Acordei no outro dia sentindo meus olhos inchados. Eu havia chorado, e tinha certeza de apenas uma coisa:

"Amar é destruir e ser amado é ser destruído." (Cidade dos Ossos)

Mas... Eu o amava? Não... Não tem como. Ele era apenas meu melhor amigo, só isso. Ou será que não..?

Ai! Isso só piora a cada dia... que dúvida... E acho que não conseguirei responde-la.

De qualquer forma, eu me sentia assim por vários motivos... Me afastam da minha família, do meu único amigo, e ainda me querem feliz?! Já estava divagando em meio a tantos pensamentos até que..

– Toc! Toc! Toc! (Autora Lelly: Tentativa de fazer o barulho de alguém batendo na porta '^' fail x.x)

– Lelliy querida! Se arrume para ir á escola, e desça para tomar seu café da manhã. -minha tia disse do outro lado da porta.

– Já estou indo tia.

Me levantei, tomei banho, escovei os dentes, sai do banheiro e fui para o quarto. Vesti minha roupa íntima, uma leggin, uma camiseta meio folgada, com a imagem de uma garota segurando o controle de um playstation, e escrita "Game over". Coloquei minhas meias, meu all star preto, depois arrumei meu cabelo e coloquei uma toquinha da Hora de Aventura. A minha toquinha era do Jack. Eu usava ela para que minha franja ficasse no lugar, e não revelasse meu olho de cor diferente.

Olhei para o relógio, e se eu não corresse, chegaria atrasada. Por sorte eu já tinha deixado o material separado em uma bolsa.Separei minha bolsa, uma blusa de frio, e deixei em cima da cama, logo depois desci as escadas.

Assim que cheguei na cozinha, me deparei com uma mesa redonda de madeira, com três pratos, três copos, pão de forma, queijo, requeijão e nutella. Acho que a tia Agatha ficou em dúvida do que nós gostávamos. Estava me sentando em algum lugar para poder tomar café da manhã e escutei o Matt dizer:

– Anda logo tampinha, ou a gente se atrasa! -ele estava na mesa e eu nem havia reparado.

– Tampinha é a vó.

– Que por um acaso é a mesma que a sua. -ele disse com um sorriso de canto.

– Acontece que ela realmente é baixinha -disse enquanto retribuía o sorriso.

– Bléééé!! Não sabe brincar.

– Ai nossa, ele não sabe ser sarcástico.

– Ei crianças! -tia Agatha disse nos interrompendo- Vamos parando de conversa, e terminem logo de tomar esse café da manhã, pois vocês tem que ir para a escola daqui a pouco.

– Eiii!! Crianças não. -Eu e Matt dissemos em uníssono. Tia Agatha apenas revirou os olhos.

– E... espera, o Matt também vai estudar na tal de Sweet Amoris?

– Danoninho Ice voltou! E agora com surpresinha! Sério mesmo? Descobriu isso sozinha ou precisou procurar no google? -ele disse enquanto arqueava uma das sobrancelhas.

– Ai nossa! Ele aprendeu a ser sarcástico. Aprendeu quando? Depois que nos mudamos para cá? -disse enquanto arqueava uma das sobrancelhas igual ele tinha feito.

– Haha! tá muito engraçada moça. Só que não. Anda, vamos para a escola tampinha!

– Espera, eu ainda estou comendo. -disse enquanto mordia mais um pedaço do meu pão com Nutella.

– Tá com fome?! Então come isso. - Matt jogou um pedaço de presunto em cima da minha cabeça. Ah, mas não vai ficar assim! Joguei o presunto de volta e bateu em seu rosto. -Eeii!!! Isso não vai ficar assim baixinha! Volta aqui cosplay de fantasma!

– Dá pra parar de por apelidos em mim?! - disse em quanto corria pela cozinha com receio de ser acertada de novo pelo presunto voador.

– Nunca!

Nunca... essa palavra, por alguma razão, ela... me lembra... ele.... Ken... como será que ele está? Estou preocupada com ele...

Acabei parando de correr, mas Matt ainda estava correndo atrás de mim, e como parei de repente, ele não teve tempo de parar. Acabamos caindo no chão, e aquele presunto repugnante caiu em cima do meu rosto. Eca! Assim que tirei aquela coisa do meu rosto, me dei conta de que Matt tinha caído em cima de mim. Corei por alguns míseros segundos e percebi que ele me encarava.

– Saaaai de cima de mim, praga! -disse enquanto o empurrava, para eu conseguir levantar também. Mas ele nem se mexeu.

– Já que você fugiu, agora sofrerá as consequências! - ele disse com um sorriso maligno no rosto. Admito, fiquei com medo, pouco, mas ainda assim, medo.

– O que você pensa que vai...

– Isso!! - ele começou a fazer cócegas na minha barriga. - Ataque de cócegas!!!

– Hahahahha Matt.. Hahahahaha Pa..... Hahhahaha... ra.... ahhahaha.... pa..ra!!! Eu já disse pra parar!!! Hahaha– sempre que eu dizia, ou tentava dizer algo ele voltava a me fazer cócegas.

