O Décimo Primeiro Portão escrita por Leo Valdez


Capítulo 11
Charlando nos Anos 70


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura /Laris



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(Derek POV)
Toda a viagem passou como um raio. Quando abri meus olhos, estava em pé sobre uma calçada movimentada, onde várias pessoas passavam apressadas. Olhei para o relógio no alto de uma das torres, marcando exatamente meio dia. Tínhamos exatamente vinte e quatro horas.
Escutei um barulho forte ao meu lado. Bella surgiu do nada, caindo próxima a mim. Os outros pareciam ter percebido, mas não ligaram e fingiram não perceber. Bellatriz levantou-se do chão, batendo a poeira em suas calças, ajeitando os óculos no topo da cabeça.
– Parece que fui agitada como suquinho de caixa. Resmungou pondo as mãos sobre a cabeça. - Onde estamos? E cadê o Mitchell e a Nyssa?
– Aqui em cima! Atrás de nós, havia um grande outdoor de cassino. No topo da placa, Nyssa estava pendurada somente com uma das pernas. Dá pra me ajudar!?
– Calma aí Nyssa! Gritou Bella enquanto as pessoas paravam para olhar uma garota pendurada em uma propaganda de cassino. Vou te ajudar. Derek encontre o Mitchell. Pediu e começou a escalar as placas.
Olhei nas áreas próximas e nada de encontrar o filho de Afrodite. Pedi informações a algumas pessoas que passavam pela rua, mas ninguém sabia dizer se o havia visto.
Olhei para cima e Bella mantinha-se pendurada em um poste erguendo a mão para que Nyssa a segurasse, me virei, voltando a procurar Mitchell. Andei por toda a continuação do quarteirão, quando senti um toque em meu ombro.
Mitchell estava completamente coberto de penas brancas, tentei não rir, mas não adiantou muito.
– Caí num caminhão que transportava galinhas. Espirrou e as penas voaram pelo céu parecendo confetes.
– Sério? Não conseguia segurar o riso. Ficou um arraso seu cosplay de galinha. Comecei a gargalhar e Mitchell me deu um cascudo.
– Muito engraçado Derek. Resmungou. E as garotas? Perguntou olhando para os lados.
– Mitchell, meu amigo, com você Bellatriz Black e Nyssa Kutcher em King Kong. Apontei para o outdoor no final do quarteirão onde Nyssa mantinha-se agarrada ao poste enquanto Bella estava sobre o telhado de uma das lojas tentando segurar sua mão e ajuda-la a descer.
Ele sorriu.
– Bom, acho que não são só elas que estão chamando a atenção por aqui. Comentou, e vi as pessoas nos olhando com peculiaridade. Nosso visual não é muito comum, por isso estamos chamando a atenção de todo mundo.
Naquele momento, Nyssa e Bella já caminhavam pela calçada também recebendo olhares curiosos, afinal nossas roupas não eram muito apropriadas para a época.
– Estamos chamando muita atenção. Avisou Nyssa assim que se aproximou de nós. lembrem-se do que nos disseram, qualquer pequeno fato pode alterar a linha do espaço tempo. Lembrou.
– Mitchell. Bella chamou. Hora do seu retoque. Fez aspas com os dedos.
– Hunf. Bufou e começou a encarar as pessoas que passavam e as roupas que usavam. Tenho algo em mente. Fez sinal com a cabeça mostrando um beco. Vamos. A Névoa nos anos setenta é bem mais fraca.
Mitchell nos guiou até um beco entre dois prédios da rua. Era deserto, sendo ocupado apenas por uma caçamba lotada de lixo.
– Vamos lá. Falou Mitchell. Hora de mudar o visual. Com um estalar de dedos, as roupas que usávamos foram substituídas.
Nyssa agora usava um vestido até a altura dos joelhos, sem nenhuma alça presa aos ombros. Tinha cor branca, decorado com bolinhas vermelhas. O Cabelo preso em um rabo de cavalo e usava sapatilhas vermelhas.
Mitchell usava uma clássica jaqueta de couro preta, por cima de uma blusa branca. A Calça preta também de couro, decorada com correntes de prata presas ao bolso. O Topete parecia ter sido feito com óleo de motor, extremamente grudento e grudado ao couro cabeludo. Usava um par de tênis branco.
– Estilo. Disse pondo um par de óculos escuros. Roupa Maneira, sussa.
– Em? Perguntou Nyssa.
– Isso é uma gíria dessa época. Respondeu confuso. Né?
– Em marte, talvez. Reclamou Bella.
