Klaus caminhava de um lado para o outro. Sua cabeça estava a mil, pensamentos misturados com preocupações, anseios e medo... Muito medo.

-O que raios está acontecendo? Kanabant, Kiladrin e Norikage... Três espíritos sagrados, muito poderosos e que estão desaparecidos por séculos... Mas, eu não entendo o que essa maldita profecia tem haver com a minha família. –Klaus estava desesperado, o tempo se arrastava e seus filhos e sobrinho estavam desaparecidos.

Três jovens com problemas considerados demasiados sérios para ficarem por aí sozinhos. Mas a forma como sumiram não foi comum segundo relatos de Nikolay, o único que poderia dizer o que aconteceu era Kaius, mas este estava inconsciente.

-Eu vou chamar a policia! – Disse Klaus parando de dar voltas pelo escritório e indo em direção ao telefone.

-Não vai adiantar! –Disse Nikolay que estava ali com ele- Eles não vão iniciar as buscas em menos de quarenta e oito horas.

-Meus filhos e meu sobrinho sumiram. Tenho que fazer alguma coisa. –Klaus já estava perdendo o controle.

Recebeu um olhar gélido por parte de Nikolay:

- Não me venha com melodrama, você não se importava verdadeiramente com as crianças. Agora se acalme...

- Escute aqui Nikolay, eu não estou disposto a ficar com os meus braços cruzados encostado a uma parede esperando que eles voltem por um milagre. Kai não pode andar, Allany não pode ver... Ao menos seja mais humano e se preocupe com seu neto.

-Acha que não estou preocupado? –Ele sorriu. –Você não me conhece tanto quanto pensa Klaus... Eu já mexi uns pauzinhos. Tenho alguns dos meus homens cuidando da busca, até a policia entrar em cena. –Klaus sabia dos negócios de Nikolay, ele não deixava escapar nada que fosse. Se havia alguém com uma equipe apta a encontrar os desaparecidos eram os homens de Nikolay Romanov.

Longe da li uma mulher de cabelos e olhos castanhos estava sentada ao lado da cama do marido lhe segurando a mão. Laura segurava-se para não chorar Kaius estava desacordado a algum tempo e ninguém sabia o que havia acontecido, ele respirava com dificuldade e a mascara em seu rosto apenas deixava sua esposa mais aflita.

- Laura- veio a voz da porta. O medico de cabelos negros e olhos meu entrou no quarto devagar.

- Arthur, alguma coisa?- perguntou ela com esperanças de boas noticias.

- Nem uma, ele não tem nem um ferimento, nem contusão, já fizemos exames.-

- Ele esta em coma ou algo assim?-

- Não, diria dormindo, é similar a um estado de choque. 

- Não podem fazer nada por ele?- questionou ela.

- Vou pedir mais exames, mas temos que esperar ele recobrar a consciência. Fale com ele, talvez ajude. -

- Vou faze isso.

- Volto assim que tive algo em mãos.

- Obrigada Arthur- disse ela se virando para Kaius. Ela colocou as costas as mãos na face direita dele e deixou uma lagrima cair.  Falou por um tempo com ele ate que acabou por adormecer na beirada da cama. Mas logo foi acordada por um gemido de dor. – Kaius - chamou ela ao ver que ele estava acordado.

-Laura?- ele murmurou baixo ao abrir um pouco os olhos violeta.

- Você me assustou. – disse olhando a face cansada dele, que logo se converteu em uma excreção de pura dor – Kaius!-

- Minhas costas – disse ele entre lagrimas de dor.

- Vou chamar Arthur. -

Laura teve que esperar do lado de fora do quarto enquanto a equipe medica estava lá, sentou-se para rezar, ela sabia o quando Kaius havia sofrido para se reabilitar depois do acidente, e não suportava a idéia de o ver sofrendo numa cama de hospital. Quando Arthur saiu do quarto ela correu para falar com ele.

- Como Kaius está?-

- Tivemos que lhe dar morfina e um calmante, apesar de não sabermos o motivo, a dor não é psicologia, e é muito forte – Laura deixou as lagrimas caírem por fim – Calma, vamos descobrir o que esta havendo com ele.

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- Ai... A onde estamos- perguntou Allany se sentado e olhando em volta – que lugar é esse?

- Um templo numa outra dimensão, conselho fique abaixada- veio a voz de Khan – Não que adiante muito.