– Ei crianças! Já está na hora de irem para a escola e... - ela olhou para nós com uma cara de interrogação e deu uma risada baixinha. - Crianças....! Bom, vamos?

– Vamos sim tia. Só preciso que tirem esse hipopótamo de cima de mim! - disse me referindo ao Matt. Okay, ele não era gordo, mas já que ele podia me colocar apelidos, por que eu não fazia o mesmo?

– Haha! Só que não. Hipopótamo é a avó!

– Que por sinal era a mesma que a sua né?!

– Ei, ei, ei!! Vamos parar com a troca de elogios porque vocês já estão atrasados. Subam e peguem suas mochilas. Vocês tem 2 minutos para voltar pra cá para irmos a escola.

– Mas tia... - Matthew ia falar algo mas a tia o interrompeu.

– 1 minuto e 58 segundos, 1 minuto e 57 segundos.... - Tia Agatha começou a contar.

– Calma, calma, estamos indo!! - Matt disse enquanto abanava as mãos meio que "se rendendo". Eu ri disso e subi as escadas correndo pro meu quarto.

Entrei no meu quarto e peguei minha mochila, comecei a descer as escadas apressadamente até que tropeço em um degrau. Vi a escada já próxima do meu rosto e pensei "Bom, posso dizer que a escada estava carente e eu resolvi dar um abraço nela."

Já estava me preparando psicologicamente para a queda e os machucados que ela causaria. Até que sinto braços me puxarem por trás. Fiquei surpresa e com a respiração descompassada. Meu coração estava acelerado, acho que por causa da "adrenalina"... Assim que me recuperei senti uma respiração também descompassada, próxima ao meu pescoço. Conclui ser Matt, mas mesmo assim não deixei de corar um pouco.

– O- obrigada por me salvar...

Ele se aproximou do meu ouvido e disse:

– Por favor, não queira ficar bancando a princesa em perigo. Se não fosse por mim, você poderia ter batido a cabeça. Agora vamos para a escola. - ele disse enquanto se afastava de mim e continuava a descer as escadas.

Após alguns segundos me recuperei do "choque" e continuei a descer as escadas. Assim que cheguei a sala, minha tia buzinou do lado de fora da casa, saímos correndo porta a fora e entramos no carro, eu fui no banco de trás, e Matt foi no banco do passageiro ao lado da tia. Coloquei meus fones de ouvido e fui escutando música. Estava no modo aleatório e tocava Rock 'n' roll da Avril Lavigne. Enquanto olhava pela janela me lembrava de como minha vida era ruim na outra escola, me lembrava que já havia sofrido bulliyng... Eram coisas terríveis, mas que ficariam para sempre em minha memória.

Comecei a admirar a paisagem pela janela do carro enquanto cantava.

"Let them know that we're still rock n' roll

I don't care about my makeup
I like it better with my jeans all ripped up
Don't know how to keep my mouth shut
You say so what (what)

I don' t care if I'm misfit
I like it better than the hipster bull shit"

"Deixe eles saberem que nós ainda somos rock'n'roll

Não ligo para minha maquiagem
Gosto mais dos meus jeans todos rasgados
Não sei como calar minha boca
E você diz: e daí? (e daí?)

Eu não ligo se sou desajeitada
Prefiro ser assim do que uma porcaria de hipster"

Tive a impressão de que alguém me chamava, então tirei os fones e percebi que foi só impressão mesmo. Coloquei o fone e voltei a cantar.

"Some some how
It's a little different when
I'm with you
You know what I really am
All about
You know how it really goes

Some some way
We'll be getting out of this
Time one day
You're the only that I
Want with me
You know how the story goes"

"De alguma forma
É um pouco diferente quando
Estou com você
Você sabe o que sou de verdade
Tudo sobre
Você sabe como as coisas funcionam

De algum jeito
Iremos fugir dessa
Cidade algum dia
Você é o único que eu
Quero comigo
Você sabe como as coisas funcionam"

Olhei para o céu, e ele estava realmente lindo. Acho que vou gostar de morar aqui...

"When it's you and me
We don't need no one to tell us who to be
We'll keep turning up the radio
What if you and I
Just put up a middle finger to the sky
Let them know we're still rock 'n roll"

"Quando estamos só eu e você
Ninguém precisa nos dizer o que devemos ser
Nós continuamos aumentando o rádio
E se eu e você
Apenas levantarmos nossos dedos do meio pro céu
Deixá-los saber que ainda somos rock n roll"

Percebi que havíamos chegado a tal de Sweet Amoris, pausei a música e tirei meus fones. A tia estacionou o carro, nos despedimos dela, e começamos a andar em direção a escola. Ela era realmente grande. Assim que entramos nos deparamos com a diretora, ela nos mandou encontrar a Sala dos Representantes.

– Jujuba vermelha, vamos fazer assim, você vai pela direita que eu vou pela esquerda. Se encontrar a tal sala do representante já fala com ele okay?

