Cidade dos Sonhos Mestiços escrita por Heosphoros


Capítulo 3
Olhos na Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Heeey olha eu de novo



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Percy encarou o mar mais uma vez. A ondas brancas quebravam na areia de forma uniforme, fazendo a superfície azul-esverdeada do oceano (tão parecida com os olhos dele) parecer pacífica da areia, onde seus pés descalços brincavam... Como filho de Poseidon, ele sabia que o mar estava mais agitado que o normal naquele dia, mas agitado que jamais esteve.

E vinha do fundo do oceano, onde criaturas antigas e perversas se remexiam em seus sonhos eternos e inquietos, um castigo dos Olimpianos para manter a paz, e deixar seus inimigos escondidos...

Infelizmente, ás vezes vinha a possibilidade dessas criaturas acordarem.

– Encarando o mar de novo - disse uma voz atrás dele.

Percy se virou e encontrou os olhos cinzentos como nuvens de tempestade da namorada, Annabeth, que tinha os braços cruzados sobre a blusa laranja do Acampamento que vestia. Preso nos shorts jeans, estava seu boné azul dos Yankees.

Seus lábios se curvaram ao vê-la, num sorriso realmente feliz e quase despreocupado. Annabeth se aproximou dele, os cabelos loiros voando com o vento carregado com cheiro de maresia, e tocou a ponta de seus dedos na bochecha dele.

– Parece tão preocupado - ela disse, vagamente - sempre tem estado preocupado nos últimos dois anos... Esperando ataques de monstros - ela se aproximou mais, tão próxima que ele já podia ouvir seus batimentos cardíacos - esperando uma nova ameaça para o mundo.

Os dedos dela desenharam os lábios dele. Percy envolveu-os com sua mãos e os beijou carinhosamente, talvez um sinal de que ela não devesse se preocupar tanto com ele. Estava tudo bem, certo? Os dois estavam bem.

– Não estou preocupado - ele garantiu - é que, ás vezes parece que tem alguém esperando uma oportunidade... De reinar o mundo de novo. e escravizar a humanidade, matar todo mundo... Coisas de vilão.

Ela sorriu, mais brilhante e bela que o pôr do sol no horizonte.

Encostou a testa na dele e o encarou com seus olhos, tão brilhantes agora que chegavam a estar prateados.

– Está tudo bem, Cabeça de Alga - suas mãos alcançaram a raiz dos cabelos de Percy que se enrolaram nos dedos dela - está tudo bem.

Percy nem precisou se inclinar muito para encontrar os lábios de Annabeth. Beijou-a como se estivessem sozinhos no mundo inteiro, abraçando-a e apertando-a contra si como se fosse se esvair em fumaça no menor dos desvios.

– Nico quer falar conosco - ela disse no meio do beijo.

Percy parou, como se fosse chutado para fora de um sonho.

– Nico? - perguntou, lembrando que o primo não lhe dera satisfação e nem mesmo um "oi" desde que derrotaram Gaia - o que ele quer? Está tudo bem?

– Parecia bem na Mensagem de Íris... - ela suspirou - de qualquer forma ele quer nos encontrar em Nova York, não quer que nenhum semideus ou dríade enxerida escute a conversa.

Percy franziu o cenho.

– Isso é novidade - deu de ombros - bom, então vamos. Onde ele pediu que o encontremos?

Annabeth mordeu o lábio inferior.

– Numa boate.

Percy arregalou os olhos imediatamente.

– Nico Di Angelo? Numa boate?

– Não me pergunte - ela disse, erguendo as mãos - também não entendo ele, mas falou que era importante estarmos lá. Tem um cara que vai estar lá que um amigo dele disse para procurarmos.

– Um cara? - o cérebro de Percy parecia estar girando numa Montanha Russa, era péssimo em interpretar poucas informações como estas, ainda mais quando eram misteriosas - porque Nico quer que encontremos um cara?

– Ai, Percy. Ele só disse algo sobre um amigo dele chamado Alan Billy, ou algo do tipo, que disse hoje de manhã para procurarmos um feiticeiro.

– E por que, em nome dos deuses, temos que falar com um feiticeiro?

Annabeth deu de ombros.