Não tinha falas, mesmo com a roupa cafona, Bella estava linda. Usava umas calças folgadas estilo boca de sino de cor cinza, com sandálias rasteiras pretas. Uma blusa sem mangas de lã branca, e pulseiras decoradas nos pulsos. O Cabelo solto sobre os ombros, enquanto usava uns óculos com lente redonda de cor vermelha.
– Me sinto uma hippie drogada. Comentou olhando para si mesma.
– Você está linda, Bella. Deixei escapar e ela me olhou sem entender. Fiquei tão sem jeito quanto Ikaro ficaria. Quer dizer, você não está assim tão horrorosa. Bella fez uma cara feia.
Você também não está tão assustador, Phillips.
Minha roupa não era tão diferente quanto esperava. Usava uma calça preta discreta acompanhada de sapatos da mesma cor. A blusa também era preta e coberta por uma jaqueta de couro como a de Mitchell, porém de um tom amarronzado. Usava também um par de óculos escuros e um anel de prata no dedo indicador.
– Acho que agora vamos poder nos misturar. Falou o filho de Afrodite, ajeitando os óculos sobre o rosto. Que horas?
– Só nesse procura-procura, nós gastamos uma hora. Avisou a filha de Hefesto. pra onde vamos agora?
– Bem, acho bom começarmos pelo Olimpo, vamos ao Empire State. Sugeri e os outros concordaram.
Não importava a época, Nova York sempre seria movimentada. Pessoas caminhavam pelas calçadas em caminhos opostos, como formigas levando alimento ao formigueiro. Semáforos de Trânsito facilitavam o movimento dos carros, que a cada minuto ficava mais congestionado.
Tivemos de pegar um ônibus para chegar ao centro da cidade. Pela janelinha, pude ver as torres gêmeas. Sorri de canto, eles mal sabiam o que ia acontecer. Se bem que, algo tão terrível quanto aquele ataque terrorista estava prestes a acontecer. Eu não iria permitir, não iria.
Saí dos meus pensamentos quando Bella me chamou, havia finalmente chegado nossa parada. Assim que desci do ônibus, o grande edifício do Empire State se estendia até as nuvens. Podíamos estar no passado, mas o edifício jamais perdia sua beleza e glória.
– Aiai. Nyssa suspirou. Quem iria pensar, que nós, simples semideuses, iriamos ter a honra de chegar ao Olimpo.
– Pois é... Uma rajada de vento soprou e os cabelos de Bella voaram. Nenhuma Profecia nos escolheu, eu me pergunto, por que nós? Ela me encarou e eu sorri triste.
– Acho que não somos os heróis que os Deuses sonham, mas como semideuses é nosso dever, e eu não vou falhar. Disse e apertei a mão de Bella. Ela olhou para nossas mãos e sorriu. Eu SEI que vamos conseguir. Mitchell sorriu de canto, e Nyssa pôs as mãos na cintura.
– Seja o que Zeus quiser. E entramos no Edifício.
Apertamos o botão do elevador para o último andar. O único barulho lá dentro era a musiquinha de fundo. Todos sentiam o mesmo: Medo e Vergonha. Qual seria a reação dos Deuses? Será que iriam acreditar? Como iriam nos receber? Todas essas perguntas assombravam nossas mentes a todo o momento.
O Elevador parou no andar mais alto. Ainda subimos algumas escadas para chegar até à cobertura. Alguns toques de Nyssa e destrancamos a trava da porta que levava a cobertura do Edifício.
– Isso é... Bella olhava paralisada para a vista. Era possível ver a estátua da liberdade no horizonte. -Lindo de mais...
Os Ventos faziam seus cabelos voarem a deixando mais linda.
Sempre tive todas as meninas que queria. Como filho de Apolo, ter qualquer uma era parcialmente fácil. Sempre ficava com elas por puro capricho, desejo. Satisfazer o desejo que todo homem tem e até para simplesmente me exibir. Mas naquele momento, tudo que sentia era a vontade de ficar ali e observá-la pelo tempo que for. Não sabia ao certo o que aquela garota fazia comigo, mas tinha certeza de uma coisa, ela era diferente, um diferente que me deixava meio doido, e por mais esquisito que pareça, um diferente muito bom.
Mitchell apertou o botão do elevador que leva ao Olimpo. Nyssa ficava reclamando dizendo que havia uma parabólica mal instalada em um dos prédios e Bella apenas abraçava o próprio corpo encarando a vista.
– Essa Área é restrita. Nos viramos e lá estava um homem com roupa de guarda.
Ele não chegava a um metro e sessenta. Baixinho e careca, usava uma farda de policial e usava uma bengala mal preparada. Coçava seu pequeno cavanhaque, com as costas retorcidas.
