos meninos cortando a fala de minha tia -Onde estava, cara?

–Foi mal Ricky, é que Ruby chegou do hospital e...

–Então essa é a doidinha? -Perguntou uma das meninas segurando o riso.

–Sarah! -Reclamou Jo.

–J, querido, se você não se esqueceu, havíamos combinado de ir ao cinema -Anunciou a garota ruiva se pondo na frente dos outros quatro.

–Eu sei Julie, mas...

Me desviei da conversa deles. Eu não queria ouvir. Notei que os quatro me olhavam estranho. Eles riam e cochichavam sem parar. Um dos meninos me olhou com nojo e voltou a rir. Por que faziam isso? Eu acabara de conhecê-los e...

–Não importa! Você é meu... -Berrou a tal Julie tirando o meu foco dos olhares.

–Não sou nada seu, Julian! E eu...

–Pode ir, Jo -Falei. Ele me olhou confuso e um pouco triste. "Não invente coisas, Ruby, ele não esta triste"

–Mas R...

–Quero caminhar com tia Marie -Avisei pegando o braço dela. Por mais que eu a desprezasse não faria Jo ter que bancar a babá comigo ao invés de sair com os amigos.

Sai andando e arrastando tia Marie comigo. Minha cabeça estava a mil. Não por Jo, nem por Julie e pelo quer que fosse que eles eram. Não por ainda sentir minha mão tremer... mas sim pelos olhares. Estava acontecendo de novo. Eu não iria aguentar. Parei repentinamente ao sentir a gota gelada sair de meus olhos. Droga, lá estava eu, chorando de novo. Fraca.

Tia Marie me encarou com um sorriso calmo e acolhedor. Enfim me abraçou. Não foi um ato falso, nem planejado. Foi real, era fácil sentir.

–O que houve, querida?

–Não consigo tia Marie, não cinsigo conviver com esses olhares. Esse nojo, essa raiva...

–Sempre existirão os julgadores, se acham donos da verdade. E sempre existirão os julgados.

–E você é um deles! Veja quem possui o mal agora! -Berrei empurrando-a pra longe.

–Você tem razão, eu sempre te desprezei, eu não sabia o que você era, mas fazia de tudo pra que pensassem que fosse algo ruim. Eu tive medo, é por isso que todos julgam, por medo. Por medo do desconhecido, por medo de que o outro seja o que não conseguimos ser... Tantos medos... Tantas falhas. Somos humanos. Mas espero que possa me perdoar. Quando sua mãe se foi eu tive de mandá-la pra longe, mas quado você entrou em coma... eu senti o peso da culpa.

–Bem feito!

–Tem razão...

–Sim.

–O que?

–Sim, eu te perdoo. Não vejo decência em não dar uma segunda chance. Dar a chance de recomeçar.

Ela sorriu com os olhos molhados e me abraçou forte, mas dessa vez também a abracei. Ela ja havia me feito muito mal, já havia me chamado de monstro, mas se os dias ruins não vierem, como aproveitaremos os bons? Esse era um bom dia, um bom momento. Uma nova vida.

–Acho que podemos voltar agora -Sugeri.

–Claro, vamos. -Disse ela.

No caminho de volta ela cantarolou. Eu não tirava as imagens de minha mente. Agora eram outras... Sera que Jo havia mesmo saído com os amigos?

Chegando à frente da casa, tia Marie abriu a porta. Entrou e me puxou junto.

–Ruby, quero que veja alguém...

Encarei o homem sentado no sofá. Ele tinha cabelos negros e olhos cinzentos. Os traços de seu rosto eram muito parecidos com os meus. Ele parecia cansado e triste, mas seus olhos ainda mantinham a luz. Ao me ver, o homem se levantou e me encarou incrédulo.

–Ruby... -Falou baixo, mas pude ouvir sua voz. Não hesitei, nem esperei, apenas corri na direção dele e pulei em seus braços.

–Pai... -Sussurrei em meio a outra chuva de lágrimas.

–Você cresceu tanto, minha pequenina Ruby -Disse ele sorrindo. O mesmo sorriso. Eu o tinha de volta.

Sorri para ele e o abracei mais. Por um tempo, me senti em paz novamente, mas ele se afastou e me olhou com agonia.

–Querida, precisamos conversar -Avisou ele.

–Sim, claro! O que foi?

–Vou deixá-los a sós... -Disse tia Marie deixando o cômodo.

Ele voltou a se sentar.

–Sente-se querida.

Me sentei bem à sua frente e o encarei cheia de dúvidas

–Você precisa saber algo sobre sua mãe... -Ele começou. Meus olhos se fecharam.

No escuro entre a parede e o guarda-roupa. Meu esconderijo. E meu medo agora era outro... era minha mãe.


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