– Jujuba vermelha?! Tá né... apesar de eu achar que seria melhor se... - Ele começou a andar apressadamente. Nem me dei o trabalho de ir atrás.- se ficássemos juntos para não nos perdermos. Pronto, agora não adianta mais... Bom, vou procurar o representante. -disse enquanto começava a andar para a direita.

Cansei de procurar a tal sala em meio aquela multidão de alunos, e estava voltando, até que escutei uma voz incrivelmente melodiosa, e o som de violão vindos de uma sala. "Sala de música" li mentalmente. Eu conhecia aquela música que a pessoa do outro lado da porta estava cantando e tocando. Essa era minha música preferida, a primeira que aprendi a tocar no violão... Decidi entrar na sala. Abri a porta devagar e me deparei com dois garotos, um de cabelos brancos e olhos heterocromáticos como os meus, utilizando roupas no estilo vitoriano. Já o outro garoto era ruivo como eu, e usava roupa de uma banda de rock bem conhecida.

O ruivo tocava o violão enquanto o platinado cantava.

"You came back to find I was gone
And that place is empty
Like the hole that was left in me
Like we were nothing at all
It’s not what you meant to me
Thought we were meant to be

Oh, there isn’t one thing left you could say
I’m sorry, it’s too late"

"Você voltou e descobriu que eu tinha ido embora
E aquele lugar está vazio
Como o buraco que resta em mim
Como se não fôssemos nada
Não é o que você pretendia para mim
Pensei que estivéssemos destinados

Oh, não resta nada que você possa dizer
Sinto muito, é tarde demais"

O garoto cantou essa parte, e quando ia começar a cantar a outra, eu abri a porta por completo e entrei na sala cantando a música.

"I’m breaking free from these memories
Gotta let it go, just let it go
I’ve said goodbye, set it all on fire
Gotta let it go, just let it go"

"Estou me libertando dessas memórias
Preciso deixar ir, apenas deixar ir
Eu disse adeus, incendiei tudo
Preciso deixar ir, apenas deixar ir"

Eles me olharam surpresos, e o ruivo parou de tocar. Ficaram me encarando por alguns segundos até que o ruivo diz:

– Eai! Novata? - ele disse com um sorriso sarcástico.- Fique sabendo que eu não costumo ser legal com as novatas. - Eu apenas intercalei meu olhar entre o ruivo e o platinado, mas nada disse.

– Olá senhorita, eu sou o Lysandre, e esse é meu amigo Castiel.

– O- oi... meu nome é Lelliy, Lelliy Jullie. Desculpe interromper, eu acabei me perdendo... e.... bem... passei aqui em frente e escutei uma voz linda, quer dizer, sua voz....–disse enquanto corava.- e também o som do violão, e amo tocar essa música no violão...e como gosto muito dessa música não me conti... desculpe. - disse enquanto saia da sala. Eles apenas me seguiam com os olhos. Até que ouvi o barulho de uma cadeira se arrastando.

– Ei! Lelliy! Espere! -era Lysandre. Assim que me virei bateu um vento forte, pois a sala ficava próxima a uma das grandes janelas da escola. Minha franja acabou saindo de cima do meu olho, deixando a vista que eles eram diferentes. - Seus olhos... - ele disse se aproximando.

– É.. bom, preciso ir. -disse enquanto cobria um dos olhos com a mão. Não gostaria de sofrer bulliyng de novo, não queria ser chamada de aberração.

– Não, espere! - Lysandre segurou meu pulso. - Seus olhos são tão bonitos... - quando ele disse isso, olhei para seu rosto, e ele também tinha olhos heterocromáticos.

– O- os seus também.. -disse um pouco envergonhada enquanto tirava a mão do rosto. - Desculpe ter agido assim, pensei que me chamariam de aberração, igual aos outros..

– Aberração?! -ele disse surpreso.- Não, não somos aberrações! Somos especiais. Nunca ligue quando te chamarem de aberração. Enquanto você aceitar ser quem é, os outros não poderão te humilhar. Todos somos especiais, e deveríamos ser tratados como tais.

– O- obrigada.. poderia me mostrar onde fica a sala dos representantes por favor?

– Claro. -ele disse enquanto sorria.- Espere que só vou chamar Castiel. - ele entrou na sala e logo saiu com o ruivo.- Vamos?

– S- sim... Obrigada -disse sorrindo.

Me levaram até a frente da sala dos representantes. Eu agradeci, e olhei em volta procurando Matt. Como não o encontrei, resolvi entrar na sala.

Toc, Toc!

Bati na porta e esperei ela ser aberta. Poucos segundos depois, um garoto loiro com os olhos cor de mel abriu a porta.

– Olá! Você deve ser a novata... Lelliy Jullie? - ele disse sorrindo.

– Isso. -disse retribuindo o sorriso.

– Por favor, entre. - entrei na sala e ele tornou a encostar a porta. Foi até sua mesa e se sentou. - Bom, vamos ao que é importante...