My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 11
As mulheres de Elijah




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479184/chapter/11

Estava amanhecendo. Ela ainda podia sentir o toque cálido dos lábios dele, a urgência de tê-la para si. Fora tudo tão rápido que Hayley mal se permitia acreditar. Num momento, um tapa. No outro, o tão esperado beijo. Era estranho, quase como se fosse destino.

Uma suave batida na porta a despertou de seus devaneios. Ia dizer “Bom dia, Elijah” quando um pressentimento a refreou. E que bom que fez isso; era Klaus na sua porta. Não perguntou se podia entrar, afinal a casa era dele. Hayley estava só com uma fina camisola, mas nem ousou ficar envergonhada; ele já a conhecia por completo mesmo.

– Bom dia – disse ela, no tom mais irônico que pode – Ou devo dizer “boa madrugada”? Algumas pessoas precisam do famoso sono da beleza.

– Você não é uma delas, querida – respondeu ele, constatando com prazer o revirar de olhos dela. Adorava perturbá-la.

– Diga logo o que quer.

– Como ele está? O bebê? Já fez todos os exames?

– Não fiz nenhum.

– Isso é negligência, Hayley.

– Isso não é da sua conta, Klaus – disse a moça, tentada a mostrar o dedo médio para ele. Odiou essa repentina atitude paternal.

– Na verdade, é sim. É meu filho também.

– Ou filha.

– Será um menino.

O modo como ele disse essas palavras a fez tremer. Era como se não aceitasse qualquer outra possibilidade. Frieza emanava do olhar dele.

– De qualquer jeito – continuou – Faça logo os exames. E me avise.

– Terminou?

– Não. Queria conversar algo com você.

Ele sentou-se na cama e pareceu desconcertado por um momento. Hayley ficou curiosa ao mesmo tempo em que se perguntou se poderia baixar a guarda. Parecia errado; era Klaus, afinal, e todo cuidado era pouco.

– Meu irmão já lhe contou sobre Celeste?

– Sim.

– E sobre minha maldade?

– Era o principal da história.

– Eu não sou assim, Hayley.

Disse e saiu, batendo a porta do quarto. Sorriu, percebendo que aos poucos as peças do seu plano de encaixavam. Quanto à moça, ela só pensou no que diabos havia de errado com ele. Voltou a devanear sobre Elijah.

...

Mais uma vez, Elijah decidiu não usar terno. Sabia que ela preferia assim. E, sendo sincero, ternos não lhe davam uma aparência muito jovem. Ou atraente. Ficou desconcertado ao pensar que só queria parecer atraente por um motivo. Esse motivo envolvia, ela, ele e uma cama.

Caminhando silenciosamente, ele se dirigiu ao quarto dela. Abriu a porta e notou que a moça estava dormindo. Seu cabelo estava bagunçado e a boca entreaberta e parecia a criatura mais sexy do mundo. Parou para observá-la. Ao lembrar do dia anterior, inevitavelmente sorriu. O modo como ela se jogou em seus braços só o fez perceber que ansiava por aquilo tanto quanto ele.

Sentou e afagou os cabelos dela. Hayley tinha um sono tão pesado que nem se mexeu. Sem conseguir resistir, ele a beijos. Avidamente, porque já não havia lugar para pudores. Ela finalmente despertou com um gemido. Segurou os cabelos dele e não hesitou nem por um momento em retribuir. Elijah puxou-a para si, apertando a coxa dela, deixando marcas para mais tarde. Então ela atingiu seu ponto fraco: beijou o pescoço dele. Sem ligar para mais nada, estava pronto para tomá-la. Nenhum dos dois pensou muito sobre o que estavam fazendo, apenas se deixaram dominar pelo desejo incontrolável.

Uma batida na porta os fez parar. Inferno. Mil vezes inferno.

– Hayley? Abre aqui. Quero falar com você – gritou Rebekah, do outro lado da porta.

– Err... Espera, estou sem roupa! – gritou Hayley de volta. Elijah a encarou seriamente.

– Isso não foi a melhor coisa a se dizer – sussurrou.

– Cale a boca e se esconda! – disse a moça, enquanto lutava para parecer apresentável.

– Onde? Eu não... – ia dizendo ele, quando ela o empurrou pra fora da cama. Com um sonoro “Ai”, se escondeu o melhor que pode embaixo da cama. Hayley devia agradecer à sua memória, afinal, não lembrava que havia algumas calcinhas suas naquele local.

– Pois não? – disse, abrindo a porta.

– Oi. Puxa, por que seu rosto está tão vermelho? E por que está tão descabelada?

– Vai entrar ou não, Chapeuzinho Vermelho?

– Ok. Vou direto ao assunto. Você vai, obviamente, precisar de roupas novas.

– Eu vou?

– A não ser que você só compre número 48, daqui uns meses vai sim. Quero me oferecer pra te ajudar.