– O que crianças fazem aqui? Estamos em pleno horário escolar. Deviam estar na escola meninos. Disse com uma voz rasa, dando uma risada quase que tossida.
Todos não sabíamos o que responder, mas era pra isso que ele estava ali. Mitchell deu um passo a frente, com seu sorriso e comportamento educado, todos sabíamos, o charme iria começar.
– Perdoe-nos Senhor. Falou Mitchell o reverenciando calmamente. Antes de tudo, achamos muito honrado o seu trabalho para a sociedade. Sinta-se satisfeito pela sua contribuição para nossa cidade e bem estar.
O Guarda estufou o peito. Retirou o quepe de guarda e passou a mão pela careca. Sucesso absoluto com o charme.
– Realmente você tem razão garoto, meu trabalho é realmente importante. Comentou. Sabe meninos, tenho muitas admiradoras.
Bella já ia caçoar da cara dele, mas Mitchell tomou a frente.
– Posso imaginar senhor. Gostaria muito de ter esse seu charme. O Guarda mal sabia que o charme de Mitchell era bem maior do que suspeitava. Por isso apelo pela sua bondade, deixe passar, queremos apenas passar um tempinho aqui. Desça, não vamos fazer nada por aqui, fique tranquilo. Se não estivesse concentrado, eu mesmo teria descido as escadas naquele minuto, se Nyssa não tivesse posto a mão em meu ombro.
O Guarda sorriu de canto. Ele era corcunda e suas costas ficaram eretas. A Bengala tornou-se apenas uma vareta que movimentava com suas pernas perfeitas.
– De todas as crias de Afrodite que eu já conheci você é o mais poderoso garoto. Sorriu de canto e Mitchell pareceu assustado. Seu Charme quase me convenceu se eu não tivesse muita preparação psicológica contra o charme, teria acatado sem reclamar.
– Q-Quem é você?! Mitchell perguntou claramente assustado.
– Pude perceber que são Semideuses. Desculpem-me, mas o Olimpo está fechado, os Deuses estão em sua conferência anual. Encarou nossos olhares surpresos. Ah! Como sou mal educado! Nem me apresentei certo? Aqui, me chamam de policial Bill, mas no Olimpo sou conhecido como...
– Hefesto. Nyssa o interrompeu. Olá, Papai.
– Nyssa. O que era um homem careca, se tornou um de cabelos e barba longa. Suas Verrugas pareciam tornar-se maiores, e o colete de mecânico. Era a criatura mais horrenda que já tinha visto. Linda como sua mãe.
– Você s-sabe quem eu sou?- Perguntou Nyssa.
– A Linha do Espaço Tempo não é alterada pelos Deuses. Mas todos temos noção de nossas vidas futuras, e nossos filhos não esquecemos. Colocou as mãos com unhas mal cortadas, no rosto da filha. Você se superou com sua invenção filha, melhor que sua cafeteira automática construída com canetas na feira de ciências da quarta série.
– V-você estava lá? Perguntou sem acreditar e Hefesto assentiu.
Eu sei da missão de vocês, e posso assegurá-los que meu eu do futuro não está nada feliz naquela dimensão isolada. Seu semblante ficou sério e ainda mais horroroso. Vocês estão numa viagem temporal, com tempo não se brinca. Devem encontrar Zeus o mais depressa possível, eu os guiarei até lá.
Hefesto poderia ser um pouco feio, ok, é a criatura mais horrenda que eu já vi, mas é um Deus muito gente fina. Pegamos um ônibus no térreo e enquanto a estrada passava diante de nós, Hefesto contava de suas vivências como ser imortal. De todas as criaturas que ele já conhecera, e as batalhas que enfrentou.
De todos nós, Nyssa parecia a mais encantada. Afinal, ela estava falando com seu pai, o que era especial pra cada um de nós. Lembro que nunca conheci meu pai, Apolo nunca foi um exemplo de pai, mas nem um e-mail? Devem existir e-mails no Olimpo né?
– Pai... Nyssa o chamava entre risos. Para onde estamos indo?
– Ah, eu não! Vocês! E a resposta pra sua pergunta é Las Vegas. Disse como se não fosse algo importante.
– LAS VEGAS?! Todos nós perguntamos exaltados.
Olhei para o relógio. Marcava duas da tarde. O Tempo está contra nós, e a cada minuto que se passava, mas fraco o portal se tornava.
– Isso, por que a surpresa? Questionou o Deus. O Encontro dos Deuses é em Las Vegas. Não tinha ido por que Zeus precisava que alguém guardasse o Olimpo de monstros, e confesso que também não estava muito animado pra ir. Confessou Hefesto rindo.
– Pai, nós não temos muito tempo, não podemos pegar um ônibus e ir até...
