My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 10
Algo para esconder


Notas iniciais do capítulo

Oe, leitores! Capítulo pequeno, mas cheio de surpresas! Preparem o fôlego ;)



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Uma semana e ainda não se sentia certa daquilo. Uma semana de preparação não lhe dera a coragem suficiente para fazer o que tinha de ser feito. Desejou sumir, mas desejar não muda as coisas.

Ela olhava fixamente para o nada, apenas se perguntando o que fazia ali. Se sua vida fosse um livro, aquele momento indicaria que a personagem principal foi substituída por uma gêmea maligna e insensível. De pé, no palco do comício, Hayley era apunhalada pela culpa. Não sabia como era o governo de Klaus, mas percebia com clareza as mentiras que ele contava. A mais ou menos cada dez minutos, ele apontava para ela, indicando o filho que seguiria fielmente seu caminho e tornaria a vida da população cada vez melhor.

Estava ajudando a enganar as pessoas; pior, usando seu bebê. Que tipo de pessoa ela era? A resposta veio quase instantaneamente: uma pessoa que faz de tudo para sobreviver. Mas, para alguém que sempre acreditara na justiça, aquilo era quase imperdoável.

– Venha, minha querida – chamou Klaus e os joelhos de Hayley quase desabaram ao perceber que era com ela – Diga a eles aquilo que você tanto queria falar, vamos. Diga a eles.

Dava pra ouvir um alfinete caindo no chão.

– Olá, povo de Louisiana – começou ela, como ensaiara milhões de vezes. O pior daquilo tudo é que fora premeditado – Nada me deixa mais feliz do que falar do homem mais honroso que já conheci. Sua bondade, gentileza e compaixão são capazes de transformar qualquer coração em algo puro e bom. Foi como aconteceu comigo. Klaus trouxe luz para minha vida e, agora, sei que quero trilhar o caminho a seu lado. Cada palavra dele é voltada para o bem dos outros. Quero ajudá-lo. Quero tornar a vida de todo mundo melhor, como ele fez com a minha. Com Klaus, só vejo um futuro brilhante, tanto meu, quanto de vocês.

Todos aplaudiram. E, com certeza, ficaram quase eufóricos quando ele pegou em sua mão e plantou um beijo delicado nos lábios dela. Tudo que Hayley imaginou nesse momento é que Elijah estaria assistindo a tudo isso.

Perdoe-me, uma parte de si sussurrou.

As horas torturantes finalmente passaram. Era hora de ir para casa e encarar a parte mais difícil do seu dia. Se ele era um covarde, ela era uma cretina. Pensou em se esconder, mas havia algo que lhe dizia que devia encará-lo. Fez sua escolha, agora que agüente as consequências.

Como esperado, Klaus nem olhou na cara dela depois do teatro que ambos representaram. Talvez fosse melhor assim. Não precisava lembrar constantemente do quanto ele era desprezível.

Alguém abriu a porta do carro para ela.

– Seja bem vinda – falou Elijah. Sua voz era inexpressiva e estava tão concentrado nos olhos da moça que não reparou no sorriso mal disfarçado do irmão.

– Ah, obrigada...

– Venha, quero falar com você.

Não esperou por resposta; sabia que ela o seguiria. Hayley era capaz de encarar os problemas, não era covarde como ele. Invejava-a. Quando chegaram ao jardim, estava furioso. Traição. Uma parte de si lembrou-lhe que devia se controlar, mas ele não conseguiu ouvi-la.

– Por quê? – perguntou, numa voz entrecortada. Respirava com dificuldade.

– Foi o necessário – respondeu ela, evitando seu olhar. Será mesmo que nem em momentos críticos seu coração conseguia se controlar perante a presença dele?

– Necessário? O que diabos poderia ser tão importante para justificar aquilo?

– Eu! Se não reparou, eu não tenho muitas expectativas quanto ao meu futuro. Só agarrei a melhor chance.

– Eu poderia ajudá-la! Tenho tanto dinheiro quanto ele...

– Não se trata de dinheiro. É sobre oportunidades. Klaus me ofereceu um acordo que me dava basicamente tudo o que eu preciso. Não ouse me julgar por isso.