- Hã?

-Ela despertou Kiladrin. -Veio a voz grossa do fundo do templo.

- Quem está ai?- perguntou ela vendo Kai desacordado e Khan encolhido em seu lado – Khan o que esta havendo?-

Klaus estava sentado em seu escritório com as mãos na cabeça esperando por noticias de alguém.

-Eu não agüento mais isso. –Ele se levantou recomeçando a andar pela sala.

Nikolay que estava encostado na ponta da mesa abriu os olhos e ficou a observar a irritação de Klaus:

-Para com isso está me deixando tonto. –Disse ele fitando Klaus.

-Como consegue se manter tão calmo?-

Ele sorriu irônico:

-Eu não estou calmo, estou tão preocupado quanto você. Mas para pessoas com a minha idade não é aconselhável entrar em pânico- Ele se desencostou da mesa e pegou o celular.

- O que vai fazer?- Questionou Klaus curioso.

-Eu disse que tenho alguns contatos úteis para nós nesse momento. Vou ver se conseguiram algum rastro. – Klaus ficou olhando para Nikolay curioso enquanto ele conversava ao celular.

-E então? Encontraram alguma coisa?-

-Não senhor! Nada, é como se tivessem sumido do mapa.

-Oque aconteceu com o rastreador?- Perguntou Nikolay demonstrando uma certa irritação.

-Encontramos o crucifixo do menino, mas nenhum sinal dele, nem dos outros dois. –

-Isso não pode ser possível.

-Senhor...

-Eu vou retornar a ligação Diego e acho bom você ter ao menos uma pista de onde está meu neto, caso contrário... –Nikolay percebeu que a respiração do homem havia ficado tensa, ele estava com medo.

-Não se preocupe, eu terei noticias .- Nikolay desligou o celular, Klaus que havia prestado atenção na conversa estranhou um pouco o comportamento do velho homem:

-Você...

- Isso não interessa, mas ainda não encontraram pistas das crianças...

-E você alguma carta na manga que facilita-se a busca?- Perguntou Klaus.

-Sim. –Suspirou Nikolay. –O Khan tinha uma corrente o pingente era um crucifixo, dei para ele quando tinha onze anos. Ele não tirava-o do pescoço a não ser quando ia tomar banho ou dormir.

-E o que tinha de tão especial nessa corrente? –

-O crucifixo tinha um rastreador anexado. E eu achei que isso facilitaria a busca por isso me mantive tão calmo, mas agora o colar foi encontrado e nem um sinal das crianças.

-Nikolay... Você coloca um rastreador no seu neto, tem contatos estranhos espalhados pelo mundo, uma fortuna que ninguém sabe de onde vem... Parece até um mafioso. –Disse Klaus brincando. Mas Nikolay sorriu:

-Pois é, uem sabe eu seja mesmo um líder do submundo. Mas deixando isso de lado...

O telefone toca repentinamente:

-Alô Klaus falando.

-Klaus sou eu Arthur, estou ligando para ligar que seu irmão acordou

- Eu estou indo para ai, conversaremos melhor. –Ele desligou o telefone e pediu para que Nikolay o acompanha-se, aquilo já estava ficando fora do normal.

Assim que chegaram Klaus entrou sem bater nem nada no quarto do irmão.

- Klaus! Por tudo que é mais sagrado perceba a onde você esta indo antes de entrar desse jeito. - brigou Laura se pondo de pé ao lado da cama, Nikolay olhou tudo aquilo da porta. Klaus ignorou Laura e foi diretamente falar com Kaius.

- Kaius, o que aconteceu com Khan, Allany e Kai também sumiram e eu acho que o que aconteceu com ele possa ter acontecido aos dois. Kaius abriu um pouco os olhos e tentou falar, mas não teve forças. – Kaius, pelo amor de deus seja útil uma vez na vida.

- Deixe ele em paz Klaus, não vê que ele está com dor. - brigou Laura empurrando Klaus, não surtiu muito efeito, mas fez ele a olhar. – Você é um insensível, ate parece que se preocupa tanto com Kai e Allany você não consegue ver que seu irmão gêmeo esta mau! Como você pode dizer que se importa com alguém!