– Quem disse que vamos de ônibus mortal? Sorriu com seus dentes amarelos.
O Ônibus parou próximo a uma cabine de telefone. Muito comum naquela época. Um grande retângulo com grandes vermelhas e a placa Telefone no topo.
Hefesto fez um sinal para que descêssemos. Quando já estávamos na calçada, Nyssa abraçou o pai:
– Eu vou te salvar, eu juro. Prometeu.
– Sei que vai. Hefesto retribuiu o abraço. Mas quero que saiba que esse feioso aqui, tem muita sorte de ter você como filha. Coçou a barba. Agora vão crianças, vocês tem uma missão a cumprir. Esse Túnel irá leva-los até o Cassino da Conferência. Boa Sorte. Quando Mitchell ia entrando... E você , cria de Afrodite, prometa cuidar de minha filha.
Mitchell virou o rosto, apostava que ele havia corado.
– S-sim. Concordou.
Hefesto sorriu e logo sua imagem se desfez em chamas.
– Uau, depois eu quero que ele me ensine a fazer isso. Retrucou Bella.
Foi uma situação meio apertada, mas conseguimos entrar nós quatro naquela cabine. Eu estava de frente para o aparelho de telefone, que a meu ver, parecia um comum. Olhei para a parte de cima, onde uma folha de papel rasgada estava grudada no teto da cabine com Durex. Estava escrito 222-333-888-1. Enquanto Nyssa, Mitchell e Bella brigavam por mais espaço, digitei os números e pus o telefone na orelha.
A Cabine começou a tremer. Parecia que um terremoto em grande escala estava acontecendo, quando senti que meus pés não tocavam mais o chão. Caímos em um grande túnel que nos sugava com um aspirador de pó.
Abri meus olhos quando parei de sentir a força da sucção sobre mim. Senti-me ser jogado contra o chão como um saco de areia. Quando levantei meu olhar, estava caído sobre uma construção altamente iluminada. Pôsteres dos mais variados artistas decoravam a entrada. Parecia um cinema velho, normalmente encontrados naquela época, foi aí que me lembrei de que REALMENTE estávamos nos anos setenta.
– Já é a segunda vez que sou jogada do nada no chão! - Resmungou Bella se aproximando de mim, soprando os fios de cabelo sobre seu rosto.
Observei a rua aonde Mitchell chegava todo sujo de um líquido amarelo, aparentava ser Óleo.
– Caí num caminhão de Óleo. Reclamou retirando a Jaqueta e a torcendo para deixar o óleo cair.
Eu e Bella rimos.
– Então quer dizer que caímos da mesma maneira que caímos nesse tempo? Me certifiquei e Mitchell deu de ombros, estalando os dedos fazendo sua roupa ficar limpinha. Então a Nyssa...
Olhei para cima e lá estava Nyssa pendurada em um outdoor que tinha um anúncio sobre fraldas de bebê.
– Eu vou lá. Bella bufou, pisando duro. OH NYSSA! FICA ATREPADA AÍ, VOU PEGAR UMA ESCADA COM AQUELES PEDREIROS! Gritou correndo em direção a uma obra ali perto.
– Então de acordo com Hefesto, esse é o lugar. Apontei para o que parecia ser o cinema antigo.
– Sim. Concordou Mitchell.
E lá vinha Bella com Nyssa logo atrás. As duas pararam próximas a nós, e também encararam a construção.
– Vamos logo! Antes que venha um portal e me mande ao topo da Torre Eiffel! Resmungou Nyssa entrando na frente.
A Porta de Entrada não era vigiada então foi fácil de entrar. O Salão principal era decorado com as mais variadas imagens de filmes. Vi um do filme do 007 no topo. Ao final do Salão, duas portas iluminadas decoravam o lugar. Em uma delas estava pendurado um aviso Não Perturbe.
Bella abriu a porta devagar, e nos demos de cara com a maior discoteca que já tinha visto na vida. A Sala era circular e um jogo de luzes cortava o salão. Um monte de gente dançava as músicas retrôs. Nyssa colocou as mãos sobre os ouvidos devido a música alta.
– Será que esse povo é surdo?! Perguntou Nyssa quase gritando pelo barulho.
– Não sei. Respondi no mesmo tom. Vamos procurar o Zeus. Pedi e nos separamos.
Bella e Nyssa foram para um lado enquanto Eu e Mitchell fomos para o outro. Bastava uma olhada em todos e percebemos que não eram mortais. A Primeira Vista, pareciam apenas pessoas que se divertiam, bonitas, elegantes. Eram tão perfeitas que me sentia obviamente rebaixado.
