My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 7
O pior dos pecados




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Finalmente, sussurrou o inconsciente dela. Vinha negando isso há tanto tempo, mas a verdade era que ansiava por isso cada vez que o olhava. Podia ser errado, podia ser uma estupidez, mas era tudo o que queria.

O cheiro dos dois, combinados, era um aroma único. Efeitiçava-os. Mas não prestavam atenção nisso, não, tudo o que importava era a distância que os separava, sedutora, mas nenhum deles ousava transpô-la. Hayley, impetuosa como era, começou a ofegar baixinho.

– Elijah – sussurrou, quase num apelo. Será que ele não sentia que aqueles três centímetros a consumiam?

– Shh – respondeu, colocando um dedo em seus lábios. Erro fatal. Ao tocar a pele extremamente quente dela, ele cedeu. Todo o desejo reprimido, de repente, aflorou. Era uma bomba atômica e Elijah estava bem no centro dela.

Devagar, sem nunca deixar de prendê-la com o olhar, ele encostou suavemente seus lábios nos dela. Sentindo algo bastante inusitado, viu-a fechar os olhos – um vislumbre daquela menina de doze anos atrás. Então, se entregou. O que no início era algo suave e romântico começava agora a dar espaço para uma paixão incontrolável. Suas línguas disputavam espaço sem nunca deixar de tocar uma a outra. As unhas dela arranhavam prazerosamente sua nuca enquanto ele revidava apertando-a contra sim.

O melhor de tudo eram os sentimentos que eles compartilhavam: segurança, carinho, proteção, desejo e paixão. Paixão essa que estava tornando as carícias mais quentes e perigosas, mas não se importavam. Até que Elijah apertou a cintura dela forte demais e ela gemeu.

– Droga, eu machuquei você? – falou ele, tratando de sair de cima dela.

– Não. É só que foi peso demais... O bebê e tal... Estou mais sensível à dor.

– Desculpe-me – disse, envergonhado. Lentamente a consciência daquilo que estava fazendo começou a invadi-lo. Ele poderia ter matado o bebê. Levantou-se.

– Hei, aonde vai?

– Isso não devia ter acontecido. Peço que me perdoe. Invadi seu espaço e quase a machuquei.

– Não, Elijah. Está tudo bem. E você não invadiu espaço nenhum – disse ela, começando a ficar exasperada. Por que ele estava estragando tudo?

– Você está grávida do meu irmão. Isso muda tudo. – falou ele, antes de sair.

Raiva trouxe lágrimas aos seus olhos. Tinha sonhado tanto com aquilo, tinha imaginado tudo tão perfeito e mais uma vez aquilo se despedaçava bem diante dela. Burra, burra, burra, pensou, desolada. Sempre caía na conversa deles.

Chorou até dormir, odiando o fato de que o perfume dele permanecera no seu travesseiro.

...

Olhava para o teto, se sentindo vazia. A armagura veio à tona. Quem ele pensava que era? Por que fora tão estúpido? Mas, na verdade, o que mais a magoava era o fato de que a imagem do Elijah perfeito havia se quebrado. O fato estava ali: ela não o conhecia. Porém, isso não significava que ela ia fazer papel de boba.

Desceu as escadas ruidosamente e o encontrou lendo numa poltrona. A máscara era perfeita: nem só uma linha de expressão. Algo que ele adquirira tendo crescido à sombra de uma família como a sua. Por dentro, era um mar de confusão.

– Por que fez isso? – perguntou ela, arrancando o livro de suas mãos.

– Perdão?

Um tapa na cara dele mostrou-o que não era uma boa ideia ser cínico com uma Hayley furiosa. A ardência de sua mão a agradou.

– Não seja um idiota. Você sabe bem. Por que me beijou e fugiu como um covarde?

– Você está grávida do meu irmão.

– Teve tempo para pensar nisso nas vezes que se aproximou de mim. Romanticamente. Não é por isso.

– Por que te interessa tanto? – perguntou ele, retraído. Não gostava do terreno em que estavam.

– Ninguém me faz de idiota.

– Só meu irmão.

Ela encarou-o furiosamente. Então, antes de atacá-lo de novo, percebeu. Elijah tinha medo do irmão. É claro! Era tão óbvio; tudo o que fazia era para ele. Klaus sempre estava presente, fossem nas palavras ou nas atitudes.

– Oh meu Deus. Você é um covarde mesmo.

– O que disse?

– Tem tanto medo do seu irmão que não consegue sequer beijar sem pensar no que ele vai fazer. É muito covarde.

– Você não sabe o que está dizendo.

– Então me explique!

– Ele vai matar você! – gritou ele, por fim. Seus olhos ardiam. – Não sabe como ele é, do que ele é capaz. Se o preço por sua vida é ficarmos longe, que assim seja! Eu só temo por você.

– Exatamente. Você tem tanto medo dele que não consegue viver.

– É por sua segurança.

– Bem, a mais interessada nela sou eu, não? E eu estou aqui. Lutando. Só que não pra sempre. Mas você é covarde demais para se importar.

Saiu. Uma tristeza profunda abalou a ambos. Ah, se ela soubesse o que tinha acontecido à sua antiga namorada... Klaus era poderoso demais para que ele arriscasse a vida de Hayley. Ela era tudo agora.

A covardia era algo que Hayley nunca tivera e talvez por isso não entendesse de verdade. Talvez porque pensasse que só ela estava apaixonada. Ele não tinha coragem para amá-la. Era tão trágico.

Sentada no jardim, sozinha, pensou em mil e uma maneiras de parar de pensar nele, mas não encontrou. Como que para consolá-la, sentiu uma leve pressão por dentro de sua barriga.

– Não seja como nenhum deles – sussurrou ela para seu filho. Uma pena que não estaria com ele para garantir isso.

...

O blues soava baixinho no quarto de hotel. Ele agora descansava depois de uma noite de negócios favorável. Política e economia definitivamente eram seus melhores atributos. Bem, talvez perdessem só para o sotaque sedutor.

O telefone tocou, quebrando a atmosfera de paz em que Klaus se encontrava. Irritado, percebeu que era uma de suas empregadas. Aquilo iria significar um desconto no salário dela.

– O que é?

– S-senhor. Você pediu que o avisasse quando acontecesse. Aconteceu. Eles se beijaram.

– Oh, mas já? Ele não perde tempo mesmo – disse, divertido, a irritação rapidamente sumindo.

– E também discutiram hoje. Ela o chamou de covarde por ter medo do senhor.

– Isso só significa que ele é sensato. Enfim, está na hora. Chame-as, primeiro a mais sutil. E assim que ela o fizer se lembrar, ligue-me imediatamente. Será recompensada.

– Sim, senhor.

Um sorriso diabólico tomou conta de seu rosto. Elijah ia pagar mais uma vez. Adorava tanto fazer aquilo; seu irmãozinho estúpido nunca percebera. Sempre fora tão fiel. Nunca notara o ódio que lhe era dirigido.

E a garota? Ah, ela desejará morrer no parto. O que talvez aconteça mesmo. Tomou alguns goles de whisky. Ser um sociopata – meio psicopata, admitia – era seu hobby predileto.


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Notas finais do capítulo

Oe, leitores! Gostaram? Espero que não tenha ficado muito previsível. E eu realmente tentei achar um outro defeito para ele, mas não deu. Medo por excesso de proteção combinou melhor. O que acharam?



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