– Como não? Aceitou ser uma mentirosa suja que nem ele!

O impacto do tapa chegou antes que Elijah percebesse. Ficou atônito.

– Não se finja de superior! – berrou ela, com lágrimas nos olhos. Cinco minutos com ele e já se sentia desolada – Como eu poderia esperar algo de você, se mal o encara nos olhos? Como poderia contar com você, quando não tem coragem suficiente para defender o que sente? Como pode acreditar que sou igual ele? Não percebe que é tudo por causa desse bebê? Não quero desistir dele!

Quando terminou, deu-se conta de que a última parte era realmente verdade. Tudo o que queria, desejando no canto mais escuro de seu interior, era conviver com aquele pequeno ser que despertava nela emoções tão fortes.

– Ao seu lado, eu poderia fazer tudo isso – sussurrou Elijah.

– Como posso confiar nisso?

– Devia saber que o amor muda as pessoas.

O vento ricocheteou os longos cabelos dela, tornando-a quase surreal. Sua boca abriu-se num “O” quase cômico. A moça não quis acreditar – fora tão difícil se convencer a matar qualquer esperança romântica que lhe restara... Muitas batidas de coração depois, e ela ainda não havia respondido. Respirando fundo, Elijah tomou coragem.

– Como acha que é para mim, ver você se aliando ao homem que destruiria qualquer chance de felicidade minha? Tudo o que fiz, tudo de que abdiquei, foi por sua causa, Hayley. Não me traia assim.

– Não fiz para magoá-lo – disse ela, finalmente – Eu só estou assustada. Não tenho plano nenhum, muito menos segurança, eu...

– Eu posso lhe trazer segurança – disse, abraçando-a forte – Posso lhe trazer conforto. Posso te proteger. Posso fazê-la feliz.

– Pode me amar? – perguntou, soando infantil. Odiava se sentir vulnerável, mas como não ceder a ele? A felicidade lhe parecia traiçoeira, porém, inevitável.

– Eu já amo.

O beijo que se seguiu foi triste, o encontro de dois desafortunados, porém muito significativo. Sem dizer quaisquer outras palavras, eles entenderam. Elijah enfrentaria o mundo a partir de agora. E Hayley teria que fazer a única coisa que mais lhe apavorava: confiar cegamente em alguém.

Não adiantava mais esconder nem negar. Estavam irremediavelmente apaixonados. Toda aquela atração, toda a cumplicidade, todo o mistério que envolvia a ambos só levaria a um caminho. Não queriam sair dele tão cedo.

– Eu... Quero ficar com você – disse ela, escondendo o rosto na camisa dele. Tardiamente, reparou que ele estava sem terno.

– Custe o que custar – respondeu ele.

De onde a coragem brotou, Elijah não sabia dizer. Mas, ao olhar nos olhos dela, pode perceber que não queria mais ficar longe daquela garota. Não podia deixá-la nas mãos de seu irmão... Bem, não podia deixá-la de forma alguma.

– E agora? – perguntou Hayley – O que faremos? Se ele descobrir...

– Ficaremos juntos. Você continue com o plano dele, até descobrirmos algo que o coloque de vez longe de nossas vidas. E não podemos deixar que ele nos veja. De forma alguma, Hayley.

Abraçando-a, sentiu o perigo que corriam. Não importava, seu mundo agora era aquela garota.

...

Muito apaixonados, não perceberam a presença que os espiava da janela. Klaus, por algum motivo que nem ele mesmo entendia, se consumia em raiva. Então ele pretendia passar por cima dele? Não ia acontecer. A vingança só ia se tornar cada vez mais terrível. Seu irmãozinho iria sofrer e aquela vadia idiota também. Quanto a si mesmo, bem, iria se divertir terrivelmente.

Pegou o celular e digitou aquela sequência de números que passara tanto tempo decorando. Ela atendeu no terceiro toque.

– Olá, Celeste. Como vai, minha querida?


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Notas finais do capítulo

E aí? Alguém esperava por isso? Gostaram?



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