Chamei Mitchell para subirmos as escadas. Tendo uma vista de cima, pude ver claramente a quantidade de pessoas ali. 12 no total, mais garçons e outros funcionários.
– Essas Pessoas... Tentei falar.
– Os Deuses. Mitchell completou minha linha de raciocínio.
Nyssa e Bella pareciam ter nos visto. Subiram as escadas, pra ter a mesma vista que nós.
– Eu acho que eles... Nyssa tentou falar, muito ofegante.
– Nós percebemos. Falou Mitchell encarando todos que dançavam. Mas... Qual deles é Zeus?
Uma Mulher se aproximou de nós. Não tinha o que dizer, ela era a mulher mais linda que já vi na vida. Cabelos loiros compridos encaracolados no final. Usava um vestido branco, quase uma toga grega.
Ela nos olhou de cima a baixo. Até Bella e Nyssa pareciam se surpreender com a beleza daquela mulher. Ela sorriu para nós de forma maliciosa, mas o sorrisinho sumiu assim que viu Mitchell parado ao meu lado.
– M-Mitchell. Ela pôs as mãos no rosto dele, tocando sua pele com carinho. Como cresceu... Pôs as mãos sobre a boca em sinal de surpresa. Virou um homem tão bonito...
– Desculpe, mas como a senhora me conhece? A voz firme e decidida do Florence havia sumido, como se toda sua confiança tivesse esvaído de seu corpo.
– Conheço desde sempre. Sorriu triste. Mas infelizmente não fiquei junto de você...
Ele arregalou os olhos e se afastou dela. Estava pálido como se tivesse visto um fantasma.
– Você é Afrodite. Deduzi também assustado e ela assentiu, estalando os dedos e logo suas roupas mudavam exatamente como Mitchell fazia.
– Afrodite... Mitchell a encarou com os olhos arregalados. Mamãe?! Ela assentiu, mudando suas roupas para um vestido longo lilás.
– Sou eu. Aquela emoção que havia na voz da Deusa havia sumido e novamente tornou-se um sorriso convencido. Sou Afrodite, Deusa do Amor, da Beleza e de mais um monte de coisas que não me interessa. Jogou os cabelos loiros para trás.
– Mãe, eu adoraria saber se...
– Nem tente doçura, é inútil Ela sorriu. Acha que pode usar minha própria habilidade contra mim? É como tentar matar Poseidon afogado, querido. Começou a rir, tomando um gole de...
– Pera! Bella a interrompeu. Isso é vinho?! ONDE VOCÊ...
– Ali no bar, amorzinho... Afrodite apontou sem entender e Bella saiu quase que correndo em direção ao Bar.
– Mãe, por que a senhora nunca... Ela pôs a mão delicadamente sobre o rosto de Mitchell e sorriu novamente.
– Zeus sempre me disse que devia dar a luz a meninas lindas e sedutoras... Contou não se importando com a minha presença ou a de Nyssa. Mas na verdade, sempre quis ter um filho... Ela chorava passando as mãos sobre os cabelos de Mitchell, como se ele fosse um garotinho. Você é o único filho homem que tive. Você não sabe o carinho que sinto por você... Mitchell sorriu.
– Queria muito te conhecer oficialmente mãe. Os dois se abraçaram. Eu e Nyssa nos encaramos, felizes. Você se comunicou comigo apenas uma vez.
Afrodite assentiu, enxugando as lágrimas.
– Não vamos chorar querido, sou muito fabulosa para essas coisas. Sorriu e Mitchell balançou a cabeça como se dissesse Que louca.
Afrodite encarou a mim e a Nyssa.
– São amigos do meu Mitty? Bateu palmas. Ah Garotos, preciso mostrar as fotos dele bebezinho, o Mitchell tinha um bumbum lindo!
Não resisti e comecei a gargalhar seguido por Nyssa.
– Eu quero ver! Falou Nyssa e eu a encarei sem entender.
– Espere um minuto. Afrodite voltou o olhar para o filho. Você não é dessa época! O Semblante da Deusa ficou sério. Afinal, o que vocês fazem aqui?
Mitchell engoliu em seco.
– Mãe, a senhora sabe o que acontece ao seu Eu do Presente?
Afrodite pareceu empalidecer. Seu Olhar ficou vazio, como se não tivesse passado blush pela manhã.
–Minha Força se esvaindo... Ela teria caído se Mitchell não a tivesse segurado. Meu Filho. Segurou o rosto de Mitchell com pânico. O tempo está se esgotando, amor. Você e seus amigos tem um destino a cumprir. O Destino do mundo está nas mãos de vocês. O olhar ainda estava obscuro.
– Afrodite, a chave. Chamei-a. Precisamos da chave do Primeiro Portão. Ela assentiu e fez sinal para que a seguíssemos.