– Não sei, mas deve ser importante - olhou nos olhos dele - vamos?

Percy bufou, então assentiu.

– OK. Vamos.

. . .

Clary achou muita estranha a atitude de Jace no dia anterior, foram dois anos perfeitamente normais (até onde um relacionamento de Caçadores de Sombra pode ser normal) e de repente, naquele show, ele disse que tinha coisas muito importantes para resolver fora do Instituto.

Sim, ela perguntou porque não poderia ficar lá e ele a respondeu que ninguém poderia saber do que se tratava, o que a deixava mais insegura e confusa. O que ele tinha que resolver que ela não poderia saber? Ou Alec? Ou Izzy?

Sem falar que Simon tem lhe mandado mensagens o dia inteiro dizendo para encontrarem Magnus pois ele tinha algo extremamente importante para contar a ela, ele e Jace, embora o mesmo não possa aparecer.

Era muita confusão para dois dias, então ela levantou da sua cama do Instituto - pegando sua estela e uma lâmina Seraphim - e começou a digitar o número do melhor amigo em seu celular rosa.

Ele atendeu à primeira chamada.

– Sim?

– Simon? - ela chamou, fechando a porta atrás de si e caminhando até o elevador - é a Clary.

– Clarissa Morgestern, sabe quantas mensagens eu te mandei hoje?

Ela riu.

– Pelo Anjo, você está parecendo Luke falando - suspirou - sei sim, por isso estou ligando. Por que tem que falar com Magnus?

– É algo que envolve bruxos - explicou - acho que ele poderia me dar algumas informações importantes.

Ela franziu o cenho, enquanto encostava-se à parede do elevador dourado.

– Importantes para quê?

– Resumindo tudo, acho que estamos com problemas. E Magnus pode ajudar, quem sabe. Falei com Alec e ele disse que ele estaria no Pandemônio hoje.

– Alec? - as portas se abriram e ela saiu - Os dois estão se resolvendo?

– Não sei. Eles são bem complicados... Ande logo estou aqui na porta do Instituto.

Assim que ela saiu viu que era verdade. Simon estava encostado em um poste, na calçada, vestindo jeans e uma camisa do Word of Warcraft, com o celular grudado ao ouvido. Ele sorriu ao vê-la, e desligou o telefone.

Ela fez o mesmo, e saiu do Instituto.

– Você é rápido - exclamou - ainda não consigo me acostumar...

Ele riu.

– Até eu estou me acostumando. Esse negócio de Vampirismo é ruim, mas tenho que conviver com isso...

A frase morreu no meio. Ela sabia o que ele pensava; terei que lidar com isso por toda a eternidade. Clary, de repente, sentiu um arrepio. Já tinha dezoito anos (uma adulta para os Nephilim) e seu melhor amigo continuava com a mesma idade que tinha desde que foi transformado, e continuaria assim... Até ela envelhecer e morrer.

Reprimiu uma lágrima e olhou nos olhos dele. Parecia pensar a mesma coisa, mas não o disseram em voz alta. Ela apenas o abraçou bem forte, como fazia desde pequenininha quando tinha medo de alguma coisa.

Ao se afastar, resolveu mudar o assunto que assombrava a mente dos dois.

– Então, teremos que ir ao Pandemônio...

– Onde tudo começou - disse Simon, fazendo um gesto dramático com as mãos.

– Pare. Isso não é filme de aventura! - suspirou - mas deve ser estranho voltar depois de todo esse tempo.

– Podemos até procurar demônios gatos com o cabelo azul - Simon brincou.

Ela riu.

– Ou assassinos Caçadores de Sombras.

E ele a acompanhou.

– No caso você!

Riram juntos, parecendo dois doentes mentais na calçada. Ele envolveu o ombro dela com o braço e foram andando. Não era tão longe assim do Instituto ao Pandemônio e uma caminhada não faria mal a nenhum dos dois.

Não sabiam, no entanto, mesmo com seus instintos assassinos aprimorados para detectar qualquer movimento, que um par de olhos negros como carvão os encarava nas sombras de uma ruela facilmente ignorada.

Os olhos os acompanharam até dobrarem a esquina, então afundaram-se na escuridão que cercava o rosto, e desapareceram


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