Dark Things Inside escrita por Angelic Power


Capítulo 11
Para os vivos


Notas iniciais do capítulo

Heeey gente diva!! Aqui estou eu de novo com mais um capítulo, é meio parado, mas o próximo vai ser doido hahaha espero que gostem, byeee o/



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Jo


Eraum dia cinza. Um dia triste. Um dia em sombras. Talvez um dia perfeito para uma tragédia. Recebemos a ligação às duas horas da tarde, o que aconteceu depois arrasou com qualquer paz. Eu já havia visto muitas pessoas tristes, chorando ou deprimidas, mas Ruby... era diferente vê-la chorar, não poder dizer que ela ficaria bem, não tinha certeza disso.
Eu a havia esperado. Lembro-me de vê-la descendo as escadas. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Ela andava por total obrigação, pois parecia vazia por dentro. Foi a primeira vez na vida em que me senti impotente. Fraco. Segurei sua mão e levei-a para o carro. Nenhum de nós disse nada. R não olhava pra mim, só fitava o chão. Queria saber o que ela estava pensando, queria fazer alguma coisa, qualquer coisa.
O caminho passou mais rápido do que eu queria. Descemos do carro e caminhamos pelo gramado, eu tinha medo de que ela tivesse outro ataque cardíaco e desmaiasse. Tinha medo de perdê-la outra vez. Era extremamente irritante pensar nisso e não saber agir.
A primeira pessoa que vi foi minha mãe. Em um lado, eu desejava nunca deixar Ruby perto dela. Estava ciente de todas as coisas que ela já fizera à ela e tinha nojo por isso. Mamãe nunca fora boa realmente, aprendi com o tempo que ela tem muitas máscaras e nenhuma verdadeira face. Ela nunca foi do tipo amorosa, ela dizia que amor era algo fútil. Em alguma época, eu havia acreditado nisso, mas olhando pra Ruby, só conseguia ver mentiras em tal frase.
Antes de subirmos até a pequena sala onde ele repousava, parei Ruby e finalmente tomei coragem de olhá-la nos olhos.
–Haja o que houver, estou aqui. Sei que você sempre preferiu se virar sozinha, mas eu...
Fui interrompido tão rapidamente que só dei por mim quando senti seus braços em volta de mim. Ela se afastou, suficientemente para me olhar nos olhos.
–Tem razão, acho que precisar de alguém é algum sinônimo de fraqueza, mas precisas de você me faz ter segurança. Você não é como os outros, Jo, por isso que amo você! -Disse ela se afastando e segurando minhas mãos.
–Espere, você acabou de dizer que...
–Melhor entrarmos. -Declarou, me puxando pra dentro.
Era constrangedor entrar em uma sala sorrindo feito um bocó, mas quem se importa? O local estava tão vazio que não tive muito o que esconder. Estávamos, eu, Ruby, minha mãe e mais três pessoas que nunca havia visto na vida.
Eric repousava na enorme caixa preta. Flores vermelhas cercavam seu corpo, isso não era muito comum, mas era perturbadoramente belo. A facesem vida trazia a paz que ele nunca possuiu em vida. Sempre admirei Eric, por sua força, pela pessoa que era, por toda a bondade que tinha, mesmo em tempos devastadores. Eu podia vê-lo claramente em Ruby, ele se orgulhara muito dela, faria muita falta.
R se encontrava ao lado do caixão. Sem lágrimas, ou qualquer semblante de tristeza. Ela sorria levemente. Talvez ela também entendesse que ele achara paz. Dei um passo em sua direção, mas fui impedido por alguém que segurava firmemente meus braços. Me virei e encarei minha mãe, com uma expressão séria no rosto.
–Venha comigo, Joseph. -Sibilou ela, me arrastando pra fora.
Acompanhei-a até o lado de fora.
–Mãe, o que você...?
–Eric morreu. -Declarou ela com a maior normalidade do mundo.
–Agora me diga algo que não sei! -Soei sério, não a deixaria brincar com esse tipo de coisa.
–Querido, Ruby é ótima, mas... não é a garota certa pra você. Deixei que ficassem juntos, pois Eric já estava frágil demais, mas agora, isso já não é mais necessário. -Falou com um sorriso amigável, mas eu tive a enorme vontade de socá-la, e eu não era nada agressivo.
Encarei-a por um longo instante, tentando achar alguma humanidade nela, qualquer coisa, mas só via o vazio sombrio que sempre me privou de liberdade. Sempre fiz tudo o que ela pedia, sempre mantendo o controle, mas estava na hora de um basta.
–Joseph...? Entendeu o que eu disse?
–Alto e claro, mas não quer dizer que eu vá obedecer.
–Joseph! Como ousa...?
–Mamãe, eu amo você, por mais ridícula e má que você seja, mas jamais deixarei você me privar da minha felicidade. Conviva com isso como uma pessoa normal, ou engula as palavras insanas que pensa.
–Mas...
–Engula! -Retruquei. Pela primeira vez na vida ela se calou, abaixou a cabeça e assentiu, sem dizer nada. Sabia que isso não duraria muito tempo, então entrei e fui em direção à Ruby, que continuava a observar o pai, o amor que existia entre eles era visível, mesmo sem palavras.
Ela me olhou, dando um leve e triste sorriso. Tocou a cabeça em meu ombro e acalmou sua respiração.
–Jo, não aguento ficar aqui... -Sussurrou.
Ela parecia exausta, e sabia bem que estava, seus olhos estavam cansados, parecia a ponto de desmaiar. Sera que...
–Quer ir para um hospital ou...?
–Não, só vamos pra casa. Velórios são feitos para os vivos, para se lamentarem pelo tempo perdido, eu amei meu pai pelo curto tempo em que estivemos juntos, sei que ele fez o mesmo, não tenho de me lamentar por nada.
–Tem razão, vamos. -Avisei, puxando sua mão e levando-a para fora.
Na caminhada até o carro, observei a calma paisagem do cemitério. Lápides e cruzes de pedra. Flores novas e flores velhas. Ruby tinha razão, o lugar fora feito para os vivos, já não existia nenhuma vida entre aquelas pedras. Existiam pessoas que não necessitavam de parar de respirar para estarem mortas, mas existiam pessoas que nunca perdiam a vida, nem mesmo após a morte, suas memórias sempre estariam vivas.
Entramos no carro. Ruby se aconchegou no banco, fechando os olhos e tocando a cabeça na janela. Mal sabia eu que não era um simples cansaço, não era só tristeza... e que ela demoraria pra acordar.


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Notas finais do capítulo

E ai? Bom, ruim, péssimo? Hahahha espero que bom, até o próximo, pessoal!!!



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