– Eu os levarei até Zeus. Sigam a fabulosa aqui. -Nem parece que tava tendo um treco segundos atrás.
Afrodite nos guiou pela pista de dança até a parede do canto. Bastou um estalar de dedos e a parede enroscou-se até tornar-se uma escada em espiral.
– Poderão encontrá-lo no segundo andar. Ela fitou Mitchell. Tomem cuidado com Hera. Muito cuidado. Aquela ali nem Zeus salva. Beijou a bochecha do filho e voltou a dançar na pista.
– Um amorzinho sua mãe. Eu disse para Mitchell que me mandou me lascar.
– E a Bella?- Perguntou Nyssa. Não podemos deixar a Bella sozinha com um monte de Deuses. Ela e Mitchell me encararam. -Se é perigoso deixá-la sozinha, imagina com Deuses.
– Não, nem olhem pra mim!- Falei.
– Não seja ridículo. Phillips. Disse Mitchell. Eu e Nyssa vamos falar com Zeus, você procura a Bella e tratem de não explodir nada. Fez sinal para Nyssa o seguir e subiram as escadas.
Voltei para a pista de dança.

(POV Bellatriz)
Vinho! Já sinto o doce sabor da bebida descendo por minha garganta. Desci as escadas apressada, porém a porcaria da calça boca de sono não ajudava em nada. Como usam uma porcaria dessas? Apertada em cima e folgado em baixo. Pareço uma salsicha. Bufei.
–Bella! Espera aí! -Ouvi os gritos de Derek atrás de mim.
Por falar nele, está tão esquisito hoje, me tratando bem, isso pra ele é com certeza esquisito. Até me elogiou apesar de ter desmentido depois. E mais, no empire state o vi olhando pra mim com uma cara esquisita, sim, eu estava prestando atenção. Normalmente ele olharia pra mim com provável nojo. Surpreso por eu achar isso? Ele é filhote de Apolo, já espera-se isso dele. Nunca ia querer nada com uma viciada em vinho como eu. Baixei a cabeça triste com tal pensamento.
–Ai! Quando colocaram uma parede aqui!? -Passei a mão na cabeça olhando para o brutamontes que havia batido pronta para xingá-lo. -Qual o seu problema? Seu Parede!?
–Como é garota!? -O "parede" virou-se e nossa... Abri a boca em um "o" perfeito. Loiro claro e olhos quase que furta cor, porque dependendo da luz seus olhos ficavam azuis, verdes e cor de mel. Estava vestido com uma calça de linho preta e suspensórios da mesma cor e por baixo uma regata branca e um chapéu preto com uma fita branca ao redor. Estilo. Estilo e músculos. Muitos músculos. -Me chamou de que garota?
–N-Nada... Quer dizer... Oi. -Sorri. -Bellatriz Black, prazer.
–Bella!? Estava te procurando e...
–Sai fora Derek! Não vê que eu to conversando com o...
–Apolo. Prazer.
–É. Conversando com o Apolo... Apolo!?
–Pai!?
–Oi, Derek. Como cresceu... Ficou bonito e charmoso como eu.
–Eu teria nojo se eu fosse como você. -Derek fez uma cara de nojo pra ele, um nojo contido de anos. -Bellatriz, porque está falando com esse sujeito?- Sua voz continha raiva.
–É Bella, e eu esbarrei nele, na verdade... -Ele segurou meu braço com força. -Ai, Derek, ta doendo.
–Vamos embora daqui. -Disse sério.
–Derek, você nem vai querer conversar comigo? -Disse Apolo pedinte.
–Não. Você é o causador de todo o mal que me aconteceu. Não tenho nada pra dar a você a não ser ódio.
–Mas eu sempre quis conversar com você, Derek. Sobre garotas e suas habilidades. Você evoluiu muito. Malha quanto tempo por dia?
–Você malha? Quanto tempo!? -Perguntei.
–Não interessa! E eu não quero você perto desse desgraçado Bella. -Ele me puxou pra longe aos tropeções.
–Derek! Derek!- Puxei meu braço de suas mãos que continha a marca de seu punho. -Meu braço está doendo! O que te deu!?
–Eu o odeio, Bella! Só isso!
–Mas ele é seu pai...
–Ele nunca foi meu pai!! Não pra mim. É só um cara metido e o causador da minha desgraça. Foi culpa DELE minha mãe ter morrido.
–Não foi minha culpa, Derek. Eu tive que ir embora pra te proteger... -Apolo apareceu do nada. -E para proteger sua mãe também. Mas agora que estamos juntos de novo, diz aí filho, quantas meninas já traçou?
–Não me chame de seu filho, porque você nunca será meu pai!
