The Way You Look Tonight escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 9
Bom de briga


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento especial à beckyfiuza. Bem-vinda a TWYLT e muito obrigada por seus adoráveis comentários! Aproveitem o capítulo! :)



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Em minha defesa tudo parecia muito tranquilo, eu já estava desconfiando.

– Bem, pelo que parece não sobrou muita coisa pendente.

– Somos uma dupla eficiente – o deus dos mares acrescentou enquanto caminhávamos calmamente, lado a lado, após a tarde que passamos no café. Tudo havia transcorrido de maneira agradável e produtiva, para minha completa surpresa. Tanto que, depois de fecharmos o cardápio com o querido Pierre, resolvermos conhecer um parque um tantinho afastado que ele nos recomendara.

O céu escurecia rapidamente e, em nosso caminho até o local onde Poseidon estacionara, vários bares e pequenos hotéis acendiam seus letreiros que, mesmo assim, não iluminavam completamente as ruas estreitas.

Logo a frente, um grupo de uns sete rapazes bebia e comemorava. Encobertos pela penumbra, não podia contar ao certo quantos eram, mas todos pareciam-me embriagados. No centro da rodinha que bloqueava a passagem, um deles se destacava. Com um sorriso malicioso estampado no rosto e um nariz que dava a impressão de ter sido quebrado mais de uma vez em brigas, era como se cada um dos poros de seu corpo gritasse que ele era um problema.

– Cuidado – sussurrei, mas, se me ouviu, Poseidon não fez qualquer menção de entendimento.

Adiantei sutilmente o passo e fiz o possível para desviar-me daqueles homens sem que ficasse tão aparente, porém ficou claro que não fui discreta o suficiente quando ouço um deles assoviar e proferir:

– Veja só que gracinha, Kevin, pena que está acompanhada.

– Esse ai? Há, ele não deve ser homem suficiente para mantê-la satisfeita. Nada que uma noite com uns três de nós não pudesse resolver...

Sinto Poseidon cerrar os punhos ao ouvi-lo falar, mas seguro firme sua mão e peço-lhe gentilmente para prosseguir.

– Não dê atenção, vamos logo para casa.

– Isso mesmo, gostosa, manda ele embora, mas você fique aqui pra gente se divertir um pouquinho. – o líder daquela gangue acrescentou em meio a gargalhadas. Passávamos exatamente na sua frente e eu quase podia contar quantos passos faltavam para sair daquele pesadelo. Mas foi exatamente neste momento que tudo desandou, quando Kevin, ousadamente, se aproximou e deu um tapa na minha bunda.

– Agora já chega! – Poseidon virou-se, irado e acertou um soco bem em cheio no rosto do arruaceiro.

Sangue escorria do canto esquerdo de seu lábio, mas não havia sinal de medo em seus olhos. Pelo contrário. Ele sorria com escárnio ao incitar seus companheiros:

– Olhem só, se não é valente este rapaz? Vamos ver até onde ele é bom de briga.

Um pandemônio começou. Eram sete contra um. Poseidon podia ser um deus, mas não era autorizado a usar seus poderes no mundo mortal, mesmo assim estava aguentando bem a barra. Três dos menos habilidosos já haviam sido imobilizados, mas o deus sofria com o esforço e com diversos chutes e pontapés dos que ainda restavam.

Gritei por ajuda o mais alto que pude e estava a ponto de lançar-me na briga para tentar salvá-lo quando quatro seguranças de um estabelecimento próximo chegaram. Eles conseguiram afastar os briguentos e leva-los para longe dali, mas tudo que eu podia ver era Poseidon, caído no meio da rua. Corri até ele e usei toda minha força para arrastá-lo até a esquina mais próxima. Sua careta de dor era preocupante, um corte em sua testa pingava Icor dourado e seus recém-adquiridos hematomas destacavam-se na pele bronzeada, mas não tive tempo para realizar uma análise mais profunda dos danos sofridos. Envolvi-o com meus braços, torci para que a penumbra fosse suficiente para encobrir o que estava prestes a fazer e concentrei-me para transportar-nos ao Olimpo.

–----*-----*-----

Chegando lá, fiz o possível para acomodá-lo confortavelmente em minha cama, enquanto buscava pelo kit de primeiros-socorros que sabia estar guardado em uma das gavetas de meu armário. Busquei-o entre toalhas limpas empilhadas e, quando finalmente o localizei, postei-me o mais rápido possível ao lado de Poseidon para limpar-lhe os ferimentos.

– Fique calmo, farei o possível para eliminar essa dor logo.

– Não se preocupe, Loira. Nada vai doer mais que meu ego agora. – indicou a si próprio com um leve aceno de cabeça – Um dos três grandes levando uma surra de meia dúzia de mortais... Deuses, que vexame!

Seus olhos permaneciam semicerrados e havia um leve inchaço em um deles, mas nem mesmo isso o impediu de dirigir-me uma marota piscadela. Embebi uma gaze no líquido translúcido da solução preparada por Apolo para situações como essa e agradeci mentalmente a ele por tê-la deixado em minha posse. Respirei fundo e pus-me a limpar, suave e cuidadosamente, cada um de seus machucados.

– Obrigada – acabei dizendo baixinho enquanto concentrava-me nos arranhões de seu braço.

– Pelo quê? Eu era quem deveria estar agradecendo, sabe. Por me ajudar e... por cuidar de mim.

– É o mínimo que eu poderia fazer depois de ter me defendido. Isso – falei enquanto apontava para o corte que estava em minha frente – é tudo culpa minha. Se você não estivesse lá eles teriam...

Não terminei a frase e mal pude conter uma espécie de soluço que escapou-me dos lábios ao ser atingida pela seriedade da situação a qual quase fui submetida.

– Hey – o deus dos mares esforçou-se para levantar seu tronco alguns centímetros e afagar-me a têmpora com uma de suas mãos calejadas – nunca deixarei que alguém lhe faça mal.

Suas palavras chegaram aos meus ouvidos carregadas de sinceridade. Tudo que pude fazer foi deliciar-me com o calor oferecido por sua palma por alguns segundos antes de levantar e devolver a maleta ao guarda-roupa. Permiti-me, mesmo aquela distância, notar o quanto ele era belo. Mesmo naquele quarto escurecido pela noite sem Lua, via todo o encantamento proporcionado por aquele espécime masculino.

Cobri-o com um lençol antes de sussurrar-lhe ao pé do ouvido:

– Vou estar no sofá aqui do lado se precisar de alguma coisa. Agora descanse, está bem?

Já entregue aos braços de Morfeu, assentiu de leve, mas duvido que tenha realmente me escutado.

E foi na poltrona, ao lado de um Poseidon adormecido, que eu peguei no sono enquanto lhe acariciava os negros cabelos.


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Notas finais do capítulo

Dia agitado o deles, não? Hehe Até o próximo, meus amores!



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