-Cale a boca! O seu maridinho tem culpa sim nisso, e quem é você pra dizer que eu não me importo com os meus filhos? Você nem isso poderia ter mesmo que Kaius não tivesse quebrado a coluna.- Laura sentiu as lagrimas de raiva se formarem em seu rosto.

Ela ia responder quando sentiu a mão de Kaius segurar fracamente seu pulso. Nikolay que havia ficado passivo em toda essa historia tratou de se por entre Klaus e Kaius.

- Já chega Klaus, seu irmão está precisando descansar e você esta nervoso de mais, vá lá pra fora que eu resolvo isso.

- O qu....

- Agora- disse Nikolay gélido, Klaus acatou a ordem.

- Obrigado Nikolay- disse Laura antes de dar um beijo na testa do marido que estava tremulo.

- Klaus passou dos limites – disse ele olhando o Kaius, mesmo sendo gêmeos idênticos Klaus e Kaius eram completamente diferentes, totalmente opostos.

- querido acha que consegue contar alguma coisa do que ocorreu?- perguntou Laura a Kaius tentou falar novamente. – ele não esta em condições Nikolay, os remédios para dor o enfraqueceram muito.

- o que exatamente houve com ele?

- dor quase insuportável na mesma região onde ele quebrou a coluna ninguém sabe explicar por que. - disse ela colocando a mão na cabeça de Kaius que fechou os olhos.

- vamos dar algum tempo para ele recuperar-se um pouco, depois com mais calma falarei com ele.-

- Obrigado.

Assim que saiu do quarto deu de cara com Klaus encostado na parede, ele o pegou pela camisa e o levou até o quarto ao lado que estava vazio.

- Como pode agir daquela forma?

- Do que esta falando.

- Klaus, eu sou uma péssima pessoa, mas sei respeitar ao menos alguém que está com dor num hospital, mas é claro, você não teve nem a decência de perguntar como seu irmão estava.

- O que foi Nikolay? Ficou com pena do genro?

Klaus foi calado por um soco no queixo.

- Escute bem aqui Klaus, ele é o pai do meu neto, isso eu não posso mudar, mas não quer dizer que eu vou deixar você o tratar como o tratou só por isso, como você ousa dizer que se importa com alguém falando o que falou para Laura? Você é podre, mas podre que eu fui ou irei ser, trate de pensar bem nisso, você ainda vai precisar muito do seu irmão. - disse largando Klaus ali.

Klaus levantou irado, um senhor de 60 anos acabara de quase o nocautear

- Isso vai ter volta Nikolay. - disse saindo do quarto vazio.

Passada às 48 horas a policia foi chamada:

-Então quer dizer que três jovens sumiram, mas o senhor disse que dois eram cegos e um estava em uma cadeira de rodas? –

-Foi isso mesmo. – Disse Klaus pela milésima vez. Ele estava em casa com os policiais.

- Desculpe senhor, mas isso é alguma piada- disse um dos policias incrédulo

- Eu tenho cara de quem está brincando? Meus filhos somem de casa e meu sobrinho do hospital e você acha que eu estou brincando!- brigou Klaus.

- Desculpe senhor... Bem quais os nomes deles?

- Kai Alexander Hiwatari, Allany Katherine Hiwatari.

-Qual nome do outro garoto?-Perguntou o policial.

-Hã... – Nikolay que estava ali junto deles respondeu a pergunta:

-Andrey Khaniel Romanov. -

-E o senhor é?

-Me chamo Nikolay Ivan Ivanovit Romanov, sou avô do Andrey. – O jovem policial observou a figura imponente a sua frente e reconheceu imediatamente.

-Hã... Senhor Romanov me desculpe por não reconhecê-lo de imediato, já ouvi falarem do senhor. –

-Com certeza que sim meu rapaz. Agora... Pode ajudar na busca?-

-Bom o caso é bem complicado, o sumiço deles foi algo inexplicável não a nenhuma testemunha que pudesse descrever o ocorrido?-

-O pai de Andrey estava com ele no momento do sumiço, mas ele esta incapacitado de falar o que ocorreu. –Nikolay olhou para Klaus que retribuiu o olhar da forma mais hostil possível.

-Faremos o que pudermos senhores. Existe mais algum lugar para onde eles pudessem ir? –Disse o policial. Saindo de lá em seguida.

- Khan não conhece a cidade e Allany não sabe se guiar sozinha, e Kai não teria como ir a lugar nem um sendo que a cadeira de rodas esta aqui.