Derek me puxou de novo pro lado oposto da pista dança.
–Você sabe que estou boiando, não sabe? -Perguntei depois dele ter me soltado e se encostada a uma pilastra e cruzado os braços.
–Não quero falar sobre isso... -Disse encarando Apolo que havia pego um espelho e ajeitava o cabelo.
–Entendo que não queira. -Ele me encarou.
–Entende?
–Quando você estiver a fim de falar comigo sobre isso, vou estar aqui para ouvir, certo? -Sorri de braços cruzados.
–Obrigado, Bella. -Ele sorriu. Um sorriso sincero. Nem sabia que era capaz de dar um sorriso lindo desses. Normalmente só sorrisos de deboche quando se trata de mim. -Sabe do que você precisa!? -Ele levantou uma sobrancelha.
–Do que eu preciso!?
–De um doce, saboroso, gostoso e relaxante vinho. -Ele sorriu de canto. -Anda vem! -Peguei seu braço e o puxei até o bar.
–Você acha que eu melhoraria por causa de uma taça de vinho!? -Perguntou incrédulo.
–Uma taça não. Várias. -Sorri e ele gargalhou. -Viu? Nem começou e já está mais feliz com a possibilidade.
–Cala a boca, Bella. -Ri.
–Barman!- Quando vi uma figura vindo na nossa direção virei de costas para encarar a pista e pedi -Me traz dois vinhos suaves. Tintos, por favor. De preferência um velho, um de 1863 deve dar pro gasto. Valeu!
–Bella...? É o seu...
–Meu vinho? Cara rápido! Já trouxe minha taça. -Me virei para pegar a taça a nada vi. -Cade meu vinho!?
–Bella. -Derek me cutucou. -É o seu pai.
Levantei a cabeça devagar. Reconheci aquele rosto de primeira. Meu pai dos anos 70 estava incrível! Okay, o cabelo estava feio. Era longo e negro como o meu porém estilo punk, parecia mais uma moita. As rugas que eu lembrava não estavam ali. E parecia mais novo.
–Bella!? Seu gosto para vinhos continua magnífico! A colheita de 1863 foi a das melhores, Deméter estava na cidade na época.
–Papai! -Pulei sobre o balcão e o abracei. -Pai... Tive tanto medo... Quando você foi levado, eu não pude fazer nada! Me desculpe...
–Ora Bella, você não podia ter feito nada.
–Mas eu deveria ter feito!
–Teimosa como a mãe. -Sorriu.
–Você não devia falar dela... Sabe que eu não gosto.
–Você deve ser o Dexter. -Disse papai, claramente meio bêbado.
–Meu nome é Derek, senhor.
–Claro Dalton. Vocês devem falar com Zeus, sei porque então aqui.
–Temos dois já cuidado disso, não se preocupe. -O tranquilizei.
–Ah claro, o Mikael e a Melissa.
–Mitchell e Nyssa. -Corrigiu Derek.
–É mesmo! Obrigada Désio. -Derek emburrou a cara.
–Pai... Me explica uma coisa? -Ele assentiu. -Porque que quando o senhor foi levado, meus irmãos enfraqueceram e eu não?
–Ora, essa é fácil! Sua força não vem de mim, você mesma a tem. Você está se tornando uma moça incrível e muito bonita, Bella. Tenho orgulho de você.
–Obrigada, pai. -Sorri e o abracei de novo.
–Dionísio! Que vinho ainda resta nessa adega? Ou já bebeu tudo!?-Apolo chegou e se pôs ao lado de Derek. -Estou com um pouco de sede. -Olhou pro filho, porém Derek não mexeu um músculo. -E aí, filho, vai conversar com seu pai?
–Você sabe que não. Não sei porque ainda insiste.
–Porque um pai nunca para de tentar falar com o seu filho. Viu essa menina? Ela ainda abraça o pai.
–Esse "menina" tem nome, o nome dela é Bella.
–Vamos, Derek. Fale com o seu pai! Já pegou essa morena aí? -Apontou pra mim como se eu fosse só mais um biscoito do pacote.
–EU preciso de vinho... -Falei e me afastei com uma taça na mão.
Derek e Apolo continuaram a brigar e eu fui sentar em uma mesa ali perto. Olhei ao redor e vi uma moça sentada em uma mesa ao fundo bebericando uma taça de vinho branco com uma tiara de flores e uns brincos também de flores.
Deméter. Conclui.
Levantei e fui falar com ela.
–Oi, meu nome é Bellatriz Black. Sou amiga do seu filho Ikaro Uhira. Bacana te conhecer.
Ela me olhou bebeu o resto do vinho, fez brotar uma flor da mesa e correu para fora da boate/cassino.