– É mesmo? – disse a morena, desconfiada. Ela mal conhecia essa mulher – Por quê?

– Me encanto com tudo o que tem a ver com maternidade.

– Você é louca? Deve ter no máximo 20 anos. Como pode se interessar por isso?

– Sou estéril.

Ah. Hayley calou-se. Imaginou que ser privada de alguma coisa só faz alguém querer isso ainda mais. E, de acordo com sua parte egoísta, isso era bom. Rebekah poderia cuidar do filho dela. Tudo bem, ela era estranha. Mas não podia ser pior do que Klaus, podia?

– Tudo bem. Só me dizer o dia.

– Perfeito! – disse Rebekah, saindo – E, ah, você deve ter mesmo bons sonhos com esse perfume que seu quarto tem.

As notas amadeiradas que pairavam no ar com certeza não eram femininas.

– Merda – resmungou Hayley, trancando a porta – Já pode sair daí.

Ele estava segurando o riso.

– Minha irmã vai fazer compras com você? E depois? Vão passar na casa da Barbie?

– Cale a boca! – disse ela, dando um soco em seu braço. Ele segurou sua mão com firmeza e beijou cada um de seus dedos – Acha que ela desconfiou?

– Com certeza.

– E agora?

– É a Rebekah, ninguém acredita em uma palavra sequer do que ela diz – respondeu ele e em seguira prensou-a contra a parede, beijando seu pescoço – Não me importo. Valeu a pena.

Pra eterno crédito pessoal dele, ela gemeu. Elijah soltou-a. Tinha coisas a fazer e iam acabar levantando suspeitas.

– Espero repetir isso em breve, senhorita Marshall.

Ela desabou na cama, a respiração acelerada. Elijah era sedutor demais, charmoso demais. Mal conseguia pensar. Mas, para alguém que quase transou com esse homem, era perfeitamente compreensível seu estado.

...

Horas mais tarde, desceu para jantar com o irmão. Não que fosse a coisa mais desejável a fazer, porém, Elijah precisava ao menos fingir. E se controlar para não envenená-lo.

– Irmão – saudou Klaus – Como está?

– Bem.

– Por que não vem ao meu escritório para tomar um drink?

– Alguma ocasião especial – disse, acompanhando-o.

– Com certeza.

Elijah abriu a porta do escritório, prevendo que coisa ruim estava por vir. Imagine qual foi a sua surpresa de vê-la sentada na poltrona mais próxima dele. Paralisou. Sequer respirava.

– Elijah! – gritou Celeste, com lágrimas nos olhos. Abraçou-o – Eu senti tanto sua falta!

O coração dele martelava. Como era possível? Tentou afastá-la, procurando algo que revelasse que tudo não passava de uma brincadeira. Não, estava tudo ali. A pele morena, os lábios carnudos, o cabelo encaracolado indomável. Era ela. Celeste estava viva. Apertou-a contra si o mais forte que pode sem machucá-la. Um oceano de sentimentos confusos o invadiu. A não ser pela fina cicatriz que maculava o lado esquerdo de seu rosto, ela estava perfeita.

– Como é possível? – sussurrou ele.

– Há algumas semanas, na viagem que fiz, encontrei-a dormindo nas ruas. A reconheci imediatamente. Desde então, venho tentando convencê-la a vir para cá. Não foi muito difícil. Ela estava louca pra te ver.

– Mas como?

– De algum modo, eu sobrevivi. Consegui escapar do incêndio. É claro, nunca deixei que me encontrassem. Não suportaria ir pra cadeia de novo.

– Me perdoe, eu... – tentou dizer Elijah, mas as palavras pareciam travar dentro de si. Não podia acreditar. Não queria acreditar.

– Shh – disse a moça, colocando um dedo em seus lábios. O toque da pele dela era gélido ou era somente o contraste do efeito que uma outra mulher causava nele? – Está tudo no passado agora. Tudo o que importa é que estamos juntos.

Puxando-o rudemente pela camisa, Celeste o beijou antes mesmo que ele pudesse reagir. Quando tentou se afastar, ela mordiscou seus lábios, rindo maliciosamente. Não resistiu mais. Tudo o que sentiu foi uma profunda nostalgia. Era sua Celeste ali... Era o certo.

– Vou deixá-los a sós – disse Klaus, fechando a porta. Segunda etapa, concluída.

Ao sair se deparou com uma Hayley boquiaberta. Aproximou-se e sussurrou em seu ouvido:

– Está vendo? Não sou perverso como pensa. Tudo o que eu quero é a felicidade de meu irmão.

Hayley não pode contradizê-lo. Pelos barulhos que ouviu saindo do cômodo, Elijah parecia mesmo ter encontrado a felicidade. Como se protestasse, o bebê chutou sua barriga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oe, leitores! E aí? Quem quer esfaqueá-la? A ela, não a mim, por favor.