- Sem falar que meu neto não estava em condições nem de sair da cama.

- Vamos iniciar as buscas.

- Alô?

- Klaus, Kaius já esta em condições de falar, mas se for pra ser grosso com ele nem venha.

- Você não manda em mim Laura, estou indo pra ai agora- disse desligando o telefone na cara da cunhada.

- Klaus – Chamou Nikolay – você já está avisado de que se fizer alguma coisa eu dou cabo de você. – disse saindo da sala

No hospital Laura estava dando um pouco de água para o marido, Kaius ainda estava fraco por mais que a dor houvesse diminuído ainda estava lá para o torturar.

- Liguei para Klaus, se ele fizer ou disse algo pra você eu não me controlo.

- Não ligue pra isso.- murmurou

-Kaius, você já perdoou ele muito, se ele não tivesse te empurrado.

- O que aconteceu, aconteceu- disse ele – o que importa agora e os acharmos.

- você sempre quis um filho, agora que achou o seu...-

- ele vai estar bem. – disse sorrindo.

- Kaius, se um quarto das pessoas do mundo tivesse o seu otimismo e seu coração esse mundo seria bem diferente, agora descanse, acho que você sabe bem que uma visita agitada como a do seu irmão vai te abater muito. – disse dando um beijo de leve no marido que fechou os olhos logo em seguida.

Se passaram 15 minutos e Klaus e Nikolay chegavam. Laura deu uma boa encarada em Klaus antes de dizer a Kaius que  eles estavam ali, não ia permitir que ele falasse qualquer coisa que fosse sobre ela e seu marido.

- Bom ver que já esta melhor Kaius, consegue nos dizer o que aconteceu?- disse Nikolay calmo.

- Creio que sim – começou ele olhando para o velho homem a sua frente.

- Pois bem, como Khan desapareceu?- questionou Klaus com os braços cruzados.

- Allany e Kai.

- o que tem os dois.

- Apareceram subitamente, Kai estava de pé.-

- Kaius você bateu a cabeça ou o que?-

- Não Klaus, foi tudo bem real – disse ele evitando se mover na cama.

- As vozes estavam diferentes?- questionou Nikolay

-Muito... Khan se levantou e não consigo lembrar de mais nada depois disso ate acordar agora- disse ele.

- Muito útil – disse Klaus – Agora só falta vocês me falarem que eles foram possuídos pelas feras bit do mau, essa família esta cada vez pior- Ele ia continuar, mas Laura se irritou de vez com ele e pegou o vaso do lado da cama o acertando certeiramente na cabeça.

- Laura...- disse Kaius surpreendido.

- Quem fala o que não deve, ouve ou recebe o que não quer Kaius – disse Nikolay enquanto o outro levantava zonzo e molhado.

- Sua...

- Klaus. – disse Kaius se sentando na cama.

-Kaius você vai se machucar.- Disse Laura assustada com a coragem do marido.

- Sai daqui agora!- disse Kaius firme Klaus acabou por sair do quarto mais irritado do que estava antes. Nikolay se adiantou para ajudar Kaius que logo não teria mais forças para manter o tronco erguido. – Obrigado Nikolay.

- Kaius você percebeu o que fez?-

- Sei que me excedi Laura – disse ele.

- Não, você ergueu o corpo sem se apoiar nos braços.

- Ela esta falando a verdade- disse Nikolay se preparando pra sair.

Mais tarde naquele dia Arthur entrou no quarto com uma cara muito estranha.

- Algum problema Arthur?- questionou Kaius

- Lembra dos Raios-X que fez.

- Sim, você me fez os refazer 3 vezes.

- Sim, você me fez os refazer 3 vezes.

- Bem, essa chapa você conhece.

- da minha coluna depois do acidente. Por  que trouxe isso?

- Essa são as chapas da mesma região agora.

- Isso é impossível.

- são 3 Raios-x diferentes e eu mesmo tratei que não houvesse erro.

- Do que vocês estão falando?- questionou Laura assustada

- Uma coluna não se refaz – dizia Klaus incrédulo.

- Segundo essas chapas e os exames de toque sim.

-Eles ainda dormem... - disse a voz fria e arrastada.

- São apenas crianças, mas são perfeitos hospedeiros.

- Sigam, a muito mais gente a ser julgada, e condenada.

Continua.