–Nossa... Tal mãe tal filho. -Dei de ombros e voltei a minha própria mesa.
Vi Derek gritando com Apolo e se afastar na minha direção, deixando um Deus do sol bastante triste para trás. Ele bebeu o resto de vinho que havia em sua taça e bateu com tudo na minha mesa.
–Quer dançar? -Arregalei os olhos.
–Derek, quantas taças de vinho você já bebeu?
–To falando sério! Quer dançar comigo?
–Olha, não acho uma no ideia... -Não ia cair nessa. -Filho de Apolo triste e desanimado depois de uma briga feia com o próprio pai, precisa de uma garota para fazê-lo se sentir melhor. Não sou desse tipo muito menos burra. Não caio nessa.
Ele me olhou um pouco alarmado como se eu tivesse descoberto o plano da sua vida. Ele passou a mão nos cabelos loiros.
–Bella, você ainda acha que é qualquer uma?
–E por que eu não deveria achar, Derek? -Fiz minha taça encher-se novamente e bebi tudo em um só gole levantando em seguida. -Não nasci ontem, Phillips. Vou ver se os meninos estão precisando de ajuda.
–Bella... Por favor... Dança comigo.
–Eu não sei dançar.
–Te ensino.
–Sou a menina do vinho, não da dança.
–Te ensino a ser uma.
–Vou pisar no seu pé.
–Não me importo! Olha, dança comigo então pra me ajudar a me livrar do meu pai. Ele vai vir atrás de mim se já não estiver vindo nesse exato momento. -Olhei por sobre seu ombro com os braços cruzados e realmente Apolo já estava vindo para cá. -Por mim...?
–Ta bem! Mas só uma música, até o Mitchell e a Nyssa voltarem e você se livrar do Deus da música bombado. Fechado?
–Fechado.
Ele estendeu a mão para mim e eu a aceitei. Ele me guiou até o centro da pista de dança e me rodou para que eu ficasse a sua frente e colocou a mão na minha cintura.
–O que eu faço? -Perguntei com medo de pagar o maior mico.
–Agora você coloca a mão no meu ombro e se deixa levar pela música. -Ele sorriu e eu fiz o que ele pediu. -Agora você vai dançar ao som de Staying Alive dos Bee Gees.
Ele começou a me rodar pelo salão e eu no começo só olhava para o chão com medo de cair de cara no chão. Ele parou para fazer uns passos solos e me soltou, eu fiquei sem ter o que fazer e só dançava no mesmo lugar, mas Derek era um ótimo dançarino e ele não me deixava sozinha por muito tempo. Ele tentava me deixar o mais confortável possível e aos poucos fui me soltando cada vez mais e já não olhava para o chão e sim para Derek enquanto ele sorria e eu sorria de volta e fazíamos os passos mais loucos que eu já havia visto. Eu já me soltava dele para fazer meus próprios passos solos, ao meu modo, claro. Eu requebrava no ritmo da música e cantava a letra dos Bee Gees e Derek me olhava de cima a baixo esperando que eu voltasse para junto dele.
Ouvi Afrodite dizendo:
–Romance! Romance! Deixa eu ir lá! Deixa Mitty! É meu trabalho!
–Se aquieta mãe!
–Mas Mitty... Romance...
–Mãe, não. Eu também estou doidinho pra dar um empurrão nesses dois, mas é o momento deles. Deixa vai. E além, disso juntar casal é trabalho do Cupido.
–Okay...
Fizemos o típico passo das discotecas levantando as mãos sincronizadamente para cima e para baixo em diagonal. E começamos a rir com tal ato. Em uma jogada rápida, Derek me levantou no ar e me rodou em seguida, quando desci nossos corpos estavam muito próximos e a música havia cessado. O jogo de luz da boate parecia mais brilhante agora e refletia nos olhos azuis de Derek.
–No fim das contas, nem foi tão ruim assim. -Disse ofegante.
–Não foi mesmo, mas podia ficar melhor...
–Da? Porque melhor que essa dança é impossi... -Ele me puxou pela cintura e me beijou.
Primeiro eu fiquei estática, mas depois fechei os olhos e passei a mão por seu pescoço e entrelacei os dedos em seus cabelos. Ele pediu passagem para aprofundar o beijo e eu dei. Ele mantinha uma mão firme em minha cintura, para manter meu corpo colado ao dele,e a outra estava levemente posicionada em meu pescoço. Não sabia o que pensar. Derek mantinha o beijo romântico porém com uma pitada de desejo. A única coisa que passava a toda hora por minha cabeça era o quanto eu anciava por aquilo. O quanto eu queria Derek Phillips.

Continua...


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