The Way You Look Tonight escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 10
Sintonia


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente, depois de um inverno tenebroso de espera.
Desejo de coração que vocês me perdoem e apreciem o capítulo.
PS: Pensamentos de Atena em itálico e de Poseidon em negrito.



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Era como cair.

Meu corpo, tão exausto que mal o sentia. Eu era puro vento, leve fumaça, ar atritando com ar... Mas nada além disso. Não houve choque, batida ou colisão, só o mais completo silêncio e vazio, até que tudo clareia e, quando isso acontece, eu reconheço o campo gramado. Algo dentro de mim sabe que ouvirei aquela mesma voz e, ao invés de gás, torno-me espera. Sou pura estática e corrente elétrica.

– Poseidon! – a voz vem de longe, do horizonte, do oceano, de dentro de mim - Olhe, Poseidon, veja bem! Acaso és capaz de enxergar agora?

– Enxergar? Por que será que tenho a sensação de que você não se refere só ao que posso ver...

– Isso mesmo, meu querido. Está certo e, além do mais, você sabe. Sempre soube, tenho certeza. Basta admitir a si mesmo.

Aquele timbre feminino e delicado finalmente revelou-se familiar. Só há uma pessoa que conheço cujas palavras parecem dançar de felicidade enquanto seduz com esse jeito aveludado de falar. Um único alguém capaz de enlouquecer-me com essas mensagens dúbias e possibilidades. Mas, mesmo sabendo quem era, sentia-me completamente envolvido nessa névoa de perguntas.

Talvez essa loucura toda fosse consequência dos bons sopapos que levei, mas no fundo eu sabia que não. Deveria descobrir algo importante e, ao relembrar aquela briga estúpida, acabo por ter uma intuição sobre o que isso pode se tratar. De repente, não é mais dúvida. Tenho certeza.

– Afrodite! Acho que começo a ver com clareza tudo... – hesito um instante e minha voz falha - Tudo isso...

– Ah, meu querido tio, isso mesmo! Está indo bem! O primeiro passo é eliminar todas as barreiras de sua mente, não se deve esconder nada de si mesmo...

– Estou pronto.

– Sei que está e, - podia sentir que ela sorria onde quer que proferisse aquelas palavras- logo se achará...

Quase podia visualizar a deusa do amor dando uma sapeca piscadela. Subitamente fez-se um clarão e eu já não estava naquele bosque esquisito. O brilho solar irradiado era tamanho que ofuscava minha visão, mas não oferecia nenhuma espécie de desconforto ou hostilidade. Tudo ao meu redor era tangido por aquela aura loura.

Loura! Mas é claro! Acho que ela está certa quando me chama de platelminto, não é possível que eu não tenha reconhecido antes. Este cabelo, essa cor, o brilho do céu sem nuvens em seu olhar...

Estendi meus dedos para tocar aquele cabelo macio e, desta vez, recebi em troca a imagem de seu rosto contra a luz do sol. Os fios dourados ao vento, um belo sorriso nos lábios delicados e uma bem-vinda expressão de alegria em seus olhos, normalmente tão sérios.

Como fui burro! Não estivera, afinal, a verdade diante de mim esse tempo todo? Era Atena. Sempre fora ela.

– Atena.

–----*-----*-----

Atena acordara há poucos minutos e via-o dormir suavemente, a respiração só uma nota mais profunda do que de costume. Foi invadida pelo pensamento de que o cenho levemente franzido e o arroxeado ao redor de seus olhos não diminuía um nada sua beleza. Os lábios crisparam-se e logo os cílios tremularam, a luz tocando pouco-a-pouco o instigante tom que preenchia sua íris esverdeadas.

– Atena.

Seu nome proferido daquele modo, meio vocativo, meio sonho, teve o mesmo efeito de uma faísca nas terminações nervosas da deusa da sabedoria.

Mas o que é isso, Atena? Você não pode se deixar levar pelas ideias infantis de finais felizes da sua irmã romântica! Ceder a – a palavra era até mesmo difícil de ser pronunciada – esse sentimento... Logo agora, e justo por ele! Não posso...

Poseidon despertou sem saber como proceder às revelações que obtivera de si mesmo com uma ajudinha da deusa do Amor. A leve expressão de surpresa em seu rosto logo foi substituída por uma fagulha de esperança ao vê-la e então, decepção, com o rumo de seus pensamentos.

Como fazê-la entender? Como convencê-la deste – pelos deuses! Era tudo tão novo! – sentimento? Ah! A quem quero enganar? Ela nunca vai sentir o mesmo por mim... É uma guerra perdida antes mesmo de começar...

Ambos permaneciam quietos, ninguém ousando dizer um única palavra em voz alta enquanto tantas outras gritavam em suas mentes. Atena, que tanto tempo passara ao lado do deus dos mares, só observando-o, agora perdia-se em pensamentos.

Não posso... Será que sou tão tola a ponto de achar que algum dia ele seria sequer capaz de olhar-me desta maneira? E então por quê? Por que é tão difícil desistir desta possibilidade mesmo sabendo que as chances são praticamente nulas?

Mas como vou conseguir estar ao lado dela por toda a eternidade sabendo que nem mesmo tentei? Será que não devo arriscar? Ao menos tentar dizer a ela que...

Por que tudo em mim me impele a simplesmente parar de pensar e gritar? Gritar que...

Se eles ao menos soubessem que seus pensamentos estavam na mesma sintonia.

... eu a amo.

... eu o amo.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos e até o próximo.



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